Recomeço - Capítulo 76

Norma estava em frente ao espelho. Não se casava de reparar em cada detalhe de seu corpo. Queria se certificar de que tudo estava perfeito – a maquiagem, o cabelo e a roupa – para que depois fosse encontrar a sua amada.

Naquele dia, ela havia recebido um convite inusitado.

— Ela me chamou para dançar. – Balançou sua cabeça algumas vezes, pois não esperava um convite desses.

Ainda fazendo os últimos ajustes, Norma observou se os cabelos estavam bem presos em um coque com alguns fios soltos na frente.

Sorriu ao constatar que tudo estava pronto.

Mordeu levemente os lábios ao sentir um nervosismo começando a tomar conta de seu corpo. Será que estava usando a roupa correta?

Olhou mais uma vez para o vestido vermelho que marcava sua cintura e que batia um pouco acima de seus joelhos.

“Bom... ela disse algo mais formal”, pensou e ouviu o som da campainha.

Sem pensar duas vezes, correu para a sala para atender a porta.

— Estava aqui ansiosa a sua espera – Norma confessou ao se deparar com uma mulher deslumbrante a sua frente, seu coração disparou.

— Espero que sua espera tenha valido a pena – a médica provocou quando se aproximou da namorada para lhe beijar os lábios.

— Você está linda – comentou quando a sua amada afastou.

Laura estava usando um vestido preto um pouco colado ao corpo e com um decote que chamava a atenção por a médica ter um belo colo.

— Você não está diferente, meu amor, está linda. Já podemos ir?

— Você não vai mesmo me dizer para aonde iremos?

— Não. – Segurou uma das mãos da advogada. – Surpresa é surpresa.

Enquanto descia para o estacionamento do prédio de mãos dadas com Laura, Norma começou a sentir o peso dos olhares curiosos das outras pessoas nelas.

Não se sentia nem um pouco intimidada, pois sabia que não estava fazendo nada de errado. Só estava amando e sendo amada. Que mal tinha nisso?

Não demorou muito para chegarem ao carro da médica.

— É interessante você não querer esconder o que temos – Laura comentou ao tirar os saltos para poder dirigir.

— Ahh... eu deveria esconder? – Norma indagou divertida enquanto colocava o cinto de segurança. – Quer viver um caso secreto?

Laura riu alto.

— Claro que não. — Segurou uma das mãos de Norma. – Quero mostrar para todos que você é minha namorada.

— Eu também quero fazer o mesmo, amor. Eu sei que é minha primeira experiência e que talvez esteja inocente sobre o preconceito que terei que enfrentar, mas não vou esconder o que sinto por você. – Deu uma pausa para pensar. – Mas aonde vamos mesmo?

— Em um lugar especial. Talvez você nunca tenha ido a um lugar assim, mas quero ser a primeira em tudo em sua vida e bom... desejo ser a única. – Olhou para Norma com intensidade.

— Bom... Vamos então a este local especial — Norma disse tentando esconder o quanto aquelas palavras estavam mexendo com ela. – Meu Deus, será que vou juntar minhas escovas de dentes ligeiro como Raquel? – pensou e balançou a sua cabeça algumas vezes. Tudo aquilo estava atropelando a sua capacidade de raciocinar.

Durante todo o percurso até o local escolhido pela médica, as duas conversaram sobre assuntos aleatórios.

Sempre que podiam, conversavam sobre elas e a família para se conhecer mais.

Após alguns minutos de viagem, Laura estacionou o carro em um prédio antigo e Norma ficou um pouco perdida sobre onde estavam.

— Antes de entramos, eu queria dizer que escolhi esse lugar por achar que iria combinar com uma noite romântica. Um momento a dois... e algo para jamais ser esquecido.

— Acho que agora fiquei muito curiosa – comentou enquanto tentava ver o que havia por trás da porta de entrada do estabelecimento, mas não conseguiu vislumbrar nada.

— Nem tente roubar. – Laura pegou uma das mãos de Norma e levou até os lábios. – Desejo que essa noite seja inesquecível para nós duas.

— Tenho certeza que será – Norma comentou com um brilho diferente no olhar. Estava perdidamente apaixonada pela médica, só estava com receio de confessar.

De mãos dadas, as duas atravessaram a rua. Ao aproximarem da entrada, começaram a ouvir o som de música.

— Que lugar é esse? – Norma indagou, pois era um som incomum para o seu tempo que estava ouvindo.

— Um barzinho um pouco diferente — Laura respondeu.

Ao entrar no local, Norma ficou surpresa. Havia vários casais dançando, mas não eram as músicas que estavam fazendo sucesso na atualidade.

Havia uma cantora no pequeno palco com sua banda e estava tocando bolero.

— É sério isso? — Norma indagou surpresa e ao mesmo tempo encantada.

— Claro... eu disse que seria diferente. – Laura começou a guiar Norma para uma mesa.

— Quantas vezes você veio aqui? – Norma indagou enquanto não conseguia parar de olhar para os detalhes.

Havia muitos casais na pista de dança. Muitas pessoas mais idosas, outras jovens, mas o que surpreendeu Norma foi a presença de casais formados por duas mulheres e dois homens.

— A primeira vez é hoje – Laura respondeu ao chamar o garçom. – Estava procurando algo diferente para irmos e que não fôssemos visitas como “anormal" por sermos um casal. Gostou? – perguntou mesmo percebendo que os olhos de Norma, demonstravam encantamento. Era de seu conhecimento que Norma gostava de músicas antigas.

— Muito, parece que você prestou a atenção em nossas conversas.

Laura tocou uma das mãos da namorada que estava sobre a mesa.

— Eu sempre presto a atenção, pois o que mais quero é fazer as coisas de acordo com seus gostos que são muito parecidos com os meus. – Riram, pois isso era verdade.

O garçom apareceu e Laura pode pedir o que havia sido escolhido por elas duas no cardápio.

— Será que depois você vai me dar a hora de dançar contigo? – Laura indagou de uma forma encantadora, Norma sorriu.

— Claro, só espero que você não pise em meus pés.

— Ah... não sei se sabe, mas eu fiz aulas de dança de salão. Nunca pisaria em seus delicados pés. – Seguraram as suas mãos por cima da mesa.

— A noite mal começou, mas você está a tornando encantadora, doutora Laura – Norma comentou revelando todo o seu amor com estas palavras.

— Acredito que o que torna encantador o momento é o sentimento que sentimos pela outra – Laura comentou, fazendo as bochechas de Norma esquentarem.

As bebidas chegaram, Laura preferiu algo sem álcool já que iria dirigir.

Em meio a conversas descontraídas, as duas começava a entrar no clima do ambiente.

De repente, Norma se empolgou quando a cantora começo a cantar uma das suas músicas preferidas de Elis Regina: Dois pra lá, Dois pra cá.

— Será que agora a bela moça me dar a honra de dançar contigo? – Laura indagou após se levantar e estender a mão em direção a ruiva.

— Claro. – Norma segurou a mão que estava sendo oferecida e se levantou, mantendo o olhar conectado aos belos olhos da médica.

Em meio a letra da música que tornava o momento único, o casal se dirigiu para o meio do salão.

Como esperado pela médica, Norma sabia exatamente como se mover ao ritmo da música.

Laura guiava a namorada pelo salão e não conseguia dizer nenhuma palavra. Parecia que não existia palavra capaz de descrever o quanto aquele momento estava sendo perfeito.

Ao som da música que acalentava sua alma, Norma se via ainda mais apaixonada por Laura, amava-a.

Tudo era novo, mas a intensidade da emoção fazia ela ter certeza que não poderia mais esconder os seus reais sentimentos. O que estava vivendo era amor que queimava o seu corpo ao ser sentindo e acalmava a alma por estar sendo vivido.

— Te amo, Laura – Confessou em um sussurro em meio a dança e observou um sorriso radiante se formar nos lábios da outra mulher.

— Também te amo, Norma – disse, mostrando que aquele sentimento grandioso era compartilhado pelas duas mulheres.

Não tardou para as duas mulheres chegar ao apartamento da advogada em meio a beijos fervorosos.

Quando Norma pousou o seu corpo nu sobre a cama, percebeu, naquele momento, que mais nada lhe faltava em sua vida, pois tinha encontrado o que a completava, Laura.

A doçura dos beijos trocados naquele instante fazia ela perceber que os quês faziam não era somente sex*s para saciar os seus desejos, era amor que não era sentido somente em seus corpos, mas também no íntimo de suas almas.

Laura beijava todo o corpo de Norma que se contorcia sobre os lençóis quando os toques da sua boca se tornavam mais íntimos.

Gemidos altos ecoavam pelo quarto quando Laura se embriagava com o líquido que tanto a fascinava.

— Será quando terei o prazer de te ter sempre ao meu lado? – Laura indagou ao encaixar o seu corpo entre as pernas da ruiva.

— Bom... Quando tivermos mais intimidade — Norma respondeu ao segurar firme na cintura da mulher que começava a roçar os seus sex*s.

— Mais? – mordeu levemente os lábios quando sentiu o seu líquido se misturando com o da sua amada.

— Sim! – Norma cravou as suas unhas na cintura que movimentava sobre seu corpo sem cessar.

Em resposta, Laura abriu mais as suas pernas fazendo uma das pernas de Norma ficar entre a sua. Buscava mais contato entre os sex*s e enquanto fazia isso olhava a ruiva nos olhos.

Sentiu Norma começando a acariciar o seu corpo quando os íntimos inchados se tocavam.

Com aqueles toques, Norma demonstrava o quanto estava amando aquela mulher. O seu corpo vibrava quando o contato se tornava mais intenso.

Tentava se conter, mas não conseguia não gem*r alto por ter aquela mulher.

Laura cobriu o corpo da ruiva com o seu e manteve os seus movimentos, enquanto afundava o rosto nos cabelos ruivos, agora soltos.

Enquanto mantinha sua concentração em seus movimentos, Laura sentiu as suas costas sendo pressionadas, anunciando que logo a outra mulher goz*ria.

— Te amo – disse quando os braços de Norma afrouxaram o contato em seu corpo. – Nunca tive tanta certeza de algo em minha vida como agora. – Beijou o canto dos lábios da outra mulher.

— Também te amo, meu amor. – Acariciou a face de Laura. — Você anda me proporcionando os melhores momentos e sinto como se estivesse me encontrando ao estar contigo, pois quando estou com você, eu me sinto completa.

Norma sorriu, demonstrando o quanto estava apaixonada.

Jogou o seu corpo para o outro lado da cama e começou a acariciar o corpo da ruiva com a ponta de seus dedos.

Descia a sua mão, dedilhando cada detalhe presente.

Sentiu uma carícia em seu rosto, Norma segurava o seu rosto para que não perdessem o contato dos olhos.

Começou a massagear o íntimo de Norma, observando cada reação na face da ruiva.

As pernas de Norma se abriram mais, dando passagem para os seus dedos que a invadiram devagar.

Norma arqueou um pouco o quadril e Laura ao beijar a face da ruiva, moveu o seu dedo mais fundo.

— Você é perfeita — médica dizia enquanto ouvia Norma falar o seu nome várias vezes. – Perfeita para mim.

Fim do capítulo