Capitulo 7
Júlia ainda mantinha os olhos fechados e o rosto ruborizado enquanto Marina permanecia ao seu lado passando as pontas dos dedos por todo seu corpo. Não sabia se não a encarava por vergonha ou medo de constatar o óbvio e que há tempos vinha reprimindo: sua paixão platônica pela amiga.
Foi tudo maravilhoso pra Júlia, desde o primeiro beijo roubado no dia anterior no Pub até aquele momento pós-orgasmo. Marina havia sido maravilhosa no toque, no beijo e em toda a trans*. Estava refletindo no que acabava de acontecer quando ouviu Marina:
- Não vai mesmo falar nada? Fiz alguma coisa que não tenha gostado?
Abriu os olhos após um suspiro e a encarou:
- Foi muito gostoso – forçou um sorriso – Mas acho que não deveríamos ter chegado tão longe, somos amigas e isso nunca acaba bem.
- Eu não estou nem um pouco arrependida – se ajeitou virando de lado e apoiando o rosto em sua mão esquerda – eu quis e você também. Não tem mal algum nisso, sei que somos amigas, mas desde ontem estava querendo você.
- Esse é o problema, Má – desviou o olhar e passou a encarar o teto branco – só ontem você me quis e, sinceramente, ainda não sei bem o motivo. Não sei se você foi movida por ciúmes da Estela, se fez pra me dar o troco ou sei lá. Você me quis ontem e hoje. Eu sempre te quis.
Marina ouviu a confissão com certa surpresa. Júlia sempre foi muito reservada e pouco falava de seus relacionamentos. Nunca soube que a amiga pudesse ser lésbica ou bissexual, muito menos que ela despertava sentimentos na amiga.
- Por que você nunca me disse?
- Porque você nunca me olhou diferente até ontem. Eu sou muito de ponderar as coisas. Não iria investir em você e correr o risco de perder sua amizade. Fui administrando isso e até ontem tinha dado certo.
- Ju, eu quis ficar com você porque me senti atraída, você despertou algo em mim que antes não tinha acontecido. Quero deixar claro que não teve nada a ver com a Estela. Eu nunca faria esse jogo sujo com você.
- Intencionalmente eu sei que nunca faria. Mas ontem aconteceram coisas que podem ter sido o gatilho para o seu repentino interesse em mim. E eu não quero ser uma bengala para você, que vai te servir de apoio quando a Estela estiver em falta com você.
- Você acha mesmo que depois de ontem eu ainda vou querer alguma coisa com a Estela? – perguntou indignada.
- Acho – Julia se mantinha calma – Porque basta ela te procurar e te dar meia dúzia de explicações que você vai esquecer o que aconteceu naquele Pub e aqui – apontou para as duas na cama.
- Nossa, Jú! Você não me conhece mesmo.
- Conheço e por isso estou sendo sincera e prevendo as possibilidades. Foi gostoso, mas não vamos mais repetir. Eu gosto de você e isso vai ser um erro pra mim. Eu sei que você está apaixonada e não é por mim. Não quero me envolver mais do que já me envolvi nisso. Gosto da sua amizade e não quero perder. Vamos ser adultas e encarar isso de forma responsável. Você não brinca com os meus sentimentos e eu sigo administrando o que eu sinto por você até eu encontrar alguém que mude isso dentro de mim.
Quando terminou de falar, Júlia se levantou e foi para o banheiro tomar banho, deixando Marina sozinha sem dar a opção de a amiga debater. Deixou as lágrimas rolarem pelo seu rosto enquanto sentia a água morna molhar seu corpo. Há muito tempo desejava ser tocada por Marina e finalmente aconteceu. Mas sabia que o interesse da amiga por ela era carnal e o dela era paixão, amor. Se deixasse essa história rolar iria sair magoada dela e a última coisa que queria era isso. Também tinha a certeza de que na primeira ligação de Estela, Marina cederia e Júlia ficaria para segundo plano. Terminou o banho e encontrou Marina na cozinha.
- Má, vou indo – disse já arrumada e com a bolsa nas mãos.
- Jú, para vai. Você disse que ficaria para o almoço.
- Prefiro ir, vai ser melhor. Eu te ligo quando chegar.
Marina ficou chateada, não queria que Júlia fosse embora daquela forma, chateada. Aproximou-se e deu-lhe um abraço dizendo:
- Eu nunca faria nada que pudesse te magoar.
- Eu sei. Mas agora preciso ficar sozinha. Qualquer coisa pode me ligar. Ainda sou sua amiga.
Marina ficou da varanda do apartamento vendo Júlia sair do prédio. Perguntava-se por que nunca havia notado a amiga daquela forma. Júlia sempre foi tão amorosa, prestativa e um mulherão. Seria tão mais fácil se tivesse se apaixonado por ela antes. Lembrou que Júlia nunca a apresentou ninguém. Quando elas saíam raramente Júlia ficava com alguém e quando ficava, Marina só sabia depois. Deitou-se na cama novamente e pegou seu celular. Viu as várias mensagens no whatsapp mas a primeira mensagem que abriu foi a de Estela:
“Você é a única pessoa que eu queria ter beijado hoje e a única que queria que estivesse aqui completando minha cama. Por favor, acredite em mim. Na hora certa você vai saber e entender. Não se precipite, por favor. Estou com saudades”
Leu e releu a mensagem. Ficou com ódio pelo atrevimento de Estela tentar justificar o que era incontestável. Pensou em responder, mas optou por ignorar. Mandou mensagem para Júlia:
“Estou com saudades e você nunca seria uma bengala para mim. Você é e sempre vai ser mais que isso. Vou respeitar o seu momento, mas quero que saiba que estarei aqui para você, sempre.”
Naquela altura Marina era só confusão. Sentia raiva e decepção por Estela. Sentia desejo e carinho por Júlia. Iniciava ali uma batalha interna entre seus sentimentos por Júlia e Estela.
Fim do capítulo
Oi oie, amores!!
Capítulo curtinho mas o de domingo vai compensar ;)
O que estão achando da história???
Comentem!!
Ótimo dia para vocês
bjão.
Comentar este capítulo:
Rosangela451
Em: 30/08/2020
É....... marina tá confusa
Várias maneira de Estela resolver a situação do sócio
Vai ser difícil Marina acreditar nela
Quero só vê como vc vai desenrolar isso rsrsrs
Julia e um amorzinho não merece ficar no meio desse rolo
Abraços
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