Florença por lorenamezza
Capitulo 22 REENCONTRO
Durante a semana seguinte, Marina não conversou com
ninguém em casa, contou apenas para uma amiga o verdadeiro
motivo de haver terminado o noivado. A amiga quase não
acreditou, mas viu a tristeza de marina e não a recriminou.
As coisas em sua casa foram se acalmando, nunca mais se
tocou no assunto. Provavelmente, pensavam que era uma fase
e iria passar.
Dezembro chegou e o espírito natalino deixou o clima em
casa mais leve, a mãe já falava um pouco com Marina, mas
também notava o quão triste sua filha continuava. Seu pai ainda
estava relutante, mudara da água para o vinho desde que
descobrira tudo sobre sua filha. Contudo, às vezes pegava Marina
chorando e sabia que ela não estava bem.
Apesar do clima entre eles, todos, como uma família unida
que eram, foram ver a inauguração da árvore de natal na
Piazza Duomo. Sophia estava preocupada com Marina, desde o acontecido, saía de casa só para o trabalho ou para a aula. Queria
que sua filha sorrisse de novo.
Lorena conseguiu juntar o dinheiro que devia a Giane e
terminou de pagar as promissórias. Não havia mais vínculos
com seu passado recente. Resolvera dar uma chance à Luna,
não sentia com ela a mesma intensidade de emoções que sentia
quando estava com Marina, mas queria tentar, estava começando
a gostar dela.
O namoro estava andando bem, Luna era uma pessoa muito
legal, transmitia muita segurança para Lorena, tudo de que
ela precisava naquele momento. Mas toda vez que ia fazer entregas
em Arezzo, lembrava-se dos bons momentos que tivera
com Marina.
Luna sabia de Marina, sabia também que Lorena era apaixonada
por ela, mas decidira investir, mulher madura que era,
sabia dos riscos que isso implicava.
Já estavam fazendo planos juntas, queriam viajar no fim
do ano:
— Sei lá, Lorena, poderíamos tirar uns dois dias e ir para
Veneza, dizem que a queima de fogos lá é linda! — disse, enquanto
brincava com a pipoca.
— Acho legal, conheço Veneza, mas nunca fui no réveillon
— Lorena roubava pipoca de Luna. — Vamos nos apressar,
que quero ver a inauguração da árvore de natal.
As duas partiram para a praça, a cidade estava iluminada
pela decoração de natal, o clima de romance pairava sobre Florença
que, normalmente, já era romântica, mas com aquelas
luzes, era um convite ao amor. Lorena e Luna estavam aproveitando esse clima, caminhavam brincando pelo centro da cidade,
quando, numa das ruas perto do Duomo, encontraram Marina
e família.
Era a primeira vez que se viam desde o acontecido, Lorena
sorriu ao vê-la, com certo ar de vergonha. Marina foi educada
perto de sua família, cumprimentou-a, mas não antes de olhar
para Luna, o clima foi de total desconforto. Após uns segundos
de silêncio:
— Oi, Lorena, tudo bem? — Marina tinha a voz meio trêmula
— Há quanto tempo...
— Oi, tudo bem sim. Dona Sophia, boa noite a todos!
Gustavo sequer a cumprimentou, parecia mais envergonhado
do que com raiva.
— Que modos os meus, essa é minha... — Lorena demorou
alguns segundos para completar a frase — Essa é minha parceira,
Luna.
Marina não quis acreditar, seu coração quase pulava pela
boca, teve de fingir não sentir nada e cumprimentou a nova
namorada de Lorena:
— Oi, prazer em revê-la, que bom que vocês estão juntas.
Parabéns! – disse com a voz um pouco embargada.
Sophia rapidamente entendeu quem era Lorena, cumprimentou-
a gentilmente, enquanto a analisava da cabeça aos pés,
ao mesmo tempo que olhava para sua filha.
Após o desconforto, cada uma foi para o seu lado. Marina,
ao ver que Lorena já havia ido embora, não conseguiu disfarçar
e uma lágrima rolou. Sua mãe, então, percebeu o sentimento
que a filha tinha por aquela mulher.
— Minha filha, é ela, não é?
Marina apenas balançou a cabeça consentindo.
— Ela não te merece, fez você sofrer. Você merece alguém
que te trate bem. Eu entendo agora, filha — abraçando-a.
Marina desabou a chorar, enfim, conseguira consolo nos
braços da mãe. Seu pai, um pouco atrás com os braços cruzados
nas costas, observava tudo, seu semblante de homem sempre
rígido foi mudando quando viu o desespero da filha. E
também ficou abismado ao ver a reação de sua esposa.
Do outro lado da praça, Lorena tentava disfarçar seu nervosismo,
ter visto Marina ainda triste, trouxera-lhe sentimentos
que pensava terem diminuído, mas percebeu que não, o
que sentia por ela ainda era forte. Teve um enorme desejo de ir
abraçá-la e dizer que tudo era mentira, que ainda a amava. Baixou
a cabeça por um instante e parou de andar, soltou a mão
de Luna e enxugou uma lágrima que teimava em cair.
— Você ainda a ama, não é? — perguntou Luna meio
desolada.
— Desculpe, é mais forte do que eu, mas vai passar. É
que vê-la novamente mexeu comigo — tentando enxugar as
lágrimas.
— Não vai passar, porque o que vocês sentem uma pela outra
é nítido, você não percebeu? Ela ficou desconcertada quando
você nos apresentou. Ela ainda te ama também.
— Não ama, provavelmente já até marcou o casamento. E
ainda tem a mãe dela, não quero que nada de mal lhe aconteça.
Desculpe, você não tinha de escutar isso.
— Lorena, eu adoro você, de verdade, mas não sou mulher
de ficar disputando sentimentos e vocês se amam, não quero
ficar no caminho de ninguém. Ah, e outra coisa, eu não vi
aliança nenhuma no dedo dela.
— Desculpe, Luna, eu não previ isso, você é uma mulher
especial mesmo, com tudo isso, ainda me dá força — Lorena
chorava abraçada à Luna.
— Só acho que você deveria correr atrás do que te faz feliz,
eu não vou ficar no seu caminho. Quero que você seja muito
feliz!
— Sinto muito, Luna, eu tentei, eu juro! — não continha a
emoção.
— Eu sei que você tentou, quando ficamos juntas, eu sabia
de tudo, também me arrisquei. Pode pegar meu casaco na loja?
Após pegarem o casaco, abraçaram-se e Luna saiu dando-
-lhe um selinho e deixando uma breve lágrima cair.
Marina olhava a árvore iluminada com olhos bem tristes,
sem dizer uma palavra. Seu pai estava inconformado com o sofrimento
da filha:
— Marina, eu não aguento mais ver você desse jeito, tenho
de lhe contar uma coisa. Eu sabia de você e daquela mulher,
uma vez eu as vi juntas na porta da loja — disse envergonhado.
— Como assim?! — disseram mãe e filha ao mesmo tempo.
— Eu vi vocês se beijando e perdi a cabeça, não quis contar
nada para ninguém, pois pensei que se você se casasse com
Giane, iria esquecê-la. Eu pensei que estava fazendo o certo.
— O que você fez, pai? — disse em tom bravio.
— Eu a confrontei e pedi que deixasse você em paz. Menti,
dizendo que sua mãe estava muito doente e que poderia morrer
se descobrisse ou se você terminasse com Giane — confessou
em tom mais envergonhado ainda.
— Você disse que eu estava doente? Desde quando você sabia
disso, Gustavo? — Sophia estava brava.
— Pai, você me viu sofrer todo esse tempo e não me disse
nada? Por quê? Agora eu a perdi!
— Minha filha, você não a perdeu, ela gosta de você, dá
para ver. Eu nunca vou entender isso, mas eu me arrependi e
prometo que, de agora em diante, não vou mais interferir na
sua vida.
— Filha, eu nunca pensei que sua felicidade pudesse ser
desse jeito, mas eu te amo e quero que seja feliz do jeito que
você escolher. Agora, vá atrás dela, que eu vou brigar com seu
pai — disse rindo e chorando ao mesmo tempo, enquanto beijava-
lhe a fronte.
— Obrigada, mãe, isso é muito importante para mim. Obrigada,
pai, amo vocês! — e saiu correndo para buscar sua felicidade.
Enquanto Sophia e Gustavo começavam uma pequena discussão,
Marina corria atrás da felicidade, mas como encontraria
Lorena no meio de tanta gente? Caminhou no meio da
multidão e pensou em ir à sua loja, que ficava ali perto. Ao virar
a esquina do Mercato, encontrou Lorena saindo do estabelecimento:
— Você sabia que a dona dessa loja faz geleias deliciosas?
Lorena se espantou e sorriu:
— O que você está fazendo aqui?
— Eu sei por que você terminou comigo, meu pai mentiu,
dizendo que minha mãe estava doente para você se afastar
de mim.
— Como assim mentiu? — Lorena parecia não acreditar.
— Ela nunca esteve doente, perdão por tudo o que eu disse,
fui cruel, não tinha esse direito. Não sei se ainda tenho chance
com você, mas eu queria me desculpar. — Marina estava despedaçada.
— Eu preciso saber: você e Luna, é sério? — perguntou
segurando as mãos de Lorena.
Lorena a olhou por um instante e, sorrindo, disse:
— Nós terminamos. Ela, de alguma forma, sabia que meu
coração pertencia a outra pessoa.
— E, por acaso, quem seria essa pessoa que você ama?
Abraçaram-se.
— Quer ir para algum lugar comigo, Marina?
— Já disse que confio em você, Lorena, vou para qualquer
lugar contigo.
FIM
Fim do capítulo
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Vanderly
Em: 22/10/2022
Olá!
Eu estava meia pra baixo ontem, achei esta história e comecei a ler.
Apesar de está triste por ser meu primeiro aniversário sem a minha mãe que faleceu, eu gostei muito do texto.
Eu nunca fui na Itália, mas sei das belezas existentes naquele país.
Parabéns pela escrita. Amei.
Abraço fraterno.
Vanderly
Resposta do autor:
Sinto muito por sua perda. Imagino que deva ser uma barra, mas Deus e o tempo amenizarão sua dor. Obrigada pelo elogio carinhoso. Espero que nessas poucas linhas de meu livro vc tenha se imaginado nesse país maravilhoso. Fica com Deus.. grande abraço
Andreia
Em: 27/08/2021
Muito linda história foi fantástico amei ler.
Bjssss
Resposta do autor:
ERA APAIXONADA PELA ITÁLIA, QDO FUI DE FÉRIAS ME ENCANTEI AINDA MAIS. E CLARO QUE TINHA DE ESCREVER UM ROMANCE COM ESSE CENÁRIO. QUEM ME DERA TER VIVIDO UMA HISTÓRIA DE AMOR POR LÁ RS... BJ GRANDE!
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smorpos
Em: 03/07/2020
Mais uma história q comecei e terminei no mesmo dia. Narrativa gostosa de ler, prende a atenção, leve e bem vida real sem tantos imprevistos surreais que muitas contam pra encher linguiça e acabam tornando a história maçante. Muito boa de se ler. Parabéns!
Resposta do autor:
Obrigada!!! Eu gostei de escreve-la tb, o fator paisagem ajudou bastante né rs
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bicaf
Em: 26/06/2020
Olá. Me dediquei a ler essa história ontem e hoje terminei. Comecei a ler o primeiro capítulo e logo me prendeu. Muito boa a história, parabéns. 😉😙
Resposta do autor:
obrigada!!! Pode ter certeza. ela foi feita com muito carinho.
já tenho uma nova para publicar. segue o link do vídeo de divulgação.
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 22/06/2020
Ola! Tudo bem?
Belíssima história! Suave e gostosa de se ler, sem aquelas reviravoltas absurdas que encontramos em algumas por aqui ou em outros sites.
Parabéns! Como sou descendente de italianos, sensacional a paisagem escolhida.
Não sei quantas você possui já escritas ou a escrever, mas se forem - ou for - do nível dessa não demore a postar!
É isso!
Resposta do autor:
Boa noite, obrigada pelo elogio. Ganhei meu dia rs. Estive em Florença e amo essa cidade, achei que ela merecia uma história.
Escrevi uma fanfic também que logo vou postar.. obrigada pelo carinho.
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