Parte 06

Helen Alves

O dia na clínica foi um pouco puxado, mas isso não me impediu de pensar em Lívia por várias vezes.

Após comprar os remédios de meu pai em uma farmácia, eu tive uma surpresa muito agradável, acabei a encontrando.

— Fica por minha conta – disse, pois ela ficou muito pensativa após o meu convite.

— Tudo bem, mas não posso demorar muito – Ela disse após alguns minutos em silêncio.

— O marido ou o namorado está te esperando? – Eu precisava muito fazer aquela pergunta, pois dependendo da resposta, teria que desistir de Lívia.

Com a pergunta, Lívia começou a rir. Parecendo que aquilo que havia acabado de perguntar nunca poderia acontecer.

— Eu perguntei alguma besteira? – Queria saber o que estava acontecendo.

— Ah... nenhuma besteira. Eu não tenho namorado e nem marido – Ela disse tentando conter o sorriso. Acabei sorrindo também, mas totalmente encantada. Meu Deus, será que existe amor a primeira vista?

— Então vamos? – Apontei para o carro que estava estacionado ao lado.

— Vamos!

Para ajudar Lívia que estava com algumas sacolas nas mãos, eu abri a porta. Ela ficou muito sem jeito na hora, mas agradeceu.

Quando ela estava entrando no automóvel, os nossos corpos se encostaram e pareceu que tudo ao nosso redor parou.

Lívia me olhou nos olhos. Seus olhos que eu sabia que eram castanhos estavam com um brilho intenso.

Se eu tivesse a oportunidade, colocaria aquela moça entre os meus braços, contudo, eu precisava me conter.

— Você deve estar me achando uma louca por mal te conhecer e estar te chamando para sair – Comentei após sentar no banco do motorista.

— Confesso que estranhei – Ela deu uma pausa que para mim foi um momento angustiante – Mas acho que devo ser louca também por ter aceitado ao convite de uma desconhecida.

— Então nós duas somos loucas – pousei a minha mão sobre a coxa de Lívia e senti o meu corpo todo esquentar – Prometo que você não vai se arrepender – falei olhando nos olhos dela, notei uma certa apreensão, por isso retirei rapidamente. Acho que eu estava indo rápido demais.

Não demorei muito para estacionar em frete a uma lanchonete que era conhecida por mim. Era um lugar simples, mas aconchegante.

— Será que posso saber um pouco sobre você? – Perguntei enquanto via ela observar o ambiente.

Lívia tinha um jeito calmo. Os seus cabelos eram longos e ondulados. Ela era linda, parecia ser muito meiga, mas também muito desconfiada.

— Por que quer saber de mim? – indagou enquanto revezavam o seu olhar entre a entrada da lanchonete e minha boca.

Naquele momento, já estávamos sentadas em uma mesa.

— Bom... acho que podemos ser amigas. Vamos trabalhar no mesmo local. Quero ser gentil. Bom... será que não posso? – perguntei e ela ficou pensando por alguns segundos.

— Pode, mas não é comum. Não para mim – ela disse parecendo que se aproximar dela não era algo que as pessoas faziam com frequência. Acho que no fundo, eu entendia um pouco o que se passava com Lívia.

— Pode ter certeza que sou uma pessoa muito diferente das que você já conheceu – Eu toquei uma das mãos de Lívia, por cima da mesa. Ela deixou que nossas mãos ficassem assim por um bom tempo.

Fim do capítulo