Recomeço - Capítulo 69

Após fazerem amor, Norma e Laura caíram exaustas sobre a cama, mas sem conseguir esconder o sorriso de satisfação.

As duas estavam muito bem juntas.

 Havia entre elas uma química perfeita.

— Vontade de ficar aqui – Norma comentou quando sentiu os dedos delicados de Laura tocando seus cabelos.

— E porque que não fica? – Laura depositou um beijo no pescoço da namorada e encaixou os seus corpos formando uma conchinha.

— Hum... – Fechou os seus olhos, mas o sorriso continuava em seus lábios. Parecia que não conseguia desfazê-lo – Eu tenho casa... minhas coisas... meu trabalho...

— Bom... aqui também é sua casa agora. Pode ficar o quanto quiser.

— Ahhh... – Virou o seu corpo na cama para poder olhar para a médica – Estou amando o que estamos vivendo, mas precisamos ir com calma.

— Para que calma se a gente sente a mesma coisa pela outra?

As duas riram.

— Você está me assustando assim. Ainda não pretendo me casar não – Norma comentou divertida.

— Imagino que não, mas terei um bom tempo para te convencer a ficar sempre comigo – Levou uma das mãos de Norma até seus lábios – Já pensou sobre passar o final de semana aqui comigo... tomar um banho de piscina... comer uma comida deliciosa que eu vou preparar para você.

— Ainda não pensei, mas isso de comida é verdade?

— Claro, sou uma ótima cozinheira, dona Norma... vou te conquistar pela barriga.

— Acho que você já me conquistou e nem precisou me dar comida – As duas passaram a sorrir apaixonadas.

Estava muito gostoso o clima naquele quarto.

— Se eu te sugerir algo, será que você fica chateada? – Norma perguntou com certo receio.

— Claro que não, pode dizer.

— Por que não convidamos Sófia e Raquel para ficarem o domingo com a gente. Seria bom ficarmos mais próximas.

— Bom... eu não sei, Sófia sente ciúmes de mim – Começou a acariciar uma das mãos de Norma.

A ruiva amava aquele lado carinhoso da médica.

— Eu conversei com ela hoje. Falei sobre a gente... disse que se houvesse a possibilidade de vocês ficarem juntas, eu seria a primeira a tirar o meu time do campo.

— Você faria isso mesmo? – Laura indagou surpresa.

— Claro, a minha amizade com Raquel é de muitos anos. Eu não trocaria por mulher nenhuma – Disse com convicção.

Com a resposta de Norma, Laura ficou pensativa.

— Você tem certeza que nunca havia se interessado por outra mulher antes de mim? Tipo Raquel – a médica ficou com essa dúvida, pois o cuidado que Norma tinha com Raquel era muito grande.

Norma riu ao ouvir aquela pergunta.

 Não era a primeira vez que alguém achava que a ruiva era interessada na engenheira.

— Nunca... as pessoas acham que tem algo entre a gente, mas sempre foi amizade. Eu tenho um carinho especial por Raquel. Um certo cuidado, porém é porque sempre tive ela... não tenho muitas pessoas ao meu lado. Minha família mora longe e não sou uma pessoa de amizade. Adotei Raquel como minha irmã mais nova... aquela que temos que cuidar... dar juízo e conselhos para seguir os caminhos certos – Deu uma pausa – O que sinto por ela é amor, mas amor de irmã. Estou muito feliz mesmo por Sófia e ela estarem bem.

— Ela me falou que ficou cinco anos longe. Como foi para você?

— Ruim – Riu um pouco sem graça – Tive que ficar com Nino, mesmo não tendo muita habilidade com animais, mas agora tudo está bem... ela está de volta.

— Pode chamar Raquel e Sófia... vamos marcar um domingo... fazemos alguns petiscos. Elas podem trazer as crianças delas – As duas riram ao se lembrar de Nino e Nino.

— Tenho certeza que eles vão amar o seu jardim. Não imaginava que sua casa era assim tão grande.

— Ah... é sim, cabe você e vários filhos nossos aqui  — Laura comentou querendo brincar com a ruiva.

Com a brincadeira, Norma arregalou os seus olhos. Será que no fundo era isso mesmo que a médica desejava?

— Esqueça o que falei – Laura disse ao notar um silêncio prolongado por parte de Norma – Iremos com calma... no seu ritmo.

— Não que eu não deseje ficar sempre com você, mas começamos a namorar domingo. Relacionamento entre mulheres não tem etapas não? – Perguntou toda pensativa.

Laura sorriu com o jeito de Norma.

— Bom... o que dizem é que somos ligeiras. Mal se conhecem e já querem se casar.

— Você quer? – Norma conectou o seu olhar ao de Laura.

— Com você, eu quero tudo que eu tiver direito. Você é uma mulher maravilhosa... linda... inteligente... divertida... amorosa... eu não posso deixar você escapar não – Sorriu ao tocar a face de Norma. Amava deixar as suas digitais no contorno do rosto daquela mulher. Norma parecia que havia sido desenhada, pois na cabeça de Laura, a ruiva era muito perfeita. Tinha uma beleza única e não estava se referindo somente ao exterior. Norma era uma mulher bela em todos os sentidos... era uma beleza que era vista de dentro para fora.

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Raquel estava sentada na cama de sua nova casa com as costas apoiadas na cabeceira, olhando no celular alguns imóveis que estavam para alugar na cidade. Mesmo abalada pelo que havia acontecido com sua mãe, estava decidida a ter algo somente seu.

Usava uma roupa leve, já que logo iria dormir. Os cabelos estavam um pouco desalinhados, o que era um charme a mais.

Mordia seus lábios com frequência, pois não estava conseguindo encontrar o que desejava e quando encontrava era muito caro o aluguel.

Sentiu um cheiro gostoso de sabonete tomando conta do ambiente.

Ao olhar para o lado, viu Sófia enrolada a uma coberta. Havia acabado de voltar do banho. Algumas gotas de água estavam pelo seu corpo... os cabelos estavam presos de uma forma desarrumada, mas Sófia não deixava de ser linda por isso.

Suspirou por alguns segundos...

— O que está fazendo, amor? – Sófia foi até o guarda-roupa. Ao achar as peças de roupas que usaria, jogou a toalha sobre a cama e olhou a sua amada nos olhos enquanto fazia esse movimento.

Raquel com a visão do corpo de Sófia nu, ficou sem fala. Colocou o celular sobre o colo e entreabriu os seus lábios. O seu coração rapidamente acelerou o ritmo das batidas.

— Amor – Sófia chamou.

— Eu estava vendo alguns imóveis – disse sem conseguir desviar o olhar do corpo da loira.

— Para seu consultório? – pegou uma pequena calcinha preta de renda e vestiu.

— Hunrum – Sentiu sua boca salivar. Mesmo tendo aquela mulher sempre, parecia que seu desejo por ela nunca seria saciado.

— Entendi – Usou um conjuntinho branco para dormir. A blusa era de alça e bem soltinha. Já o short er  bem colado ao corpo – O que você conversou com Ricardo? Você não me disse os detalhes – Pegou um pente e começou a desembaraçar o cabelo.

— Falei sobre como tudo aconteceu entre nós – Raquel disse enquanto observava os movimentos da loira.

— Hum... e ele?

— Ah... bom... Achou que não lutei contra esse sentimento... que não liguei por você ser namorada dele na época.

— Você falou que a gente não se conhecia? – Terminou de desembaraçar o cabelo e foi se sentar ao lado se sua noiva. Pegou o aparelho que estava sobre o colo de Raquel e começou a olhar os imóveis.

— Eu disse toda a história, amor, foi difícil, mas ele compreendeu. Ele aparenta ter mudado um pouco – disse pensativa.

— Talvez seja por conta do que aconteceu com sua mãe – Sófia cruzou suas pernas e sentiu uma leve carícia em sua coxa.

Raquel começou a deslizar os seus dedos bem devagar naquela parte.

— Sim, acho que tem algo a mais — Lembrou-se do comportamento do irmão.

— Difícil saber o que está se passando com ele... Amor, que tal esse? – Mostrou o aparelho para Raquel e observou um sorriso surgindo nos lábios de sua amada.

— Perfeito – Pegou o aparelho para ver o endereço e o preço – Essa semana mesmo, eu vou lá ver – falou demonstrando muita animação.

— É muito bom te ver assim – Sófia comentou.

— Assim como?

— Animada, mesmo depois de tudo que aconteceu.

— Ah... percebi que o melhor a se fazer é não se desesperar. Depois da conversa com Ricardo, eu tirei um grande peso de minhas costas – colocou o celular sobre a cômoda e passou a observar a linda mulher ao seu lado – Tenho que pensar positivo e aproveitar mais os meus momentos ao seu lado. Você é uma mulher maravilhosa. Muito obrigada por surgir em minha vida – segurou uma das mãos da loira.

— Eu que agradeço, meu amor – deu um leve aperto na mão da engenheira – Fico feliz por você estar sabendo lidar melhor com tudo que anda acontecendo — Olharam-se nos olhos por alguns segundos — Eu tenho uma novidade. Esqueci de contar com os últimos acontecimentos.

— O quê? – Entrelaçou os seus dedos aos de Sófia.

— Amanda está grávida!

— Nossa, que notícia maravilhosa – o sorriso de Raquel passou a ser largo – Como ela está se sentindo com isso de ser mamãe?

— Insegura – deu um breve sorriso – Mãe de primeira viagem... serei a madrinha – disse toda orgulhosa.

— Ahhh... Então essa criança terá a madrinha mais linda desse mundo – Raquel disse ao olhar para Sófia com intensidade.

— Amor, nós nunca conversamos sobre isso, mas o que pensa sobre termos um filho?

— Eu gosto da ideia, mas acho que precisamos resolver algumas pendências antes. Tenho que abrir um negócio... depois temos que ver o nosso casamento.

— Que tal na praia? – Sófia sugeriu, pois havia passado momentos maravilhosos com a engenharia na praia.

— Uma ótima ideia, meu amor – ficou pensativa – Ao pôr do sol.

— Sim, ao pôr do sol – Sófia levou uma de suas mãos até a face de Raquel – Você é muito linda – acariciou o local onde sua mão estava pousada – A minha felicidade é tão grande que não tenho mais palavras para defini-la.

— Eu também me sinto da mesma forma – Aproximou o seu corpo ao de Sófia e a abraçou forte. Ouviu um longo suspiro e isso lhe aqueceu por dentro – Você quando voltou do banho me deixou tão mexida.

Sófia sorriu.

— Imagino que sim. Percebi a forma como você me observou – Sentiu uma leve carícia em sua face.

Raquel ficou olhando para o rosto de Sófia por alguns instantes. A sua noiva era muito linda.

Contornou com a ponta de seu dedo aqueles lábios rosados.

Sófia que observava o rosto a sua frente, capturou o dedo de Raquel com seus lábios e ch*pou de uma forma provocante.

Ouviu um gemido baixou...

Sentiu o peso do corpo de Raquel sobre seu colo.

— Faça de novo – Raquel pediu com um tom de voz rouco. O seu íntimo começava a molhar só por ver aquela cena.

Sófia fez o que foi pedido. Ch*pou com vontade e não demorou muito para sentir os lábios de Raquel junto aos seus.

O beijo que se iniciou era muito urgente, Raquel queria muito saciar a vontade de ter aquela mulher.

Dias depois...

Fazia alguns dias que Rita estava em coma. Rogério todas as vezes que via sua esposa naquele estado, ficava se perguntando como a situação pôde chegar àquele ponto.

Sentia-se mal por ter sido tão passivo em determinadas situações. Rita tomava todas as decisões... ditava as regras.

Se tivesse tomado a frente com relação a criação de seus filhos, as coisas poderiam não estar daquela forma. Contudo, algo o aliviava, Ricardo estava começando a seguir sua vida sem Sófia.

Em alguns momentos, o primogênito chegou a perguntar a opinião do pai com relação a Paola. Isso era um bom sinal.

Ainda não havia visto Paola, mas imaginava que a moça estava arrependida por tudo que havia feito no passado.

— Temos que dar uma oportunidade para ela redimir – pensou e notou uma movimentação diferente na face de sua esposa.

Rita estava despertando...

O sorriso de Rogério passou a ser largo.

— Minha querida – disse baixo ao se aproximar.

— Rogério – Rita começou a olhar para os lados tentando reconhecer o lugar onde estava – Onde estou?

— No hospital, meu amor – disse não conseguindo esconder a sua felicidade.

Após alguns minutos, todos foram comunicados sobre o despertar de Rita.

A senhora ao ver Ricardo, deu um sorriso largo. Não ligou por ele ter sido o responsável por ela estar naquele lugar, pois ela se sentia culpada pelo o ocorrido. Na cabeça dela, o engenheiro era inocente de tudo e o via como sendo uma pessoa indefesa.

Ela pegou para si todas as culpas.

Rogério não ficou contente com isso, porém sabia como a esposa era, colocava Ricardo acima de tudo e todos.

Diferente do que houve com Ricardo, Raquel não foi bem recebida.

Rita a xingou de vários nomes. Ficou muito nervosa com a aparição da filha, a ponto de pedirem para Raquel se retirar, pois poderia trazer complicações.

— Amor, não fique assim – Sófia que estava em um dos bancos da clínica com Raquel tentava a todo custo consolar a engenheira que não parava de chorar por nenhum instante.

— Ela me odeia! – Raquel disse com os olhos cheio de lágrimas e com o coração partido em mil pedaços.

Fim do capítulo