Aeoboc por May Poetisa
1. Alfa
1. Alfa
Meu quarto é muito próximo da praia, por isso, consigo ouvir e ver as ondas diariamente.
Estava admirando a noite, a lua cheia imponente no céu e acompanhada das estrelas. A maré agitada, comandada por Poseidon.
Toda a natureza em harmonia, porém, estranho ao ver uma jovem sendo arrastada e me preocupei. Deixei meus aposentos e corri para a sala.
- Papai, vi do meu quarto, dois homens arrastando uma moça e quero que interceda por ela.
- Soldado, ouviu a minha filha.
O homem que estava perto da porta, saiu em direção da praia. Agradeci ao meu pai e voltei para o meu quarto. Da sacada vi quando dois homens altos que a seguravam pelos braços a levaram para os rochedos. Não tinha ideia do que pretendiam, será que queriam machuca-la ou matá-la?
Quatro soldados se aproximaram rapidamente, suspirei aliviada quando eles puseram os dois para correr e já voltavam para o palácio, trazendo-a junto deles. Voltei para sala e ouvi o comandante, que falava com o meu pai.
- Senhor, a moça, é uma camponesa, perdeu os pais na última peste, vamos leva-la de volta para o acampamento onde ela dorme.
- Não, quero que ela fique (afirmei me aproximando deles).
- Será que a sua mãe aprova?
- Ela já esta dormindo, não se faz necessário acorda-la com isso, não se preocupe, me responsabilizo pela moça, me comprometo com o senhor rei Sísifo.
- Sempre que me chama de rei é para pedir algo. Essa jovem, não apresenta nenhum perigo?
- Não, ela é totalmente inofensiva.
- E o que os homens queriam com ela?
- Acho que violenta-la e a coitada é muda, nem iria conseguir gritar por socorro.
- Mande os soldados encontrarem os dois eu os quero presos.
Fiquei ouvindo eles terminarem de conversar e aguardando pela moça.
Ela estava muito assustada, tremia de medo e estava machucada.
Com cuidado peguei em suas mãos e a levei até o meu quarto.
- Não precisa ter medo, ninguém vai te machucar e vou cuidar de ti.
Ela nada respondeu e lembrei que ela não falava.
- Você me escuta?
Apenas acenou em concordância e muito amedrontada.
- Meu nome é Acalântis, como sou boba, claro que você já deve saber disso. Vai ficar tudo bem, te garanto.
Corri para o banheiro umedeci uma toalha e peguei alguns frascos com itens medicinais. Tentei limpar seu rosto, tinha hematomas em sua boca, testa e queixo. Ela se afastou, fiz uma nova tentativa e novamente ela recuou.
- Eu sei que você esta com medo, no seu lugar também estaria, vi quando te arrastaram e corri pedir socorro. Quero te ajudar (expliquei).
Ela pegou a toalha que deixei em cima da penteadeira e começou a se limpar. Fiquei observando-a, primeiro higienizou seu rosto, em seguida pescoço, braços, joelhos e por último seus pés. Poderia ter limpado, mas, ela não permitiu. Acredito que não queria que ninguém mais encostasse nela. Peguei um recipiente com água e deixei ao seu lado. Em seguida, apanhei dois conjuntos de roupas para dormirmos, ela é um pouco mais alta do que eu, peguei a calça mais cumprida que eu tinha. Entreguei para ela e fui até o banheiro para me trocar. Quando retornei ela fez o mesmo, porém, andando devagar, demonstrando cansaço e levando consigo todos os itens que tinha acabado de usar em seus machucados. Notei que ela tinha tomado quase toda a água.
Ao retornar para o quarto ela voltou a se sentar na cadeira e percebi que ela estava sonolenta.
- Vamos dormir, venha deite-se.
Falei apontando para o outro lado da cama. Ela nem se mexeu.
- Já esta tarde, você esta com sono e cansada. Vamos dormir!
Novamente fui ignorada, acho que ela não gostou de mim. Levantei e fui até ela com uma manta. Depois de cobri-la e antes de voltar a me deitar, apaguei a tocha que iluminava todo o ambiente.
- Se mudar de ideia, a cama é grande e cabe nós duas. Boa noite!
Demorei muito para conseguir adormecer, estava agitada e preocupada com a minha hóspede.
No dia seguinte acordei assustada com o grito da minha mãe.
- Acalântis, vou chamar os guardas, invadiram o seu quarto.
- Não tem necessidade e por favor, pare de gritar a senhora esta a assustando.
- Eu que estou assustada, entro no teu quarto e tem uma pessoa dormindo no tapete.
- Temos que arranjar uma cama para ela.
- Explique!
- Cama mamãe, para dormir oras.
- Acalântis, é óbvio que eu sei o que é uma cama. Quero que explique o que ela faz aqui? (Perguntou apontando para o chão).
- Também gostaria de entender, não sei por qual motivo ela dormiu no chão. Falei para ela dormir aqui ao meu lado, mas, ela não quis e ficou acomodada na cadeira.
- E onde você a encontrou?
- Ontem estava olhando a noite pela minha janela e vi dois homens a arrastando. Corri pedir ajuda para o papai e os soldados a salvaram.
- Qual a razão dela ter vindo parar no teu quarto?
- Ela estava machucada e queria ajuda-la.
- Você e este coração mole desde pequena.
- Tenho também a sua autorização?
- Teu pai sabe disso?
- Claro.
- Então não vou me opor. Vim te chamar, pois, já esta tarde, estranhei, pois, geralmente você acorda bem cedo.
- Acabei demorando para dormir.
- Como se chama?
- Mamãe ela não fala e ainda não descobri o seu nome.
- Pelos Deuses, eu morreria sem falar.
- Rainha, teu comentário foi bem inoportuno.
- Você é a única que não gosto que me chame de rainha, pois, quando o faz é sempre seguido de zombarias. Acalântis você já tem dezesseis anos, já passou da hora de ter modos e de ser desposada.
- Logo cedo e já começou a ladainha. O que será que fiz para os Deuses para merecer isso?
- Não quero brigar, vá comer, estão só esperando por ti para desmontar a mesa do café da manhã.
Ela informou e saiu em seguida.
- Levante-se. Não tinha necessidade de dormir no chão. Hoje, mesmo já te arrumarei uma cama. Agora vou me trocar e buscar nosso café.
Coloquei um vestido, prendi meus cabelos longos e escuros num rabo de cavalo.
Na cozinha apanhei uma tábua, coloquei frutas e pães. Uma das criadas me auxiliou com o jarro de bebida.
- Princesa, a conheço do mercado, o nome dela é Ilíone.
- Felipa quero que lhe providencie roupas e uma cama.
Ela confirmou que providenciaria e nos deixou a sós.
- Ilíone é mesmo o teu nome?
Ela confirmou com um aceno de cabeça.
- Vamos nos alimentar.
Céus ela estava faminta, depois de terminar de rezar, devorou a comida.
- Quer mais?
Ela negou e entendi que estava satisfeita. Ainda naquele dia outra cama foi montada no meu quarto e ela sorriu ao receber uma dezena de roupas.
Foi a primeira vez que a vi sorrir e o seu sorriso iluminou o meu dia.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 14/11/2020
Olá
Boa noite.
Como está.
Prazer está aqui novamente.
A vida é bela e seu conta já me cativou.
Rhina
Resposta do autor:
Olá! Rhina, boa noite e uma excelente semana! Obrigada por cada leitura e por novamente comentar em mais uma história que escrevi. Ah e o prazer é todo meu viu, beijos e abraços, May.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]