7 - Férias com a ex (Imagem escolhida por Sil Borges)
— Senhorita Silvane Borges, por favor, comparecer a recepção do hotel.
A mulher morena coloca o telefone no gancho e olha para a outra deitada na cama, essa que é sua melhor amiga. Elas resolveram fazer uma viagem para curtir as férias, claro que a ruiva não poderia deixar sua “menina” na cidade pequena de onde saiu, mesmo que a fama tenha chegado à sua vida, ela nunca esqueceria suas raízes, nem mesmo de Val, sua melhor amiga.
— Seu nome é ridículo. Estão te chamando na recepção, deve ser outro repórter.
A mulher de vinte e nove anos diz, deitando ao lado da ruiva, essa que é uma DJ que conseguiu ganhar as pistas do Brasil e até fora do país. Os braços com tatuagem lhe davam um semblante sexy, atrativo, sem contar seu jeito autoritário.
— Olha só quem fala, Valdirene.
A mais velha gargalha. A mulher ruiva de trinta e dois anos conseguiu o que sempre sonhou, ser uma DJ famosa, viaja muito, participa de festivais, gosta da sua vida agitada, mas uma hora ou outra prefere a calmaria e isso só consegue em sua cidade com sua melhor amiga de infância.
Val não teve tanta sorte assim como a amiga, pelo menos não nos padrões da outra. Trabalha em um supermercado como gerente de estoque, é um bom trabalho, claro que nada comparado à ruiva, mas ainda assim gosta, ela vive bem, ajuda os pais, não tem do que reclamar. Sil já tentou trazer a morena para trabalhar com ela, que até pensou na possibilidade, mas apenas uma viagem com a ruiva para entendeu que aquela vida não era para ela.
— Teu... Olha, não me faz descer do salto. Você deveria ter pedido dois quartos, e se você quiser trazer alguém?
— Por que você fala só de mim? Você não poderia conhecer alguém? _ Sil não gosta da forma que sua melhor amiga se despreza.
— Ah, claro. _ A morena se joga contra o colchão. — Vai logo ver quem está lá.
A ruiva suspira e então veste sua camiseta, pois estava só de top. Calça seus chinelos e então sai do quarto. Assim que chega à recepção encontra um homem e uma mulher conversando, desvia e vai até a recepcionista que sorri para ela, conhece bem aquele tipo de sorriso.
— Você me ligou?
— Sim. É... Senhorita, aqueles dois dizem ser jornalista e queriam falar com você. _ Sil desvia o olhar e encara os dois, que acenam para ela.
— Olha, vamos combinar uma coisa?
— Claro.
— Eu vou atendê-los, serei gentil, mas se outro aparecer, você não precisa mais me chamar, pode até dizer que eu já fui embora, pode fazer isso por mim... _ Ela olha para o crachá. — Raquel. _ A ruiva dá aquele sorriso safado que só ela sabe, ao mesmo tempo em que joga o cabelo longo para o lado contrário do que está raspado.
— Claro, senhorita.
Silvane, ou Vane, como ela mesma prefere ser chamada no mundo profissional e ganhou fama com esse nome, sorri para a mulher e vai para onde os dois estão parados. Assim que chega perto, seu sorriso desaparece, pois ela conhece bem aquela mulher.
— Olá, Vane, eu sou Kátia e esse é o Otávio, gostaríamos de saber se podemos fazer uma pequena entrevista com você. Somos da cidade e não é todo dia que uma celebridade vem até aqui. _ Aperta sua mão por educação, mas sua vontade era mesmo quebrar a cara dela.
— Olá, então, eu estou de férias, vocês poderiam marcar essa entrevista para outro dia? Podem entrar em contato com meu agente e terei prazer em dar essa entrevista.
— Ah, claro, estamos hospedados aqui também. Vamos ficar alguns dias, podemos marcar para antes de irmos embora.
— Claro, claro. _ Sil sorri e depois se despede. Vai para o quarto pensando em como contar aquilo para Val, se é que vai contar.
É um hotel grande, a praia é maior ainda, elas não poderiam se ver, claro que não. É o que a ruiva pensa, por isso resolve deixar como está, não vai estragar as férias da sua melhor amiga por conta disso. Quer que Val se divirta, quem sabe até encontre alguém e viva um grande romance.
— Você demorou. _Val diz assim que a outra entra no cômodo. — Que tal irmos curtir a praia?
— Acho uma ótima ideia.
Elas assentem e então se preparam, logo estão descendo a escada a caminho da praia. Sil tentava a todo custo não chamar atenção, mas era complicado, não só por ser ela, mas por ela ser como é. O corpo em si já chamava atenção, o estilo como um todo era digno de admiração e críticas.
— Vamos pegar uma barraquinha. _ Val diz, então caminha para perto do bar, escolha errada, pois exatamente nesse local ela encontra quem Sil tanto evitou. — Eita, inferno!
— Olha só você, olá, Valdirene.
— É Val... _ A morena revira os olhos para a loira. — O que está fazendo aqui?
— É um hotel, Val, todos podem estar aqui. _ A mulher sorri. — Mas estou com meu namorado. _ O mesmo homem se aproxima, nesse momento a ruiva também se aproxima. — Oi, olha só, acho que estamos nos encontrando demais. _ Kátia diz sugestiva.
Aquilo deu mais repulsa em Sil. Kátia é ex namorada de Val, não chegou a conhecê-la pessoalmente, pois quando elas namoraram a ruiva estava em turnê. Porém escutou várias vezes sua melhor amiga chorando pelas palavras duras da mulher. Val é uma pessoa bem-sucedida para sua cidade pequena, uma gerente de setor em um supermercado é algo fenomenal para o lugar, mas para Kátia não era suficiente. Ainda mais quando ela conseguiu um emprego em outra cidade e ao terminar o namoro deixou claro que se sentia superior a morena por ter feito uma faculdade, conseguido um bom trabalho e estar subindo na vida.
Quando Sil escutou aquelas palavras queria correr para sua antiga cidade e abraçar Val, além de dar uma surra em Kátia. Agora lá está ela, com aquele olhar superior de novo, mas dessa vez a ruiva está perto para lhe dar uma lição, para proteger sua “menina”.
— Pois é. _ A ruiva diz seriamente, mas ao olhar para sua melhor amiga seu coração disparado, ela está acuada, rebaixada, aquilo foi horrível. Então a ideia louca veio, que se foda tudo. — Amor, vamos? _ Sil diz ao colocar a mão na cintura da morena que fica tensa com o toque e lhe encara com dúvida.
— É...
— Você disse que queria uma barraca, querida, acredite, esse sol vai nos fazer mal. _ Sil fala, ainda encarando a mulher, para só então Val perceber o que a ruiva fazia.
— Ah, claro, vamos sim, linda.
— Espera... _ Kátia diz antes que elas saiam. — Vocês... Vocês namoram?
— Sim. _ Sil abraça a outra por trás, beijando sua bochecha. — Minha namorada, essa é a... Qual o seu nome mesmo?
— A gente já se conhece. _ A loira diz, ainda desacreditada no que via.
— Ah, melhor. Vamos, amor, estou cansada.
— Claro. Até... Até qualquer dia, Kátia.
Então elas saem de perto dos dois. Só quando estão longe que a morena consegue respirar corretamente.
— Meu Deus, vou ter um treco.
— Não acredito que você ainda gosta dela.
— Eu não...
— Gosta sim.
— Eu não gosto. _ Val fica ereta. — Ela só é... Tão linda.
— Eu sou mais eu. _ A ruiva revira os olhos e então amarra o cabelo em um coque. Ao olhar para trás ver que a mulher ainda as encarava. — A gente vai fingir essa viagem toda que namora.
— Você é doida, ela é jornalista, e se colocar uma nota sobre isso?
— Não me importo. _ Sil se aproxima e beija os lábios da menor com carinho. Val não sabe o que está acontecendo, mas de alguma forma aquele beijo não foi igual aos que elas costumam ter na brincadeira. — Ela continua nos olhando. Vamos ter que fingir muito bem. _ Os olhos negros encaram os claros com intensidade. Até Sil percebeu algo diferente.
— É... Sim, claro, obrigada por isso.
— Disponha, namorada.
A ruiva lhe dá outro selinho antes de se afastar e então ir falar com o rapaz do bar para pedir a barraca. Nesse tempo Val olha para a loira, que propositalmente acena e então sorri. Era isso, Kátia é uma interesseira, mas é uma interesseira gostosa. Esse é o pensamento da morena. Só resta para Val sorrir e acenar de volta.
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Naquela noite elas foram informadas de um luau, claro que se prontificaram para ir. Vestiram shorts jeans, a parte de cima do biquíni e camisetas. Assim que pisam na areia, veem Kátia com o tal namorado, que mais parecia um troféu para ser exibido. A ruiva trata de segurar a mão da sua “namorada”.
— Não deixa ela te abalar, não deixa ela fazer esse jogo mental, ok?
Val assente, então elas caminham para perto do bar, onde a ruiva pede bebidas para as duas. Começaram a conversar, dançar, se divertir, mas notavam que a loira não parava de olhar para elas, isso já estava deixando Sil preocupada.
— Que se foda.
Sem pensar e já bem alterada pelo álcool, a ruiva puxa a menor pela cintura e a beija, esse com certeza não é um beijo como outro qualquer, como os de antes. Sil faz questão de segurar o corpo da morena com força, quem visse se excitaria e não é exagero pensar assim.
As línguas enfim se encontram, nesse momento a menor gem*, o que leva a mais velha para além de encenação, não é mais fingimento, ambas sabem disso. Val leva sua mão para os fios vermelhos da nuca da outra e segura com força. Estava entregue também.
Elas continuam aquele beijo por mais tempo do que precisavam, porque a verdade é que não queriam se separar, mas precisavam. Aos poucos o aperto dos corpos vai afrouxando, assim como os da nuca da ruiva. Elas trocam mais um selinho e então se encaram. Não conseguiam falar, pelo menos não sobre o que acabou de acontecer.
— Acho que... Acho que estamos sendo bem convincentes. _ É só o que Val consegue dizer, sorrindo fraco para a outra.
— Sim... Estamos. Preciso de uma bebida mais forte.
— É, precisamos.
Elas começam a beber como se não houvesse amanhã, porque essa foi a única forma que conseguiram para não tocar mais naquele assunto, pois a verdade era bem evidente, aquele não foi um beijo encenado.
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— Ai minha cabeça. _ Val é a primeira a acordar naquele dia. Tenta abrir os olhos com cuidado, mas sua cabeça pesava.
— Fala baixo. _ Sil diz ao se virar e puxar o cobertor para cima do seu corpo.
Val resmunga, mas então senta na cama, percebe que ainda estava com a roupa da noite anterior. Olha para trás e ver a mulher toda embrulhada. Aos poucos vai tentando recordar da noite passada, não lembra muito, mas o beijo... Ah, esse ela nunca poderia esquecer.
Respira fundo, pois se pergunta o que está fazendo? Não pode se apaixonar por Sil, é sua melhor amiga e está lhe ajudando a parecer superior para uma ex que resolveu ter férias no mesmo hotel que elas. Com certeza uma baita falta de sorte, mas não pode confundir as coisas, ainda mais sabendo como é a vida corrida da ruiva, aquilo não é para ela.
Mais uma vez suspira e levanta, indo para o banheiro, precisa de água fria e comida. Assim que termina de se vestir percebe que Sil não vai se mover, então a deixa no quarto e caminha para o restaurante do local. Os óculos escuros ajudam a esconder suas olheiras.
Porém assim que chega e senta, sente alguém fazer o mesmo na sua frente, ao elevar o olhar encara a loira. Sorte a dela que estava de óculos, pois teria entregado seu nervosismo.
— Oi, bom dia, posso sentar aqui?
— Você já se sentou, Kátia. _ A morena tenta parecer indiferente com a presença da outra, mas só ela sabe o quanto está ansiosa por dentro.
— Você continua muito bonita.
— Não foi o que você disse da última vez que nos vimos.
— Ah, aquilo foi... Eu estava com raiva.
— De mim?
— Não, claro que não, só... Porque eu tinha conseguido o trabalho e você não queria sair do teu emprego, fiquei chateada.
— Olha, Kátia, esquece isso, ok? A gente superou, você está namorando, eu também, vida que segue.
— Eu nunca vou te esquecer e o Otávio é só um passatempo. Você é a mulher que eu sempre fui apaixonada.
Se Val dissesse que não sentiu seu coração disparar seria mentira, ela estava afetada pelas palavras da loira, assim como sabia que seria. Não acredita que ainda seja amor, talvez é só seu ego dando saltos, apesar de ela ser inteligente o suficiente para entender que a outra só está dizendo isso porque teoricamente ela encontrou uma pessoa melhor.
— Desculpa, mas não vai rolar, estou mesmo bem, te superei, senti raiva por um tempo, mas hoje... Hoje não sinto nada.
Kátia não iria desistir tão fácil. Não aceita ser substituída por alguém como Vane, apesar de ser muito fã da mulher, não vai admitir que a ex tenha algo melhor do que ela. Por isso segura a mão da morena por cima da mesa, essa que fica sem reação.
— Eu ainda gosto de você, não vou desistir.
— Mas é bom que faça. _ Val puxa sua mão rapidamente assim que escuta a voz firme atrás dela. — Você está dando em cima da minha namorada?
— Quem escolhe com quem ela fica é ela mesma.
— Sim, por isso estamos namorando. _ Kátia levanta, como se fosse enfrentar a ruiva, que estava pronta para a briga, literalmente. Mas Val interfere e fica na frente da amiga.
— Sil, para. Kátia, por favor, para também. Vocês estão parecendo duas crianças.
— Ela está dando em cima de você. Droga, você é minha! _ Nesse momento elas trocam olhares intensos. Tanto que Val não consegue falar nada. — Minha! _ Sil repete, deixando claro o que ela queria dizer. Val continua lhe encarando, mas então faz o que passou pela sua cabeça no momento, sai correndo. Katia e Sil observam a morena subir a escada rapidamente.
— Não, não dessa vez.
A ruiva corre atrás da outra, alcançando-a antes que ela feche a porta do quarto. Assim que as duas estão dentro do cômodo, Sil se aproxima e sua respiração toca no pescoço da mais nova, que está trêmula pelos novos sentimentos, novas sensações.
— O que você está fazendo, Sil?
— Eu sinceramente não sei, mas depois daquele beijo eu não paro de pensar em ti.
— Aquilo foi...
— Bom para caralh*. E você sabe disso também. _ Val nada diz, apenas se vira e encara a ruiva, que está com aquele olhar sexy que ela sempre admirou. — Se você me mandar embora agora eu saio, mas estou torcendo para não fazer isso.
— Sil, e se... E se a gente estiver confundindo? Se for apenas carência? Eu não vou...
A mais velha não deixa a outra terminar, a puxa para perto e beija seus lábios com todo carinho e desejo que está sentindo no momento. Não sabe como vai ser o amanhã, mas uma coisa aprendeu com o tempo, não perder uma oportunidade, ainda mais se tratando de Val, sua melhor amiga e mulher que está lhe causando aqueles arrepios.
Aos poucos a maior empurra o corpo da morena para perto da cama, essa que se deixa levar e deita-se na mesma, puxando o corpo da ruiva para cima do seu. Elas não se afastam do beijo. Sil escuta o gemido da menor quando ela aperta a lateral do seu corpo, por esse motivo se afasta, precisava daquela certeza para continuar.
Com selinhos carinhosos a ruiva desgruda os lábios e encara a menor, que continua com os olhos fechados, aproveitando a sensação de ter a mulher tão intimamente. Elas já se beijaram antes, mas nada se compara a aquilo. Até porque entendem onde aquilo vai acabar se continuarem.
— Você tem certeza? _ Aquilo era mais do que Val poderia explicar, aquela simples pergunta fez seu coração disparar. Que se dane, ela quer aquilo. Quer estar com Sil.
— Sim, eu tenho certeza.
A ruiva não esperou qualquer tipo de arrependimento. Apenas se deixou levar pelo que queria, pelo que sentia, pelo que pretendia. Os lábios mais uma vez se colam, se conectam, se provam, assim como os corpos suados se satisfazem.
Foram gemidos e toques que nem elas poderiam explicar. Val não poderia expressar sua felicidade ao estar agora descansando contra o peito da ruiva, que acariciava seu cabelo. Ambas não falaram nada depois do prazer que sentiram, agora só aproveitavam a sensação, mas alguém tinha que se manifestar, essa foi Sil.
— Você é maravilhosa, se eu soubesse... Caramba... Por que nunca fizemos isso? _ Val esconde seu rosto contra o pescoço da ruiva, que sorri da forma tímida que ela estava.
— Para de falar essas coisas, Sil, você com certeza já ficou com tantas mulheres que... — Pode parar. Você não vai fazer isso comigo. _ A DJ se afasta e faz a outra lhe encarar. — Você é maravilhosa e depois de hoje... Caramba, Val, não sei como vou fazer para ficar sem você. Eu não posso ficar sem você.
— O que... O que está falando?
— Que não sei como vamos fazer isso, mas não quero que seja fingimento, não quero que seja mentira, eu te quero. Quero de verdade.
— Sil...
— Vamos tentar. Só vamos tentar.
— E se isso estragar a nossa amizade?
— Vamos fazer assim, se em algum momento a gente ver que não vai dar certo, simplesmente conversamos e tentamos manter nossa amizade, em comum acordo. Sei que falando parece ser muito fácil, mas eu não quero mesmo deixar essa oportunidade passar, vai que você seja a minha pessoa? E cara, isso seria muito bom. Você... Sim, se eu fosse escolher seria você. Além de termos essa compatibilidade na vida, temos na cama também. Val, vamos nos dar essa chance, sei que você também quer.
Sim, ela queria, porém os riscos eram tantos. Poderia perder tanto. Mas não pode negar que Sil tem razão. Elas se dão bem, seu ego estava cheio por uma pessoa como a ruiva lhe querer, nem é estar se desvalorizando, mas porque a DJ é sim uma mulher incrível. Linda, bem-sucedida, famosa, carinhosa, maravilhosa.
— Eu aceito.
O sorriso da DJ é contagiante, mesmo que ela também não saiba o que pode acontecer depois daquele dia, quer arriscar, quer ter a morena em seus braços, quer de fato chamá-la de namorada. Elas voltam a se beijar novamente. Acreditam que sempre será intenso.
— Precisamos sair dessa cama e comer. Você não me deixou tomar meu café da manhã.
— Eu também estou morta de fome. Mas vamos tomar um banho antes.
As duas trocam mais um selinho antes de levantarem para tomar um banho rápido. Depois de prontas, Sil faz questão de segurar a mão da mulher, que sorri com o ato. Ao descerem para o restaurante, perto da recepção observam a loira brigando com o tal Otávio, o homem estava segurando sua mala. Assim que eles a veem param de falar, então ele nega e sai, deixando a jornalista sozinha. Para ele era bem claro seu papel naquela história toda.
Um dia Val sofreu por aquela mulher, não necessariamente por amá-la, ah, não, longe disso, talvez nunca tenha amado, mas gostava de saber que uma mulher como Kátia pudesse gostar dela, hoje, vendo como se iludiu, como se deixou levar por aquele falso bem-estar, sorri por ter conseguido superá-la, ao sentir o aperto em sua mão e olhar para aquela que lhe deu apoio nesse momento difícil, tem certeza da escolha que acabou de fazer.
— Tudo bem?
— Sim, tudo perfeitamente bem.
Sil leva a mão da outra para sua boca e beija carinhosamente. Ambas olham uma última vez para a loira que estava com o rosto vermelho de raiva. Mas agora não era o momento para deixar que Kátia as afete, pois estavam felizes demais para pensar em qualquer coisa que não fosse nelas juntas.
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O último dia daquela estadia chegou. Elas curtiram aqueles sete dias com toda totalidade, como um casal, como mulheres apaixonadas se descobrindo, se reinventando, mais que isso, se amando.
Agora, no último momento, sentadas perto do bar, algumas pessoas ao seu redor, vendo o pôr do Sol no horizonte, elas têm mais certeza do que escolheram. Sil olha para o lado e o sorriso de Val a encanta cada vez mais.
— Como eu não notei antes? _ Só então a morena a olha.
— Talvez você estava preocupada demais vendo as mulheres ao redor. _ A ruiva revira os olhos.
— Você é uma chata e acaba de ferrar o nosso momento romântico.
— Ah, não, vem aqui, meu amor. _ Val a puxa para perto e beija seus lábios com carinho. — Vai dar certo, não vai? _ A ruiva entende o medo da menor.
— Sim, linda, vai dar certo.
Elas trocam mais um beijo e ficam ali, olhando o pôr do sol. Não sabem como será o dia seguinte, mas o agora lhes dá uma boa perspectiva.
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CINCO MESES DEPOIS
Dizer que foi fácil para Val era mentira. Ela estava com saudade, louca para estar com sua namorada, mas a ruiva estava fazendo show. Falam-se todos os dias. Às vezes a DJ até mostra o show ao vivo. Mas nada é comparado a ter sua mulher ao seu lado.
A ruiva volta, sempre volta, assim como ela mesma diz que Val é o seu lar. E tem razão, nenhum hotel de luxo, nenhuma praia cheia de mulheres bonitas, nenhuma festa até altas horas da madrugada a deixava tão bem como estar nos braços de sua mulher, sua namorada, sua futura esposa. Viaja, mas seu pensamento está o tempo todo em Val.
Naquele dia completava duas semanas que a ruiva estava fora. A previsão era voltar dali a cinco dias. O que deixada a gerente mais ansiosa. As famílias das duas ficaram felizes com o namoro, visto que a cidade é pequena e todos já sabiam, inclusive a mídia, pois Sil fez questão de que Kátia colocasse em sua entrevista o seu novo relacionamento.
Val se mexe mais uma vez na cama, incomodada pela saudade que tem da mulher. Suspira e resolve levantar. Falou com a namorada há algumas horas, antes de ela entrar para fazer o seu show.
Calça seus chinelos e então caminha para a cozinha. Sua casa é pequena, mas é sua, pagou com seu esforço e trabalho. Vai até a geladeira e pega uma garrafa com água, bebe tudo de uma vez, relaxando seu corpo um pouco. De repente ela escuta um barulho e se assusta, ao ir até a sala sorri e sente seu coração disparar ao ver quem abria a porta.
Sil encara sua namorada e joga a mochila para o lado, caminhando lentamente para perto dela, que usa um baby-doll branco com desenhos de flores.
— Amor... O que...?
— Eu disse que voltaria, eu sempre volto. _ A ruiva a puxa para cima e a faz rodear suas pernas na sua cintura, os lábios logo se encontram, demostrando todo o amor.
— Sim, você sempre volta.
— Você é meu lar.
Elas votam a se beijar, matando a saudade, logo depois indo para o quarto. Amaram-se mais uma vez, assim como vem sendo naqueles cinco meses e esperam que seja para vida toda. Serão dias difíceis pela saudade, mas se Sil pode sacrificar algumas coisas para estar com Val, a morena também pode fazer isso e em alguns momentos acompanhar sua mulher. Vale tudo para estar perto dela e demonstrar todo o amor que sente.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Manuella Gomes
Em: 10/08/2020
Suave, bem escrito e gostoso de ler.
Lerei os seus outros contos.
kasvattaja Forty-Nine
Em: 10/08/2020
Olá! Tudo bem?
Belo conto, mas não resisti a frase ''Você é meu lar.'' e lembrei-me de uma canção do Sá & Guarabyra - bons, mesmo sem o Zé Rodrix -, então segue a letra e link também, caso queira ouvi-la.
É isso!
Meu Lar É Onde Estão Meus Sapatos
Desde que me conheço
Desde que me conheço
Que sou assim
Mas não, não, não ria de mim
Amigo de novidades sem ambição ou raiz
Mas isso não me faz infeliz
A gente tem que saber
Ser dono do seu destino
Partir se tem que parti
Ficar se tem que ficar
Meu lar é onde estão meus sapatos
Meu lar é onde estão meus sapatos
Um pouco em cada pedaço e lugar
Mas basta que você diga
Basta que você diga
Uma só palavra pra mim
Que sim, sim, sim
E logo você vai ver
Que eu cheguei pra não mais sair
E vim, vim, vim
A gente tem que saber
Ser dono do seu destino
Partir se tem que parti
Ficar se tem que ficar
Meu lar é onde estão meus sapatos
Meu lar é onde estão meus sapatos
Um pouco em cada pedaço e lugar
https://www.youtube.com/watch?v=FOyLuExBPW0
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