Capitulo 24
Passei meu braço por volta da cintura de Elis grudando meu corpo no dela. Estávamos nuas, deitadas na cama no escuro, era madrugada de sexta-feira e percebia que ela estava inquieta. Beijei sua nuca, seu pescoço, seu ombro. Tinha acordado há pouco, com ela virando de um lado para o outro.
- O que está sentindo? – Sussurrei em seu ouvido.
- Desculpa, não queria te acordar. – Ela murmurou.
Beijei seu rosto, sentindo o cheiro gostoso de sua pele, seu cabelo. Deixei minha cabeça enfiada em seu pescoço, ela riu, sentindo cócegas com minha respiração. Virou-se em minha direção e beijou minha boca suavemente.
- Está nervosa com o lance do inventário hoje?
- Nem tanto, mais porque vou ver minha mãe. Não sei como vai ser. Como ela vai reagir. Não consigo dormir. To muito agitada.
- Posso te ajudar a relaxar um pouco, se tiver a fim... – Beijei sua boca novamente, correndo minhas mãos por sua cintura, indo em direção a um de seus seios, apertando-o levemente.
- Hum. – Ela sorriu. Beijei seu sorriso, mordiscando seu lábio. – Quero sim...
Coloquei seu mamilo entre os lábios, sentindo suas mãos fazendo carinho em meu cabelo. Beijando, sugando, passando a língua, os dentes. Fui para o outro lado e fiz o mesmo, lambendo, sugando. E então desci pelo seu corpo, beijando, passando a língua entre seus seios, seu umbigo, sua barriga, descendo. Entreabri suas pernas, puxando-a pra mim, me ajeitando em seu meio, deitada na cama de barriga pra baixo comecei a beijá-la. Passei a língua, de baixo pra cima em sua pele. Ela abriu ainda mais suas pernas, sua mão em meu cabelo.
- Ch*pa. – Ela gem*u.
Prendi seu nervo em minha boca, suavemente, brincando, lambendo. Descendo a língua até em baixo, depois subindo de novo, lentamente. Não tinha pressa alguma. Eu adorava saboreá-la, adorava aquele momento em que ela começava a molhar, adorava seu gosto, seus gemidos baixinhos. Após pouco tempo, seu nervo já estava rígido em meus lábios e seu quadril começava a se mover em direção a minha boca. Gostava de tê-la toda em minha boca, minha língua percorrendo-a inteira.
- Assim... – Ela murmurou. – Não para.
Seu corpo estava quente. Puxei-a pelas coxas e continuei exatamente como estava fazendo, naquele ponto exato que ela pediu. Estava toda molhada já em minha boca, deliciosamente molhada. E ela veio, forte, alto. Continuei até sentir ela empurrar minha cabeça para parar. Eu sorri. Adorava fazer minha mulher goz*r. Fiquei de joelhos e fui até ela, beijei-a, ela sugou minha língua, sentindo seu gosto em mim. Eu deitei e ela deitou a cabeça no meu peito, se ajeitando toda junto a mim.
- Fecha os olhos... – Eu sussurrei, passando a mão em suas costas suavemente.
- E você...? – Ela sussurrou.
- Eu estou bem. Só relaxa...
Adormecemos dentro de pouco tempo depois.
Acordei com o toque do meu telefone na manhã seguinte. Eu logo pensei que fosse telemarketing, porque ninguém me ligava. Elis virou para o outro lado da cama, sonolenta. Eu o procurei na mesa de cabeceira, li o nome no visor e aquilo me fez despertar na mesma hora. Puta merd*. Era Carla.
Eu me levantei da cama e olhei para Elis dormindo. Sai do quarto ainda nua. Fui até a sala e atendi.
- Oi. – Disse insegura.
- Leah?
Eu não sabia há quanto tempo não ouvia aquela voz, tinha até me esquecido de como era a tonalidade. Eu senti então um nó enorme na minha garganta se formar.
- Oi Carla.
- Desculpe ligar tão cedo, é que eu precisava muito falar com você.
- Não tem problema. – Eu sentei no sofá, me encolhendo.
- Eu queria te pedir desculpas... por tudo... – Ela começou. – Eu não tinha o direito de ter agido daquela forma com você, nem de ter exigido nada de você. Eu surtei quando te vi beijando sua prima. Eu nunca tinha te visto beijando ninguém antes... sei lá... aquilo deu um nó na minha cabeça...
- Ta tudo bem, Carla.
- Não, não ta tudo bem. Eu não acredito que te bati, que te machuquei, porr*. Eu fui uma idiota.
Percebi que ela tinha começado a chorar. E eu não consegui impedir que minhas lágrimas também caíssem, aquela história ainda não estava resolvida dentro de mim.
- Eu também devia ter te contado, Carla. – Eu disse.
- Não. Sei lá. Nada justifica a maneira como agi com você. Foi errado. Ponto final. Não tem justificativa.
Eu fiquei em silêncio, abraçando minhas pernas. Sentia meus pés gelados. As lágrimas escorriam por meus olhos silenciosamente.
- Eu sabia que você tava gostando da Elis, mano. – Ela disse. - E mesmo assim insisti. Eu acho que me iludi, eu acho que pensei que tudo podia ser diferente. Eu só fui muito errada com você. Eu não podia ter feito o que eu fiz contigo. – Ela fez outra pausa – Eu só to ligando pra te pedir perdão. Eu to muito arrependida. Eu sei que nunca mais as coisas vão ser como eram antes, mas eu não to conseguindo viver com essa culpa, cara.
- Não se culpe.
- Você me odeia? – Perguntou com a voz embargada.
- Não, claro que não. Nunca poderia te odiar. – Respondi.
Ouvi ela respirando fundo do outro lado, fungando.
- Você não sabe o quanto isso me deixa aliviada.
E então ficamos em silêncio. Queria dizer que sentia falta dela, mas não achei que seria apropriado. Eu só sentia falta da presença dela, mas não sentia falta dela como mulher. Acho que seria difícil de explicar, então não disse nada.
- Você ta passando a quarentena aonde? – Perguntei.
- Eu voltei pra casa dos meus pais. Estamos aqui no apartamento deles em Santos. Minha mãe quis vir pra cá. – Ela respondeu. - Eu contei pra eles o que aconteceu. E me surpreendi, eles não são tão insuportáveis assim.
Eu sorri, limpando meu rosto. Olhei para a porta do quarto, Elis estava parada no beiral da porta me olhando. Nossos olhares se encontraram. Há quanto tempo ela estava ali? Ela não disse nada e caminhou até o banheiro.
- Que bom que está com eles e não está sozinha. – Eu falei pra Carla.
- Você e a Elis...?
- Sim, estamos juntas.
Ela fez uma pausa e depois disse:
- Que bom. Eu quero ver você bem e feliz. Eu sinto muito, de verdade. Eu fodi com tudo, Leah. Eu só queria voltar no tempo, naquela noite... Fazer tudo exatamente diferente. Eu tenho sonhado com isso, sabe, com essa cena, da gente brigando.
- Quem sabe um dia a gente possa voltar a ser amigas. – Eu sugeri.
- Eu preciso primeiro me perdoar pelo que fiz contigo. Eu... Eu acho melhor desligar. Obrigada por ter me escutado.
- Fica em paz, Carla.
- Eu realmente sinto muito.
E ela desligou.
E eu chorei.
Era isso. Carla estava relativamente bem, estava com os pais, mas nada ia voltar a ser como era antes. Acho que até quando ela se perdoasse, as coisas nunca mais voltariam a ser como eram. Acho que ia ficar uma coisa estranha entre nós.
Eu me levantei. Precisava de Elis. Fui até o banheiro. Ela estava tomando banho.
- Posso entrar com você?
- Com quem estava falando? – Ela perguntou, seca.
- Com a Carla.
Mesmo ela não falando nada, eu entrei no chuveiro junto com ela. Ela se virou em minha direção. Ela estava quentinha.
- Há quanto tempo você tem falado com ela pelas minhas costas?
O que?
- Eu não tenho falado com ela pelas suas costas. Eu não tinha falado com ela ainda desde aquele dia. Ela me ligou hoje só.
- O que ela quer com você? – Ela estava muito séria, muito brava.
Eu passei minhas mãos pela sua cintura.
- Ela só queria se desculpar pelo que aconteceu, só isso, disse que está muito mal.
- Acho pouco. Se eu fosse você, teria denunciado ela aquele dia. Você viu como você ficou?
- Não é pra tanto, Elis.
- Eu... eu só me preocupo com você.
Busquei seus olhos.
- Você tem certeza que não sente nada por ela? – Ela perguntou.
- Tenho. – Beijei seus lábios suavemente. Ela não retribuiu o beijo.
- Por que estava chorando daquele jeito então?
- Foram muitos anos ao lado dela. Acho que é normal eu me sentir assim. Você não acha?
Ela ficou em silêncio, olhou para baixo.
- Eu tenho medo de você querer ir atrás dela, perceber que na verdade você gosta dela... Que não quer mais nada comigo.
- Não fala bobagem. Se eu quisesse ficar com ela, não estaria aqui contigo. Eu teria ficado quando tive a oportunidade. Não fica pensando besteira. Você não consegue ver o quanto sou louca por você? O quanto sou apaixonada por você?
- Hum. – Ela sorriu de canto de boca.
- Para com esse ciúme então.
- Não é ciúme.
- É o que então?
- Só to cuidando do que é meu.
Eu sorri, trazendo-a para perto, busquei seus lábios e ela retribuiu o beijo dessa vez.
- Você é bem possessiva. – Eu sorri.
- Insegura, na verdade.
- Não fique. – Beijei-a novamente. – Sou só tua. Toda tua.
Ela gem*u, me puxando pra perto.
- To louca pra fazer amor contigo. – Ela disse entre beijos. – Mas em uma hora temos que encontrar o Dr. Valdir lá no prédio da minha mãe. Eu dormi demais essa noite. Alguém realmente me fez relaxar. - Eu sorri. - Vai, vamos terminar esse banho que já temos que sair. Essa menina fica te ligando ainda pra te atrasar.
Eu ri novamente e terminamos o banho rapidamente. Nem comemos nada, tomamos só um café preto. Tínhamos combinado de passar em um drive-thru depois e pegar um lanche pra nós.
Parei o carro em frente ao edifício da mãe de Elis algum tempo depois.
- Você espera aqui, meu amor? – Ela perguntou.
- Com você falando desse jeito faço o que você quiser... – Disse, com minha cabeça no encosto de cabeça do banco do motorista, olhando pra ela com minha cara boba de sempre.
- Ah, é?
Senti sua mão em minha coxa, ela veio buscando minha boca, eu a beijei, sentindo ela apertando a parte interna, indo até o meio, tocando-me por cima da calça cinza de moletom que usava. Senti seus dedos roçando-me levemente por cima do tecido. Aquilo era delicioso. Eu mordisquei seu lábio.
- Se eu não tivesse que resolver isso, ia fazer amor com você agora... To louca pra ter você em minhas mãos...
- Na volta...
Ela beijou minha boca e riu.
- Se eu não estiver querendo morrer porque minha mãe me tratou mal de novo, né? – Ela me deu mais um beijo suave e se afastou, colocando sua máscara de proteção preta, preparando-se para sair do carro.
- Vou estar aqui pra você, aconteça o que acontecer.
- Não me faz ter vontade de te encher de beijos de novo. Acabei de colocar isso. – A pontou pra máscara.
Eu ri.
Nós olhamos para a entrada e vimos um homem com mais 50 anos, vestido de terno e gravata e uma maleta nas mãos, parado próximo ao gradil da portaria. Ele olhou em seu relógio de pulso. Usava uma máscara branca.
- Acho melhor eu ir. Meu advogado chegou.
- Fica tranquila. Vai ficar tudo bem.
Ela desceu do carro e a acompanhei com o olhar atravessando a rua indo até ele. A entrada deles foi liberada dentro de pouco tempo e os vi entrarem no edifício. Agora eu tinha que aguardar. Liguei o rádio e fiquei procurando alguma música para ouvir, no entanto eu estava muito nervosa, passava de faixa por faixa e nenhuma parecia boa o bastante para meus ouvidos. O tempo se arrastava. Fiquei reparando nas pessoas na rua, indo e vindo, correndo, passeando com seus cachorros. Tentando adivinhar a raça dos cachorros, a idade das pessoas, se eram casadas, solteiras, se tinham filhos, se choravam vendo filmes românticos.
Cinquenta minutos se passaram e Elis saiu do prédio ao lado do advogado. Ela acenou para ele e veio até o carro segurando um envelope em suas mãos. Tinha dado certo?
Ela abriu a porta e entrou. Arrancou a máscara, jogou o envelope no painel, limpou as mãos rapidamente com álcool e levou as mãos ao rosto.
- Foi terrível. – Ela disse.
Eu coloquei a mão em seu ombro.
- Terrível quanto?
- Eu mal a reconheci. Ela não parece a mesma pessoa que um dia eu chamei de mãe.
- Ela te tratou muito mal?
- Mal é pouco. Mas eu sei porque ela assinou os papéis. Ela descobriu que também ia receber alguma coisa. Mesmo eles tendo se separado, meu pai deixou alguma coisa pra ela.
- Faz todo sentido.
- Acabou. – Ela disse ainda com as mãos no rosto. – Eu não acredito que acabou. Eu não acredito que resolvi isso.
- Vem cá...- Eu a puxei pelo ombro a abraçando. Envolvendo-a junto a mim. Ela enfiou o rosto em meu peito e começou a chorar. Não sabia se eram lágrimas de tristeza ou de felicidade. E eu fiquei ali abraçada junto a ela até que se acalmasse.
- To aqui contigo, meu amor. – Beijei seus cabelos.
Ela se afastou, limpando o rosto.
- Eu quero conversar sobre uma coisa com você. – Ela disse, segurando minhas mãos. Encostou sua cabeça no banco do passageiro.
- Sobre o que?
- Lembra uma vez que te perguntei se você se mudaria daqui? Se sairia da capital?
- Sim, lembro.
- Meu pai deixou uma casa pra mim. Eu só queria confirmar se as coisas iam dar certo mesmo pra poder te falar sobre isso.
- Uma casa?
- Sim. Em Mogi das Cruzes.
- Por que ele tinha uma casa em Mogi?
Ela deu de ombros.
- Isso é longe daqui? – Ela perguntou.
- Da uma hora e meia mais ou menos. – Respondi.
- Enfim, não importa. O que quero saber é: você se mudaria pra lá comigo?
Fim do capítulo
Minhas queridas leitoras, demorei, mas aqui está mais um capítulo pra vocês. Gratidão a todas. Fiquem bem e cuidem-se.
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Manuella Gomes
Em: 28/07/2020
Li praticamente todos os capítulos de uma só vez. A história é muito boa, nos envolve o tempo todo e só dá vontade de ler mais. Como já comentei em outros trabalhos seus, você escreve muitíssimo bem e tem uma sensibilidade incrível que só enriquece a construção de suas personagens.
Espero, sinceramente, que você continue essa história e que pemaneça tão boa quanto está. Eu continuarei acompanhando.
Poder ler histórias interessantes sempre melhoram os nossos dias. Você melhorou o meu.
Resposta do autor:
Oi Manuella! Fico feliz que tenha gostado dessa aqui também e mais feliz por saber que seu dia melhorou com ela. Fico até envergonhada com seus elogios haha muito obrigada pelo carinho e pelo apoio! Vou atualizar com mais frequencia agora. Te vejo em breve!
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rodriguesnath07
Em: 24/07/2020
ai, cadê? :(
Resposta do autor:
aqui! :D
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Jubileu
Em: 25/06/2020
Nossa pensei que a Carla iria partir pra cima rs Que balançada!
Agora vai... vamos ver se vai aceitar ou se fazer de difícil. Beijo!
Resposta do autor:
não sei se a Carla teria coragem de tentar algo de novo. Acho que ela ficou muito magoada com tudo o que aconteceu. Beijo, coisa linda.
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rodriguesnath07
Em: 25/06/2020
Ahhh, que fofinhas. Será que Leah vai aceitar?
Resposta do autor:
elas são umas lindas mesmo, a Leah iria pra qualquer lugar atrás da Elis ;)
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Vanderly
Em: 25/06/2020
Olá, tudo bem!
Eita, acordar assim é bom demais!
Que bom que a Elis conseguiu resolver as coisas do inventário do pai. Tomara que a Leah se mude com ela.
Amei esse capítulo em todos os sentidos.
Beijos e se cuida também â¤ï¸!
Resposta do autor:
Bom demais, né? ;)
Que bom que gostou!
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