IX
IX.
No dia seguinte elaboraram diversas armadilhas no entorno do rio, contando com o engajamento de diversas pessoas.
Dedicaram-se exclusivamente à esta questão por uns dois dias e depois voltaram para os aperfeiçoamentos que achavam necessários.
Dayara junto do seu grupo instruiu bastante, pois, o objetivo era pegar o inimigo desprevenido.
- A minha ideia é a seguinte: quando eles se aproximarem do rio estaremos prontos para atacar e quando eles começarem a cair nas armadilhas as nossas flechas ganharão o céu.
- Teremos sucesso, a senhora têm nos treinado muito bem (comentou uma jovem arqueira).
- Agradeço pela disposição, atenção de todos e peço que trabalhem muito bem em equipe. Infelizmente, não estarei com vocês durante a batalha, confesso que queria participar de perto. Contudo, como todos estão vendo, sou uma gestante, a minha mobilidade anda limitada e achamos por bem ter cautela (explicou acariciando a sua própria barriga).
- Não iremos decepciona-la (afirmou um senhor).
No final daquela tardezinha foi comer cerejas, sua fruta favorita durante a gestação.
- Sabia que te encontraria por aqui, te procurei próximo da muralha e não estava mais por lá.
- Moara, descobri que gosto muito destas doces frutinhas.
- Ainda bem que seu desejo é somente por elas. Tem mulheres que tem desejos estranhos. Certa vez ajudei um rapaz a caçar, pois, a esposa dele estava com vontade de comer tatu com manga.
- Nossa e vocês conseguiram?
- Sim, ela ficou muito feliz e comeu tudo como se fosse um banquete requintado.
- E os desejos são intensos.
- Imagino.
- Estou apreensiva.
- Com o quê?
- Sobre a guerra.
- Não fique. Vim te procurar, pois, queria ficar contigo e também porque recebemos novidades, fofocas voam com o vento.
- Me conte.
- O rei não liberou nenhum dos seus homens para o barão, pois, vem enfrentando problemas com a igreja, além de aliados que estão se rebelando e não quer ficar desprevenido, já que teme que a qualquer momento possa ocorrer um motim.
- Será que ele vai perder a coroa?
- O seu irmão acredita que possa ser possível, já eu acho difícil, por mais sacana que ele seja, ainda tem aliados e muitos seguidores.
- Mesmo assim, não acho que o barão venha sozinho.
- As fofocas são que ele tem buscado apoio de ladrões e de pessoas que queiram se apropriar de terras, ou seja, um grupo despreparado para o combate. Então pode acalmar seu coração vai ficar tudo bem, eu te garanto.
- Obrigada!
- Não precisa me agradecer.
- Onde será que o meu irmão está indo com a Myrina?
- Ele tem ficado bem próximo dela, treinam juntos inclusive, seu irmão já até conversou com os pais dela, visando tranquiliza-los e demonstra ter respeito por ela.
- Que bom, ele é um homem digno, tenho certeza que se ele soubesse o que eu passava nas mãos do barão, teria tirado satisfações e até me protegido. Mas, eu não tinha permissão para vê-lo. Ainda bem que contigo tudo é diferente e melhor.
- Te fazer feliz é a minha meta. Vamos para casa, tomar um banho, jantar e ficarmos juntas aproveitando da nossa paz. Podemos relaxar nos braços uma da outra.
Deu um lindo sorriso em resposta. Tomaram banho juntas e em seguida o jantar foi servido. Assim que terminaram decidiram se retirar, pois, queriam privacidade.
- Uma senhora me examinou hoje.
- Passou mal e não me chamou?
- Estou bem e não senti nenhum mal estar.
- Tudo bem contigo e a nossa criança?
- Sim, a senhora que é parteira, mediu a minha barriga numa espécie de cipó, explicou que é bom acompanhar o crescimento do bebê, também me benzeu e disse que estamos bem. Fez novamente as contas da lua, disse que estou terminando o oitavo mês de gestação e que dentro de uns trinta dias darei a luz.
- Não entendo muita coisa e me tranquiliza saber que estão bem.
- Também sou inexperiente, não entendo muito e é bom ser aconselhada por quem compreende tanto do assunto.
- Vou massagear seus pés, estão inchados, ficou muito tempo em pé? Não abuse, você precisa de repouso.
- Anjo, estou bem (afirmou e depositou beijos em seu lábio).
Na manhã seguinte, Maria aguardou todos se acomodarem na mesa para o café da manhã para contar o que tinha escutado bem cedo.
- A sacerdotisa teve uma visão nesta madrugada e avisou que o inimigo está próximo.
- Sendo assim, hoje não ficaremos juntos. Olhai e vigiai. Voe!
O corvo demonstrando que além de ser um excelente companheiro, era também bem adestrado saiu voando pela janela e o café da manhã foi servido em silêncio.
Ao terminar de se alimentar Dimitri depositou um beijo na testa da irmã e comunicou antes de sair:
- Vou conversar com os homens e ficaremos em alerta.
Dayara e Moara retornaram para os seus aposentos após o desjejum, pois, a loira queixou-se do vento e quis apanhar um xale.
- Moara, eu te amo, por favor, se cuide!
- Você também se cuide, mantenha-se distante de qualquer perigo e eu também te amo!
- Que Deus nos guarde e que tenhamos a proteção divina.
- Digo amém para a tua crença e seguindo a minha fé, que as Deusas estejam conosco.
As duas ficaram abraçadas por longos segundos.
- Nesta manhã, vou cavalgar por nossas propriedades, conferir se está tudo em ordem e volto para o almoço.
- E eu quero cerejas, amanheci com desejo.
Elas trocaram um beijo cheio de afeto e seguiram para direções opostas.
Meia hora depois o corvo reencontrou a sua dona e cantarolou em advertência.
O alerta da sacerdotisa se cumpriu e o inimigo estava mesmo próximo.
Moara retornou rapidamente e deparou com Dimitri na frente de casa.
- Cadê a Dayara?
- Foi para o pomar comer cerejas.
- O bom é que é aqui bem próximo da casa, nós temos que descer e ficar a postos.
- Gostaria de falar com ela antes de irmos, mas, não podemos demorar.
- Podem deixar que busco ela no pomar e cuido dela até voltarem.
- Myrina, confio a você a segurança da minha irmã, agradeço por se prontificar em ir até o pomar, fico mais tranquilo dela contigo e mantenha ela em casa, por favor.
- Sei que podemos confiar em você (Moara afiançou olhando nos olhos da jovem amazonas).
- Claro, agora vão e voltem vitoriosos (disse e começou a se retirar).
Dimitri subiu em seu cavalo, os dois cavalgaram em disparada até o mirante e de lá acompanharam toda a movimentação.
- Cunhada, eles são poucos.
- Sim, não passam de uns trinta e nossos homens já estão todos em seus lugares.
- Ótimo. Somos a maioria.
- Quando eles chegarem no rio descemos, vai ser no mesmo tempo que eles vão cair nas armadilhas.
- E que serão atingidos por nossos arqueiros. O barão nunca mais fará mal para a minha irmã.
- MacTough é meu, quero a cabeça dele.
- E você terá, vingaremos todas as mulheres que ele já feriu.
Distante dali Myrina estava muito desapontada por não encontrar Dayara, procurou por todo o pomar e por ali, em específico na frente da cerejeira, encontrou apenas o xale da lady, caído no chão.
Fim do capítulo
Olá! Vocês estão gostando? O que acham que acontecerá? Feliz final de semana. Beijos e abraços, May.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 05/06/2020
Nossa pegaram ela?
Resposta do autor:
Complicado né e a Moara nem faz ideia.
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