Dra. Lance
“É engraçado me apontarem como uma mulher de muitos segredos quando só tenho um: Eu tenho medo de altura mais do que qualquer coisa. Nunca admiti isto a ninguém, é algo que não precisam saber sobre mim. Sou alguém terrestre, gosto da certeza de estar com os pés no chão, é seguro. Talvez seja o trauma por ter caído da sacada quando era criança e quebrado um braço mas evito a todo custo olhar por muito tempo pra baixo dos andares em que estou. Meu pânico me faz supor que tudo ali desmoronará em um piscar de olhos. Eu odeio isto, a sensação vertiginosa de queda, de não ter onde segurar, de não ter como me socorrer, de ter a cabeça rodando a espera do baque. Não quero ir alto demais com ela, não posso ir alto demais por que se eu cair dessa vez quebrarei bem mais que um braço.”
Lena Luthor P.O.V:
Não sei em que momento entre sair do banho e analisar os últimos relatórios da L-Corp decidi negligenciar minhas pendências noturnas aterrissando distraída no sofá. Chovia em National City, uma chuva ritmada e calma que só fui constatar depois de muito tempo perdida na tela do meu celular e sem noção de quantas horas haviam se passado. Pulava de perfil em perfil a procura de novas informações sobre a garota do Starbucks. Eu a encontrei no Facebook, no Instagram e no Twitter. Nada mal para uma stalker iniciante mas definitivamente aqueles não eram meus modos usuais. Não, eu não fazia isto. Nunca. Não me interessava em investigar a vida de quem quer que fosse nas redes sociais e não estava gostando nada daquela sensação desconhecida que me fazia querer saber tudo sobre Kara Danvers. Algo dentro de mim me alertava pra ter cuidado quanto aquela garota enquanto a outra parte se empolgava.
Me sentia uma idiota naquele estado de encantamento mas era impossível me conter e não deslizar o dedo sobre a tela em busca de mais. Ria lendo seus tweets, os últimos sobre mim.
“Eu não estou acreditando!!! Ela falou comigo!! COMIGO!! AAAAAAAAAAA EU ACHO QUE VOU MORRER!!!! FUI AOS CÉUS TOQUEM AS TROMBETAS TEM UMA GAY SUBINDO !!!! CAUSA MORTIS LENA FUCKING LUTHOR" – 2 horas atrás
“ Quem é o santo dos gays? São Pedro? Ele parecia ter um crush em Jesus com certeza é ele. São Pedro eu quero a Lena, por favor, eu sei que é muito mas acredito no impossível"- 2 horas atrás
“Lena Luthor, acho que já vi este nome em algum lugar... *emoji pensativo*” – 2 horas atrás
“Achei o instagram dela!!! WOW WOW WOW não consigo parar de olhar estas fotos. Vou fazer montagem com as minhas como se fossemos casadas, emoldurar e espalhar pela casa.” – 1 hora atrás.
“Tudo bem, eu tenho que parar com isto certo? Qual é mesmo o aplicativo que mistura os rostos de casais para ver como seriam os filhos?” – 1 horas atrás.
“Ok, sabia que ela era muito rica e tudo mas acabo de descobrir que ela é uma das CEO da L-Corp e ainda a mulher mais genial da América. Meu Deus, não acredito que ela está prestes a descobrir a cura do Alzheimer. *emoji de olhos arregalados* ” – 1 hora atrás
“Tipo, o que uma mulher como ela pode querer comigo? Nada de sério, diversão, algo casual e só. Talvez queira brincar comigo, acho que vou chorar ” – 1 hora atrás
Me levantei e procurei o contato que já tinha salvo. Entre debates internos me decidindo se ligava ou não, ouvi a campainha tocar. Joguei o celular no sofá e fui atender desconfiada, eu nunca recebia visitas. Não naquela hora da noite.
- Boa noite, Lena.
- O que está fazendo aqui?
- Eu também estou muito feliz em te ver, depois de... dois? Três anos? – A loira deixou um beijo estalado no meu rosto e sem cerimônia adentrou meu apartamento puxando uma mala com certa dificuldade. – Vamos, não fique parada aí. Tem outras duas malas no táxi lá embaixo e elas não vão subir sozinhas.
*****
Sara Lance era uma amiga dos tempos da faculdade. Não nos víamos desde o enterro dos meus pais. Ocasionalmente nos encontrávamos em alguns eventos e trocávamos algumas palavras mas não mantínhamos regularidade no contato como antes. Ela tinha se casado e se mudará pra Star City a três anos. Desde então o que sabia sobre ela vinham de artigos que saiam nas colunas de Psicologia. Não dava pra imaginar que Sara seria um dos maiores nomes da área, mas lá estava ela, a renomada Dra. Lance.
- Tem alguma coisa pra beber nesta casa? - Ela se movia pelo apartamento mexendo em tudo como se fosse dona dele até chegar em uma garrafa de uísque sobre a estante.
Sem nem ao menos pegar um copo empinou o destilado como se fosse água. - Estou a três horas sóbrias e é horrível, posso levar este para o quarto? – Ela apontou para a garrafa.
- Sara... – Fui até ela e depois de alguma insistência desisti de tentar tirar a bebida das suas mãos. Cruzei os braços e a encarei – Você não acha que me deve alguma explicação? Quer dizer, você chega no meu apartamento no meio da noite como se tivesse sido atingida por um furacão parecendo que não dorme a uma semana e se instala em um dos quartos sem nem pedir permissão...– Ela estava vestindo uma camiseta de um time de beisebol do avesso, aparentemente havia perdido um dos seus sapatos ou nem chegou a calça-lo e não cheirava nada bem. – O que aconteceu? Você está péssima.
Sara abraçou a garrafa de uísque e fungou o nariz, a expressão carregada de quem começaria a chorar ou rir histericamente a qualquer momento. Depois de alguns minutos paralisada naquela posição ela pareceu recobrar os sentidos.
- A Ava, ela... ela pediu o divórcio. – Disse baixinho com a voz arrastada como se até ela duvidasse disto.
- Ah, meu Deus. Sara, eu sinto muito. – A abracei ignorando os odores variados que vinham de seus cabelos. – Você quer falar sobre isto? – Perguntei ainda a mantendo perto. Sabia o quanto ela ficava arrasada com términos. Mas desta vez não era só um rolo como havia acontecido com Pamela na faculdade. Era Ava, quem ela se referia como o amor da sua vida.
- Me desculpe... – Ela se afastou delicadamente ainda segurando o choro – Me desculpe por esta invasão mas eu não sabia o que fazer muito menos para onde ir. Então peguei um táxi com tudo que consegui levar do nosso apartamento. – Quando ela dizia tudo, isto incluía uma panquequeira, um tapete de banheiro, um abajur e meio quilo de cloro pra piscina. - Eu estava bêbada demais para dirigir e rodei duzentos quilômetros. O motorista disse que precisava ter um destino se não ele me deixaria no meio da rodovia e como estávamos próximos de National City, só pensei em você. Mas não se preocupe, só preciso de alguns dias. – Ela deu outro gole na bebida e foi deitar no sofá abraçada com a garrafa.
- Você pode ficar aqui o tempo que quiser, Sara.
Eu sabia que para deixar Sara desnorteada daquele jeito algo seríssimo deveria ter acontecido. Primeiro fui até a cozinha e preparei dois sanduíches antes de retornar a nossa conversa. Depois levei a bandeja com o melhor que consegui fazer e que tinha na geladeira com dois copos de suco de laranja até a mesa baixa de centro. Ela estava deitada com a cabeça apoiada em uma almofada com o olhar fixo em uma briga de cangurus na televisão, a garrafa de uísque pela metade esquecida no assoalho próximo a mesinha. Eu ainda não sabia como mas teria que esconder todas as bebidas dali.
- Você não odeia bandos de cangurus Lena?- Ela apontou pra TV como se não nada mais importasse. - Olha só pra isto, tem este único canguru mal encarado que tem um harem para o seu bel-prazer de macho viciado em se reproduzir. Quando um outro o desafia querendo ser o dono do pedaço, eles começam a pancadaria até um deles morrer ou ficar terrivelmente ferido. Não é ridículo? Por que só não deixar que as garotas escolham qual canguru a atraí mais ? - Ela se sentou no sofá, ainda divagando sobre cangurus, deixando uma parte livre pra mim. Apontei para o sanduíche antes de me sentar próxima a ela e como se tivesse acabado de percebe-lo ali voou em direção a bandeja. Acabou depressa, quis perguntar quando foi sua última refeição mas esperei que ela começasse a falar.- Esse é o melhor sanduíche que já comi na minha vida. – A loira tomou o suco em um só gole e antes que eu terminasse o meu ela levou uma das almofadas até meu colo. Deixei meu lanche de lado para que ela se aconchegasse e ofereci meu cafuné.
Sara e eu éramos tínhamos aquele tipo de amizade explosiva e ao mesmo tempo terna. A última vez que estivemos no meu apartamento foi a três anos atrás, nesta mesma posição, só que com os papéis invertidos. Ela me acalentando e eu com o coração quebrado após receber a notícia do acidente.
- Você não foi no meu casamento... – Resmungou de olhos fechados enquanto eu tentava me livrar de cabelos emaranhados que prendiam meus dedos.
- Aquele não foi um ano particularmente fácil para os Luthor, não para os que sobraram deles, me desculpe...
Houve um momento de silêncio entre nós. Cada uma perdida em suas próprias lembranças.
- Ela queria um filho e você sabe que não me dou bem com crianças... – Sara abriu os olhos e voltou a focar no programa que estava passando na televisão. – Já fazia mais de um ano que ela insistia e eu negava dizendo que não estava preparada. Neste tempo nossas brigas eram quase que diárias. Até que ontem... falamos coisas horríveis uma para outra e ela disse que queria o divórcio. Já tivemos outras brigas, mas esta... Ela estava transtornada, eu nunca a tinha visto daquele jeito, Lena, só faltou me agredir. Disse que deveria ter escolhido Barbara ao invés de mim e você não vai acreditar... Naquele mesmo dia eu vi as duas juntas conversando de uma maneira bastante íntima. Eu acho que ela estava me traindo, sabe se lá a quanto tempo, talvez desde quando nos casamos... – As lágrimas rolavam sem trégua daqueles olhos esgotados.
Eu não conhecia Ava o suficiente, devo ter visto três ou quatro vezes no máximo junto com Sara. Elas pareciam estar bem e satisfeitas uma com a outra mas era difícil ter alguma opinião sobre ela baseado nesse escasso contato.
- Eu queria que elas fossem felizes...
- Ava e Barbara? – A olhei com estranhamento.
- Por Deus, não! As cangurus... – Ela apontou para a tela - Elas passam o tempo todo grávidas, é uma vida de merd*. Alguém deveria ter uma conversa séria sobre maternidade compulsória com estas garotas.
Não pude deixar de rir daquele novo interesse de Sara.
- Não vai contar que estou aqui, não é?
- Para os cangurus?
- Droga, Lena. Para Ava! – Neguei com a cabeça apesar de saber que mais cedo ou mais tarde Ava iria aparecer ali por dedução.
- Você fugiu da sua esposa, não está pensando em bancar a Amy Dunne e forjar provas que a incriminem do seu desaparecimento? Por que não quero ser atuante nisto e ser presa como cúmplice.
- Não é uma má ideia... mas eu não sou tão engenhosa assim. Sei que tenho que confronta-la e que não posso fugir pra sempre... ou será que posso? – Dei um leve peteleco na sua cabeça. - Ainda está doendo e não consigo nem olhar pra ela sem querer chama-la de filha da puta traidora. Eu sinto raiva quando não estou triste e bêbada. Essa sensação vai passar mas por hora só quero descarrilhar depois de todo este tempo. Acho que preciso deste momento.
- E você achou um boa ideia descarrilhar no meu apartamento, no meio da noite. – Ela riu alto, o primeiro sorriso espontâneo da noite. - Eu só quero que fique claro que não vou cuidar da sua higiene pessoal Sara, espero que tome banho e escove os dentes regularmente sem precisar ser obrigada. – Sara fez uma careta e mostrou a língua em desafio. - Eu tenho certeza que não é um ponto final. Você não pode deixar tudo em Star City, não quando ainda há tanto a se dizer. Você está magoada e isto faz com que tudo se apresente da pior maneira. Eu não sei o que rola entre Ava e Barbara mas você nem se quer deu chance pra ela se explicar e já foi montando todo um cenário catastrófico com esta suposta traição que pode nem existir. É insensato e você sabe disto. Tirar conclusões estando ferida não é muito inteligente, não acha Sara? Você está parecendo uma adolescente em sua primeira briga com a namoradinha, simplesmente largando tudo e roubando alguns pertences da sua namorada. Esta crise era inevitável já que ambas discordavam quanto ao próximo passo a dar na relações de vocês, era só uma questão de tempo e você deveria ter se preparado pra isto
- Ok, você não precisava jogar todas estas verdades na minha cara... mas sabe acho que daria uma ótima psicóloga, pode ficar com o meu emprego se quiser aliás, não sou mais confiante pra orientar meus pacientes...
- Oh, eu passo dessa vez, já acúmulo funções demais na L-Corp.
Sara pegou minha mão por um momento e a beijou num gesto fraternal.
- Você é a minha milionária favorita. Seu apartamento é enorme, é bem maior que o meu e de Ava. O que acha de montarmos uma pista de Kart na sua sala?
- Não.
- Um campo de mini-golfe?
- Não.
- Uma pista de boliche?
- Não.
Ela ficou em silêncio e pensei que estivesse buscando outras formas recreativas de melhor utilizar minha sala de estar.
- Você já se apaixonou por alguém Lena? – Sara voltou totalmente o rosto pra mim.
- Por que vamos de falar de mim agora?
- Por que estou cansada de pensar em Ava e chorar, quero uma distração e os cangurus estão me deixando ainda mais puta do que já estou. – A loira se sentou sobre as pernas em expectativa.
- Ok, por onde posso começar...– Inclinei a cabeça para trás olhando para o teto.
Era um tópico difícil. Não tinha exatamente uma grande história de amor. Eram três relacionamentos na minha conta, o mais duradouro de onze meses. Talvez Lex tivesse razão. Eu não era muito boa nisto, não era nem um pouco habilidosa em manter pessoas na minha vida por mais de alguns meses. Romper era o que eu fazia de melhor e fazia isto sem nenhum arrependimento. O amor era um território totalmente desconhecido pra mim e me parecia assustador demais para querer sentir, então talvez fosse melhor assim.
- Felicity! – Os olhos de Sara brilharam com a própria sugestão. Reviver meu relacionamento mais conturbado com a atual da sua irmã era algo que ela precisava pra esquecer temporariamente de seus problemas. Meu breve namoro na faculdade sempre provocava gargalhadas.
- Você sabe, ela falava demais e isto pode ser cansativo quando tudo que você quer é dormir no fim de um dia cheio de exames de qualificação. Ela estava sempre ligada na mais alta voltagem e eu não era a mulher certa para acompanha-la. Também havia uma competição silenciosa sobre quem de nós duas tiraria a maior nota, o que já era o suficiente para faíscas voarem. Ela não aceitava perder sempre por um ou dois décimos... Além de ter sabotado meu protótipo de nanorrobótica e me dado um soco na cara quando a expus naquela feira de jovens cientistas. Ela praguejou quando foi desclassificada e eu ainda levei o prêmio. Então quando a flagrei no dormitório tentando quebrar meu troféu com um martelo decidi terminar o que tínhamos. Se continuássemos em poucos meses iríamos parar na delegacia. Ou talvez até expulsas da faculdade por todo o prejuízo material que dávamos em todas as vezes que brigamos – Sara riu mais uma vez e deitou novamente a cabeça no meu colo como uma criança grande e animada pronta pra escutar o seu conto favorito de dormir – Mas ela era cativante, energética e brilhante e Laurel deve saber o como Felicity pode ser acrobática...
******
Chovia sem parar, o que significava que seria um dia de cão para se encarar o trânsito infernal da cidade. O documentário sobre cangurus tinha terminado e o noticiário da madrugada assim como os trovões eram só barulhos secundários naquele apartamento. Confidenciar memórias, a maioria não tão agradável de trazer a tona, com minhas exs havia agido como um sedativo de ânimo para Sara que nem se quer lembrou do uísque que deixará pela metade.
-... e eu estava em um triângulo amoroso sem saber com Mera e o oceanógrafo.
Não planejei terminar a sexta-feira esfregando as costas de Sara com uma esponja de patinho mas ela conseguiu me arrastar para isto. A doutora brincava com espuma na minha banheira e eu, sentada em um banquinho, tentava me esquivar dos esguichos de água que ela me lançava.
- Já que somos sempre sinceras uma com a outra posso falar algo sem correr risco de ser afogada nesta banheira? – Sara pegou a esponja da minha mão e afundou o patinho entre as pernas.
- Você estava me analisando este tempo todo não é?
- Hey, não faço isto fora de um consultório e muito menos de graça... mas acho que posso ter uma conversa franca sobre as limitações que você mesma se impõe aqui e agora como sua amiga e não uma profissional.
- Não sei sobre o que está falando...
- Lena Kieran Luthor. – Ela falou o meu nome como se fosse uma reprimenda. - Desde Diana sua primeira namorada, você faz isto. E não me olhe com incredulidade por que você sabe exatamente sobre o que estou falando. Você se mantém a uma distância confortável e nunca se envolvendo realmente por que quer sempre estar no controle de tudo.. – Sara recostou a nuca no mármore gelado da banheira e fechou os olhos por um momento. – Sabe, quando você se apaixona as coisas explodem e tudo vai para os ares por mais que tentamos evitar isto, não há como resistir.
- Isto nunca aconteceu comigo, então estou indo bem mantendo tudo aqui dentro em ordem. – Me levantei a procura de uma toalha. – Não sou uma grande fã de explosões.
- Então me parece que nunca se apaixonou realmente por nenhuma delas.
- Acontece que nem tudo mundo carrega esta sua mesma intensidade nos relacionamentos. E, honestamente Dra. Lance, não preciso de alguém me dizendo como devo me sentir.
Sara abriu os olhos e eu joguei a toalha em sua direção.
- Eu ainda vou ver Lena Luthor caindo de bêbada batendo na minha por causa de mulher e então iremos retornar este assunto enquanto rio da sua cara.
- Isto é uma previsão ?
- Não, pra você é uma maldição mesmo. – Ela jogou de volta a toalha - Eu vou ficar mais um pouco. – Se afundou na banheira por alguns segundos antes de voltar a emergir. - Pode ir dormir, eu não vou tentar suicídio cortando os pulsos. Não haverá nenhum cadáver na sua banheira assim que você acordar. Prometo.
Assenti ainda preocupada e dei uma última olhada na figura antes de sair.
- Lamento te frustrar mas nunca me virá sofrer por mulher alguma. – Disse por fim.
Ainda deu tempo de ouvir Sara rir e me chamar de volta.
- Lena, acho que fiz xixi na sua banheira... – Ignorei e fui para o meu quarto.
*******
“Oi, aqui é a Lena. Eu só queria ter certeza que esse é seu número mesmo"
"Oiiii, sim, este número é de Kara Danvers, aka eu mesma."
- “Ah, eu te acordei? Já é bem tarde, eu sinto muito se fiz isto"
-“ Nããããão... Estou tendo minha noite de irmãs, Alex e eu costumamos quase que amanhecer maratonando séries e comendo besteira. Coisas das Danvers.”
“ Ahh, você tem uma irmã...”
Menos de um minuto depois ela me enviou uma selfie junto de uma ruiva de cabelos curtos que fazia hang loose pra câmera com uma mão e segurava uma garrafa de cerveja em outra. Elas estavam com pijamas iguais, Kara estava sem óculos, de cabelos soltos com um grande sorriso. Era a primeira vez que a via sem o uniforme da Starbucks. Ela era linda também na sua versão casual.
“Como você pode ver, Alex também é completamente gay. Ela é dois anos mais velha e cumpre bem o papel de irmã super protetora.
"Sua irmã é linda"
“Hey, ela tem namorada ok? E a Maggie é invocada e também policial, pode te colocar na cadeia e jogar a chave fora. Nem pense em tentar as suas chances com Alex, seria uma perda de tempo. E não é legal você sair por aí chamando a irmã alheia de linda...
"Oh céus. Eu só fiz um elogio sem segundas intenções, realmente não estou interessada na sua irmã."
“Eu não acho que você faça o tipo dela.”
“Ok, já entendi. Alex está perdida pra mim.”
“Além do mais, ela é detetive, conta as melhores piadas, é uma péssima cozinheira e tem problemas com a Taylor Swift. Sério, ela odeia a minha cantora favorita acredita?"
"Wow, sua irmã é a primeira detetive que conheço. Será q posso contrata-la para investigar um certo alguém??? E sobre Taylor Swift, só posso dizer que prefiro Katy Perry.”
"Eu perguntei para Alex e ela riu. Disse que apenas investiga criminosos e não interesses românticos alheios. Não entendi o que ela quis dizer. Sobre você preferir Katy Perry, olha, estou profundamente chateada. Isto é uma afronta e das piores Lena Luthor! Ela simplesmente roubou os dançarinos da Taylor e quase arruinou uma turnê!”
“ Isto é o que você quer acreditar, os dançarinos eram da Katy, todo mundo sabe qual é a cantora pop que trata melhor sua equipe, por isto eles voltaram.”
-“Eu queria muito te bater agora e eu não me importo se você é a CEO da L-CORP."
"Hahaha. Elas já superaram isso. Hey, espera como você sabe isto sobre mim?"
"Digamos que também tenho minhas habilidades investigativas. Alex adora a Lady Gaga. Ela diz que é a melhor mas isto não é uma competição por que se fosse deveríamos pensar em grammys, o maior prêmio da música , e bom, deste jeito a Katy nem seria levada em consideração”
“Golpe baixo, você não só tocou fundo na minha ferida como também jogou soda cáustica nela. Ok, Vamos mudar de assunto.”
"Rá! Hater gonna hate, hate, hate!!! Estou tendo a minha sexta-feira com a Alex mas e você? Está sozinha?"
"Não exatamente. Estou com uma hóspede em casa. Uma amiga que chegou sem aviso.”
“Amiga? Sei...”
"Ah, ela é só uma amiga mesmo. Ela brigou feio com a esposa e achou legal invadir meu apartamento no meio da noite. Eu não poderia expulsa-la, não quando ela parece que foi atropelada por uma família de mamutes”
-"Deus, então ela deve estar péssima.”
"Agora está um pouco melhor. Preciso convencê-la a não desistir tão fácil do amor da vida dela.”
“Você é uma romântica?”
“Acho que não. Só quero me livrar dela mesmo.”
“Então Lena Luthor é uma mulher prática...”
“Eu diria que uma mulher com cautela. Não sou de me jogar de cabeça em nada. Isto pode soar péssimo e me fazer parecer insensível mas sou bem mais racional, gosto de ter controle da situação”
Me lembrei das palavras de Sara. Eu realmente nunca tinha me apaixonado.
“Ahh...”
Talvez ela estivesse decepcionada mas é o que sou. Não teria como esconder por muito tempo. Quando pensei que aquela conversa havia acabado meu celular voltou a vibrar.
“Droga, está caindo a maior tempestade. Acho que amanhã vou ficar sem ver minha cliente favorita e isto já me tira toda a vontade de começar o dia ”
“Se a sua cliente favorita for eu, saiba que nem o fim do mundo me impediria de ir ao Starbucks tomar um frappuccino e dar um oi pra minha atendente preferida"
-“Wow, Você gosta mesmo de frappuccino”
Mas gosto bem mais de você garota do Starbucks, pensei.
"Boa noite, Kara, até depois."
"Boa noite, Lena, durma bem."
Fim do capítulo
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