Aeoboc por May Poetisa
3. A ilha
3. A ilha
Na primavera a ilha fica ainda mais bela que o habitual, repleta de flores e no templo realizamos diversas oferendas. Comparecemos no começo da manhã, nós duas entregamos uma cesta com presentes. Meus pais vão só a noite, quando serão realizados sacrifícios, não gosto de ir, pois, tenho dó dos animais. Soube que vão ofertar ovelhas, carneiros e cabras.
Antes de voltarmos para o castelo, ouvimos um ancião narrar sobre a história da primavera, claro que já tinha escutado antes, mas, nunca me canso.
"A deusa Deméter tinha uma filha com Zeus, chamada Perséfone, que encantava a todos, por sua alegria e tamanha beleza. Ela era tão linda que foi raptada por Hades, o deus do mundo inferior e dos mortos. A saudade que Deméter tinha da filha explicava as estações do ano. Deméter sente a falta da filha e começa a chorar, descomedidamente. Com esse choro, ela começa a provocar alagamentos, enchentes, torrentes. Os homens começam a reclamar com Zeus e com ela mesma o que foi que eles fizeram pra deusa Deméter estar tratando os homens desta forma, estava começando a falta comida, já que a deusa da agricultura, andava tão descontente. A deusa então reivindica a filha de volta. Perséfone então volta, mas só por algum tempo, pois, é apaixonada pelo Deus do submundo. Ela passa seis meses com a mãe e seis meses com Hades. Quando a deusa está feliz com a filha, chamamos de primavera e verão. Quando ela está triste ocorre o outono e o inverno, que é a tristeza da mãe e quando Perséfone fica com o marido".
Ao sairmos do templo uma senhora se aproxima de nós.
- Ilíone nem acredito que você esta viva, graças aos Deuses você esta bem, até corada e bem vestida. Você desapareceu do mercado e nunca mais te vi em lugar algum, achei que o pior tinha lhe acontecido.
- Quem é a senhora? (Eu quis saber).
- Princesa, sou uma simples camponesa, estive com ela quando os pais dela morreram em decorrência da peste no ano passado, fui eu que a levei até o mercado para vender o que plantávamos e colhíamos, para que ela não morresse de fome. É um milagre ela ainda estar viva, por tudo que já passou. Aposto que ela é protegida por alguma Deusa. No dia que acidentalmente uma flecha acertou-lhe de raspão a sua garganta, foi tanto sangue que todos achavam que ela jazia. Por isso, da cicatriz em seu pescoço e da falta de fala. Tão jovem e já enfrentou tantas amarguras.
- Agora ela é a minha dama de companhia (contei).
- Princesa, és muito iluminada e bondosa, que seja sempre abençoada, aonde os pais dela estiverem, acredito que estejam felizes por tê-la acolhido.
Com aquele diálogo fiz descobertas, mas, acho que aquelas lembranças não foram boas para ela, que infelizmente ficou amuada.
- Ilíone, sinto tanto por tudo que já passou (disse segurando em sua mão).
Aproveitando a beleza do dia e visando alegra-la, passeamos um pouco pela bela ilha, um local em sua maioria montanhoso, mas, com grandes planícies férteis. Também contamos com uma área vulcânica com propriedades de curas. Já que o dia estava quente resolvemos nadar, seria ótimo o fazer sem roupas, que molhadas ficam muito pesadas, mas, não é permitido, por isso, nos lancemos no mar de vestido mesmo. Nadamos em um paraíso, numa praia com belas falésias.
Ilíone têm muito mais talento quando o assunto é nadar, parece até um peixe.
Lesbos é uma ilha muito grande e com uma natureza riquíssima. O céu é todo azulado e com poucas nuvens, o mar tem tonalidade safira e a vegetação tem vários tons de verde. Também conhecida como ilha esmeralda.
O arquipélago é tão lindo que até os viajantes que o meu pai recebem elogiam.
São praias maravilhosas e de cores vivas. Adoro os variados aromas, das inúmeras especiarias que possuímos e o cheiro dela é sem dúvida o meu favorito.
Ao sairmos do mar, pulamos num riacho de águas termais, visando o nosso bem-estar e também para tirarmos o excesso de areia das nossas peles; e ali brincamos. Gosto muito de fazer cócegas nela e de puxa-la para abraços.Têm três meses que desfrutamos uma da companhia da outra diariamente, mas, parece que já tem muito mais tempo, somos unha e carne, quem nos vê tão próximas deve pensar que crescemos juntas e que nunca nos desgrudamos desde a infância. Queria mesmo que tivesse sido assim, para evitar todo o sofrimento que ela já enfrentou.
- Ilí, hoje a noite meus pais não estarão em casa e podemos jantar juntas.
Ela discordou e abaixou a cabeça.
- Não vai ter problema. Vou pedir para servirem o jantar na varanda do quarto. Já devem até ter colocado uma mesa por lá.
E assim foi feito, tomamos banho e nos arrumamos. Pela primeira vez jantamos juntas e eu adoro fazer tudo com ela.
Fim do capítulo
13/8 completo mais uma primavera e bora comemorar com postagem, adoraria poder celebrar com uma viagem para conhecer Lesbos rs entrei de férias hoje, mas, nem vai rolar viagem alguma, nesta pandemia nem é seguro né mas quem sabe numa próxima rs beijos e abraços, May.
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 14/11/2020
Mitologia Grega sempre me encantou.
Rhina
Resposta do autor:
Também adoro, conheci na adolescência e adorei, passei a devorar livros sobre a mitologia grega na época, mas, ainda não tinha tido a ideia de escrever algum romance com a temática, felizmente surgiu um insight interessante e eis este doce conto. Espero me aventurar novamente nestes 'mares gregos" e por falar em mar, fugindo um pouco da literatura, tenho vontade de conhecer as lindas ilhas gregas, tão belas nas fotos.
Marta Andrade dos Santos
Em: 13/08/2020
PARABÉNS!
Resposta do autor:
Agradeço! Beijos e abraços, May.
[Faça o login para poder comentar]
kasvattaja Forty-Nine
Em: 13/08/2020
Olá! Tudo bem?
Soneto de aniversário
Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.
Faça-se a carne mais envelhecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.
Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.
E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.
Vinicius de Moraes
É isso!
Resposta do autor:
Muito obrigada, adorei o soneto. Beijinhos!
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]