"Ressurreição"
''Ressurreição''
* * *
. . .
--Ai, Dinda, tá me machucano.' --Reclamou Mari puxando a mão.
--Desculpa, Pequena! - Yaya suava com uma expressão de medo (?).
--Yaya!? Relaxa! Já vamos chegar, né, Mika?! - Nina tentava acalmá-la.
--É, vamos sim. Mas o que ela tem? -- Perguntei em dúvida.
--Pavor de elevador. - Nina respondeu com um leve sorriso.
--Raíra! Tu não tem medo de cobra nem de viver no meio do mato com vários outros bichos perigosos, não tem medo de uma tribo isolada que nunca teve contato com a "civilização", mas tem medo de elevador? É isso? - Falei sem acreditar.
--Sim.. - Falou com os olhos fechados e a voz trêmula. Quando eu ia abraçá-la o elevador apitou'.
''27ºandar''
Assim que a porta abriu, Raíra voou para fora no hall de entrada, rimos. Assim que abri a porta da sala de estar, ela correu e deitou no carpete.
--Você tinha que morar na cobertura.. - Nina disse ainda contendo o riso.
--Mais privacidade.. -- Falei simplesmente. --E a vista é linda! - Falei sorrindo enquanto olhava para Raíra deitada no chão com Mari a imitando.
* * * *
Assim que mostrei tudo para elas, chegou o jantar. Eu estava tão empolgada que não sentia fome. Precisava ligar para algumas pessoas.
As primeiras que vieram a cabeça, peguei a agenda.. Minha Mãe e minha prima (não atenderam). Meus melhores amigos: O Leo ( Leonel: 1,82/moreno/ sarado/ cabelo cacheado, corte undercut alto colorido (vivia pintando) / Olhos castanho escuro/ Um belo Anjo gay meio afeminado/Indiscreto). A Rafa ( Rafaelle: 1,69/ Meio gordinha/ Cabelo loiro claro/ liso ondulado/ Olhos castanhos/ Uma Linda, chata, neurótica e implicante, mas um Amor no fundo.. bem no fundo mesmo/ Discreta demais).
Ao mesmo tempo do choque e total indignação com a história, ficaram tri eufóricos com a minha "ressureição" como nomeou Léo. Rafaelle viria assim que possível, pois é médica em Pelotas/RS. Já Leo (que não consegue ficar longe de mim), mora uns quinze minutos a pé daqui.
Enquanto eu tentava ligar para mais gente, o Leo chegou.
--Awnnn, Miiiiih, é você mesmo! Eu fui no seu enterro! - Falou me abraçando apertado, assim que abri a porta. Fiquei até sem reação com a notícia.. Enterro?
--Como assim, Léo? E o corpo?
--Caixão lacrado, "Bi". Seu pai que foi reconhecer os "restos mortais". Sua Mãe não tinha forças pra isso. Disseram que o avião explodiu no ar e não havia sobreviventes. Os corpos estavam praticamente irreconhecíveis. -- Pausou, pois estava emocionado. --Teve até testumunhas, Mih. Como o povo adora aumentar, né, logo houve vários boatos que você estava totalmente desfigurada ou que restou só os ossos ou só partes de corpos espalhados e.. Posso entrar? Ou perdeu a educação junto com a memória na queda também? -Tinha até esquecido que estavamos abraçados ainda na porta.
--Ai, Desculpa, Leo. Ainda estou meio 'aérea'. --Falei o puxando pra dentro. --Já comeu? Elas estão jantando ainda, eu acho. - Falei mudando de assunto, tentando me recuperar de toda informação.
--Já vim comido, gatãn! - Falou rindo, entendeu bem o meu intuito de fugir do assunto. Fiquei meio enjoada com a história. Com toda certeza meu pai criou tudo confiando no 'taco' do Henry. Segundo o Leo, Henry não estava no meio das 'vítimas'. Pelos boatos ele havia viajado a negócios para Europa. Sem mais notícias sobre ele.
* * * *
Sala de jantar..
--Nina, esse é o Leo, Leo essa é a Nina.
--Olá, Leo. Prazer. -- Falou Nina estendendo a mão.
--Gente, nunca vi uma índia tão de perto. Que luxo! - Falou de modo afetado'. Apertando a mão dela e dando dois beijinhos --Pensei que tivesse um estilo de "índio", sabe? Cocar, cabelo longo com franjinha, nua ou quase, pinturas pelo corpo e falasse tipo: "mim Nina". Não tão urbana assim.. - Disse Leo e gargalharam juntos.
--Eu não vivo na tribo há uns 15 anos. Desculpe te decepcionar! - Brincou Nina.
--Nossa, saiu nova da sua tribo, por quê? Nunca tinha visto índia rebelde. - Leo é todo engraçadinho mesmo.
--Saí novinha mesmo. - Nina respondeu já esperando a próxima pergunta.
--Desculpe ser indiscreto, maaas.. já sendo. Você tem que idade, "Bi"?
--34. Por quê? - Perguntou com um sorrisinho. Ele se aproximou dela e respondeu.
--Porque Mika me disse que se apaixonou por uma índia novinha e você já tá meio batidinha pra receber esse rótulo de novin..
--LEO!! Não é ela. - O interrompi morrendo de vergonha.
--Aínn.. Momento constrangedor. Troca! -- ('Troca': Sempre falava isso para mudar de assunto ou sair da saia justa) - Falou Leo fazendo careta e prosseguiu como se não tivesse falado. --Então cadê seu novo affair? Quero conhecer ontem.
--Na verdade, não sei. Elas estavam aqui..
--Yaya foi colocar Mari para dormir e tomar um ban.. -Parou de falar e ficou pensativa.
--Que foi, Nina? - Indaguei preocupada.
--É que Yaya nunca usou um chuveiro sozinha ant.. - Foi interrompida por Raíra.. Nua.. toda.. nua mesmo, completamente nua entrando na sala de jantar. Salivei tanto que devo ter babado, pois meu queixo foi no chão.
--Alguém mim'' ajuda? A água tá muito quente.
--Jesus toma conta! Se eu fosse hétero teria um org..
--Se eu gostasse dessa fruta também, Leo! - Nina brincou me olhando, ambos riram.
--Calados! - Falei para eles. --Raíra! -Fui andando em sua direção tentando não olhar para zona triangular, senão não conseguiria controlar. Mentalizei "Ela é ingênua, uma menina ingênua" --Esse é o Leo meu melhor amigo. - Falei de repente. Ela o olhou e sorriu gentilmente. "Ai, Deus.. que deli.. Linda!"
--Oi.
-- Oi? Mulheeer. Nossa! Você é um Scandal. E esses olhos claros? Da onde veio isso?
--Veio d..
--Depois vocês conversam, né. A Mika te ajuda, Yaya. - Nina interrompeu. Fez um sinal para eu ir ajudar Yaya. Fiz cara de assustada negando. Leo me deu um leve empurrão (literal) como eu não conseguia dizer nada. Guiei Raíra para o meu quarto (para tomar banho, somente). Poderia ter levado para outro banheiro, mas meu subconsciente me guiou para lá.
--Juízo, Mika! - Foi o que escutei ao sair, logo após os risos. Nina e Leo são iguais.. terríveis. Eu estava meio (muito) tensa.
* * * *
No quarto..
Peguei roupas de dormir, roupão e toalha para ela. Fazendo tudo sem lhe dirigir o olhar. Melhor previnir.
--Yaya, tu realmente não sente vergonha em ficar nua na frente dos outros? - Perguntei com a voz calma olhando em seus olhos, mas com uma pontinha de ciúmes.
--Não. --Falou endurecendo o olhar. --Fui criada assim, Avatí. Se cê' se incomodada, acha feio, não olha! - Falou virando de costas. Algumas gotas d'água corriam pelas suas costas em direção ao bumbum. Fiquei procurando o 'feio'..
--Como eu poderia achar algo feio em ti, Guria? - Suspirei tentando controlar a respiração (e a mente) ao me aproximar.
Toquei suavemente em sua cintura para virá-la, o arrepio foi instantâneo (de ambas as partes). Ela parecia não respirar ao se virar. Nossos olhos se encontraram, desci o olhar para seus lábios tão convidativos entreabertos e ela ainda os umedeceu rapidamente. Não tenho tanta resistência assim! Acariciei seu rosto com a ponta dos dedos e percorri sua cintura sentindo aquela pele macia e úmida. (Eu estava "úmida"). Nossas faces foram ficando cada vez mais próximas, senti o ar quente de sua boca se misturando com o meu, vi seu olhar enigmático e as pupilas dilatadas, levantei um pouco os pés até nossos lábios se tocarem..
. . .
Fim do capítulo
Mika não se aguenta..
Espero que estejam gostando!
Continua..
Comentar este capítulo:
kasvattaja Forty-Nine
Em: 29/08/2020
Olá! Tudo bem?
Uau! Esse banho promete, hein?
Curtindo até aqui, apesar de as meninas ainda estarem 'tateando'...
Esperamos uma história light e com um belo final... Sem tormentos, por favor, autora...
É isso!
Post Scriptum:
''A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.''
Clarice Lispector
Resposta do autor:
Olá!
Desculpe se não for/foi como espera(va).
Torcendo para que te agrade.
(Elas enrolam mesmo. E, há riscos de turbulências..)
"A felicidade aparece para aqueles que buscam e tentam sempre" - Adorei.
Obrigada por comentar, Kasvattaja.
Até os próximos, espero.
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]