VIII
VIII.
- Esposa, posso assistir?
- É a primeira vez que me chama de esposa.
Ponderou e depositou um beijo em sua mão.
- Meu bem, não é necessário pedir a minha autorização, conosco não tem isso, já te disse e volto a repetir, você é livre. Prezo muito pela minha liberdade, logo sei o quanto é importante para a felicidade de todos. Sendo assim, sim, se você quiser claro que você pode assistir, vou adorar que permaneça aqui sentada ao meu lado.
- Gosto muito da forma que me trata, na tua companhia me sinto bem, só temo do pesadelo que eu vivia retornar. É assustador saber que ele continua vivo e me quer de volta.
- Linda vai ficar tudo bem, eu te prometo, você confia em mim?
- Sim.
- Dayara, nunca fiz planos para casar ou de ter uma família. A sua chegada foi surpreendente e estamos fazendo dar certo. Por isso, ninguém vai atrapalhar.
- Que assim seja! O Dimi disse que as guerreiras são bonitas.
- Sim são, mas, não mais que você.
- Agradeço. É...
- Pode perguntar.
- Você também se relaciona com elas?
- Já me relacionei com outras mulheres. Mas, depois da primeira vez que te vi, não quis mais nenhuma outra mulher além de ti.
Dayara gostou da resposta e se sentiu querida.
- Então a fidelidade não é só da minha parte?
- O barão te subjugava em demasia e o detesto por isso. Farei você esquecer de todo o mal que ele já te fez. Saiba que sou fiel, leal e te respeito muito.
Ela abriu um grande e belo sorriso. Em seguida repetiu o gesto também beijando a mão de Moara.
Inicialmente Dimitri ficou na defensiva, estava conferindo os golpes e habilidades da sua oponente. Percebeu logo que ela leva jeito e que em nada mentiu sobre a sua competência.
Como aprecia uma boa peleja, colocou bastante ação no duelo e também visando cansa-la com mais facilidade. Todavia, não foi uma tarefa simples. Os dois são bons!
O embate durou aproximadamente uns vinte minutos e para colocar fim, utilizando da sua vasta experiência e também por não querer perder, ele deu uma precisa rasteira nela.
Moara sorriu, pois, lembrou-se que ela já tinha o derrubado da mesma forma.
- Cunhada, o pai dela tem razão, por enquanto ela ainda não está preparada totalmente (afirmou ajudando a moça a se levantar, conferindo se ela estava bem, pois, em momento algum quis machuca-la).
Myrina não gostou do comentário e muito menos da rasteira que tinha acabado de levar, rapidamente se distanciou dele e estava decepcionada por não ter percebido que levaria aquele tombo.
- Senhora, desculpe por te fazer perder tempo.
- Não precisa se desculpar, gostei do que vi, só te falta vivência.
- Permita (Dayara pediu autorização para opinar).
- Claro minha linda, pode dizer.
- Dimitri também é protetor como o seu pai, mas, você é uma excelente lutadora. É notório que tem talento. Gostei muito e admiro a sua técnica.
- Agradeço senhora.
O elogio motivou a jovem amazona, para não desistir, continuar treinando com mais frequência, obstinação e garra.
- Moara, me veio em mente agora que não temos arqueiros.
- Acha que pode ser importante?
- Sim e sei quem pode treina-los.
- Oh irmão, já faz muito tempo que não pego num arco e flecha. O barão me proibia.
- Tem coisas que não esquecemos (ele afirmou).
- Dayara, quero te ver como flecheira (Moara ficou curiosa).
Eles providenciaram os utensílios e seguiram para o bosque. Dimitri fez questão de carregar tudo, pois, não queria que a irmã carregasse peso e nem era o recomendando.
Já Moara seguiu de braços dados com ela assegurando para que não caísse.Todo aquele cuidado afetuoso por parte deles a deixou muito feliz.
- Bom vamos ver se eu lembro.
E na primeira tentativa ela acertou em cheio o alvo e comemorou.
- Nunca fui boa com luta. Dimitri até tentou me ensinar na nossa adolescência, mas, não levo jeito, tenho dificuldade. Deveria ao menos ter aprendido para saber me defender. Já arco e flecha sempre gostei (contou com entusiasmo).
Decidiram que no dia seguinte ela começaria a dar recomendações e ensinamentos, desta forma poderiam passar a contar com um grupo de arqueiros.
Nos dias que se seguiram, Dayara ficou responsável por ministrar orientações sobre flecharia, Dimitri em aperfeiçoar o manejo das espadas e Moara focou na sua especialidade que é luta corpo a corpo, sem armamentos.
Certa noite após o jantar, sentaram na varanda para voltar a discutir e planejar.
- Quando avistarmos que os inimigos alcançaram o outro lado do rio é o momento de nos prepararmos para atacar, desta forma aguardaremos por minutos e já estaremos prontos para a batalha.
- Dimitri você acredita que o ataque será a luz do dia? Será que não tentaram nos surpreender na calada da noite?
- Não cunhada, pois, são covardes, não vão encarar o breu da noite e desconhecem a localidade.
- Surpreendidos não seremos, pois, caso tenha qualquer movimentação estranha durante a noite, meu corvo é bem treinado para me avisar.
- Então é por isso, que ele têm hábitos noturnos?
- Sim, ele é vigilante.
- Sou a favor de montarmos uma armadilha (o homem voltou a dizer o que tinha em mente).
- Já adianto que prezo pela segurança da tua irmã e não vou concordar com nada que a coloque em perigo (já avisou).
- Moara estaremos de tocaia.
- Nem prossiga, minha resposta é não!
- Esposa eu quero ser útil.
- Você já está sendo, nem mesmo tínhamos arqueiros.
- Por favor, permita, me sinto mais viva sendo participativa.
- Eu já disse que não.
- Vou apenas expor a minha ideia, quando o não mais falecido chegar junto dos seus homens, poderíamos armar uma tocaia próximo do milharal, fingiríamos uma colheita, apenas contando com poucas mulheres dentre elas, Dayara.
- Não!
- Irmão, seria excelente, pois, desta forma ficaria distante das propriedades, mais afastado da nossa vila, desta forma nenhuma casa nem cabana seria prejudicada. Não é justo estorvar todo o nosso povo.
- Sim, essa é a minha ideia, além disso não usaríamos logo de cara os arqueiros, sendo assim eles já ficariam a postos na muralha e serão nossa carta na manga. Uma grande surpresa que desbancara o inimigo.
- Repito, não!
Os irmãos já não estavam mais dando ouvidos para ela, conversavam entre si, bolando o plano que para eles era considerado perfeito e infalível.
- Gostei, prefiro ficar a frente do que escondida na muralha.
- Day, desta forma, vão pensar que você estará vulnerável e que nos pegaram de surpresa; até desprevenidos, mas, na realidade estaremos no total controle da situação.
- Desta forma até pouparemos vidas, será benéfico para todos nós. Excelente ideia!
- Já chega!
Moara gritou para o espanto dos dois.
- Primeiro, que só nos seus sonhos você ficaria na muralha, capacitar os arqueiros é diferente de participar de uma guerra. Segundo, não permitirei que você esteja na linha de frente, não quero você correndo nenhum risco. Já tinha dito e volto a repetir, você vai ficar em casa, assim como as outras mulheres que não possuem treinamento para combates, além das crianças e idosos.
- Cunhada...
- Dimitri se esqueceu que ela está grávida?
- Claro que não me esqueci.
- Lembre-se também que o barão já a machucou demais, é um absurdo você querer coloca-la como isca ou chamariz, com a amazona você foi super protetor e mal a conhece, já com a sua irmã teve a louca ideia de expor ela desta forma. Perdeu a cabeça? Entendo que esteja empolgado, já que ela vem treinando conosco, mas é fundamental ter juízo.
- Estaremos junto dela, não quero coloca-la em risco, não sou nenhum irresponsável.
- Esposa, gravidez não é doença, sei que eu não sou forte como você, mas, também não sou fraca.
- Dayara, eu sei, disso tudo e em nenhum momento quero que você se sinta a inferiorizada, pelo contrário, você é essencial. Entenda que me preocupo com a sua segurança e a do nosso filho.
- Agradeço muito e quero continuar participando de tudo, me sinto mais viva e feliz.
- Compreendo, mas, não quero que façamos nada que possamos nos arrepender e se ele te leva de nós ou volte a te machucar? Não gosto nem de pensar nisso (elucidou e passou as mãos na cabeça com nervosismo).
- E eu não me perdoaria, deixemos a minha ideia de lado, pois, é arriscado (disse Dimitri).
- Podemos então fazer armadilhas próximo do rio, assim vai atrasa-los e contamos com a nossa ‘artilharia'.
- Dayara gostei desta tua ideia. Moara ainda não tínhamos pensado nisso.
- Isso eu concordo e amanhã mesmo podemos providenciar tudo.
- Bom, agora vou me deitar, estou cansada já esta tarde.
- Esposa, logo já subo ao seu encontro (disse fazendo carinho em sua barriga e depositando um beijo suave em sua testa).
Ela se despediu do irmão e se retirou para os seus aposentos.
- Já pode me meter o cacete por ter tido aquela ideia tola. Você tem toda razão não podemos deixar que ela corra nenhum risco. Fui idiota e acabei falando sem pensar direito.
- Homens, por isso, sempre prefiro as mulheres e por falar nelas. Esperei a sua irmã subir para te alertar, tenho notado que você vem tentando se aproximar da Myrina.
- Só que ela é barra pesada.
- Dimitri, quando tudo isso acabar sabemos que você vai embora, não iluda ninguém.
- Não sou disso, além de gostarmos de mulheres e lutas, também temos a sinceridade em comum.
- Eu sei disso, mas, nem todos são como nós, tem quem se apega e se machuca. É fundamental ter responsabilidade. Bem sei que nestes dias por aqui você vem conhecendo algumas mulheres.
- Não ando fazendo nada de errado, sempre me certifico se são solteiras e as deixo ciente que a minha estadia é temporária.
- Acontece que você só procurou por outras mulheres por ter tido a negativa por parte da Myrina.
- Ela é diferente, só quer saber de lutar comigo.
- E se você almeja mais do que isso com ela, precisa aprender a lutar por ela e não só contra ela. Acho que pode ter chances, se não for tolo.
- Depois que casou, virou casamenteira?
- Se hoje estou casada, você é um dos culpados e saiba que casar nem é tão ruim quanto imaginávamos no auge da nossa solteirice. Agora, vou para a cama de encontro da melhor companhia e para os braços da minha esposa. Boa noite!
Quando Moara estava chegando na porta do quarto ouviu a voz de Dayara e estranhou, pois, já era tarde para ter alguém com ela.
- Meu bem, não sabia que você falava sozinha.
- Estou, conversando com o bebê.
- Será que já escuta dentro da barriga? (Ficou na dúvida).
- Sim, vem cá e tente.
Moara se ajeitou para deitar e se acomodou ao lado dela.
- Oi (falou acariciando a barriga).
Dayara acomodou a mão da morena no seu baixo ventre.
- Bebê, sou a Moara, tua outra mãe (se apresentou perto da barriga).
Para o contentamento das duas, a saudação teve resposta com diversos chutes.
Antes de adormecerem elas ainda ficaram papeando com o filho por longos minutos.
Fim do capítulo
Olá! Espero que todas estejam bem e saudáveis. Já comentei que moro em SP capital? Gente por aqui estamos enfrentando uma barra e defendo muito a causa quem puder fique em casa e vamos nos cuidar. Sou o tipo de pessoa que odeia solidão, felizmente não estou em distanciamento social sozinha, mas, quem estiver e precisar papear pode mandar e-mail ou chamar no facebook. Já utilizei e recomendo o Centro de Valorização da Vida, no n°188 que oferece atendimento gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio.
Aviso: já tinha citado que este romance nem será longo, chegamos na metada da nossa história e agradeço por cada leitura. Gostaram do capítulo mais longo?
Feliz junho! Feliz mês do nosso orgulho LGBTQI+
Beijos, abraços, luz e saúde, May.
Comentar este capítulo:

Mille
Em: 03/06/2020
Oi May
Para quem não queria casamento hj defende a família com unhas e dentes.
Moara e Day são lindas juntas e a união delas para vencer a batalha.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oi Mille, tipo eu kkk e já tem capítulo novo. Agradeço a tua companhia. Beijos!
[Faça o login para poder comentar]

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]