Aeoboc por May Poetisa
2. Conexão
2. Conexão
No horário do almoço meus pais requisitaram a minha presença.
Ilíone nem quis sair do quarto e pedi para a Felipa levar a sua refeição.
Quando retornei ela já tinha almoçado e estava organizando o quarto.
- Obrigada por ter arrumado a minha cama. No cômodo da frente fica a minha tina e você pode se banhar nela na hora que desejar. Tenho aula de harpa, até mais tarde.
Acabei não rendendo muito e errando várias notas, fiquei pensando em Ilíone, se ela estava bem e acabei voltando da aula antes mesmo de acabar. Ela já tinha tomado banho, estava com os cabelos molhados e admirava a paisagem.
- Ilíone, tudo bem? Este vestido ficou bonito em ti.
Ela confirmou, mas, seu semblante dizia o contrário. Peguei todos os medicamentos que eu tinha, pois, imaginava que ela poderia estar sentindo dores. Desta vez ela não se afastou, sentou-se na cadeira e permitiu que eu trata-se de cada ferimento.
- Vou cuidar de ti (garanti).
O seu joelho era o local mais machucado, ela deve ter caído e ralado mais de uma vez. Levei mais tempo que o necessário, pois, queria me certificar que ela estava sendo bem cuidada. Ela tem a pele tão macia.
- Logo essas marcas vão sumir, é só cuidarmos todos os dias.
O rosto dela permanecia triste, queria tanto que ela pudesse falar e me dizer o que estava lhe incomodando.
- Vou tomar um banho (avisei, apanhei outra roupa e segui para o quarto ao lado).
O ambiente estava diferente e mais organizado. Aposto que foi Ilíone. Tomei um banho demorado e relaxei bastante. Quando voltei ela já tinha colocado as mantas nas camas, acho que com o intuito de deixar os leitos mais quentes, na dela tinha apenas uma, que ela usou na noite passada, enquanto na minha tinham três, fiz questão de pegar mais uma no baú e colocar em sua cama. Ela agradeceu com os olhos e foi ali que percebi que seus olhos castanhos falam.
- Por favor, pode me ajudar a pentear meu cabelo?
Ela apanhou a escova na penteadeira e a limpou. Me acomodei na cadeira e ela começou a desembaraçar meus fios. Foi muito bom, ela foi gentil e ao mesmo tempo rápida, para a minha total surpresa ela ainda trançou meu cabelo, numa linda trança embutida, que foi muito elogiada por meus pais no jantar e que fiz questão de dizer que Ilíone fora quem fez.
- Muito obrigada. Ainda não escolhi uma dama de companhia e se você aceitar ficarei muito feliz que você o seja.
Ela concordou com um aceno firme, pegou as minhas mãos e as segurou, em forma de agradecimento. Aquele gesto foi muito significativo, estampei um sorriso largo. Na hora do jantar pela primeira vez ela não se recusou em sair do quarto, a deixei na cozinha aos cuidados de Felipa, pois, a rainha Tessalia é bem rígida e não permiti que nenhuma pessoa que não faça parte da realeza se sente a mesa conosco. Logo que terminei o meu jantar corri para o quarto, mas, ela ainda não tinha voltado. Sou filha única, sou acostumada a ficar sozinha, mas, agora era estranho não contar com a presença dela no quarto. Fui a sua procura na cozinha e ela estava ajudando a organizar tudo. Já percebi que ela gosta de organização. Sentei perto do fogão à lenha para ficar aquecida e aguardei por ela, que não demorou muito para terminar.
Antes de dormir ficamos um pouco na sacada admirando a noite. Quando ela apontou para as pedras olhei assustada, achando que alguém mais sofria perigo, mas, como não tinha nada e nem ninguém, entendi que ela queria que eu comentasse sobre o ocorrido.
- Vi quando eles apareceram te arrastando de lá (contei e apontei para o trecho da praia onde a vi pela primeira vez).
- Corri pedindo a intervenção do meu pai e depois vi quando te levaram até o rochedo. Fiquei com muito medo de te machucarem. Mas, agora já passou você esta em segurança.
Ficamos por um bom tempo assistindo o dançar das ondas, a noite estava linda.
- Ilíone, eu tenho 16 anos, você também ou é mais nova?
Ela fez um sinal de igual. Em seguida apontou para mim mostrando cinco dedos e depois para ela mostrando seis dedos. Logo compreendi.
- Você também têm dezesseis anos, sabe que eu faço aniversário em maio e você faz em junho.
Ela sorriu, pois, eu a tinha entendido, em seguida bocejou e decidimos deitar.
Antes de dormir ela se ajoelha, faz uma prece e só então deita. Ela adormecida parece um anjo, tão bela e desperta em mim um sentimento novo, de querer bem cuida-la com todas as minhas forças.Na manhã seguinte quando despertei, a sua cama já estava arrumada e ela não estava no quarto. Senti um aperto no coração, com receio dela ter partido. Me troquei rapidamente, a trança que ela tinha feito estava começando a desfazer, mas, não quis mexer. Corri para a cozinha e fiquei muito aliviada quando a vi desinformado um bolo.
- Princesa, bom dia! Ela acorda cedo, quando entrei na cozinha ela já estava colocando o bolo para assar (contou Felipa).
- Bom dia! Quero provar deste bolo.
Ela rapidamente cortou e me serviu de um generoso pedaço, estava delicioso. Depois do café da manhã, ela refez a minha trança e concordou em me acompanhar nas aulas de línguas e matemática. Neste dia descobri que ela sabia ler, escrever e fazer contas com agilidade. A cada dia ela me surpreendia mais. A tarde logo depois do almoço, aproveitamos que o sol não estava forte e caminhamos pela praia. Sempre com um dos soldados próximo de nós, por segurança e determinação dos meus pais.
Passamos a tarde montando um castelo e só voltamos para o palácio depois que assistimos ao pôr do sol.
Ao retornarmos ela se banhou primeiro e eu em seguida. Desta vez nem precisei pedir, ela novamente penteou o meu cabelo.
Ela começou a me acompanhar em todas as atividades, nas minhas aulas de harpa, nas de canto, também nas atividades escolares e enquanto eu pintava, o que é o meu hobby favorito, ela ficava admirando.
Nos tornamos inseparáveis e entre nós vem crescendo uma intensa conexão.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 07/08/2020
É o amor!
Resposta do autor:
E é lindo!
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