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Striptease por Patty Shepard

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Palavras: 28144
Acessos: 12739   |  Postado em: 01/06/2020

Notas iniciais:

Com um mega capítulo pra compensar a demora... Esse é o maior capítulo que já escrevi até agora, então... Espero que apreciem! 
Ah e antes de tudo, me perdoem a demora, ser produtiva nessa quarentena está sendo algo praticamente impossível. De qualquer forma, boa leitura! Se cuidem e cuidem de suas famílias!
E me segue lá no Twitter pra qualquer dúvida: @Patty5hepard

Capitulo 17

 

 

Helena estava quase dormindo com o carinho que recebia nos cabelos, estava encolhida no sofá, a cabeça confortavelmente pousada no colo de Alyson que não havia chegado há muito tempo, viera para saber como havia sido a consulta de Helena e a encontrara encolhida no sofá quase como estava agora, agarrada a Vadia que parecia saber que era a hora certa de ficar ao lado da dona.

— Você pretende voltar pra uma nova consulta? — Alyson questionou e desviou os olhos da TV para olhar para baixo, Helena estava de olhos fechados, mas acenou com a cabeça, um aceno positivo e breve.

— Já está marcada. — sussurrou em resposta e respirou um pouco fundo, as unhas arranhando bem devagar os pelos macios de Vadia que só faltava ronronar enquanto estava deitada no sofá, mas com o corpo colado ao peito de Helena. — Foi muito bom conversar com ela, foi bem diferente, ela me deixou confortável pra contar tudo a ela sem medo de ser julgada e ela não me julgou, ela disse que em minha situação é normal tomar medidas extremas em busca de alívio. Muitas mulheres que foram abusadas psicológica e sexualmente às vezes desenvolvem hipersexualidade.

— Suas aventuras como stripper são reflexo disso? — a ruiva questionou enquanto olhava o caminho que seus dedos traçavam pelos fios escuros de Helena, as unhas iam se arrastando pelo couro cabeludo devagar, se sentia extremamente aliviada com a ideia de que Helena finalmente havia tido a coragem de enfrentar um novo psicólogo, há pouco tempo atrás havia entrego uma lista enorme com vários nomes de psicólogos com uma leve descrição de suas abordagens, Helena ignorou e Alyson não insistiu, entendeu que seu erro foi, no fim, não insistir.

Helena acenou de forma positiva com a cabeça mais uma vez e se ajeitou um pouco finalmente virando-se de barriga para cima e abrindo os olhos para encarar a amiga, sentiu Vadia reclamar pouco contente com a movimentação, mas fora só Helena enfiar a mão na barriga dela novamente e coçá-la com as unhas que a gata mais uma vez derreteu-se e se ajeitou mostrando mais a barriga para ganhar carinho.

— Deveria agradecer a Mia por isso. — Alyson falou e apoiou a mão livre na lateral do rosto de Helena onde começou um carinho lento com o polegar de forma quase inconsciente, a outra mão continuava com o cafuné nos cabelos. Não era a primeira vez que ficavam daquele jeito, sempre que Helena estava mal com alguma coisa que Alyson sabia que não se resolveria com broncas, Alyson mudava a tática e lhe dava carinho, sempre funcionava.

Helena sorriu fraco.

— Eu irei. Tínhamos um almoço marcado hoje, mas saí do consultório com a cabeça cheia. Eu precisava pensar em tudo o que a Lilian me disse. — explicou, o tom de voz saía preguiçoso, estava cansada, bocejou por alguns segundos.

— Você está gostando dela, não está? — Alyson foi um pouco mais direta.

— Hmm. — Helena sorriu sem mostrar os dentes enquanto fechava os olhos. — Eu não sei. Gosto da companhia dela e pra mim, no momento, isso basta. Não quero nada além disso.

— Você é realmente incrível em iludir a si mesma. — Alyson deu uma risada baixa que durou alguns segundos, Alyson também bocejou enquanto se ajeitava um pouco e esticava as pernas, mas com cuidado para não incomodar Helena.

Helena riu.

— Eu não estou me iludindo, Aly. Mas eu não quero um relacionamento, acho que já bati a minha cota de relacionamentos nessa vida. Estou bem assim. — falou, ainda tinha um sorriso pequeno nos lábios. — E além do mais, nem mesmo a Mia parece interessada em algo a mais. A Mia é uma mulher linda e muito independente, deve ter seus casos, se não tem, é um pecado. — deu uma pequena risada e voltou a fechar os olhos, sentiu um leve frio no estômago com as próprias palavras e franziu um pouco o cenho, desta vez ficou em silêncio.

Alyson ficou apenas observando, ela sabia, ela via com os próprios olhos, via que havia algo além de uma amizade colorida, via a forma como Helena sempre ficava pensativa quando Mia era o assunto e via a forma como Helena ficava perto de Mia, era diferente, era algo que Alyson nunca vira quando Helena estava com Trevor. E além de tudo isso, Alyson sabia que tudo o que mais Helena temia atualmente, eram relacionamentos, não era que ela não queria, ela apenas tinha medo. O pensamento a fez ficar em silêncio, desviou o olhar de Helena e voltou a encarar a TV onde passava uma de suas novelas preferidas e mais uma vez preferiu não insistir.

 

®

 

Três dias haviam se passado desde a consulta de Helena com a nova psicóloga e foram três dias seguidos revivendo em seus pesadelos tudo o que havia passado com Trevor, desde as coisas boas até as coisas ruins, três dias que não pisava no estúdio por que se sentia cansada demais para sair de casa, dos três dias, dois deles Helena descontou seus sentimentos no pole dance do bar. Era um risco óbvio que tinha ao voltar para a terapia, reviver mentalmente várias e várias vezes tudo o que já tinha passado, só não imaginava que iria ser tão cruel.

A morena despertou de seus pensamentos ao ouvir o miado de Vadia e em seguida sentiu a gata se esfregando em seu braço, retirou o braço direito que cobria seus olhos e encarou o céu amarelado, estava deitada na grama de seu quintal há algum tempo, havia vindo colher algumas verduras e acabara ali, deitada, pensativa e com lembranças demais acerca daquele lugar. Tinha um quintal amplo, de bom tamanho, cercado com cerca de madeira de dois metros e meio, o canto direito era bem organizado com a horta que Helena havia criado e onde plantava alface, tomate cereja, algumas ervas, pimentão e pimenta. No outro lado havia um coreto inacabado que havia começado a ser construído por Trevor a pedido de Helena a anos atrás, nunca foi terminado e lá estava até hoje e trazia lembranças em sua maioria, desconfortáveis. Fazia ela pensar mais uma vez o por que de ainda viver naquela casa.

O celular vibrando no bolso traseiro de seu short a fez despertar da avalanche de pensamentos que inundavam a sua mente, ergueu um pouco o quadril para enfiar a mão no bolso e puxar o celular, de imediato viu o nome de Amélia no visor e lembrou-se que havia sido convidada para uma noite de amigos, porém atendeu logo a ligação.

— Olá, Amélia. — falou em tom baixo assim que colou o telefone no ouvido. Ouviu logo a pequena risada de Mia e foi automático sorrir também.

— Está com a voz mais rouca que o normal, estava dormindo? — Mia questionou do outro lado da linha.

— Não... Estou apenas preguiçosa. Minha voz rouca é só um charme a mais.

Mia riu novamente.

— Eu não discordo disso, eu adoro sua voz rouca.

— Eu sabia... — o sorriso se alargou um pouco mais enquanto fechava os olhos. — Perfeito para um sex*fone.

— Sexofone? E qual é a graça? — Mia questionou e riu mais uma vez. — Eu te ligo e você já começa com um assunto assim?

— É... — Helena riu. — Acho que fiquei a toa demais hoje.

— Não foi trabalhar?

— Não. — bocejou e devagar foi erguendo o tronco até ficar sentada na grama, estava preguiçosa demais, olhou em volta, Vadia estava bem ao seu lado, ocupada tomando seu próprio banho. — Estava me sentindo muito cansada. — explicou.

— Está precisando se distrair...

— Ouço um tom de quem quer me fazer mudar de ideia... — Helena acusou. Mia havia lhe convidado há poucos dias atrás e ela, educadamente, preferira recusar imaginando que seria melhor assim, não queria se intrometer nas amizades de Amélia.

— Vaaamos, você vai mesmo querer perder uma noite de pizzas feitas por mim? Eu realmente ia amar que você fosse e todo mundo ia amar você e você com certeza iria amar todo mundo. — Mia mais uma vez insistia, estava ansiando pela presença de Helena, porém não sabia dizer se era por que queria que os amigos a conhecessem ou se era por saudade, as duas não haviam se encontrado mais, parte da culpa era por causa do trabalho de Mia.

— Eu realmente não quero me sentir uma intrusa no meio dos seus amigos e além do mais... Acho que hoje eu não estou com um espírito muito sociável. — a mexicana explicou e ouviu do outro lado da linha, um suspiro. Sorriu sem ânimo algum enquanto via Vadia vir andando em sua direção mais uma vez, a gata só vinha ao quintal junto com Helena, sempre teve medo de vir sozinha, por isso mesmo Helena sequer tinha receio que ela fugisse.

— Tudo bem, eu não vou insistir, mas ainda quero conversar com você sobre como foi à consulta.

— Eu sei que quer, mas conversaremos quando a gente se ver novamente, eu prometo. Tenho que agradecer a você de qualquer forma por isso. — podia jurar que Mia sorriria ao ouvir aquelas palavras e imaginou com facilidade o sorriso da Designer.

— Um jantar amanhã? Não precisamos sair, cozinhamos juntas novamente na sua casa. — deu a ideia.

— Parece perfeito pra mim. — Helena falou baixo e sorriu de forma até aliviada, era muito bom saber como Mia sempre a entendia de alguma forma.

— Muito bem, de qualquer forma vou fazer igual você fez quando me convidou pra sua casa na primeira vez, se você mudar de ideia, estaremos lá a noite toda e você será muito bem vinda. Até amanhã, Helena.

— Até amanhã, Amélia. — tinha um sorriso ao se despedir,  findou a ligação logo em seguida e olhou em volta devagar até sentir o celular vibrar novamente, era uma mensagem de Mia com o endereço de onde seria o encontro, riu por poucos segundos ao lembrar da vez em que fora ao escritório de Amélia e como brigaram naquele dia antes de acabarem fazendo as pazes.

Ergueu-se devagar da grama e já foi enfiando o celular no bolso traseiro do shorts antes de bater as mãos por toda a roupa para retirar as sujeiras e enfim saiu andando a passos calmos.

— Vem, bebê. — chamou Vadia de forma completamente automática e imediatamente a gatinha ergueu-se de onde estava e saiu andando, andar este que se tornou uma corrida como se quisesse chegar primeiro que a dona dentro de casa e de fato conseguiu. Helena sorriu com a cena pouco antes de entrar pela porta da cozinha e assim a fechar atrás de sí.

 

®

 

— Então a Helena não vai? — Hernando questionou enquanto se apoiava no carrinho de compras do supermercado e se ocupava olhando em volta enquanto Mia escolhia tomates frescos ao seu agrado.

— Não, disse que não quer se sentir intrusa no meio dos meus amigos...

— Eu realmente duvido que ela se sentiria assim, iam todos endeusar ela quando soubessem que foi ela a responsável por te trazer pro vale.

Mia deu uma breve risada.

— Eu sei, mas não creio que esse seja o real motivo. Ela ainda deve estar abalada depois da terapia. — falou de forma pensativa enquanto escolhia os melhores tomates para fazer os molhos para a pizza, era extremamente normal ser ela a cozinhar nos encontros que os amigos faziam quando todos tinham tempo, tais encontros vinham ficando cada vez mais difíceis, afinal, numa vida onde todos trabalhavam era sempre difícil achar tempo livre.

— Não seria estranho ela e o Charlie juntos? — Hernando questionou enquanto voltava a empurrar o carrinho assim que Mia colocou dentro todas as verduras que havia escolhido.

— Seria não é? — a morena riu por alguns segundos enquanto ia andando devagar até parar novamente para pegar farinha de trigo, pagou alguns sacos e os colocou no carrinho. — Mas sinceramente, a Helena é tão tranquila que eu tenho absoluta certeza que ela não se importaria. Ela me olharia com aquela cara de “É sério, Amélia?” então iria rir e provavelmente fazer alguma piadinha safada.

Hernando ficou em silêncio, os olhos atentos naquele sorrisinho bobo estampado nos lábios de Mia enquanto ela falava aquilo e ao mesmo tempo lia o rótulo de um produto qualquer, era engraçado como ela não percebia o quão boba ficava quando falava sobre Helena, Hernando riu por alguns segundos ao ver como a amiga estava claramente gostando de Helena e deleitava-se com isso.

Ali ficaram fazendo compras por mais alguns bons minutos, comprando todos os ingredientes para as pizzas que seriam feitas aquela noite, na saída do mercado cada um foi para um lado, Mia foi em seu carro diretamente para a casa de Fred e Hernando foi pra casa onde iria se arrumar e iria pegar Drew, de qualquer forma, não havia pressa já que o encontro havia sido marcado apenas para as 20h.

 

®

 

Helena balançava a perna de forma frenética enquanto estava sentada no banco traseiro do Uber, olhava fixamente para fora pela janela do carro enquanto se aproximava cada vez mais do endereço que havia dado ao motorista. A bons minutos atrás Aly chegou em sua casa e ao descobrir que havia recusado ir para a reunião de amigos de Mia, ouviu uma boa sessão de gritos sobre como estava se deixando abalar por algo que nem deveria mais abala-la e que se continuasse daquele jeito iria ficar muito pior. E depois de todo aquele jeitinho explosivo de Alyson, lá estava Helena a caminho do encontro, trinta minutos de atraso, mas imaginava que não seria um problema.

O carro parou e a morena arqueou uma sobrancelha quando viu que era a casa de Frederick, lembrava muito bem da noite em que viera ali com Mia e lembrava mais ainda do quão tenso havia sido aquela noite, balançou a cabeça de forma negativa antes de abrir a porta.

— Muito obrigada. — agradeceu ao motorista e sorriu para ele quando ele se virou para retribuir ao agradecimento, saiu do carro devagar e fechou a porta antes de sair andando a passos calmos, percorreu a pequena passarela entre a grama verde até chegar à porta e já foi tocando a campainha enquanto ajeitava a alça fina da pequena bolsa que havia levado. Usava um vestido mais curto e soltinho, ia até um pouco acima de seus joelhos, era preto, mas estampado com folhas de árvores, tinha um decote em V e alças mais grossinhas, os cabelos como quase sempre estavam soltos.

Iria tocar a campainha mais uma vez quando ouviu o barulho de um carro, olhou para o lado imediatamente e viu o carro vermelho que ela conhecia muito bem parando bem em frente à garagem da casa, os vidros escuros a impediram de ver quem estava dentro e realmente achou que era Mia até ver um homem sair.

— E aí. — Charlie falou antes de virar-se para o carro e inclinar-se para dentro apenas para pegar um balde de frango frito que havia acabado de comprar e saíra só pra isso, fechou a porta do veículo e o travou em seguida antes de ir andando em direção à porta. — Veio pro encontrão?

— Isso, mas ninguém abriu até agora. — apontou para a porta de casa, ainda tinha o cenho franzido.

— É por que todo mundo tá lá no quintal. — o louro falou enquanto terminava de se aproximar, ofereceu a mão livre para Helena logo em seguida. — Charlie.

— Helena. — segurou a mão do rapaz e a apertou num cumprimento, porém viu quando as sobrancelhas do homem se arquearam e um sorrio largo surgiu nos lábios dele.

— Helena, uau! — ele falou e deu uma risada em seguida enquanto soltava a mão dela e abria a porta da casa logo em seguida, porta esta que estava destrancada. — Finalmente conhecendo a famosa Helena. — Vamos, vamos. — ele deu espaço para que Helena entrasse primeiro. — É, tinha que ser uma mulher linda pra virar a cabeça da Mia.

Helena deu uma boa risada enquanto entrava na casa, notou que estava parcialmente escura, com exceção da cozinha que estava com as luzes acesas, mas não via mais ninguém. Charlie fechou a porta e em seguida a trancou com a chave ainda encaixada na fechadura, mas na parte de dentro.

— Então eu virei à cabeça da Mia... — falou em tom irônico, mas claramente divertido enquanto ia seguindo o rapaz. — E não era uma noite de pizzas? — indicou o balde de frango que o rapaz carregava.

— É uma noite de pizzas, porém, temos uma grávida com desejo de comer pizza de frango frito. — ergueu o balde logo à frente para dar ênfase no que havia acabado de falar. — E eu perdi o jogo e fui responsável por ir comprar. — ele deu de ombros enquanto parava em frente à porta corrediça que dava para o quintal, olhou para a Helena. — A gente é bem louco, então não se assuste. — ele avisou antes de puxar a porta corrediça dando acesso livre para o quintal, Charlie passou primeiro e ergueu o balde de frango acima da cabeça. — O frango chegou!!!! — falou em um tom alto e o que veio a seguir fez Helena rir.

Uma comoção de gritos em comemoração rompeu o silêncio que fazia dentro de casa, Helena deu alguns passos para fora para ver as pessoas realmente comemorando o feitio, não haviam muitas, na verdade, numa conta rápida, contou apenas sete pessoas contando com Mia.

— Felizmente o frango estava em promoção e eu ganhei um brinde. — olhou então para Helena como se desse a entender que ela era o brinde.

— Prazer, molho especial. — ela entrou na brincadeira, abriu um pouco os braços como se estivesse se exibindo e deu de ombros, o olhar procurando entre os desconhecido o motivo de ter vindo.

Mais uma comoção de gritos e Helena sentiu um calor tomar conta de seu corpo, um calor que ela veio entender que era puro conforto, sentiu-se mais do que bem recebida por aquelas pessoas que mal conhecia.

— Essa noite eu vou comer muito bem!! — a voz foi feminina e Helena olhou em direção a mulher tendo a certeza que já havia a visto em algum lugar, só não lembrava de onde.

— Esse molho é picante demais pra vocês. — Mia falou em tom repreensivo, mas o que recebeu em troca foram risadas. — Vamos, se apresentem para a Helena.

— Até o nome é bonito, meu Deus! — a mesma voz. Algumas risadas surgiram e um sorriso largo estampou os lábios de Mia. A morena não se aproximou, estava ocupada e com as mãos sujas demais abrindo as massas de pizza que ela mesma havia feito mais cedo.

— Eu já me apresentei. — Charlie falou e saiu andando em direção onde Mia estava.

Todos estavam abaixo da área coberta do amplo quintal e Helena realmente estava surpresa do quão amplo era, com uma belíssima piscina e uma área grande e vazia, com exceção da grama que seria perfeita para armar brinquedos para crianças. A área onde estavam era constituída por um bom espaço onde tinha um sofá de couro e algumas poltronas largas que facilmente cabiam duas pessoas, todas estavam alinhadas de uma forma que formava um círculo e bem no meio uma mesinha de madeira onde em cima havia refrigerantes e nada além. No outro lado da parte coberta haviam balcões feitos de mármore preta e tijolo vermelho e era onde Mia trabalhava abrindo massas com maestria. Atrás de Mia tinha uma grande churrasqueira feita de tijolos e logo ao lado ao que parecia um forno de pizzas. Era exatamente um lugar para se fazer festas em família.

— Helena. — Hernando a cumprimentou assim que a mexicana se aproximou do grupo. — Que bom que você veio.

— Oi, Hernando. — sorriu para ele antes de olhar para os outros. — Boa noite, pessoal.

— Oi, Helena. — a voz suave soou e Helena olhou para a mulher de cabelos curtinhos e castanhos, estilo Joãozinho, era claramente bem pequena, estava sentada bem no meio do sofá, em posição de meditação e com o belíssimo barrigão de grávida em evidência. — Eu sou a Leslie, mas todo mundo me chama de Les.

— Não se deixe abalar por essa carinha doce. — um rapaz falou, sentado em uma das poltronas, era um rapaz bem magro e alto demais, os cabelos bem alinhados com alguns tons de azul e óculos de grau na mesma cor. — Ela é uma filha da puta.

— Vai se foder, Finch. — Leslie rosnou em tom agressivo e todos riram quando as palavras do rapaz se confirmaram.

— Ei! Eu quero ver você falando desse jeito quando meu afilhado nascer! —Mia reclamou em tom mais alto.

— Ninguém vai escolher você como madrinha! — outra mulher falou, porém Helena a conheceu de imediato, era a secretária de Mia e de Hernando. Logo após a fala dela começou uma discussão que Helena realmente não entendeu o motivo logo de cara.

— Calem a boca! — Leslie gritou. — Seus tóxicos do caralh*. — ela continuou em tom mal humorado, mas então deu um sorrisão ao olhar para Helena. — Todos lutam para apadrinhar o bebê. Claramente eu não sei quem escolher, então vou fazer um sorteio.

— Vai fazer um sorteio pra escolher o padrinho do seu filho? — Helena questionou e deu uma risada com a situação enquanto cruzava os braços.

— É claro que eu vou. — ela falou como se isso fosse a coisa mais obvia do mundo.

— Ela tem amigos maravilhosos demais pra escolher de boa assim. — Leslie apontou para Rosie como se dissesse “exatamente”.

— Mas imagina se o padrinho é tipo... O Charlie? — fora Drew a falar desta vez e todos imediatamente olharam para o rapaz.

— Ow, qual é! Eu adoro crianças. Eu seria um ótimo padrinho. — o rapaz se defendeu de forma ofendida.

— Você só pensa em mulher, Charlie! — Rose reclamou.

— Quando não ta pensando em mulher, ta enfiado entre as pernas da Mia. — Leslie falou como se isso fosse a coisa mais obvia do mundo, algumas risadas surgiram.

— Estava! — Charlie falou de boca cheia enquanto vinha andando com uma mão ocupada por uma coxa de frango, passou por Helena e jogou-se bem ao lado de Leslie antes de oferecer a ela a coxa de frango já mordida. Ela aceitou sem pestanejar. — Mia e eu não temos mais nada.

Silêncio.

Helena olhou para Mia com uma sobrancelha arqueada, Mia também a encarava antes de dar de ombros e pender a cabeça para o lado como se falasse “pois é.”. A mexicana riu antes de começar a andar até onde Mia estava, deu a volta no balcão até se aproximar dela.

— Mas como assim? — Finch questionou enquanto olhava para Charlie.

Mia por sua vez virou-se em direção a Helena e ergueu os braços como se pedisse um abraço e recebeu de bom grado, Helena rodeou a cintura da Desiner e Mia a envolveu pelos ombros com cuidado para não sujar Helena com farinha, ambas se apertaram em um abraço saudoso.

— Seus amigos são loucos. — sussurrou ao pé do ouvido dela, ficou alheia a conversa que transcorria logo ao lado. Mia riu baixinho.

— O que te fez mudar de ideia? — Mia questionou enquanto se afastava só um pouquinho para encarar Helena. A mexicana deu de ombros enquanto sorria.

— Alguns gritos indignados da Alyson. — respondeu em tom baixo, as duas riram juntas com a resposta. E Mia se inclinou para dar um beijo carinhoso no rosto de Helena antes de se afastar um pouco e olhar para seus amigos ainda entretidos em conversar sobre o fim do que tinha com Charlie.

— Como assim a gente ainda não conhece esse outro cara com quem você ta trans*ndo? — Leslie questionou em tom indignado e Mia arqueou ambas as sobrancelhas enquanto apoiava as mãos no balcão. Helena deu uma risada que soou realmente sem vergonha enquanto deixava sua bolsa num cantinho limpo do balcão.

— Vocês chegaram aqui não faz nem trinta minutos e já querem estar a par da minha vida inteira? — a designer rebateu como se os acusasse de algo, porém logo ignorou isso antes de olhar para Helena. — A Rose você já deve conhecer. — apontou para a mulher que logo ergueu a mão. — Aquele gostoso ali é o Drew, namorado do Hernando. — apontou para ele com a cabeça e o homem deu um sorriso sem mostrar os dentes enquanto acenava com a mão.

— É um prazer conhecer vocês. — Helena falou e olhou brevemente para Mia antes de voltar a sua atenção para o pessoal. — Por que só você está aqui? — questionou para Mia assim que virou o rosto para encará-la.

— Por que ela é mandona demais e não deixa ninguém ajudar ela. — Hernando falou.

— Ai vira nossa empregada. — Leslie ergueu as mãos como se isso fosse a coisa mais obvia do mundo.

— Leslie é um desastre na cozinha, graças a Deus o marido dela sabe cozinhar. Charlie só sabe fazer macarrão com queijo, Rose é uma vadia preguiçosa e nem fodendo que ela entra na minha cozinha. O Finch é um fresco do caralh* e diz que não gosta da sensação da farinha na mão, você pega coisas piores na mão, Finch. — Helena olhou para o amigo que deu uma boa risada. — Drew parece um assassino de massas, nem parece que essas mãos fazem uma massagem maravilhosa. E o Nando é apenas um preguiçoso. E é por isso que ninguém entra na minha cozinha. — finalizou e deu um sorriso orgulhoso.

— Me sinto um pouco ofendido. — Finch falou enquanto levava a mão ao peito e fazia uma expressão de desgosto.

— E a Helena é o que? — Charlie puxou o assunto, quando Mia o olhou ela viu aquele sorriso sacana estampado nos lábios do rapaz que fez ela dar uma pequena risada. A morena olhou para Helena.

— Quer me ajudar? — questionou ao olhar para a mexicana.

— Se eu sou a única apta a esse posto tão rigoroso... Por que não? — questionou e se afastou um pouco, passou por Mia, a mão direita tocou a cintura da morena e foi se arrastando, passando por suas costas até não tocar mais nela quando se afastou e foi até a pia. O gesto deixou um sorriso nos lábios de Amélia.

— É Helena de que? — Leslie questionou enquanto tinha o cenho franzido.

— Helena Muñoz. — respondeu quase automaticamente enquanto enxugava as mãos e parava ao lado de Mia mais uma vez, os olhos fixos em Leslie, como se quisesse entender o motivo de seu nome ser questionado.

— Eu tenho certeza que já ouvi seu nome em algum lugar. — comentou a grávida.

— É um nome marcante. — Finch falou enquanto erguia-se da poltrona apenas para ir até a geladeira logo ao lado deles.

— Já namorei uma Helena. — Rose comentou mais para sí mesma do que para os amigos.

— Foi aquela que te perseguiu? — alfinetou Hernando enquanto tinha um sorriso largo nos lábios.

Mia riu enquanto parava atrás de Helena e tirava o próprio avental e já foi o envolvendo na cintura da mulher enquanto ela amarrava os cabelos.

— A Rose tem um histórico de mulheres loucas que ela come e depois perseguem ela. — explicou enquanto amarrava o avental na cintura dela de maneira bem firme. — Você ta maravilhosa, não pode se sujar. — falou mais baixo.

Helena sorriu e olhou para Mia.

— Eu vim pra cá sem ter a mínima ideia de como tratar você na frente deles. — falou em um tom baixo o suficiente para que os outros não ouvissem, afinal, sabia bem de todas as inseguranças de Mia.

— Você pode me tratar do jeito que você quiser, Helena. — falou baixo, ainda sem sair de trás da mulher. — Eles só não sabem ainda por que ainda não paramos pra conversar sobre os últimos acontecimentos.

— Então eu posso te beijar agora? — questionou e já foi se virando de frente para Mia, encostou o quadril no balcão atrás de sí e encarou Mia com uma sobrancelha arqueada.

Mia deu uma pequena risada enquanto dava um passo a frente e já ia se inclinando, apoiou as mãos no balcão, ainda com a consciência de que não queria sujar Helena, quando os lábios roçaram nos de Helena percebeu de imediato que havia sentido saudade daquela boca. Os lábios se encaixaram automaticamente, sentiu as mãos de Helena deslizando por seu pescoço até que se encaixassem uma em cada lado de seu rosto. O beijo tomou início de forma lenta, com as línguas se enroscando devagar, tão lento que chegava a ser uma provocação, a calma era estampada naquele beijo, calma e saudade.

Porém a calma fora totalmente quebrada quando uma chuva de gritos começou a soar logo atrás das mulheres, gritos eufóricos que findaram o beijo por causa da risada de ambas.

— Eu não to acreditando nisso!!! — alguém gritou e Mia riu ainda mais enquanto olhava para os amigos por cima do ombro de Helena.

— Surpresa... — falou de forma sínica. Helena riu enquanto se inclinava e dava um novo beijo em Mia, um selinho estalado antes de se virar para o balcão mais uma vez.

—Meu Deus do céu, eu tenho certeza que eu acabei de goz*r. — Leslie falou, a expressão ainda surpresa.

— Tudo se encaixa. — Rose falou como se estivesse acabado de resolver a maior teoria de conspiração de toda a sua vida.

— Essa foi à cena mais linda que eu já vi na vida. — Finch bateu algumas palmas bem lentas.

— Como assim, como isso aconteceu? Vocês já sabiam? — Leslie questionou de forma claramente indignada enquanto alternava o olhar de Hernando para Charlie, os únicos que pareciam extremamente calmos com a novidade.

— É claro que eu sabia. — Hernando respondeu como se isso fosse algo obvio, deu de ombros logo em seguida. — Tenho prioridades, meu amor.

— Gente, até o Theozinho ta aqui surpreso. Olha só isso! — puxou a mão de Charlie sentado ao seu lado fazendo o homem espalmar a mão em sua barriga, ficou com um olhar cheio de expectativa como se esperasse que o bebê chutasse mais uma vez.

— Ow! Chutou! — Charlie exclamou, um sorriso largo surgindo em seus lábios.

— Titio já ama. — Hernando falou enquanto via Drew se inclinar para também espalmar a mão na barriga de Leslie.

— Precisamos saber absolutamente tudo, Mia era a única hétero desse grupo. A convicta, intocável, papa macho, desoladora de sapatões, mulher de família tradicional... — Finch começou falando de forma exagerada.

— Expert em foras, chamã de mulheres quando nem gosta da fruta, a loucura da boate. — Rose continuou os apelidos.

— Não podemos esquecer que também é boquinha de veludo. — Leslie falou como se isso fosse obvio enquanto mantinha as mãos sobre as mãos tanto de Drew quanto de Charlie, ambas ainda espalmadas em sua barriga.

— Vocês são nojentos. — Mia falou enquanto tinha uma expressão de nojo estampada em seu rosto.

— A charmosinha. — Helena falou para os outros.

E todos ao mesmo tempo fizeram uma expressão como se gritassem “SIM” e assim explodiram em uma gargalhada conjunta, Helena ficou com um sorriso realmente largo nos lábios enquanto Mia olhava todos com o cenho franzido.

— Não acredito que você entrou nessa brincadeira. — falou de forma fingida como se estivesse magoada com isso.

— Pretendente completamente aprovada. — Finch falou alto e mais uma vez bateu palmas. Helena riu.

— Todo mundo quieto! Vamos, queremos saber! Como isso aconteceu? Conte tudo! Cada detalhe, absolutamente tudo! Não nos poupe de nada, absolutamente nada, Helena! — Leslie falava como se estivesse dando a maior ordem de sua vida. Isso fez Helena sorrir e olhar para Mia de forma cúmplice.

— Então... — começou enquanto se ajeitava um pouco, porém, Mia a interrompeu momentaneamente.

— Você termina de abrir as pizzas e eu vou ajeitar o fogo. — alertou e a mexicana apenas acenou de forma positiva com a cabeça e tomou o lugar onde Mia antes estava.

— A bons tempos atrás a minha sócia procurou o Hernando para que ele fizesse o projeto da minha galeria. — começou explicando enquanto colocava a mão na massa.

— Isso! — Leslie apontou o dedo para Helena e estalou dois dedos de repente como se tivesse acabado de ter uma ideia. — Você é a Artista Plástica! Isso! Era daí que eu lembrava do seu nome!

— Você a conhece? — Mia questionou e olhou brevemente para a amiga.

— Publicamos uma matéria sobre ela no Jornal. Uau. — riu com a coincidência e ficou com um sorriso largo nos lábios. — Isso é incrível.

— E uma coincidência gigante. — Helena comentou.

— Estamos diante de uma pessoa famosa? — Rose questionou e olhou para todos ao redor.

— Não sou famosa. — Helena riu por alguns segundos e desviava os olhos da massa para encarar Rose por alguns segundos.

— Ela é sim. — Leslie rebateu contrariando as palavras de Helena, a Artista se limitou a rir, mas antes que aquela discussão sobre ela ser famosa ou não continuasse, ela voltou a falar.

— Mas continuando... Hernando havia me indicado a Amélia para fazer o designer interior, porém recusei educadamente, eu mesma queria fazer isso. — começou e olhou para Hernando e piscou para ele de forma cúmplice como se dissesse que estava prestes a inventar a maior mentira. Hernando pela primeira vez desde tudo o que havia acontecido entre Mia e Helena, sorriu para a Mexicana. — Porém... Certa noite eu fui a um bar de Strippers...

Mia virou-se para Helena com o olhar surpreso de maneira repentina como se tivesse sido pega de surpresa com aquelas palavras, não esperava que Helena fosse contar aquilo.

— Não para apreciar o lugar e sim por que eu tinha uma amiga lá que disse que eu poderia achar inspiração no ambiente pra retratar os homens da forma que o faço em meus quadros. Aceitei, uma Artista faz de tudo pra conseguir inspiração. — explicou e deu uma pequena risada com a mentira que estava contando, mentira essa que nem era realmente uma mentira, só estava distorcendo a história.

— Foi justamente no bar que o Frederick vai! — Hernando deu corda à “mentira” que Helena estava contanto. Helena, Mia e Hernando se entreolharam de forma cúmplice, Helena riu, Mia se virou para o forno com um sorriso nos lábios.

— Isso. Eu estava lá, no cantinho só observando quando a Mia apareceu como um furacão naquele lugar, queixo erguido, feroz... — respirou fundo com a imagem clara em sua mente. — Quase g*zei.

— Você foi à stripper que sentou no colo dela? — Rose falou como se a acusasse de algo, o tom de voz saindo mais alto e completamente surpreso.

Helena deu um sorriso largo, satisfeito, como se soubesse que pelo menos algum dos amigos de Mia sabia que uma stripper havia feito isso com ela. A mexicana riu por alguns segundos enquanto continuava a abrir as pizzas sendo a quarta que já havia aberto até agora e ia deixando-as lado a lado no balcão só esperando os recheios.

— Eu fui à mulher que ela confundiu com uma stripper. — corrigiu.

— Por que será não é mesmo? — questionou a Designer enquanto se aproximava de Helena, o forno elétrico já em uma boa temperatura para assar as pizzas.

— Por que será? — questionou enquanto virava o rosto para olhar para Mia como se a estivesse provocando, porém não continuou, como se lembrasse que estavam sendo extremamente observadas naquele momento.

— Isso é uma loucura. — Finch falou mais baixo, porém Helena ouviu e desviou o olhar de Mia para encarar o rapaz.

— Eu sei. Eu beijei ela na primeira oportunidade que eu tive...

— Não foi oportunidade nenhuma, você me for...

— Eu o que? — interrompeu a Designer e arqueou ambas as sobrancelhas e novamente voltavam aquela discussão sobre Helena ter ou não forçado Mia. — Você retribuiu o beijo por livre e espontânea vontade.

— Ela retribuiu? — Leslie falou, estavam absolutamente todos focados naquela história que Helena contava, afinal, ainda seguiam surpresos com a novidade.

— Claro que retribuiu e..

— E eu posso garantir que ela gostou muito disso. —Hernando mais uma vez falou e Helena o encarou de forma um tanto surpresa pouco antes de um sorriso ir surgindo em seus lábios. Só então a morena virou o rosto, ainda sorria, encarou Mia como se estivesse esperando algo dela.

Mia tinha a expressão surpresa, a boca estava entreaberta com o rumo que aquela conversa havia tomado, como se todos estivessem encurralando ela de alguma forma, mas se desmontava inteira quando via aquele sorriso satisfeito e ao mesmo tempo safado estampado nos lábios de Helena. Os olhos estavam vidrados nos olhos de Helena, porém acabou sorrindo de forma larga e desviando o olhar assim que ouviu um “hmmm” em coro feito por todos que observavam a cena das duas se encarando daquela forma.

— Ok, eu admito, a desgraçada beija muito bem. — confessou enquanto ainda sorria, algumas risadas soaram principalmente quando Helena fez uma pequena reverência como se estivesse agradecendo.

— Então como foi depois? Ela te reconheceu depois do beijo? — Finch questionou enquanto se ajeitava e cruzava as pernas, o rapaz estava claramente extremamente interessado no desfecho da história.

— Não, não. Na verdade eu não tinha a mínima ideia de quem ela era e de que ela era justamente a Amélia que o Hernando havia comentado. — Helena respondeu enquanto apoiava as mãos no balcão logo ao lado da pizza já aberta.

— E eu não tinha a mínima ideia de quem ela era, só havia ouvido o Hernando falar uma ou outra coisa sobre. — Mia deu corda ao assunto. Helena acenou de forma positiva com a cabeça.

— De qualquer forma, só rolou um beijo e não tivemos muita chance de qualquer coisa depois disso, até por que a Amélia fugiu de mim logo em seguida. — deu de ombros antes de olhar para a morena ao seu lado. — Começamos a rechear agora? — questionou referindo-se as pizzas.

— Sim, você espalha o molho e eu vou te seguindo com o resto. — Mia respondeu rapidamente enquanto puxava para perto uma panela com molho de tomate que ela mesma havia feito mais cedo.

Helena se limitou a acenar positivamente com a cabeça antes de voltar a falar.

— Algum tempo depois eu fiz uma exposição na minha galeria e claro que convidei o Hernando e por educação também convidei a Amélia...

— E foi aí que descobriram quem era quem. — Leslie chutou, ambas as sobrancelhas arqueadas.

Helena sorriu quando a encarou e viu o claro interesse dela.

— Isso mesmo. Foi bem tenso, por que logo de cara tivemos uma bela discussão sobre o que havia acontecido, ela entendeu tudo errado e eu basicamente saí como uma louca obsessiva que a perseguiu de alguma forma. — Helena falou, desta vez sem olhar para qualquer outro lugar se não a pizza onde espalhava o molho com cuidado.

— Eu tinha muitos motivos pra pensar isso. — Mia se defendeu enquanto ia jogando mussarela nas pizzas que já havia recebido o molho, intercalou algumas com mussarela e outras com mussarela de búfala. — Eu fui convidada por alguém que eu sequer conhecia e me deparo com a mulher que me beijou a força. O que você queria? Um novo beijo?

Helena deu uma risada.

— Na verdade eu queria um pouco mais do que isso, mas tudo bem. — respondeu de imediato e riu assim que ouviu a reação dos outros ao ouvirem suas palavras.

— Gente, que delícia. — Leslie levou a mão ao peito em reação.

— A tensão sexual entre essas duas é a coisa mais linda que eu já vi na vida. — Finch falou como se estivesse dizendo a coisa mais obvia do mundo.

— Imagina só a foda. — Rose falou enquanto olhava fixamente para ambas as mulheres atrás do balcão.

Leslie bateu algumas palmas.

— Parem com isso, eu não quero imaginar! Meus hormônios estão gritando e meu marido não está aqui! — Leslie reclamou enquanto levava ambas as mãos à barriga.

— Mas eu estou, bebê. — Rose se ofereceu e deu o sorriso mais galante que poderia dar.

— Ai, não me olha assim. — Leslie levou as mãos ao rosto como se estivesse fingindo estar sendo seduzida pela amiga, porém logo começou a rir junto com outros. — Como vocês duas se resolveram depois disso?

— Eu fui no escritório dela me explicar. — respondeu de forma direta enquanto mastigava um pedaço do frango frito que havia pego dentre os que Mia já havia picado. Já havia terminado de por o molho nas pizzas, ao total, eram 8.

— Ah eu lembro disso! — Rose falou como se tivesse feito a maior descoberta. — Por isso a Mia ficou tão tensa quando descobriu que era você.

Helena acenou de forma positiva com a cabeça.

— Isso. As coisas lá dentro também foram bem tensas, por que ela é muito cabeça dura...

— É um charme. — Mia interrompeu Helena momentaneamente enquanto sorria de forma larga. Helena se limitou a rir por alguns segundos antes de continuar.

— Porém, entramos em um consenso, ela acreditou em mim, mas recusou meu convite pra sair comigo. Deixei anotado o meu endereço caso ela mudasse de ideia e dias depois, quando eu já havia me conformado que nunca mais falaria com ela... Ela apareceu na porta da minha casa e estamos aí desde então. — finalizou toda a história enquanto dava de ombros como se tivesse acabado de contar uma história bem simples.

— Porr*. — Charlie falou, Finch acenava a cabeça de forma positiva de maneira lenta, mas sem parar, como se estivesse concordando com a reação do amigo.

— Vocês só vieram se conhecer mesmo nesse dia? — Leslie questionou, era a única que parecia querer se aprofundar mais no assunto.

— Isso. — Helena respondeu e antes que continuasse Mia tomou a frente.

— Conversamos por horas, tudo foi ainda mais esclarecido, cozinhamos juntas, conversamos ainda mais e é isso. A gente vem conversando desde então. — falou enquanto pegava a pá de madeira logo ao lado do forno já aberto. Pegou uma das pizzas com agilidade como se tivesse feito aquilo à vida toda e a colocou dentro do forno seguida de mais duas.

— Por favor, duas iguais não reproduzem, mas deem um jeito. Sairia o ser mais perfeito do universo. — Finch quase implorou em tom teatral.

Mia riu junto com Helena, mas foi Helena a única a responder.

— Bem que dizem que dedos podem ser mágicos, não?

 

®

 

— Você não se importa? — Hernando questionou enquanto apoiava-se no balcão logo ao lado de onde Charlie estava encostado. Todos já haviam enchido a barriga de pizza e tudo o que restava eram só risadas e conversas das mais aleatórias possíveis.

— Da Mia ta com a Helena agora? — questionou mesmo que soubesse já qual era a resposta. Ele deu de ombros enquanto dava um gole generoso no refrigerante que tomava. — Eu sempre soube que nunca teríamos nada. Era só questão de tempo que ela achasse alguém bacana ou eu achasse alguém. Se fosse pra rolar algo sério entre a gente já teria rolado há muito tempo. — deu um sorriso pequeno enquanto olhava para as mulheres entretidas em uma conversa que ele não havia prestado atenção para entender.

Hernando sorriu fraco com a resposta enquanto olhava para a interação das mulheres. Mia estava sentada em uma das largas poltronas e na mesma poltrona estava Helena sentada com ambas às pernas sobre a perna esquerda de Mia, estavam cruzadas e recebiam um carinho inconsciente da mão de Mia. A mexicana estava sentada meio de lado, com as costas quase no braço da poltrona enquanto Mia estava reta e com as costas bem encaixadas no encosto.

— Seu marido reagiu como quando soube? — Helena questionou a Leslie quando o assunto foi direcionado para a gravidez da mulher.

— Ah, ele chorou igual uma criança. — Leslie falou como se isso fosse obvio, mas riu logo em seguida. — O Blake é maravilhoso, ele é muito mais sensível do que eu, quando soube da gravidez no dia seguinte ele já voltou do trabalho com uma sacola cheia de roupinhas de bebê.

— Que fofo. — Helena falou enquanto sorria e apesar de achar aquilo realmente lindo algo lá dentro de sí corroía seu coração com uma pontada de inveja, um sentimento quase impossível de ser controlado.

— É o oposto da Les. — Rose falou de forma bem rápida apenas para receber um olhar quase mortal da mulher grávida.

Isso fez Helena dar uma risada um pouco demorada enquanto observava.

— Mas foi algo planejado? — Helena questionou e imediatamente viu Leslie negando com a cabeça enquanto ia se ajeitando no sofá.

— De jeito nenhum. — respondeu como se isso fosse algo bem óbvio. — Primeiro que eu nunca me vi casada com um homem, há anos atrás eu era uma sapatão convicta.

— Não tão convicta assim... — Finch comentou.

Helena arqueou uma sobrancelha e Mia riu enquanto desviava o olhar para encarar Helena, o olhar não foi retribuído, Helena estava entretida demais na conversa.

— Eu ficava com um ou outro homem quando estava bêbada demais. — Leslie explicou de imediato. — Mas continuando... Eu era louca por mulheres, mas eu vinha de uma sucessão absurda de desilusões amorosas da pior forma possível, relacionamentos abusivos, mulheres são tão cruéis quanto os homens...

— Entendo bem da crueldade masculina. — a mexicana pontuou.

Leslie fez uma expressão como se dissesse em silêncio que sentia muito, conhecia a história de Helena já que publicara uma entrevista dela no jornal em que trabalhava.

— Eu perdi alguma coisa? — Finch questionou.

— Eu também to querendo saber. — Rose, até então calada, se manifestou.

— Se vocês lessem meu jornal saberiam, então calados. — Leslie soltou uma bronca apenas com a intenção de proteger Helena do assunto, fora algo involuntário, mas imaginava que não era um assunto para um momento como aqueles. Todos que sabiam da história de Helena entenderam com facilidade o que Leslie havia acabado de fazer.

— Continuando... Eu acabei ficando bem magoada com mulheres no geral e foi aí que em uma reunião de trabalho eu conheci o Blake, ele é publicitário, no começo eu recusei ele de todas as formas possíveis, até ceder, ele sempre foi fofo, educado e sempre me respeitou muito, felizmente o respeito acaba na cama. — a mulher fez um gesto para o céu como se agradecesse a Deus por isso, tal cena fez os demais rirem. — E foi assim que eu me apaixonei perdidamente por ele e a sementinha veio há pouco tempo mesmo usando camisinha e tomando pílula todos os dias sem esquecer um dia sequer.

— Essa criança teve tanta vontade de vir pro mundo que até imagino como vai bater o pé quando tiver vontade de algo e vocês negarem. — fora Finch a comentar, o comentário arrancou uma boa risada de todos que ouviam a conversa.

Mia limitou-se apenas a um sorriso, estava pensativa, os olhos voltaram a ficar fixos em Helena, era quase automático, queria olhá-la, começava a ficar fascinada por cada traço da mexicana, os pensamentos giravam em torno do assunto sobre a gravidez, o interesse de Helena nisso, algo em seu interior revirava como se gritasse para que cuidasse de Helena para que aquele assunto não lhe ferisse. Os olhos focaram-se no sorriso de Helena quando ela riu de algo, encarou os lábios carnudos, pode notar facilmente o quão a vontade ela estava, isso lhe trouxe um conforto gigante. Seu coração palpitou por alguns segundos e a mão espalmada na coxa de Helena se contraiu, apertando um pouco da pele macia quando se deu conta de algo.

— Porr*. — sussurrou de forma involuntária.

— O que foi? — Helena virou o rosto imediatamente assim que ouviu o xingamento de Mia e sentiu o aperto em sua coxa, a mão esquerda automaticamente foi até a mão de Mia espalmada em sua coxa, apertou a mão da Designer de forma carinhosa.

Mia corou. Helena arqueou uma sobrancelha enquanto encarava a morena ainda querendo entender o motivo do xingamento e principalmente da reação da mulher ao seu lado.

— Boa noite, meus queridos! — a voz de Vera soou alta de maneira repentina chamando assim a atenção de todos.

— Mamma!! — todos falaram em uníssono, alguns já levantando de onde estavam para poder abraçar a matriarca dos Palermo e logo atrás dela, o dono da casa, Frederick.

Helena teve sua atenção desviada de Mia, mas a Designer seguia corada, respirava fundo como se agradecesse mentalmente a chegada da mãe, que claramente significava que já era tarde a ponto do restaurante já ter fechado. Sentiu o aperto delicado em seu queixo que a forçou a virar o rosto para encarar Helena novamente. A olhou em silêncio, aqueles olhos dourados lhe olhavam de forma intensa.

— O que foi? — desta vez foi Mia a perguntar, era realmente difícil se acalmar com aquele olhar intenso de Helena. O silêncio entre as duas durou alguns segundos, tudo com Helena encarando Mia como se estivesse a avaliando antes de enfim falar.

— Senti saudade. — Helena falou e deu um pequeno sorriso, Mia se derreteu, sorriu de volta e inclinou-se um pouco para selar os lábios da mexicana com um selo um pouco demorado, mas estalado.

O pigarro de Vera fizera as duas se afastarem e olharem ao mesmo tempo para a Palermo mais velha para logo ao lado da poltrona com ambas as mãos na cintura com um olhar de quem as estava julgando.

— Olha só, então foi daí que você puxou esse olhar. — Helena falou em tom baixinho e olhou brevemente para Mia. O que recebeu em troca foi um empurrão que a fez gargalhar enquanto se ajeitava e ia se erguendo devagar para poder abraçar Vera. — Vera!!

— Helena, minha querida. — Vera falou enquanto envolvia os braços em volta de Helena em um abraço carinhoso assim como tinha feito com todos os outros que a cumprimentaram antes. — Não esperava ver você aqui. — deu um olhar para Mia e em seguida para Helena como se estivesse sugerindo algo.

— Nem eu esperava, mas foi uma ótima ideia vir. — agora segurava as mãos de Vera enquanto a olhava em meio a conversa, Mia estava só observando.

— Depois reclama que eu esqueço de você não é, Dona Vera? — Mia implicou enquanto dava um sorriso um pouco largo. — Quando a Helena aparece sequer lembra que tem filha. — implicou.

— Estou paparicando minha futura nora. — falou em tom divertido enquanto soltava as mãos de Helena para dar atenção à filha. Mia não deixou de corar com o comentário além de rolar os olhos, Helena limitou-se apenas a rir enquanto observava Vera segurar o rosto da filha em suas mãos e dar beijos seguidos nela.

— Como assim até a Mamma conhece a Helena antes da gente? — Leslie questionou em tom indignado e um pouco alto para que pudesse ser bem ouvida.

— Conheço a Vera antes mesmo de conhecer a Mia. Foi uma coincidência engraçada. — Helena respondeu enquanto se virava para encarar Leslie que voltava a sentar no sofá onde ficara confortável a noite inteira.

— Vocês estão percebendo isso? — Leslie questionou e olhou para todos os amigos enquanto apontava para Vera, Helena e Mia. — Isso são sinais, muitos sinais, conhece a mãe antes, depois o destino joga a filha no colo dela...

— O destino jogou a Helena no colo da Mi.. — Finch tentou corrigir Leslie.

— Esses detalhes não vem ao caso, Finch! — Mia o interrompeu em um tom mais alto e o repreendeu com o olhar.

— Eu estou perdendo alguma coisa? — Vera questionou enquanto cruzava os braços.

— Deixaram pizza pra mim? — Fred questionou enquanto se aproximava, alheio ao assunto, se aproximou de Mia e deu-lhe um beijo demorado na testa como sempre fazia.

— Deixei na cozinha pra você. — Mia respondeu enquanto dava um pequeno sorriso.

— Oi, Helena. — o homem disse enquanto passava pela frente de Mia para trocar um rápido abraço com a mexicana. — Muito bom te rever.

— Eu digo o mesmo, Fred. — retribuiu as palavras enquanto sorria e se afastava um pouco.

— Eu não vou interromper vocês, eu to exausto, então vou comer e vou direto pra cama. — anunciou o homem enquanto olhava para todos. Apesar de algumas reclamações sobre ele ir dormir rápido demais, ninguém contrariou a decisão de Fred, todo mundo ali sabia como deveria ser cansativo passar o dia inteiro em pé em uma cozinha movimentada.

Vera por sua vez, ficou na companhia dos amigos da filha, afinal ela sabia muito bem que era bem vinda por todos. E algum bom tempo depois mais uma vez todos estavam mais do que entretidos em conversas com Vera, assim como Mia e até mesmo Helena estavam. As duas voltaram para a mesma posição de antes, Helena com as pernas cruzadas sobre uma das pernas de Mia, enquanto Mia acariciava a coxa da morena de forma distraída em meio à conversa. Era como se as duas vivessem sempre daquele jeito e o corpo de Mia já sabia automaticamente o que fazer para dar carinho a Helena.

As pontas dos dedos deslizavam devagar até o joelho e voltavam a subir lentamente até adentrar um pouco do vestido, hora era a ponta dos dedos, hora era a mão espalmada e também às vezes era as unhas que arranhavam a pele macia. No momento todos estavam entretidos em uma história que Finch contava que hora ou outra arrancava algumas risadas do pessoal, porém, a atenção de Mia foi tomada por Helena quando sentiu a mão da mexicana cobrir a sua forçando-a a parar com as carícias que fazia. A morena imediatamente olhou para a mulher ao seu lado e aquele olhar intenso que recebia deixou-a sem fala até mesmo para perguntar o que havia acontecido. Baixou o olhar quando Helena se inclinou em sua direção e soube que ela falaria algo em seu ouvido. Acabou respirando um pouco fundo com um leve arrepio que lhe percorreu.

— Isso está me deixando excitada. — Helena sussurrou e se afastou um pouco logo em seguida para poder encarar Amélia. A Designer arqueou uma sobrancelha enquanto erguia o olhar para encarar Helena mais uma vez, olhar que rapidamente mudou o foco dos olhos da Artista para a boca carnuda por poucos segundos, esqueceu de absolutamente tudo e todos ao redor e só focou em Helena, próxima demais dela para que fosse seguro, para que Mia não sentisse vontade de agarrar ela ali mesmo.

Amélia não soube o que responder, apesar de sentir o corpo inteiro reagir aquelas palavras de Helena, reagir de uma forma que ela não esperava, rápido demais, com força demais, as reações fizeram-na respirar um pouco fundo, ergueu a mão livre e tocou o queixo de Helena com o polegar e o indicador e puxou o rosto dela para perto, os olhos se fecharam de forma preguiçosa de forma automática quando os lábios se arrastaram aos lábios da mexicana de forma bem lenta.

— Eu devo parar? — Amélia questionou contra a boca de Helena. A mexicana deu um sorriso safado contra a boca de Mia, fora a sua resposta, e então colou os lábios nos lábios carnudos da morena, inicialmente se resumiu a um selinho, seguido de outro e mais outro até que os lábios se encaixassem um pouco mais e as línguas entrassem em ação. Mia sentia facilmente todo o corpo se derreter em meio aquele beijo, assim como uma vontade absurda de mais aparecer de maneira repentina como se já estivessem se beijando há horas. A designer já ia se inclinando devagar na intenção de dar mais intensidade ao beijo quando começou a ouvir um “hmmm” em conjunto. Desconcentrou-se completamente e quebrou o beijo para virar o rosto e deu de cara com todos encarando aquela cena, incluindo a sua mãe. — Vocês são muito escrotos. — falou com uma expressão de desdém estampada no rosto.

A risada foi generalizada e foi seguida até mesmo por Helena que, enquanto ria, se ajeitava um pouco e deitava a cabeça no ombro de Mia de forma completamente preguiçosa, estava começando a ficar sonolenta já que vinha de uma sucessão de dias sem dormir direito.

— A culpa é das duas que não estão prestando atenção na conversa! — Finch acusou enquanto erguia as mãos como se estivesse se rendendo.

— Eu no lugar delas estaria fazendo o mesmo. — Rose comentou enquanto dava de ombros.

— Eu não falo nada, eu quase g*zei novamente e meu marido que lute hoje pra apagar meu fogo. — Leslie exasperou enquanto se abanava com uma almofada, o que mais uma vez levou o pessoal à risada.

— Qual era o assunto finalmente? — Helena questionou enquanto sorria. Mantinha-se com a cabeça apoiada no ombro de Mia e a mão segurando a mão da morena ainda em sua coxa, o polegar inconscientemente ia fazendo um carinho sobre o dorso da mão da morena ao seu lado.

— Festa! — Finch comentou de forma bem mais animada e já foi se ajeitando onde estava sentado, pegou o celular apoiado em suas coxas e estendeu-o em direção a Mia e a Helena. Mia se esticou um pouco para pegar e Helena teve que se afastar um pouco, o que consequentemente a fez sair daquela posição confortável. Porém logo voltava a se aproximar para que, junto com Mia, pudesse ver o conteúdo que estava no celular de Finch.

— É amanhã. — Mia falou enquanto lia o panfleto bem elaborado da mesma boate que sempre ia com os amigos.

— Noite fogo. Cinco horas seguidas de músicas latinas, Set List de pegar fogo, venha ferver com a gente. — Helena leu em voz alta uma parte do que tinha escrito.

— E é Open Bar de Tequila. — Hernando comentou como se estivesse sugerindo algo.

— Perfeito pra Mia sair de lá carregada. — Leslie falou, alguns riram e Mia apensas deu um sorriso largo e sem vergonha enquanto se inclinava para devolver o celular a Finch, acabou dando de cara com uma sobrancelha arqueada quando olhou para frente e viu a mãe.

— Eu nunca saí carregada de nenhuma festa. — pontuou para a Palermo mais velha. — Não acredite neles, Mamma! — apontou para a mulher.

— Nós somos pura fonte de informações verdadeiras sobre a sua filha, mas isso não vem ao caso agora, você deve ir com a gente, Mamma. — Rose falou para Vera. Todos concordaram com acenos de cabeça.

— Esse lugar não é lugar para uma velha como eu, queridos. E além do mais eu tenho certeza que a Mia não iria gostar de ir para a balada com a mãe. — justificou-se.

— Você está maravilhosa, Vera. — Helena pontuou como se estivesse dizendo o obvio.

— Seria um alvo em tanto para as sugar mommy’s que existem por aí. — Hernando comentou, o que arrancou uma risada da mulher mais velha.

— E não seja antiquada, Mamma, eu não me importaria de ir à balada com você, já te chamei várias vezes. — Mia imediatamente corrigiu a mulher mais velha.

— Talvez numa próxima vez quando me avisarem com bem mais antecedência. — a mais velha enfim deu a sua resposta definitiva sobre o assunto como se estivesse dando uma bronca por ter sido avisada da festa tão em cima da hora, tinha compromisso no dia seguinte.

— Tenho certeza que da próxima vez vai arrumar uma desculpa! — Leslie acusou. Alguns riram com a acusação e a maioria é claro, concordou.

— Mas voltando ao assunto mais importante aqui. Vamos todos? — Hernando questionou já animado, era um festeiro nato.

— Com certeza. — Rose comentou.

— Já sabem que amanhã trabalho lá. — Charlie avisou.

— O que significa... — Finch começou.

— Bebida com desconto. — todo mundo completou em uníssono e alguns riram com isso.

— Você vai? — Helena questionou em um tom baixo ao encarar Amélia.

— Vamos jantar amanhã. — a Designer respondeu de imediato como se sua resposta fosse obvia.

A mexicana negou com um aceno de cabeça.

— Podemos remarcar, não tem problema. Certamente você não vai querer perder o open bar de Tequila. — arqueou uma sobrancelha como se estivesse acusando Mia de algo.

Mia riu com o olhar que recebera e deu de ombros.

— O convite se estende a nós duas, Helena. — comentou em tom baixinho como se estivesse a provocando, aquela troca de olhares, às sobrancelhas arqueadas e uma intensidade crescendo entre as duas.

— Meu Deus, de novo! — Leslie comentou em alto tom e mais uma vez começou a se abanar com o travesseiro.

— É uma tensão sexual absurda. — Rose comentou em tom sério enquanto olhava para Helena e Mia como se estivesse as avaliando.

— Vocês ainda não trans*ram? — Finch questionou em tom surpreso enquanto levava a mão ao peito.

Mia levou a mão ao rosto enquanto baixava um pouco a cabeça e balançasse a cabeça de forma negativa como se estivesse impaciente por mais uma vez estar sendo alvo de toda a atenção daquele grupo, mas no fundo estava só escondendo a própria vergonha que sentira diante a pergunta de Finch. Helena por sua vez apenas sorriu de forma um pouco larga, porém, obviamente, não respondera aquela pergunta.

— Agora tudo está explicado. — Leslie comentou enquanto balançava a cabeça de forma positiva.

— Mudando de assunto, mudando de assunto! — Mia exasperou-se o que novamente arrancou uma pequena risada de Helena. — A Helena não quer ir amanhã!

E assim, o que transcorreu a seguir, fora uma longa série de argumentos tentando convencer a Artista Plástica a ir para a balada na noite seguinte e isso durou alguns bons minutos. Chegaram ao acordo de que Helena iria pensar e daria a resposta no dia seguinte e por fim, tendo em mente o quão tarde estava, todos finalmente se despediram, todo o grupo primeiro deixou Vera em sua casa para finalmente dividirem-se em seus carros e com suas caronas para irem para casa. Charlie levou Rose em sua moto, Finch morava próximo a Drew e por isso fora de carona com Hernando, e Leslie fora com Mia e Helena.

— Então vocês duas se conheceram na faculdade? — Helena questionou enquanto se ajeitava um pouco para poder olhar para Leslie sentada atrás do banco do motorista.

— Isso. Mais precisamente em uma festa no campus, eu estava no meio de uma desilusão amorosa, tão bêbada que não lembrava nem o meu nome e mais bêbada ainda para não ter consciência de nada. Então a Mia notou meu estado e cuidou de mim durante toda a festa mesmo sem nem me conhecer. — Leslie explicava enquanto tinha um sorriso orgulhoso nos lábios, Mia tinha o mesmo sorriso enquanto ouvia tudo em silêncio.

— Sim, por causa de você eu perdi toda a festa e você ainda vomitou no meu sapato. — Mia reclamou e olhou para a amiga pelo retrovisor interno do carro.

— É, Amélia tem um belíssimo senso de ajuda ao próximo. — Helena comentou e deu uma pequena risada das próprias palavras, cruzou as pernas devagar para ficar mais confortável enquanto a mão esquerda era apoiada na coxa da motorista de forma quase inconsciente.

— Ela tem mesmo, cuidou de mim até que eu ficasse bem, depois disso obviamente nunca mais larguei essa garota. Que bom que na época você era hétero, Mia, ou seria mais uma desilusão amorosa na minha vida.

— Ou não. — Mia a corrigiu e Leslie deu de ombros.

— Ou não, mas você é muito chata, com certeza seria. — Les rebateu.

— Eu concordo. — Helena comentou e recebeu um olhar semicerrado de Mia.

 

— Eu compenso com outros requisitos. — a morena deu um sorriso orgulhoso o que arrancou uma breve risada das duas outras mulheres.

— Como a Amélia era na faculdade? — Helena questionou e deu um sorriso um pouco largo, um sorriso de quem estava prestes a se aproveitar daquela situação.

— Perfeita. — Leslie respondeu de imediato como se isso fosse uma grande revelação. — Nunca perdeu uma aula sequer, mesmo quando estava de ressaca. Virava a noite bebendo nas festas, mas nunca, jamais deixou de estudar.

— Eu ia para as aulas com roupas de festa. — Mia falou enquanto ria, porém tinha toda a sua atenção focada nas estradas vazias devido ao horário que já passava das 1 da manhã.

— E havia o Hansel. — Leslie pontuou.

Mia se limitou a acenar de forma positiva com a cabeça, Helena a encarou por breves segundos.

— Namorado? — questionou e Mia a encarou por breves segundos antes de concordar com um aceno de cabeça.

— Era a versão masculina da Mia, perfeitinho e louco das festas. Era engraçado, pareciam irmãos. — Les riu com as lembranças que vinham à mente e Helena deu um sorriso um pouco largo ao imaginar uma versão masculina de Mia, encarou a motorista para fazer gracinha com isso, mas a expressão contida de Mia fez Helena se conter em fazer gracinha, havia algo por trás daquilo que fez Helena pensar que Mia não iria gostar de continuar naquele assunto. — Oh! Olha só! — Leslie falou mais alto e de forma animada e esticou as mãos pedindo a mão de Helena. A mexicana acatou ao se ajeitar um pouco e quando entendeu que Leslie queria que ela sentisse a sua barriga ela precisou se esticar um pouco até espalmar a mão no barrigão aparente. Mordeu o lábio inferior, um tanto ansiosa enquanto olhava para um ponto qualquer, então sentiu. O chute bem na palma de sua mão fez um sorriso extremamente bobo surgir em seus lábios. — Sentiu? Ele sente toda vez que está chegando em casa, começa a chutar igual um louco. Está com saudade do papai não é? — a grávida falou enquanto encarava a própria barriga e ainda segurava a mão de Helena espalmada nela.

— Você vai ter um pequeno agitado. — A mexicana sussurrou enquanto olhava fixamente para a barriga de Leslie, mesmo que o interior do carro estivesse meio escuro.

Mia observou toda a cena pelo retrovisor do carro e sorriu fraco de forma triste ao imaginar tudo o que podia estar se passando pela cabeça de Helena naquele momento.

— Olha só quem está na porta. — Mia falou e se abaixou um pouco para a alguns bons metros a frente ver o homem alto e um pouco acima do peso vestido com roupas de dormir e um roupão parado bem no meio da varanda iluminada da casa.

Helena virou-se e se ajeitou no banco tendo então que tirar a mão da barriga de Leslie para ver o homem parado na varanda, entendeu de imediato quem era enquanto o carro ia se aproximando até parar bem na frente da residência. Leslie logo saiu do carro em silêncio e imediatamente Mia já foi baixando os vidros do veículo. A jovem grávida apareceu primeiro em sua janela e inclinou-se para dar beijos seguidos no rosto da amiga.

— Me ligue mais vezes, sinto saudade de fofocar com você. — ela falou em tom baixo enquanto abraçava a amiga.

— Prometo que vou ligar. — Mia respondeu em meio ao abraço desajeitado pela janela do carro e deu um ultimo beijo bem demorado no rosto da amiga.

— Não faz com ela o que fez com o Charlie, da pra ver o jeito que você olha pra ela. — o sussurro foi extremamente baixo ao pé de seu ouvido e quando Leslie se afastou Mia a encarou com ambas as sobrancelhas arqueadas e a expressão surpresa, sentiu o rosto esquentar enquanto baixava o olhar. Já Leslie apenas se afastava com um sorriso no rosto e ia dando a volta no carro.

Helena já fez diferente, fez questão de descer do carro para se despedir de Leslie com um abraço bem apertado. Abraçou a mulher mais baixa pelos ombros enquanto sentia sua cintura sendo apertada pelos braços da jovem. Helena riu quando sentiu o movimento contra sua barriga colada a barriga de Leslie, era o bebê mais uma vez se mexendo.

— Posso imaginar como você deve sofrer com toda essa movimentação. — Helena falou enquanto se afastava para olhar a mulher.

— Ele ta ansioso pra ouvir o pai cantando pra ele. — Leslie falou de forma boba e em seguida olhou para o marido que agora vinha andando em direção as duas. — Foi um prazer mesmo te conhecer, Helena. Eu vou pedir seu número a Mia e definitivamente vamos conversar mais. Talvez uma entrevista exclusiva? — a jovem arqueou ambas as sobrancelhas como se estivesse insinuando algo, mas isso apenas arrancou uma boa risada da mexicana.

— Boa noite, moças. — Blake, marido de Leslie, saudou assim que se aproximou o suficiente.

— Blake! — Mia chamou de dentro do carro e inclinou-se um pouco para conseguir ver o amigo. — Você está mais gordo!

— Não é gordura, é gravidez. — o homem pontuou de forma séria enquanto erguia o dedo indicador.

— Quando estou enjoada ele também sente. — Leslie comentou enquanto um sorriso largo surgia em seus lábios ao mesmo tempo em que abraçava o marido pela cintura.

— Oi, você deve ser nova no grupo. — Blake falou para Helena enquanto já estendia a mão para a mexicana. — Sou Blake.

— Helena, é um prazer te conhecer Blake, a Leslie falou muito bem de você. — Helena falou de forma educada enquanto apertava a mão do homem.

— É o novo caso da Mia. — Leslie falou baixo ainda sem soltar o marido.

— O que?! — explanou de forma surpresa e olhou para Mia ainda dentro do carro.

A designer de interiores começou a rir.

— Vamos, Helena! Se você ficar mais um segundo aí fora eles não vão deixar a gente ir embora! — Mia implorou em tom divertido.

— Tem certeza que não querem entrar pra tomar um café? — Blake brincou enquanto dava um sorriso largo e ia envolvendo o corpo da esposa com os braços de forma carinhosa.

— Helena!!! — Mia chamou novamente, um pouco mais alto desta vez, o que arrancou uma boa risada dos demais enquanto Helena acatava o pedido de Mia e entrava no carro.

— Numa próxima vez e mais cedo, eu adoraria. — a mexicana falou enquanto fechava a porta e dava um sorriso para o casal.

— Obrigado por cuidarem da minha mulher. — Blake agradeceu.

— Da próxima vez você vai ter que ir Blake. — Mia alertou enquanto voltava a colocar o cinto assim como Helena também o fazia.

— Até a próxima e parabéns pelo pequeno. — Helena acenou com a cabeça para a barriga de Leslie e enquanto o casal agradecia e acenava em despedida Mia enfim acelerava e devagar se afastava do casal, acionou os vidros do carro deixando que subissem automaticamente e enfim, depois de dias, ficando a sós com Helena.

— Então quer dizer que agora eu me tornei o seu novo caso. — a mexicana provocou enquanto se ajeitava no banco para ficar olhando para Mia como sempre gostava de fazer. Adorava vê-la dirigindo.

— Você é mais do que só um caso. — Mia falou de maneira repentina e sem pensar.

Helena arqueou ambas as sobrancelhas sendo pega de surpresa pela resposta direta. Mia, só depois do que havia falado, olhou para Helena com o mesmo olhar surpreso. Xingou-se mentalmente por ter dito aquilo sem ter pensado e quis esconder a cara em qualquer lugar possível.

— Olhe para a estrada, Amélia. — Helena mandou enquanto um sorriso surgia em seus lábios.

Mia pigarreou enquanto voltava a olhar para a estrada ainda completamente sem jeito, apoiou o braço esquerdo na porta ao seu lado e em seguida apoiou a cabeça em sua mão, apertou suas têmporas por um breve momento como se ainda estivesse se xingando. Já Helena realmente não sabia o que falar sobre aquilo, havia ficado tão sem jeito quanto Mia, apesar de saber disfarçar muito melhor, mas por algum motivo ela realmente não conseguia deixar de sorrir com toda aquela situação, sentia-se muito bem.

— Então... — a mexicana mordeu o lábio inferior com um pouco de força enquanto seguia olhando para a morena agora mais concentrada na estrada. — Você e o Charlie, hm?! — provocou e arqueou uma sobrancelha.

— O Charlie sempre foi só um bom amigo, sex* quando eu queria. — a morena foi explicando enquanto manobrava o carro com calma ao virar uma esquina. — E um bom ouvinte também, me ouviu muito reclamar sobre você.

— É por isso que ele me conheceu logo de cara assim que falei meu nome. — a mexicana recordou-se do momento. Mia acenou de forma positiva com a cabeça.

— Mamma disse que eu estava o usando já que não queria nada com ele. Então era muito errado, me senti mal e pus um fim. — explicou de maneira calma e agradeceu mentalmente por Helena não ter comentado absolutamente nada sobre o que ela havia falado. Mas claro que havia omitido uma ou outra coisa, já bastava o fato de ter dito aquilo sem pensar.

— Você compartilha tudo com a sua mãe? — questionou, não se sentia de forma alguma incomodada com o fato de Mia ter tido um caso com Charlie e logo em seguida ela ter sido apresentada a ele, achava algo extremamente natural.

— Quase tudo, menos as partes que eu sei que ela não vai gostar.

— Como as vezes que você saiu carregada de alguma festa.

Mia riu.

— Sim, exatamente isso. Mas ela sempre foi muito companheira e nunca me julgou por nada que eu fiz. — a morena foi explicando, os olhos não desviavam em momento algum da estrada. — Quando não gostava de algo, pontuava as coisas que não havia gostado, mas era sempre toda ouvidos pra eu tentar fazer ela mudar de ideia. E se não mudasse ela só pedia, com todo respeito, que eu tivesse mais atenção ou consciência da próxima vez. O Papa não era muito diferente, apesar de eu poupar ele dos detalhes mais sórdidos como minha primeira vez e meus namoradinhos. Ele era muito compreensivo, mas bem protetor e ciumento.

— Ele era o tipo de pai que tinha que pedir permissão pra namorar? — Helena questionou em um tom risonho o que levou Mia a dar uma pequena risada enquanto acenava de forma positiva com a cabeça.

— Ele era sim. Meu primeiro namoro sério quando eu já era maior de idade, teve que acontecer o pedido, mas não sem antes toda uma briga entre eu e ele, nós brigávamos muito e por qualquer coisa quando nossas ideias divergiam. — a morena erguia hora ou outra uma mão para poder expressar-se melhor e gesticular, a outra mantinha-se firme no volante. — Então quando ele descobriu que eu estava namorando sério, ele exigiu que o garoto fosse pedir permissão para me namorar, caso contrário, não haveria namoro.

— Vocês brigaram por isso?

— Brigamos muito feio. — deu um ênfase no “muito” e riu por alguns segundos antes de continuar. — Basicamente por que eu achava essa ideia extremamente machista, pedir permissão a ele para namorar, ele permitindo ou não eu continuaria namorando por que ele não tinha controle sobre meus sentimentos e eu já era maior de idade. Já ele via isso como uma forma de respeito.

— É muito a sua cara brigar por isso.

Mia riu mais uma vez e acenou de forma positiva com a cabeça antes de continuar.

— Acabou que no fim ele cedeu, disse que não queria me controlar como parecia, mas só queria saber se o cara era bom ou não para mim, coisa de pai super protetor. — deu de ombros enquanto voltava a segurar o volante com ambas as mãos para mais uma vez virar uma esquina. — Convoquei uma noite em família, fiz um jantar, convidei meu namorado e o apresentei ao meu pai. Eles se deram muito bem e no fim meu pai falou “Eu permito esse relacionamento.”

— Imagino você olhando pra ele com aquela cara de “Você me paga.”— Helena falou baixinho, não deixava de sorrir com aquela história, desde a noite em que Mia aparecera na porta de sua casa percebeu que gostava de ver a morena falando sobre o pai, dava para sentir em cada palavra dita pela mulher, o sentimento que ela tinha pelo falecido pai. — Esse namorado foi o Hansel? — o sorriso sumiu por um momento, umedeceu os lábios devagar enquanto imaginava estar entrando em um assunto delicado.

— Você percebeu, não é? — Mia questionou enquanto dava um sorriso de canto.

— Você não é nada boa em esconder suas emoções. — Helena falou em tom baixinho e deu um sorriso de canto, achava isso algo extremamente adorável em Mia. Havia é claro percebido como o nome do ex havia afetado, de certa forma, o humor da morena. — O que aconteceu entre vocês?

— É uma história bem chata...

— Se é sobre você não é chata, Amélia.

Mia desviou os olhos da estrada para encarar Helena depois que ouviu aquilo e teve que respirar fundo para acalmar o pulo que seu coração deu. 

— A estrada...

Mia riu enquanto desviava o olhar novamente para encarar a estrada e respirou fundo mais uma vez enquanto deslizava as mãos pelo volante, já estava próxima a casa de Helena.

— Eu era extremamente apaixonada por ele e sabia muito bem que o amor era completamente recíproco. Era um cara com quem eu formaria uma família sem pensar duas vezes e por um tempo realmente achei que ele era o cara. Não que eu fosse aquele tipo de garota que acredita no primeiro amor. — foi falando em tom baixo, sabendo que por estarem dentro de um carro fechado, Helena ouviria muito bem. — Nunca acreditei e ele muito menos foi meu primeiro amor.

— O que ele fez? — Helena questionou enquanto franzia um pouco o cenho. Mia deu de ombros de forma imediata.

— Ele não fez nada. — ela olhou brevemente para Helena, mas desviou logo o olhar. — Fui eu que o magoei e feio por sinal, me sinto mal por isso até hoje, por isso o assunto me incomoda. —umedeceu os lábios devagar e tamborilou os dedos no volante por alguns segundos.

— E o que você fez? — Helena insistiu, naquele mesmo tom de quem estava tomando todo cuidado para escolher as palavras certas.

Mia ficou em silêncio por um tempo, tempo este que foi o que faltava para chegarem à casa de Helena. A Designer parou o carro bem na frente e em seguida desligou o farol do mesmo sabendo que Helena não iria descer imediatamente já que ainda estavam conversando.

— Eu não o traí...

— Eu não pensei nisso.

Mia olhou para o lado e mesmo no parcial escuro dentro do carro pode encarar os olhos de Helena.

— Quando o Pappa morreu e eu vi o sofrimento da Mamma eu tive muito medo. Muito medo mesmo, foi um terror tão insuportável de perder mais alguém que eu amo assim como a Mamma e passar pela mesma coisa que eu simplesmente... — gesticulou com as mãos enquanto olhava para elas. — Me afastei.

— Você se afastou por medo de perder ele? — Helena arqueou uma sobrancelha e Mia acenou de forma positiva com a cabeça.

— Acho que sim. — ela respondeu e deu de ombros. — Eu fiquei tão abalada com o sofrimento da Mamma e com o meu próprio que eu me fechei completamente. Eu tive medo de me permitir amar tanto alguém assim e depois sofrer tanto. Então quando eu olhava para ele, apesar de ainda amá-lo, eu não conseguia sentir mais nada além de desconforto.

— As pessoas tem formas diferentes de lidar com o luto, a culpa não foi sua. Não vejo dessa forma, de verdade. — Helena falou naquele tom compreensivo que acalmaria qualquer coração. Esticou a mão esquerda levando-a até os cabelos da morena, os dedos se emaranharam nos fios negros devagar em um afago lento, viu os resultados do afago de forma imediata, Mia relaxou, fechou os olhos e recostou-se melhor contra o banco do carro.

— Pior que eu sei disso, mas continua não sendo legal a forma que eu tratei ele. — ergueu a mão direita e tocou o pulso de Helena para poder virar o rosto e dar um beijo na palma da mão dela, um beijo um pouco demorado que arrancou um sorriso de Helena.

— Você não quer entrar? — Helena convidou e Mia imediatamente negou com um aceno de cabeça.

— Eu não posso, se eu entrar eu não vou sair da sua casa nem tão cedo, já está tarde e eu preciso acordar cedo amanhã, trabalho. — justificou a sua negativa.

— Seu trabalho come muito o seu tempo. — Helena reclamou, mas o fizera em um tom divertido enquanto retirava o cinto que a prendia no banco.

— Pelo menos eu posso dizer que gosto disso. — a Designer deu de ombros enquanto via Helena se movendo ao seu lado e se ajeitando até começar a se erguer do banco em que estava. — O que você ta faz... Helena?! — a morena começou a rir e Helena a acompanhou enquanto se ajeitava e ia passando para o outro banco onde Mia estava, encaixou o joelho de um lado contra a porta do motorista, segurou no banco em que Mia estava e se ajeitou até que estivesse sentada no colo de Mia mais uma vez, de frente para ela. As coxas se fecharam um pouco apertando o corpo da Designer entre elas e deu um sorriso orgulhoso e bem largo enquanto via Mia rindo. Quando a risada da designer cessou ficou no lugar um sorriso largo e cumplice.

— Você não quer entrar pra eu te beijar a vontade, resolvemos isso aqui. — Helena se justificou, perfeitamente sentada no colo de Mia. — E além do mais eu preciso te agradecer, não podia fazer isso só sentada do seu lado dentro de um carro. — explicou enquanto desprendia o cinto de segurança de Mia para dar mais liberdade à morena abaixo de sí.

—Precisa me agradecer? — Mia questionou enquanto erguia as mãos e as espalmava em cada coxa de Helena. A morena viu um lampejo de satisfação passar pelos olhos da artista quando sentiu o toque.

— Por ter insistido com a questão da terapia. — Helena falou em um tom mais baixo e as mãos se espalmaram sobre as mãos de Mia em suas coxas e foram subindo devagar pelos braços dela em uma carícia bem leve.

— Então finalmente você vai me dizer como foi. — Mia falou no mesmo tom de voz, mas no fim deu um sorrisinho satisfeito enquanto sentia o corpo inteiro se arrepiar só com as carícias em seus braços, carícias que iam subindo cada vez mais até sentir ambas as mãos de Helena em seu pescoço. Os dedos da artista se enroscaram na nuca de Mia enquanto ela ia se inclinando um pouco.

— Prometo dizer cada detalhe. — sussurrou. Helena realmente tinha a intenção de agradecer Mia devidamente, de conversarem sobre como foi a sua consulta, mas de verdade, naquele momento ela não conseguia pensar em outra coisa além de beijar aquela morena abaixo de sí, estava sedenta por aquela boca há horas já que toda vez que tentava beijar Mia da forma que queria, as duas eram interrompidas pelos amigos dela.

Mia não estava diferente, apesar de estar a dias insistindo para que Helena lhe contasse como foi, naquele momento já havia se perdido em Helena há algum tempo, o corpo estava inteiramente arrepiado e elas sequer haviam se beijado. O interior do carro parcialmente escuro só fazia o clima esquentar ainda mais ali dentro. Helena inclinou-se um pouco mais, os lábios roçaram nos lábios de Mia de forma bem lenta, como se estivesse a atiçando.

— Seus amigos são maravilhosos, mas eu já estava enlouquecendo de vontade de te beijar sem ser interrompida. — Helena sussurrou contra os lábios de Mia, que deu uma pequena risada, não tinha como concordar mais.

Então, finalmente, o beijo aconteceu, os lábios se encaixaram perfeitamente e as línguas se esticaram ao mesmo tempo, a procura uma da outra para se enroscarem em um esfregar extremamente lento e gostoso. O beijo transbordava saudade e escorria desejo por entre os lábios, era extremamente lento, tão lento que parecia que o tempo havia parado para que aquele momento acontecesse. O arrepio no corpo de ambas foi sincronizado, como se ambos os corpos agradecessem por finalmente aquela união acontecer. Helena abriu um pouco a boca e uma arfada escapou contra os lábios de Mia assim que sentiu as mãos da garota subirem por suas coxas de uma forma tão firme que fez sua pele queimar.

A mão esquerda deslizou pela nuca de Mia e foi deslizando até chegar ao ombro em um meio abraço que foi responsável por fazer o corpo das mulheres colarem um ao outro. A mão direita de Helena foi descendo, deslizando mais uma vez pelo braço de Mia, as unhas se arrastando pela pele macia, cheirosa e tão quente até alcançar a mão de Mia já dentro de seu vestido. Apertou a mão da Designer e puxou-a para cima adentrando mais o vestido, fazendo-o subir, felizmente era folgado na região do quadril. Puxou a mão de Mia para cima até que a mão estivesse espalmada bem na lateral de seu quadril, em cima do fio fino da calcinha que Helena usava. Mia subiu a outra mão para tocar Helena melhor, quanto mais as mãos subiam mais calor sentia.

Mia enroscou os polegares no fio da calcinha, deixando-os entre a pele e o tecido e as mãos deslizaram mais até que os dedos tocassem a bunda farta que Helena tinha.

— Puxa. — Helena sussurrou contra a boca de Mia, o beijo se quebrando apenas por isso, mordeu o lábio inferior da Designer, abriu os olhos devagar, muito pouco, mal enxergou Mia. Já Mia sabia muito bem a que Helena havia se referido tanto que voltou há deslizar um pouco as mãos para conseguir a liberdade de enroscar também os polegares no fio da calcinha, os enroscou e deu uma meia volta. Helena sorriu contra a boca da morena. — Puxa. — repetiu, a ansiedade, a ideia, fez o seu interior queimar até escorrer diretamente para a peça de roupa que Mia segurava. E fora só um beijo...

Mia riu contra a boca de Helena, uma risadinha que transbordava de tanta safadeza, de quem estava aprontando algo, não respondeu Helena e muito menos acatou a sua vontade, apenas se inclinou e voltou a beijá-la com muito mais vontade do que antes enquanto desenroscava os dedos do fio da calcinha e deslizava ambas as mãos pra a bunda, por baixo do vestido, apertou ambas as nádegas de uma vez, ciente demais desde a última vez que haviam ficado daquela forma, que Helena gostava de ser tocada. Helena riu contra a boca de Mia e mordeu o lábio inferior da mulher de forma bem lenta, uma mordidinha que arrepiou o corpo de Mia dos pés a cabeça.

— Você está ficando muito boa nisso. — sussurrou a mexicana contra a boca da outra, selou os lábios dela logo em seguida, apenas um selinho estalado.

— Tive ótimas instruções. — Mia sussurrou de volta enquanto voltava a apoiar a cabeça no encosto do banco, umedeceu os lábios devagar enquanto encarava Helena, o olhar vagando entre os olhos e a boca, quase hipnotizada enquanto pensava o quão linda e sexy Helena estava naquele momento.

Helena umedeceu os lábios devagar enquanto se afastava só um pouquinho para poder olhar melhor para Mia, sentia o gosto da boca dela na sua e isso só lhe dava mais vontade de beijar Amélia até que aquele carro se tornasse pequeno demais para o fogo que crescia dentro de si. As mãos ergueram-se e tocaram o rosto da morena, se enroscaram em alguns fios de cabelo que foram levados para trás da orelha de Mia e em seguida as mãos foram descendo, tocou os braços de Amélia e os acariciou devagar, os dedos roçando na pele macia sem pressa alguma, adorava tocar aquela pele macia e tão quente apesar de, infelizmente, aquela posição e o ambiente limitarem seus toques.

A mão direita se manteve na altura do antebraço de Mia enquanto a esquerda seguiu adentrando o próprio vestido para alcançar a mão de Mia espalmada em sua bunda.

— Você tem certeza que não quer entrar? — questionou em tom baixo enquanto puxava a mão direita da morena, ergueu-a na altura de seu rosto e deu um beijo carinhoso na palma da mão dela antes de enroscar seus dedos nos dela, entrelaçando-os, palma contra palma, apertou os dedos contra os dela e em seguida prensou a mão de Mia contra o encosto de cabeça do banco do motorista, bem acima da cabeça de Mia, deixando ali a sua mão presa com os dedos ainda entrelaçados. — Eu iria adorar descer esses beijos. — sussurrou enquanto erguia a mão livre, tocou os lábios carnudos de Mia com o polegar e deslizou-o para baixo até o queixo e dali começou a descer, agora a ponta do polegar, indicador e dedo do meio deslizavam bem devagar roçando levemente na pele de Mia. Desceram pelo pescoço e continuaram descendo até chegar ao colo e pararam no decote.

Helena via o peito de Mia subindo e descendo mais rápido, ela estava ofegante e podia ver, mesmo no escuro parcial, a pele arrepiada e pode ver principalmente que Mia não usava sutiã por baixo da blusa de algodão um pouco soltinha e com um decote em V não muito exagerado. A mexicana sentiu o aperto forte que Mia deu em sua mão e isso a fez erguer o olhar para encarar o rosto da mulher abaixo de sí, a boca entreaberta e o olhar alerta e fizeram morder o lábio inferior. Mia não havia lhe respondido, mas parecia claro que ela não sabia o que responder, ou sabia e não tinha certeza se deveria.

O corpo de ambas as mulheres parecia quase entrar em combustão e derretiam com um prazer que as surpreendia e só elas sabiam e sentiam o estado das calcinhas que usavam. Helena voltou a baixar o olhar, os dedos ainda parados no decote de Mia para logo em seguida deslizarem para o lado como se, com todo cuidado, explorassem algo que merecia o máximo de atenção. Helena umedeceu os lábios, salivou com sede pelo que via quando o dedo indicador rodeou bem devagar o bico do seio arrepiado em evidência sob o tecido macio da blusa de Mia. E Mia deu uma respirada bem funda, chegou a arquejar, os olhos fixos em Helena, o corpo tremeu com o simples toque e se arrepiou com tanta força que ela sentiu o incômodo em cada seio que roçava contra a blusa. Remexeu-se embaixo de Helena e sentiu as coxas da mulher em seu colo lhe apertando como se estivessem a contendo. Helena de repente sentiu-se extremamente ansiosa com a reação de Mia e seu interior queimava tanto que sentia como se estivesse prestes a pingar. Apertou o quadril de Mia com um pouco mais de força, fora involuntário, não queria apertar ela, a intenção era tentar conter o fogo que sentia entre as pernas.

O polegar foi mais ousado, tocou o bico eriçado, esfregou-se nele devagar e a mão já espalmou-se na lateral do seio farto e já ia subindo, naquele típico movimento de quem estava prestes a encher a mão e dar um aperto gostoso, quando, repentinamente, sentiu o aperto firme em seu pulso parando seu movimento e afastando a sua mão. Arfou com a movimentação rápida de Mia e ergueu o olhar encarando os olhos atentos de Mia que estava tão ofegante quanto antes.

— Ponto fraco? — Helena questionou. Seu coração batia com tanta força pelo pequeno susto por ter sido interrompida que havia acabado por ficar também ofegante.

— Um dos maiores. — Mia sussurrou em resposta enquanto puxava Helena pelo pulso para mais perto e também se inclinava para tomar os lábios da mexicana mais uma vez em um beijo que começou lento e perdurou desse mesmo jeito por mais alguns segundos, lento, cheio de desejo, mas de uma intensidade que nenhum outro beijo que elas deram tinha: Era desejo puro. — Agora já pra fora. — Mia sussurrou contra a boca de Helena.

Helena mantinha-se ainda com os olhos fechados e se recusava a se afastar de Mia mesmo após ouvir aquele sussurro, ela acabou rindo contra a boca de Mia e lhe deu um selinho estalado antes de fazer um “biquinho” com os lábios, mas não fez um movimento sequer para acatar as palavras de Mia.

— Você tem um autocontrole muito grande, Amélia. — umedeceu os lábios mais uma vez enquanto abria os olhos para encarar a mulher, deu um sorrisinho e se afastou só um pouquinho para encara-la.

Mia riu por alguns segundos enquanto apoiava a cabeça no encosto do banco, soltou o pulso de Helena para levar a mão ao rosto e espalmou a mão ali.

— Deus do céu. — sussurrou contra a própria mão e esfregou o rosto brevemente antes de voltar a olhar para Helena, sua outra mão ainda presa contra o banco pela mão de Helena. Ela não tinha a mínima ideia do que fazer e estava tão dividida naquele momento que realmente faltava pouco para surtar, ou para goz*r, o pouco que faltava para os dois estava deixando-a louca.

Helena riu quando viu a reação de Mia, mas aquilo foi mais do que o suficiente para fazê-la recuar, entendeu de imediato que ainda não era a hora certa de investir um pouco mais para fazer Mia ceder, apesar de que tudo o que ela e seu próprio corpo mais queriam era sentir Mia sem toda aquela roupa. Soltou a mão da morena e já foi se afastando e abrindo a porta do carro ao lado delas.

— Haja banho frio a essa hora da madrugada, meu senhor. — falou reclamando em tom divertido enquanto ia saindo devagar do colo de Mia até enfim sair de vez do carro, fora rápida, imaginava que se ficasse mais tempo ali dentro iria insistir mais e não queria acabar causando um desconforto. Fora recebida imediatamente pela diferença de temperatura e era grande, dentro do carro parecia um verdadeiro forno, já fora estava extremamente frio. Assim virou-se para Mia enquanto se apoiava na porta aberta do carro.

— Eu sei que isso é muito chato. — Mia falou em tom baixo como se estivesse prestes a se desculpar, isso fez Helena rir enquanto pendia a cabeça para o lado e continuava olhando para a morena com um sorriso pequeno nos lábios.

— Amélia, apesar de estar morrendo de vontade de foder você dentro desse carro, sua negativa não me trás raiva, frustração ou qualquer coisa do tipo que você deva estar imaginando. — deu de ombros e em seguida apontou para a sua bolsa no banco do passageiro, Mia olhou rapidamente sem entender, mas assim que viu inclinou-se para pegar a bolsa de Helena e então a entregou. — Eu entendo, de verdade, eu não espero que você se descubra repentinamente estando a fim de uma mulher e no dia seguinte transe com ela dentro de um carro. De inseguranças eu entendo muito bem. — explicou enquanto ajeitava a bolsa e colocava a alça sobre seu ombro. — Fique tranquila, a vontade só vai estar maior quando a sua também estiver. — fechou a porta do carro logo em seguida, mas não se afastou, enquanto cruzava os braços via o vidro do carro descendo devagar. — Ligue pra mim quando chegar em casa, vai ser mais seguro conversamos por telefone para eu te agradecer devidamente.

— Então esse não foi o agradecimento? — Mia questionou em um tom divertido, apesar de seu sorriso ainda ter saído um pouco forçado.

Helena riu e inclinou-se pela janela aberta do carro colocando parte do tronco dentro do veículo, inclinou-se em direção a Mia e selou os lábios da Designer em um selinho estalado seguido de mais dois do mesmo jeito.

— Preste atenção na estrada, Amélia. — alertou em tom divertido como se recordasse das vezes que Mia desviou a atenção da estrada e ficou olhando para Helena por tempo demais. Então, a mexicana se afastou e deu a volta no carro a passos um pouco largos, foi praticamente saltitando para casa enquanto Mia observava com um sorriso pequeno nos lábios.

A designer ficou ainda ali parada olhando até que Helena entrasse dentro de casa, claro não sem antes dar um último aceno, e então quando se viu só respirou um pouco fundo e cedeu no banco, bateu a testa contra o volante do carro e gem*u de forma extremamente frustrada enquanto erguia a mão esquerda e tocava nos comandos da porta para os vidros do carro subirem.

— Puta que pariu. — sussurrou e abriu os olhos, encarou o painel do carro, manteve-se na mesma posição antes de erguer o tronco, voltou a dar partida no carro tendo plena consciência de que acabaria fazendo a mesma coisa que a última vez quando ficou paralisada dentro do carro até Helena aparecer em sua janela. Antes de sair dirigindo ligou o som do veículo e pegou seu celular, discou o número de Hernando, o som da chamada ecoou dentro do carro e só então a morena largou o celular no banco ao lado, colocou o cinto e finalmente saiu dali.

— Oi, você já chegou em casa? — Hernando atendeu e a voz do homem ecoou dentro do veículo. Mia respirou fundo novamente enquanto se apoiava um pouco na porta ao seu lado, os olhos focados na estrada.

— Não, eu acabei de deixar a Helena em casa. — explicou enquanto deslizava as mãos pelo volante, se ajeitou um pouco.

— Ok... — Hernando falou em tom mais baixo, Mia ouviu uma breve movimentação, olhou para o som do carro por um momento. — Está no viva voz, desembuche.

— Oi, Drew. — Mia cumprimentou o amigo sabendo que se estava no viva voz era por que Hernando estava acompanhado.

— Oi, meu amor. O que aconteceu? — o namorado de Hernando era muito mais compreensivo e calmo do que Hernando, adorava quando precisava desabafar e tinha os dois para lhe ouvir.

— Acho que estou apaixonada pela Helena. — confessou em tom mais baixo e sentiu um leve alvoroço em seu estômago quando essas palavras saíram de sua boca.

— Não acredito? É sério isso? Você acha mesmo? — Hernando questionou em um tom de voz que transbordava de tanto deboche. — Como você descobriu algo tão obvio, Mia?

— Vai se foder, Hernando! — Mia falou mais alto e de forma um tanto grossa enquanto ouvia a risada conjunta de Hernando e de Drew no outro lado da linha.

— Ai! O que foi? — Hernando questionou e Mia ouviu algumas coisas que não conseguiu entender, imaginava que eram os dois homens se comunicando entre sí. — O que eu quis dizer é que já era meio obvio a forma como você olha para Helena e também a forma que você fala dela. — Hernando falou um pouco mais sério dessa vez e Mia teve absoluta certeza de que Drew havia lhe dado uma bronca.

— Você acha isso ruim? — Drew questionou.

Mia respirou fundo.

— Eu não tenho a mínima ideia do que fazer! — explanou e bateu com as mãos no volante como se estivesse tentando extravasar um pouco dos sentimentos que lhe corroíam. — Eu não sei... Nós acabamos de quase trans*r dentro do carro...

— Que fetiche vocês tem por carro. — Hernando interrompeu momentaneamente as palavras de Mia e a morena riu sem muita vontade com as palavras dele.

— Por que diabos você não ta na cama dela agora e sim ligando pra gente? — Drew questionou.

— Eu não sei. — sussurrou e ficou em silêncio por algum tempo, o silêncio foi mútuo, Hernando e Drew pareciam entender e aguardaram pacientemente as novas palavras de Mia. — E se eu não gostar?

— Você realmente acha que pode não gostar?

— Não. — cedeu e suspirou só de lembrar das coisas que Helena a fazia sentir com simples toques. — Tipo, não é isso...

— Se acalme, você quer vir pra cá? — Hernando questionou e Mia negou com um aceno de cabeça mesmo sabendo que Hernando não veria.

— Tenho que supervisionar a montagem dos quartos amanhã cedo. — respondeu enquanto mentalmente adicionava que também precisava ligar para Helena antes de dormir. — Estou meio perdida.

— Meio? Você está apaixonada pela Helena, Mia, o que não é uma novidade e não é algo difícil de aceitar, até eu me apaixonaria pela Helena e olha que eu nem gostava dela.

— Eu acho que estou apaixonada, Nando. — Mia o corrigiu e Hernando riu do outro lado da linda.

— É claro, perdão. Eu sei que isso deve ser muito assustador pra você em muitos sentidos ainda mais por causa do seu histórico. — Hernando não precisou falar mais do que isso para Mia entender que ele se referia ao seu antigo relacionamento. — Você não deve ter medo de se entregar jamais, você deve sempre ser aberta a novas experiência e a possibilidade de viver plenamente. Helena não é um bicho de sete cabeças, ela é uma mulher simples como você e você jamais deve se sentir intimidada por isso, ela com certeza deve pensar da mesma forma. Vocês são iguais, Mia, a única coisa que difere vocês são suas experiências boas e ruins. — Hernando falava de forma bem pontual para que Mia entendesse muito bem. — A forma que Helena olha pra você é algo entre afeto, admiração e muito tesão, você acha que todo mundo não percebeu? Todas as vezes que a gente pegava vocês duas se encarando como se não existisse nada no mundo além de só vocês. Se olhavam de forma idêntica, como se, claramente ambas sentissem exatamente a mesma coisa naquele momento, era MUITO gostoso olhar pra vocês duas.

— E a Helena é incrível. — Drew falou.

Mia sorriu fraco com as palavras dos amigos enquanto ia manobrando o carro devagar para virar uma esquina, estava chegando em casa finalmente.

— Então para, Mia. Respira fundo e para com suas inseguranças infundadas só por que a Helena é uma mulher. É realmente infundado por que não tem motivo algum pra você se sentir insegura perto da Helena e eu sei que é isso que você sente, eu já senti isso, é intimidador. Mas você não tem motivo pra sentir nada disso quando ta tudo tão escrachado na sua cara.

— E provavelmente também na sua calcinha. — Drew interrompeu o namorado.

Mia deu uma pequena risada com as palavras de Drew e ficou com um pequeno sorriso nos lábios enquanto aguardava que as portas da garagem do prédio se abrissem e logo então voltou a acelerar, manuseando o carro com mais cuidado enquanto dirigia pela garagem entre os outros carros até chegar a sua vaga.

— Eu acabei de chegar no prédio, vou desligar.

— Vai pensar no que falei?

— Eu já estou pensando. — respondeu a Hernando enquanto calmamente ia estacionando o carro na vaga e quando checou se estava tudo certo desligou o carro e olhou em direção ao som do mesmo enquanto relaxava. — Obrigada, mesmo.

A ligação findou-se logo após a despedida de Hernando e de Drew e Mia até então não havia notado como estava cansada, já vinha a dias trabalhando mais do que deveria com novos projetos e isso realmente estava lhe cansando. Tomou um banho mais rápido, estava louca para deitar e assim que o fez, que se aconchegou embaixo do edredom e sentiu o cansaço do dia bater em seu corpo, bocejou enquanto os dedos deslizavam pela tela do celular a procura do contato de Helena e então ligou, colocou o celular no ouvido enquanto mais uma vez bocejava e já fechava os olhos, mas sorriu sem mostrar os dentes quando ouviu a voz do outro lado da linha.

— Você demorou, estava ficando preocupada. — a voz de Helena também parecia sonolenta e fez Mia pensar que ela também já estava na cama.

— Fui direto pro banho, achei melhor tomar banho e me ajeitar na cama antes de te ligar. — explicou-se em um tom baixo.

— Hmm, eu ia gostar de sentir seu cheiro agora.

Mia deu uma pequena risada enquanto se ajeitava na cama e ficava de lado um pouco encolhida, a noite estava fria.

— Está frio não está? — questionou.

— Está, inverno está nos saudando. Gosto dessa época.

— Mais uma coisa em que concordamos. — Mia falou com certa satisfação. — Valeu a pena a noite de hoje?

— Sim, do começo ao fim. — Helena deu uma pequena risada. — Principalmente no fim.

— Hernando disse que nós temos tara por carros. — Mia falou enquanto sorria desta vez de forma um pouco mais larga e abria os olhos enquanto voltava a mexer-se na cama para agora encarar o teto, o sorriso manteve-se largo enquanto ouvia a risada gostosa que Helena dava do outro lado da linha. — E agora ele gosta de você.

— Hmm, finalmente. Lembro quando eu fui no seu trabalho e dei de cara com ele no elevador, senti o ódio no olhar dele.

Mia deu uma boa risada quando soube disso, repentinamente seu sono havia passado.

— É, ele é super protetor.

— E isso é muito bom, a Aly provavelmente faria o mesmo caso você me fizesse algum mal, então é compreensível.

— Temos sorte por ter eles. — Mia sorriu fraco.

— Falando em sorte... — Helena começou em tom um pouco mais baixo. — Obrigada, Amélia. Primeiro pela noite de hoje, eu adorei de verdade cada parte, sua pizza é deliciosa e seus amigos são incríveis. — a mexicana deu uma pequena risada ao lembrar da noite que tivera. — E principalmente, obrigada por ter insistido em me levar à psicóloga. Eu tive sorte de ter você pra fazer isso ou eu não sei quando teria coragem de realmente enfrentar isso.

— Então esse era o agradecimento. — Mia sussurrou com um sorriso extremamente bobo estampado nos lábios ao ouvir tudo aquilo de Helena. Ouviu a risada breve de Helena do outro lado da linha. — Como foi tudo? Fiquei preocupada de verdade com você esses dias.

— Ela é uma pessoa incrível, me passa tranquilidade só me olhando ou falando qualquer coisa comigo. Me deu segurança para eu contar tudo, sabe? Não parecia que ela estava me ouvindo só por que eu estava pagando. E não pareceu nem um pouco surpresa com a Stripper.

Mia deu um sorriso extremamente largo enquanto sentia um alívio tão grande que há muito tempo não sentia.

— O que ela falou sobre isso? — questionou.

— Que é um comportamento muito normal em casos como o meu. Mulheres que passaram por algum tipo de abuso, normalmente sexuais, tendem a desenvolver hipersexualidade, no meu caso, exibicionismo.

Houve um silêncio de ambas as mulheres por alguns segundos, mas Helena logo continuou:

— Pode piorar, desenvolver compulsão sexual e coisas do tipo. — Mia notou a mudança no tom de voz de Helena e tinha absoluta certeza de que isso era algo que realmente a incomodava. — Não tenho controle sobre isso.

— Mas vai ter. — Mia falou em tom mais baixo e respirou um pouco fundo. — Você já deu o primeiro passo pra isso e eu não vou deixar você desistir disso, acredite.

— Isso me assustou um pouco e além do mais a terapia me fez reviver muitas memórias que eu achei que tinha esquecido e gostaria de esquecer. Então foi difícil e vai continuar sendo...

— Até não ser mais. — Mia completou e sorriu de canto, quis dizer muito mais coisas que aquilo, quis dizer que ficaria ao lado de Helena a todo momento e que daria todo o apoio que ela precisasse, mas teve vergonha, não sabia se era a hora certa de falar isso, teve medo de deixar claro que ela podia estar sentindo algo que não deveria tão rápido.

— Até não ser mais. — Helena repetiu e Mia pode jurar que Helena estava sorrindo ao falar aquilo, isso também fez a Designer sorrir.

— Me ligue sempre que precisar, Helena. Quando sua cabeça estiver cheia demais e você quiser esquecer um pouco, ou de madrugada quando tiver um pesadelo e ficar sem rumo. De verdade, eu não me importo de acordar com uma ligação sua se for pra te ajudar. — Mia falou em tom mais baixo, estava sendo extremamente sincera.

Helena deu uma pequena risada.

— Te ligar de madrugada pra você me fazer assistir televendas novamente?

Mia começou a rir com o questionamento da mexicana e logo as risadas de ambas as mulheres se misturaram por alguns segundos.

— Não se faça de orgulhosa, Helena, você ficou louca para comprar aquele esfregão multiuso. — Mia tinha um sorriso largo nos lábios enquanto falava.

— Mas é claro que eu fiquei, eram tantas utilidades em um único esfregão que eu só estava esperando dizer que passava, lavava e cozinhava também.

As duas riram juntas novamente.

— Vamos amanhã com o pessoal pra balada... — Mia insistiu de forma repentina.

— Mia...

— Não... Não nega. Vamos. Você vai se divertir, dançar a vontade, do jeito que você quiser e não por causa de um pesadelo. — explicou devagar e respirou um pouco fundo, alguns segundos em silêncio antes de continuar. — Vai poder dançar comigo e para mim sem qualquer pressão, eu te garanto que vai ser centenas de vezes melhor que as vezes que você dançou pra mim naquele bar e eu vou poder aproveitar dessa vez.

Mia ouviu Helena respirar fundo. Mordeu o lábio inferior com um pouco de força enquanto se ajeitava na cama mais uma vez, tão ansiosa pela resposta que não conseguia ficar quieta.

— Como eu nego algo a você dessa forma?

— A resposta é muito simples, Helena. Você não nega.

A risada baixa de Helena fez Mia sorrir de forma realmente larga.

— Até amanhã, Amélia.

Era essa a confirmação que Mia queria.

— Até amanhã, Helena.

 

®

 

O quadril balançava para lá e para cá de acordo com a música que soava pelo quarto, os olhos fixos no espelho grande do closet enquanto cuidadosamente limpava o canto da boca onde havia sujado com batom, sentia o corpo inteiro formigar por uma ansiedade quase desconhecida, mas que a deixava eufórica. Assim que limpou bem o batom vinho deu um sorriso satisfeito enquanto virava-se um pouco para apreciar a própria aparência. Usava um vestido prateado em paetês, frente única com um belíssimo decote farto e drapeado, as alcinhas finíssimas eram constituídas por correntes acinzentadas, o vestido ia até o meio de suas coxas e na coxa direita havia uma fenda que chegava quase até o quadril. Puxou os cabelos para o lado jogando-os por cima de um ombro para deixar as costas completamente nuas expostas. O sorriso nos lábios deixava muito claro o quão satisfeita estava com o look.

Afastou-se do espelho e foi até sua penteadeira onde em cima havia uma caixa com joias, demorou poucos segundos para achar o colar que queria, o colo exposto estava livre demais precisava de algum colar para realça-lo. Optou por um da mesma cor acinzentada das alças do vestido, o cumprimento era grande o suficiente para que o pingente por pouco não se perdesse entre os seios fartos de Mia livres de qualquer aperto de sutiã e apenas cobertos pelo tecido do vestido que muito não cobria. Deu passos mais largos em direção a cama desta vez onde estava seu celular e olhou a hora, imediatamente segurou o controle do som e o desligou, o celular ficou sobre a cama já que não levaria nada naquela noite, não havia lugar algum para guardar em seu vestido.

A morena olhou-se uma última vez no espelho para ver se estava tudo certo e então saiu desligando as luzes que encontrava ligadas pelo caminho até a porta do apartamento. Estava cansada e não negaria isso, havia trabalhado o dia inteiro, dormira tarde, acordara cedo e passara o dia fora de casa, chegou apenas a noite e teve apenas a oportunidade de comer algo reforçado e dedicar todo o seu tempo para ficar impecável naquela noite e por mais que tentasse se conformar de que gostava de se sentir bonita daquela forma, não se enganava, era obvio que havia caprichado para Helena.

— Cheguei bebês! — Mia falou assim que passou pela porta do apartamento de Hernando e via ambos os homens sentados no sofá da sala conversando.

— Caralh*!! — Hernando falou quase em um grito assim que viu a amiga, começou então a bater palmas enquanto Drew começou a assoviar.

Mia riu enquanto fazia pose e em seguida dava uma voltinha para que os homens vissem completamente seu vestido.

— Garota! — Hernando explanou. — Você quer matar todas as sapatões de plantão?

— Acho que ela só quer matar uma hoje. — Drew falou em tom brincalhão enquanto erguia-se do sofá e ia em direção a Mia para poder abraçar a amiga. — E ainda está deliciosa de tão cheirosa.

E após uma breve sessão de fotos entre os três amigos enquanto esperavam o Uber chegar finalmente lá estavam espremidos no banco traseiro do veículo.

— Vamos pegar a Helena? — Drew questionou.

— Não, direto pra boate, ela disse que se atrasaria um pouco, mas nos encontraria lá e eu expliquei mais ou menos onde sempre costumamos ficar. — a morena explicou enquanto se ajeitava um pouco e cruzava as pernas com certo cuidado para não revelar demais e não ser alvo de olhares indesejados do motorista, o que já havia acontecido em vezes anteriores, estava sentada entre Hernando e Drew.

— A Les mandou mensagem dizendo que não vai, o nosso pequeno está agitado hoje então nada está parando no estômago dela. — Hernando falou enquanto já digitava uma resposta no celular.

— Não acredito! — Mia e Drew falaram quase ao mesmo tempo. A morena gem*u em descontento, quase um choro enquanto inclinava-se um pouco em direção a Hernando para ver o que ele respondia. — Deseje melhoras a ela, da última vez que ela teve esses enjoos foi mais de uma semana pra ficar bem.

— Lembro bem disso, ela reclamava tanto que todos nós estávamos ficando enjoados por tabela. — Drew comentou e deu uma pequena risada com as lembranças que vieram a sua cabeça.

— Rose e Finch já estão lá na porta nos esperando e Charlie ta dentro. — Hernando anunciou enquanto travava o celular para poder guardar no bolso.

— Hoje a noite promete. — o sorriso largo e satisfeito se formou nos lábios de Mia enquanto mais uma vez sentia o corpo inteiro formigar por ansiedade.

A frente da boate estava toda iluminada com cores bem vivas e como quase sempre acontecia quando haviam festas grandes, a frente do lugar estava cheia de pessoas animadas em conversas paralelas para todos os lados. As vestimentas eram das mais variáveis possíveis, alguns que levavam a risca o tema latino, outros que estavam ali para brilhar e usavam roupas que destacavam-se completamente entre todos, homens barbudos com as barbas brilhando e tingidas de cores diferentes, drag queens em seus saltos plataformas desfilavam para lá e para cá e todo aquele ambiente trazia um acolhimento sem igual tanto para Mia quanto para Hernando e toda a sua roda de amigos. Uma música ecoava por toda a rua dando um plano de fundo animado para todos ali e muitos já pareciam aquecer com bebidas em suas mãos, como se estivessem preparando o corpo para poder entrar na boate.

O encontro de Mia e o resto de seus amigos não demorou a acontecer e pela frequência com a qual aquele grupo, Rose, Finch, Hernando, Drew e Mia, frequentavam aquele lugar era típico que conhecessem uma boa quantidade de gente e foi por isso que passaram um tempo ali fora, em partes esperando a chegada de Helena e também conversando com todos os conhecidos que aparecia e vinha cumprimenta-los. De qualquer forma não passaram mais do que trinta minutos em frente à boate, levando em conta o fato de que Mia e Helena já haviam conversado e combinado o local para se encontrarem lá dentro, desistiram de esperar a mexicana e todos entraram no ambiente agitado e cheio. A decoração lá dentro estava diferente de como era normalmente, a começar pelo teto que estava quase lotado de balões espelhados e quadrados onde dentro deles havia uma lâmpada de um vermelho alaranjado que iluminava o ambiente inteiro como se tudo estivesse pegando fogo. Nas paredes eram projetadas figuras aleatórias e de diversas cores que serviam para colorir todo o ambiente. Estava quente, mas não era um calor forte a ponto de incomodar, era apenas devido à quantidade de pessoas se movendo freneticamente na pista de dança.

— Olha a hora do aquecimento! — Charlie falou alto enquanto se aproximava da mesa alta onde todos estavam em volta, o homem carregava consigo uma bandeja com diversos shots de tequila e algumas cervejas. — Tudo por conta da casa pra começar bem à noite. — o homem falou enquanto dava um sorriso largo. Era um dos benefícios de ser o barman naquela noite.

— É por isso que você sempre acaba sendo demitido de alguma forma. — Mia brincou enquanto abraçava o homem pela cintura de forma carinhosa e recebia um beijo no topo da cabeça.

— Você ta gostosa pra caralh*. — Charlie falou enquanto segurava se afastava um pouco e fazia questão de olhar um pouco mais, o que levou Mia a rir.

— Ela caprichou hoje. De verdade, porr*, Mia, eu te comeria com facilidade. — Finch falou como se isso fosse obvio enquanto pegava um dos shots de tequila que Charlie trouxera.

— Todos sabemos pra quem ela caprichou. — Rose falou enquanto era abraçada por Charlie que ia cumprimentando cada um dos amigos.

Mia se limitou apenas a sorrir de forma bem larga e orgulhosa como se deixasse claro que não se importava com o fato de todos saberem que ela havia mesmo se arrumado daquela forma para Helena.

— Falando nela... — Drew comentou e apontou em uma direção.

Amélia imediatamente sentiu o coração acelerar enquanto virava um pouco o corpo para olhar na direção que Drew havia apontado e imediatamente viu aquela bela mulher se destacando dentre as pessoas. Helena parecia ainda não ter notado, olhava em volta, mas como quem parece sentir que estava sendo observada, repentinamente seu olhar encontrou o de Mia, como se um imã o puxasse, e um sorriso se formou nos lábios da Mexicana. Aquele sorriso largo com tons de safadeza que sempre mexia com Mia.

A designer umedeceu os lábios devagar e sentiu o corpo se arrepiar assim que viu aquele olhar de Helena. A mexicana parecia lhe admirar dos pés a cabeça e Mia realmente se sentiu vitoriosa depois de ter se esforçado para se arrumar um pouquinho mais naquela noite.

— Uau. — Helena falou assim que se aproximou o suficiente para se ouvida. As mulheres trocaram sorrisos largos e cúmplices enquanto se aproximavam ao mesmo tempo, Mia fora erguendo os braços e as mãos de Helena foram envolvendo a cintura dela até enfim se abraçaram. — Só agora me dei conta de que nunca te vi arrumada para uma festa. Eu poderia voltar pra casa agora que minha noite teria valido muito a pena. — falava ao pé do ouvido de Mia enquanto apertava o corpo da morena em meio ao abraço. As mãos deslizaram devagar pelas costas nuas, uma doce surpresa que só tornou aquele vestido ainda mais perfeito aos olhos de Helena.

Mia deu uma boa risada assim que ouviu as palavras de Helena e se afastou só um pouco, mas sem afastar de fato o corpo colado ao de Helena. Os braços mantiveram-se ao redor dos ombros da morena enquanto a olhava com um sorriso pequeno nos lábios, pequeno e muito satisfeito. Helena sentiu um certo alvoroço em seu estômago enquanto olhava para aquele sorriso, um sorriso claro de quem estava muito feliz em vê-la, podia ver nos olhos de Mia que ela estava feliz por Helena ter vindo.

Mia afastou um pouco os braços até que as mãos tocassem o rosto de Helena de forma carinhosa, olhou para o cabelo bem arrumado dela, o lado esquerdo estava preso por duas tranças feitas na raiz deixando assim todo o cabelo acumulado e solto no lado direito.

— Você está maravilhosa. — Mia falou enquanto ainda sorria.

— Já vão começar novamente! — Rose falou um pouco alto e Mia olhou para trás para encarar a amida enquanto começava a rir.

— Vão se foder. — Amélia falou em um tom mais alto para que todos ouvissem. Helena se limitou a rir enquanto se inclinava para colar os lábios no rosto de Mia para dar alguns beijos seguidos e estalados antes de se afastar para ir cumprimentar os outros.

A mexicana, que naquela noite além de ter caprichado um pouco mais nos cabelos, vestia um short preto e justo de cintura alta, não cobria nem metade de suas coxas, tinha um par de suspensórios não muito grossos presos no short e apoiado nos ombros parcialmente nús, vestia um sutiã cropped de alcinhas da mesma cor do short, ele só tinha a exclusiva função de cobrir parcialmente o par de seios fartos e deixava um belíssimo decote em evidência. Recebeu elogios por sua aparência de cada um dos que estavam naquela mesa e mais uma vez sentia aquele calor em seu interior de quem estava se sentindo extremamente bem recebida, como se estivesse exatamente onde deveria estar, era aquele o seu lugar.

Assim a noite de todos teve início, começaram todos animados, dançaram juntos, comemoraram a união parcial do grupo e até mesmo fizera questão de gravar vídeos e tirar diversas fotos para enviar para Leslie deixando claro o quanto sentiam falta da grávida entre eles para animar ainda mais aquele momento. Helena limitou-se a beber apenas água quando sentia sede, Mia bebeu apenas duas doses de tequila e estacionou aí tendo em mente que naquela noite em sí não chegaria nem perto de ficar bêbada. Helena dançou com cada um, até mesmo com Hernando, assim como Mia também o fizera, músicas atrás de músicas, sequer tinham noção de que horas eram ou de quanto tempo estavam ali dentro.

— Você ainda não dançou comigo hoje. — Helena falou enquanto puxava Mia pela mão, o sorriso largo estampado nos lábios enquanto as duas se enfiav*m no meio das pessoas que dançavam de maneira tão intensa quanto antes. O ambiente inteiro era preenchido por “Lento – Lauren Jauregui”. Mia limitou-se a rir, uma risada um pouco alta e gostosa enquanto era puxada para perto até que os corpos se colassem, ela envolveu os ombros de Helena enquanto se inclinava um pouco até que os lábios roçassem um nos outros.

O quadril remexia-se no mesmo ritmo da música, assim como o de Helena fazia o mesmo, os corpos de ambas as mulheres pareciam em sincronia e repentinamente um calor que ia crescendo entre elas e ao redor que tornava aquele momento ainda mais gostoso. Mia não resistiu aquela proximidade, a mão esquerda se enfiou entre os cabelos de Helena e a puxou para perto enquanto sua boca se encaixava a boca carnuda de Helena em um beijo extremamente intenso, mas extremamente lento e repleto de vontades até então não saciadas. As línguas se enroscavam tão gostoso que era capaz de fazer o corpo delas derreterem.

Mia foi pega de surpresa quando o beijo fora quebrado no momento em que seu corpo girou brevemente e sentiu então o corpo de Helena colar em suas costas. Riu e mordeu o lábio inferior, sentiu a boca seca com a vontade de sentir mais os lábios de Helena, sentia-se tão a vontade, como nunca sentira-se antes no meio daquelas pessoas que estava completamente alheia a tudo e a todos a sua volta, só Helena importava para ela naquele momento.

Helena lhe guiava desta vez em uma dança sensual, de acordo com o ritmo da música, a mexicana sentia como as costas de Mia estavam suadas e coladas em seu peito parcialmente desnudo e Mia mesmo suada só parecia exalar um cheiro ainda mais gostoso e já bem conhecido. As mãos da mulher desceram pelo corpo da Designer, os corpos se roçavam sem parar enquanto elas dançavam no ritmo da música. Helena claramente se aproveitava do fato de vestido de Mia ser curto e folgado o suficiente para que sua mão pudesse se enfiar onde ela bem quisesse. Assim as mãos da Artista não saiam em momento algum do corpo da Designer, deslizavam pelas coxas quentes e levemente úmidas, subiam sem pressa, adentravam o vestido e acariciavam a pele quente de Mia. E via, naquele sorriso safado que estava estampado nos lábios da Designer, o quanto ela estava gostando daquelas carícias.

Mia fervia da cabeça aos pés e a calcinha já não estava mais seca há algum tempo, toda e qualquer carícia de Helena lançava um arrepio por seu corpo que sempre acabava na pequena e única peça de roupa que usava por baixo do vestido.

Helena inclinou-se um pouco e deu um beijo na pele úmida de Mia na região do pescoço, bem na curva entre o pescoço e o ombro, colou o nariz ali em seguida e foi subindo devagar até próximo ao ouvido.

— Como você consegue ficar cada vez mais cheirosa? — questionou. E Mia riu quase ao mesmo tempo em que uma nova música começava e ela se afastava um pouco.

— Eu amo essa música, me lembra você. — Mia falou um pouco alto enquanto deixava seu corpo se movimentar junto com a música mais agitada.

Helena sorriu de forma larga assim que ouviu a música e reconheceu de imediato. “Mala Fama – Danna Paola” tocava e parecia ainda mais alto do que anterior, talvez pelo ritmo mais agitado e pela batida mais forte.

— Culpa... Lo siento, no tengo la culpa... — Helena cantou enquanto começava a seguir Mia no ritmo gostoso, agora frente a frente, como se dançassem uma para a outra, o que não demorou muito já que logo Helena puxava Mia pela mão e começava uma dança no ritmo da música. Os pés ágeis moviam-se, passos que pareciam ter sido decorados, para frente, para trás, enquanto o quadril rebol*va de acordo com o ritmo, Mia a seguida como se as duas tivessem dançado juntas daquele jeito a vida toda.

Helena rodopiava a Designer com facilidade a guiando em uma dança gostosa e mais agitada, a rodopiava, a puxava para perto, a guiava em passos quase ensaiados e suas mãos sempre tocando o corpo da morena da forma que bem queria. Quando Mia estava colada a ela, a mão se espalmava na bunda e sempre deslizava para algum outro lugar como se estivesse usando aquele momento para explorar o corpo de Mia de uma forma que nunca fizera antes. Por mais que a boate estivesse cheia, ainda havia espaço para que as duas dançassem daquele jeito, apesar de vez ou outra esbarrarem no corpo de alguém ao redor, mas absolutamente ninguém se importava com isso, estava todo mundo envolto demais pela música e pelo calor que crescia na pista de dança.

Lado a lado e de forma sincronizada as mulheres se colocaram e foram descendo de acordo com o ritmo da música até quase chegar ao chão, sorriam de forma completamente cúmplice, uma olhando para os movimentos da outra e nenhuma dela nunca sentira tamanha cumplicidade com qualquer outra pessoa como estavam sentindo naquele momento, Mia principalmente, já dançara com tantas pessoas naquele mesmo lugar e nunca havia se sentido tão bem.

Mia puxou Helena para perto novamente assim que ergueram-se e riu contra a boca da mexicana enquanto envolvia a cintura dela, estava um pouco ofegante e muito mais suada do que anteriormente. Ficaram paradas por um tempo, como se entrassem em um acordo que precisavam descansar. Mia selou os lábios de Helena devagar, um selinho breve desta vez.

— Eu realmente estou muito feliz que você tenha vindo. — Mia falou em tom alto o suficiente para que Helena ouvisse. A mexicana pendeu um pouco a cabeça para o lado enquanto sorria e encarava Mia de forma quase admirada, não deixava de pensar que ela parecia ficar ainda mais bonita com a pele iluminada pelas luzes vibrantes da boate.

— E é isso, pessoal! Assim encerramos a nossa noite fogo. — uma voz soou por todo o ambiente e as duas olharam em volta ao mesmo tempo em quanto um coro de “aah” ecoava por todo o ambiente, algumas risadas soaram logo em seguida. — Mas não fiquem tristes, vamos até amanhecer com as melhores músicas selecionadas e em breve divulgaremos noites ainda melhores que essa! Valeu pessoal!

As mulheres se entreolharam em seguida enquanto uma música qualquer começava a soar, mais baixa que as demais, sinal de que um novo DJ estava entrando em cena e logo começaria a nova onde de músicas, isso era sinal que já estavam ali a um bom tempo já que haviam prometido quatro horas de músicas latinas.

— Estamos aqui a um bom tempo, você quer ir pra casa? — Helena questionou enquanto erguia a mão direita e limpava uma gota de suor que ia escorrendo pela lateral do rosto de Mia. — Eu não tenho a mínima ideia de que horas são.

Mia não respondeu de imediato, olhou em volta, vendo algumas pessoas conversando, outras se beijando enquanto não dava muita atenção ao novo DJ falando alguma coisa, estava exausta e não negaria isso, ir para casa era uma ideia simplesmente perfeita, mas estava faltando algo. Até ver um dos diversos pole dances espalhados ao longo da boate que normalmente servia apenas para que alguns homens ou mulheres subissem para se esfregar na barra e se exibir já que o pole dance ficava sobre uma pequena plataforma mais alta.

— Falta só uma coisa. — Mia falou enquanto soltava a cintura de Helena e se afastava um pouco. — Fica aqui, eu já volto! — Mia já falou um pouco mais alto enquanto já ia se afastando e se enfiando entre os homens que estavam próximos.

— O que... — mas Mia já estava longe demais para que pudesse ouvir as palavras de Helena. A mexicana franziu o cenho enquanto colocava as mãos na cintura e já não mais via Mia, havia a perdido dentre as pessoas, balançou a cabeça de forma negativa e riu por alguns segundos, olhou em volta observando as pessoas ao redor ou pelo menos se via alguém do seu grupo de amigos, não teve essa sorte.

Quando a boate escureceu um pouco mais Helena olhou um pouco para cima enquanto uma nova música começava, só o ritmo, o DJ estava se preparando para começar a sua setlist. A morena fechou os olhos por um tempo e deu um sorriso satisfeito, estava muito feliz por ter decidido vir, há muito tempo não se sentia tão bom como estava se sentindo naquele momento. Abriu os olhos quando sentiu o toque em seu braço e quando olhou para o lado se deparou com uma mulher bem diferente de Mia.

— Oi, estava te observando. — a mulher forte de cabelos curtos tinha um sorriso nos lábios enquanto dava uns passos para mais perto. — Você está...

— Pronto! — Mia falou ao aparecer de repente e já ir envolvendo a mão de Helena, só então notou a mulher que havia se aproximado de sua companhia. Fez uma expressão de “sinto muito” enquanto olhava para a desconhecida. — Ela já tem companhia. — piscou para a mulher e sorriu de forma larga enquanto já começava a puxar uma Helena levemente confusa pelo meio das pessoas.

— O que você ta aprontando, Mia? — Helena questionou em tom alto, mas não recebeu nenhuma resposta em troca. Ouviu o grito das pessoas quando uma nova música começou e então, Mia parou e virou para ela com um sorriso largo nos lábios.

— É todo seu. — a morena falou e deu um passo para o lado para deixar o pole dance exposto, vazio. Mia havia ido até lá apenas para pedir para darem chance para sua amiga dançar e todos acataram, era só por isso que estava vazio. — Sua hora de dançar pra mim.

Helena olhava para Mia com ambas as sobrancelhas arqueadas, tão surpresa com a atitude da Designer que não soube nem reagir de imediato, só caiu em sí quando sentiu um pequeno empurrão na cintura.

— Vai, garota! — foi uma voz masculina e desconhecida, ela olhou em direção ao homem com um sorriso acolhedor e muito animado e em seguida olhou para Mia que riu de forma gostosa enquanto dava passos em direção a Helena.

— Só vai. — falou enquanto ia para trás da mexicana e a tocava na cintura, a empurrou devagar em direção ao pole dance. Helena desta vez não esperou por mais nenhum incentivo, subiu na plataforma devagar e andou em volta da barra de ferro enquanto deslizava a mão por ele de forma lenta, ouviu melhor a música que tocava, uma de Tove Lo, “Are U Gonna tell her?”. A morena deu a volta no pole dance como se estivesse o conhecendo e sentindo a música para poder começar e então, quando começou o primeiro refrão ela se segurou na barra e ergueu o próprio corpo, os pés se movimentavam como se Helena estivesse andando no ar, a barra ia girando devagar, foi encolhendo o corpo devagar até encaixar os joelhos na barra e erguer-se um pouco mais subindo e ficando numa altura maior. As mãos deslizavam pela barra com certa maestria enquanto se esticava, as pernas ficando soltas no ar enquanto seu corpo girava com a barra um pouco mais rápido. Logo pegou um pequeno impulso, ergueu o quadril e abriu as pernas, a cabeça ficou para baixo e as pernas abertas, os pés bem esticados enquanto girava devagar. Uma onda de gritos soou ao redor a fez sorrir enquanto encaixava uma perna no pole dance, a outra ficou esticada enquanto os braços se abriram, ficara de cabeça para baixo.

Mia olhava tudo de forma completamente fixa, fascinada, nunca havia realmente parado para apreciar a dança de Helena, a maestria que ela tinha em um pole dance era a coisa mais linda que já havia visto na vida e era fácil ver como ela gostava de fazer aquilo. A morena umedeceu os lábios devagar quando seus olhos se fixaram ao de Helena quando a mexicana colocou os pés no chão novamente, Helena sorriu enquanto virava de costas para Mia, a mão firme no pole dance enquanto flexionava os joelhos e o quadril requebrava no mesmo ritmo da música, sua bunda quase parecia ter vida. Mia parecia quase paralisada enquanto os gritos ao redor pareciam aumentar, mas era muito diferente de como era no bar que Helena frequentava. Todos estavam a incentivando.

Elogios que iam de maravilhosa a gostosa enquanto alguns homens ao redor dançavam junto com Helena como se estivessem sendo incentivados por ela, mas acabavam a incentivando a dançar ainda mais. Mia sorriu assim que viu a risada de Helena enquanto se erguia e voltava a erguer-se no pole dance como se fazer isso fosse à coisa mais fácil do mundo.

— Ela é incrível. — de repente ouviu a voz de Hernando que surgiu de algum lugar que Mia não tinha a mínima ideia de onde havia sido.

— Ela é. — Mia falou baixo, sem desviar os olhos em momento algum de Helena que sempre fazia questão de fixar seus olhos em Mia.

Helena parecia uma serpente que se enroscava naquela barra de ferro de uma forma absurdamente sensual e com tanta facilidade que parecia fazer isso a vida toda, era de uma sensualidade tão absurda que só olhar aquilo estava fazendo um efeito gigante no corpo de Mia, era diferente, era muito diferente daquela dançarina que via dançando no bar, era muito melhor.

— Vou pra casa daqui. — Mia avisou e olhou brevemente para Hernando, o homem acenou brevemente com a cabeça e deu um beijo no rosto da amiga.

Mia sorriu de forma larga assim que viu o sorriso largo no rosto de Helena assim que a música acabou, alguns aplausos ao redor fizeram Helena dar uma risada enquanto descia da plataforma com a ajuda de alguns rapazes que ofereciam a mão para ajuda-la. Ela agradeceu a eles com certo carinho e foi andando em direção a Mia enquanto ria.

— Uau. — Mia falou enquanto batia palmas silenciosas, mas riu assim que fora envolvida repentinamente pelos braços de Helena em um abraço apertado. A risada durou alguns segundos enquanto envolvia os ombros de Helena da mesma forma apertada. — Você é incrível dançando. — falou baixo dessa vez, aproveitando que estava próxima ao ouvido de Helena.

— Você que é incrível, Amélia. — Helena falou e se afastou só um pouco para olhar para Mia, tinha um sorriso largo nos lábios, aquilo havia significado tanto para Helena que ela não tinha sequer palavras para expressar o que estava sentindo naquele momento, tanto que não soube mais o que falar além daquilo. Mia se limitou a rir enquanto se afastava um pouco e envolvia a mão de Helena mais uma vez para que as duas andassem juntas, foram devagar caminhando entre as pessoas até enfim acharem a porta. O ar frio recebeu as duas de imediato e trouxe logo uma sensação de alívio para os corpos que pareciam ferver, haviam poucas pessoas dessa vez em frente a boate, em sua maioria eram pessoas que mal se aguentavam em pé e a outra maioria pessoas conversando enquanto esperavam seus meios de transporte para irem pra casa.

— Não deveríamos ter nos despedido antes do pessoal? — Helena questionou enquanto passava a mão pelos cabelos e respirava um pouco fundo enquanto olhava um pouco em volta.

— Não, nesse horário a gente nunca se despede, em determinado horário todos se separam e ficam por si só e meio que isso já é algo combinado. A não ser é claro que alguém do grupo esteja em um estado alcóolico avançado. — Mia falou enquanto encarava Helena, estavam paradas a poucos metros da entrada da boate.

Helena ficou em silêncio por um momento, os olhos ainda estavam percorrendo todo o lugar, porém, em determinado momento parou no céu escuro e fechado com nuvens acinzentadas, seguia não tendo a mínima ideia de que horas eram, mas pelo menos já tinha a certeza de que era uma noite fria. Baixou o olhar para encarar Mia e deu de cara com os olhos azuis e intensos da morena lhe encarando, sorriu pra ela.

— Minha casa não fica tão longe assim, vinte minutos ou meia hora de caminhada talvez?! — entortou um pouco os lábios enquanto pensava e deu de ombros em seguida. — Você topa ir andando? Você pode dormir lá, eu juro que não vou te atacar nem nada... Talvez a Vadia te incomode um pouquinho. — semicerrou um pouco os olhos como se estivesse pensando naquelas últimas palavras.

Mia riu.

— Sair da balada e ir pra casa andando... Isso é uma novidade...

— Novidades são muito boas, Amélia. — a mexicana falou como se estivesse insinuando algo, mordeu o lábio inferior para conter o sorriso. Isso fez Mia sorrir e rir logo em seguida.

— Ok, vamos. — cedeu. Helena sorriu de forma vitoriosa e já foi puxando a morena pela mão para que começassem a andar, os dedos se entrelaçaram devagar, pela primeira vez juntas andando na rua de mãos dadas como se não se importassem com absolutamente nada em volta. — Você sabe que isso é perigoso não é?

— Sei, mas não pense nisso. Foque apenas em nós agora. — Helena rebateu enquanto enfiav* a mão livre no bolso do shorts que usava. Respirou fundo, o ar fresco e gélido lhe trazendo uma sensação boa. — Aprecie o ar fresco depois de passar a noite em um lugar abafado cheirando a bebida e suor.

Mia sorriu.

— Você é tão simples... Se importa com pequenas coisas como essa e não é nem um pouco materialista, eu acho isso muito bonito.

— Já você é muito correta, não se permite situações como essa por que pensa primeiro no certo e no errado, no bom e no ruim e no mais confortável. — Helena deu de ombros. — Mas não acho isso ruim, é preciso um equilíbrio e uma pitada de sensatez.

— Sou sensata e realista.

— Um pouquinho chata. — Helena acusou, mas deu um sorriso em seguida. — Também não acho isso ruim, eu gosto.

Mia rolou os olhos, mas acabou dando um sorriso pequeno com as últimas palavras de Helena, ficou em silêncio enquanto andava ao lado da mexicana, naquele horário as ruas estavam vazias, principalmente a medida que iam se afastando cada vez mais da boate, deveria estar com medo, não era um bom horário para duas mulheres com roupas como aquelas estivessem andando sozinhas, mas mesmo assim simplesmente não conseguia sentir, sentia-se extremamente segura e confiante ao lado de Helena.

— Você praticamente não bebeu hoje. — Helena comentou e olhou brevemente para Mia. — Foi por minha causa?

— Sim. — a morena respondeu de imediato e sem receios, olhou de volta para Helena e sorriu sem mostrar os dentes. — Não por causa do seu histórico... Ta, talvez um pouco. Mas mais por que eu queria aproveitar melhor cada parte dessa noite com você. — deu de ombros e apertou um pouco a mão da mexicana. — Mas não me importo de ficar sem beber em certos momentos, não é algo essencial para a minha diversão. E também não vejo problema de ficar sem beber demais quando eu estiver com você, não vejo isso como uma privação, vejo isso como um sinal de respeito.

— Então você nunca irá beber quando sair comigo? — Helena questionou em um tom um pouco sério.

— Provavelmente beberei alguma vez sim e provavelmente você vai me ver bêbada com certeza algum dia, até por que essa sou eu, eu gosto de beber, mas isso não significa que eu farei isso todas as vezes que sairmos para festas assim juntas.

Helena sorriu fraco, sentiu uma leve palpitação em seu coração com toda aquela explicação de Mia, por que era mais do que claro que ela a respeitava e muito, mas não a tratava como uma pessoa frágil que poderia quebrar a qualquer momento com qualquer ato.

— Só espero que você não se mije em algum lugar da minha casa.

O que veio a seguir foi um empurrão que fez Helena dar alguns passos para o lado e consequentemente soltar a mão de Mia enquanto gargalhava com a reação da Desiger. Lembrava-se muito bem de quando ela havia contado do que acontecera com ela após o festival de cerveja que fora.

— Isso só foi uma vez, ok?!

Helena ainda ria a gargalhadas enquanto Mia rolava os olhos e apressava um pouco os passos.

— Filha da puta. — xingou enquanto abraçava o próprio corpo, porém repentinamente parou e olhou para o céu quando começou a sentir alguns pingos de chuva. Helena parou de rir na hora quando também percebeu e olhou para o céu para em seguida olhar para Mia com ambas as sobrancelhas arqueadas enquanto gradativamente a chuva começava. — Helena, eu juro que nunca mais vou seguir qualquer indicação sua, olha o que está acontecendo!!

Então, mais uma vez a mexicana começou a rir, gargalhou ainda mais do que antes e pendeu a cabeça para trás numa risada meio estridente enquanto a chuva engrossava um pouco mais.

— Helena! — Mia protestou como se estivesse lhe dando bronca, mas não resistiu, ver a morena rindo daquela forma acabou também a fazendo rir enquanto escondia o rosto nas mãos e balançava a cabeça de forma negativa ao se perguntar no que merd* havia se metido. — Meu Deus, Helena.

— É só chuva, Amélia. — a morena falou ainda com resquícios de uma risada enquanto voltava a se aproximar da morena. — Eu amo tomar banho de chuva.

— É claro que você ama, Helena! — Mia falou um pouco alto como se isso fosse algo completamente esperado vindo de Helena. E realmente era.

— Vamos... Eu esquento você. — disse enquanto se aproximava mais e enroscava seu braço ao de Mia puxando-a para pertinho para que voltassem a andar. — Se permita, Mia. Um banho de chuva não vai te matar e na minha casa tem água quente e chá.

— Me permitir a que, Helena? A ficar resfriada?

Helena a encarou enquanto andavam coladas uma na outra e acabou rindo enquanto balançava a cabeça de forma negativa.

— Não acredito que acho essa sua personalidade reclamona algo extremamente sexy.

Isso desarmou Mia e a morena acabou rindo com aquelas palavras e o sorriso findou-se com um sorriso um pouco largo.

Ficaram em silêncio caminhando lado a lado enquanto a chuva engrossava um pouco mais, mas apesar das reclamações, Mia não se importava, estava se sentindo tão bem que dificilmente uma chuva como aquela iria interferir nisso.

— Quando eu era pequena, quando chovia eu gostava de ir para o meio do quintal onde eu deitava e ficava observando os pingos de chuva caírem. Ficava lá até que minha mãe percebesse e me colocasse para dentro de casa aos gritos. — Helena relembrou em um tom um pouco mais baixo. A história arrancou uma pequena risada de Mia.

— É... É realmente sua cara fazer isso. Consigo imaginar com muita facilidade você fazendo isso hoje em dia também.

— Talvez eu ainda faça. — Helena confessou enquanto sorria e respirou um pouco fundo enquanto pendia a cabeça para trás por um momento, Mia a encarou com um sorriso no rosto, naquela altura já estava ensopada dos pés a cabeça e a chuva sequer dava indícios de que iria cessar em algum momento. — E obrigada por hoje, essa noite foi realmente incrível.

— Eu que o diga. — Mia comentou e respirou um pouco fundo antes de sorrir fraco. — Foi lindo você dançando lá, sabia? Foi completamente diferente. Foi incrível.

Helena sorriu ao sentir um calor em seu interior, mesmo que estivesse quase tremendo de frio, foi aquecida por aquelas palavras de Mia enquanto lembrava daquele momento, o sorriso ficou estampado nos lábios, mas não falou nada, não sabia o que falar, só conseguia lembrar da sensação diferente de dançar naquele lugar, dançar por que queria mesmo e ser absurdamente elogiada e incentivada por isso trouxera-lhe uma felicidade tão grande que ela realmente até aquele momento não sabia o que falar sobre, não sabia descrever o que havia sentido, mas tinha absoluta certeza que aquilo fora algo que havia lhe feito um bem tão grande que a muito tempo não havia sentido algo parecido.

Assim, toda a caminhada de volta para a casa de Helena fora regada a momentos de silêncio como aquele onde as duas ficavam puramente confortáveis com um isso e quando não estavam em silêncio estavam soltando alguma gracinha com a situação ou relembrando histórias que sempre arrancavam gargalhadas uma da outra tornando todo o trajeto algo extremamente leve e confortável apesar de toda a chuva.

— Helena eu juro que se eu gripar... — Mia falou enquanto se encolhia um pouco parada na varanda da casa da mexicana enquanto observava-a se abaixar a frente de alguns vasos de flores.

— Eu cuidarei de você se isso acontecer. — Helena falou enquanto levantava um dos vasos e pegava a chave que estava embaixo, ergueu-se e foi logo até a porta a destrancando com certa rapidez, estava com tanto frio quanto Mia. — Vamos, vamos. — chamou e riu enquanto abria mais a porta e dava espaço para que Mia entrasse.

— Não acredito que eu não consigo ficar irritada com você por causa disso. — Mia falou enquanto se apoiava na parede ao lado da porta para retirar os saltos pequenos que usava, eram extremamente confortáveis, mas ainda assim seus pés estavam doendo pelo tempo que ficara em pé. — Estamos molhando tudo...

— Não tem problema, eu seco isso depois. — Helena fez o mesmo que Mia e largou os pequenos saltos que também usava deixando-os ao lado da porta e então segurou a mão de Mia e a puxou para perto repentinamente. — Agora um pouquinho de calor. — falou, porém no segundo seguinte já foi tomando os lábios de Mia em um beijo sedento, intenso, mas tão lento quanto eram todos os beijos que as duas davam, poucos passos até que o corpo de Mia fosse colocado contra a porta da casa. A designer sorriu contra a boca de Helena enquanto as mãos deslizavam pelo pescoço dela e acariciavam a lateral do rosto antes de intensificar o beijo, sim, aquela era uma forma perfeita de conseguir um pouco de calor.

Ergueu a perna direita encaixando a coxa na cintura de Helena e imediatamente sentiu a mão da mexicana espalmar em sua coxa do jeito que queria, o corpo se arrepiou de imediato e um calor foi subindo por seu corpo, o aquecendo. Os dedos deslizaram pela pele molhada, a mão esquerda se emaranhou nos fios molhados do cabelo de Helena e a mão direita desceu, tocando a pele fria devido a chuva, descendo pelo ombro, braço, até tocar a mão espalmada em sua coxa.

— Você está maravilhosa demais nesse vestido. — Helena falou contra a sua boca e as duas sorriram de forma cúmplice, uma contra a boca da outra. — Eu não conseguia parar de olhar pra você só pra te apreciar.

Mia deu uma risadinha enquanto voltava a erguer a mão para tocar o rosto de Helena, encarou-a nos olhos e em seguida olhou para a boca carnuda e deu um selinho demorado.

— Eu caprichei um pouquinho mais hoje. — sussurrou, indiretamente falando que havia feito isso para Helena.

As duas se sobressaltaram ao mesmo tempo quando o som de um trovão ecoou pelo ambiente, ambas olharam juntas para cima um pouco surpresas pelo susto.

— Olha só no que você me fez andar... — Mia falou baixinho, referindo-se ao temporal que se formava com cada vez mais força.

Helena riu um pouco alto e foi se afastando puxando Mia pela mão devagar.

— Vamos, sua insuportável. Você toma banho no banheiro do meu quarto e eu no do corredor, tem água quente, então pare de reclamar. — falou e então virou-se ficando de costas para Mia enquanto andava, mas sem soltar a mão da Designer, no meio do caminho foi ligando algumas luzes para iluminar a casa.

Mia sorria de forma larga já que reclamava apenas para implicar com Helena e adorava as reações dela. Enquanto andava procurou Vadia com o olhar, mas só viera acha-la quando adentraram o quarto de Helena e pode ver a bola de pelos negra bem confortável no meio da cama. Ela miou assim que a luz foi acesa e as mulheres apareceram. Isso arrancou uma pequena risada de Mia.

— Que folgada. — falou baixo enquanto soltava a mão de Helena para se aproximar da cama e da gata que se erguia devagar, toda preguiçosa e se espreguiçando. — Oi, bebê. — falou baixinho enquanto passava a mão úmida sobre o pelo preto.

— Tem uma toalha limpa no banheiro pra você, pode abrir meu guarda roupa depois e pegar qualquer roupa que te sirva e que te deixe a vontade. — Helena falou enquanto saía do banheiro e ia em direção ao guarda roupara para pegar uma muda de roupas para sí, o frio estava voltando com tudo, ainda mais com o clima fechado lá fora. Assim, logo se ergueu já com uma roupa em mãos e foi em direção a Mia. — Estou com frio. — justificou a sua pressa e deu um beijo estalado no rosto da morena.

— Obrigada. E eu avisei. — não deixou de implicar, o que acarretou em uma Helena saindo do quarto rindo. Mia ficou sorrindo, mas se afastou assim que Vadia desceu da cama e foi correndo atrás de Helena. Isso a fez enfim olhar em volta, pela primeira vez no quarto de Helena, respirou fundo, era extremamente organizado e havia uma ou outra coisa bagunçada, mas era obvio que fora por causa da produção que Helena fizera antes de sair.

Assim foi em direção ao banheiro, fechou a porta e parou em frente ao espelho, encarou o próprio reflexo e deu um sorriso fraco enquanto levava as mãos a nuca e abria o colar que usava, o colocou com cuidado em cima da pia e em seguida fez o mesmo com os brincos, enfim, com certo cuidado livrou-se do vestido molhado e o deixou sobre a cesta de roupas sujas de Helena, a calcinha tivera o mesmo destino, pediria para por elas na secadora depois. Abraçou o próprio corpo arrepiado e olhou em volta devagar enquanto respirava fundo e pensava em toda aquela noite e em como ela estava acabando, parecia faltar algo.

— O que eu estou fazendo? — questionou em tom baixo, como se verbalizar aquelas palavras fossem fazer com que Mia tivesse uma resposta com mais facilidade. Olhou para a toalha dobrada que Helena havia deixado para ela e balançou a cabeça de forma negativa, ainda com a sensação de que estava faltando algo e ela sabia muito bem o que era, nunca era assim quando voltava acompanhada para casa ou quando ia para a casa de sua companhia da balada. Nunca era. Por que ela estava deixando que fosse dessa vez? Estava com medo? Ela negou com um aceno de cabeça e estendeu a mão para pegar a toalha, a abriu e foi envolvendo o corpo de forma decidida. — Que se foda. — reclamou.

Assim saiu do banheiro a passos decididos e logo estava saindo do quarto e indo atrás do banheiro onde Helena estava, não tinha a mínima ideia onde era já que não conhecia tão bem assim a casa dela, mas ouviu o barulho do chuveiro assim que passou por uma porta, não pensou duas vezes quando agarrou a maçaneta da porta e a girou, estava aberta, adentrou o banheiro relativamente menor que o do quarto de Helena e fechou a porta atrás de sí.

Helena virou-se dentro do box do banheiro assim que ouviu a porta e completamente surpresa olhou para Mia e ficou ainda mais quando a Designer simplesmente largou a toalha e nua viera em sua direção. A Designer abriu a porta do box e pacientemente entrou enquanto encarava Helena de forma quase fixa.

— Desculpa a demora. — Mia falou e arqueou uma sobrancelha. Isso arrancou um sorriso largo de Helena. A mexicana respirou um pouco fundo enquanto olhava para baixo apreciando cada parte do corpo nú de Mia, principalmente o par farto de seios com os bicos eriçados pelo frio que foram mais do que capaz de fazer a boca de Helena salivar.

— Não tem problema, valeu muito a pena. — Helena falou em tom baixo e deu um meio passo a frente apenas para se aproximar o suficiente de Mia, felizmente o box daquele banheiro era pequeno e naquele momento Helena nunca agradeceu tanto por isso.

Quando os corpos se colaram um no outro ouve um sonoro gemido de satisfação de ambas as mulheres, mas em especial de Mia que simplesmente adorou a sensação do corpo nú colando-se ao de Helena, dos seios roçando nos dela e a sensibilidade absurda que sentia naquele momento fazia com que qualquer roçar de corpos ocasionasse numa avalanche de sensações.

As línguas das mulheres se enroscavam devagar em um beijo que, por mais que fosse repleto de tesão, era extremamente lento, cada roçar de lábios deixava claro o desejo e a vontade compartilhada entre elas. Ali, no meio daquele beijo, Mia perdeu qualquer sentimento de receio que já tivera antes com Helena, simplesmente queria trans*r com ela por horas seguidas até que seu corpo pedisse por um pouco de paz. Deu alguns passos a frente quando Helena a puxou e então sentiu o calor gostoso da água morna tomando conta de seu corpo, o beijo foi quebrado e Mia pendeu um pouco a cabeça para trás para que a água quente caísse na região de seus olhos e testa e fosse escorrendo por seus cabelos e por seu corpo, a sensação era simplesmente deliciosa depois do banho de chuva.

Helena sorriu de canto enquanto observava aquela cena, as mãos foram deslizando pelas costas da morena enquanto dava passos para trás, foram deslizando até tocarem a cintura e então não tocar mais nada, a mexicana apenas encostou-se na parede, os olhos atentos a todos os movimentos de Mia, agora olhava melhor, apreciava o momento, olhou para os seios fartos e com auréolas roladas que combinavam perfeitamente com a pele clara de Mia, a cintura levemente desenhada que moldava muito bem o quadril da morena e Helena sabia dizer com todo gosto que Mia era agraciada também naquela parte já que foram diversas as vezes em que se pegou olhando para a bunda da Designer. O púbis era liso, livre de pelos exatamente do jeito que havia imaginado, isso fez a morena umedecer os lábios devagar antes de erguer o olhar, encontrou os olhos de Mia fixos em sí e sorriu.

— No que está pensando? — a Designer questionou.

— No quanto eu quero foder você. — Helena foi direta e deu um sorriso satisfeito com isso, ficou mais satisfeito ainda quando viu o sorriso se formando nos lábios de Mia, um sorriso arteiro. A morena saiu debaixo do chuveiro devagar, as mãos envolvendo os próprios cabelos e os torcendo levemente para que a água em excesso saísse. Helena não tinha a mínima ideia de como aquelas palavras causaram um alvoroço entre as pernas de Mia.

As mãos de Helena tomaram a cintura de Mia de maneira repentina e puxaram a morena para perto de uma vez por todas, porém, desta vez a sua boca não tomou a de Mia em um beijo e sim, ao se abaixar um pouco, tomou um dos seios ao abocanhá-lo com uma fome que pegou Mia completamente de surpresa. A mulher arqueou um pouco a coluna e espalmou uma mão na parede com força, quase um tapa, enquanto a mão livre se enfiav* nos cabelos de Helena.

— Porr*, Helena. — reclamou, mas não de forma ruim, as palavras saíram em conjunto com um gemido enquanto rolava os olhos, aquele era definitivamente o seu ponto fraco, a sensibilidade que tinha nos seios era enorme e Helena sabendo disso explorava esse ponto com a língua de uma forma que foi capaz de enfraquecer as pernas de Mia. A morena apertou uma perna contra a outra enquanto sentia seu interior se contraindo, pulsando quase na mesma intensidade que as ch*padas que Helena dava em seu seio, cada sugada que sentia, cada esfregar de língua em seu mamilo, era uma contraída que sua bocet* dava e seu mel escorria de uma forma que Mia nunca antes havia sentido.

Helena sentia-se inteiramente satisfeita, a boca preenchida de uma forma deliciosa enquanto sugava o seio esquerdo, a língua praticamente castigava o mamilo, mas não de forma bruta ou alvoroçada, ainda assim havia calma em seus movimentos, afinal, apesar de toda a vontade que estava sentindo não tinha a menor intensão de machucar a morena que se contorcia em seus braços. O seio escapou de sua boca com um estalo e a língua se esticou, lambeu de forma bem generosa o mamilo e foi subindo, deslizando quente pela pele tão quente quanto, passou pelo pescoço até chegar ao queixo onde beijou. Mia gem*u, de olhos fechados, inteiramente derretida, foi tomada por um novo beijo. As bocas se encaixaram com desejo e as línguas se entrelaçaram de forma cúmplice como se estivessem acostumadas aquilo. Helena abraçou o corpo de Mia pela cintura de forma quase possessiva enquanto Mia lhe abraçava pelos ombros de igual forma. Estavam perfeitamente encaixadas uma na outra de uma forma que nem mesmo água seria capaz de passar entre seus corpos. Devagar e de forma quase sutil Helena foi invertendo as posições, pequenos passos até que Mia estivesse contra a parede.

O beijo então fora quebrado, mas Helena não se afastou, colou sua testa a de Mia e afastou apenas o quadril, só um meio passo para trás e então levou a mão direita para entre os corpos, os olhos atentos em cada reação de Mia quando sua mão se enfiou entre as pernas dela. A morena arfou, arqueou um pouco a coluna e automaticamente ergueu a perna direita, como se isso fosse uma reação automática de seu corpo para sentir os dedos de Helena deslizando por sua bocet*. Mia gem*u um pouco mais alto e Helena sentiu o corpo inteiro se arrepiar com aquele gemido enquanto se afastava só um pouquinho para olhar melhor para Mia enquanto encaixava seus dedos exatamente sobre o clit*ris e roçava devagar, movimentos circulares, como se só quisesse provocar Mia. Os olhos atentos percorriam o rosto da morena, encarava os olhos, encarava a boca entreaberta por onde só saiam gemidos e a intensidade naqueles olhos azuis era algo simplesmente perfeito.

— Caramba... — Helena comentou em tom baixinho e deu um sorrisinho safado contra a boca da morena. — Você fica deliciosa desse jeito.

Amélia se limitou a dar uma pequena risadinha, mas a risada fora cortada por um gemido assim que os movimentos de Helena ficaram bem mais intensos, a Designer se encolheu enquanto a mão direita agarrava o pulso de Helena na tentativa de extravasar um pouco do tesão que sentia, rolou os olhos, pendeu a cabeça para trás a ponto de apoia-la no azulejo do banheiro e isso foi como dar acesso livre ao seu pescoço. Acesso este que Helena mais do que imediatamente aproveitou, inclinou-se abocanhou uma parte do pescoço de Mia em um beijo extremamente molhado, começou arrastando a língua sobre a pele quente e finalizou com uma pequena ch*pada seguida de um beijo estalado e seguiu com beijos assim por todo o pescoço enquanto os dedos seguiam esfregando o clit*ris que despontava inchado e pulsante com as carícias frenéticas que recebia. Mia se remexeu, inquieta, se contorcia a cada beijo que recebia no pescoço e a cada contraída que seu interior dava, sentia seu mel a ponto de escorrer e isso a surpreendia de uma forma tão gostosa que só lhe dava mais tesão.

— Eu vou... — começou a sentir os primeiros sinais de que iria goz*r, porém...

— Não. — Helena parou de forma repentina e a mão que se ocupava em masturbar Mia subiu repentinamente e agarrou o queixo da morena de maneira firme. Mia arfou sob o aperto, os olhos um pouco arregalados encarando a morena, mas aquele tom firme a fez derreter, semicerrou os olhos enquanto sentia Helena se encaixando gostoso entre suas pernas e sua coxa ficando bem encaixada na altura da cintura de Helena.

— Helena... — Mia começou quase em um gemido, louca para goz*r. A mão deslizou do pulso para o antebraço de Helena, mas tudo o que recebeu em troca fora um beijo de tirar o fôlego, tão intenso que só deixou Mia ainda mais na beira de um orgasmo.

— Não... A primeira vez tem que ser na minha boca. — sussurrou contra a boca da morena enfim justificando a sua primeira negativa.

— Você precisa ter cuidado com o que você fala. — Mia sussurrou enquanto sorria, um sorriso derretido e safado e um pouco preguiçoso. — Eu vou acabar goz*ndo só com as coisas que você fala, Helena e a culpa não vai ser minha se você não realizar essa sua vontade.

Helena riu por breves segundos com aquelas palavras, mas a risada não condizia com o calor absurdo que subiu por seu corpo após aquelas palavras. Mas não respondeu nada, apenas soltou o queixo da morena e se afastou um pouco antes de enfim abaixar-se, ajoelhou-se no chão bem diante a Mia e a coxa erguida antes encaixada em sua cintura fora apoiada em seu ombro para só então inclinar-se e sem qualquer enrolação tomar em sua boca aquilo que mais desejava naquele momento. Quando sentiu o calor, a maciez e o sabor, gem*u contra a bocet* enquanto a língua deslizava entre os lábios, ajeitou-se um pouco, ergueu mais a cabeça para que a boca se encaixasse melhor e sentiu o corpo de Mia tremer sob suas mãos e sua boca. As mãos deslizaram pelas pernas dela com certo carinho enquanto sugava-lhe seu ponto de prazer com tanta fome que parecia querer arrancar dela cada gota de mel que pudesse tomar. Mia gem*u, Helena abriu os olhos assim que sentiu mãos agarrando seus cabelos, os olhos se encontraram por breves segundos, Mia não tinha mais controle sobre suas atitudes.

— Isso, isso... — gemidos trêmulos. Amélia voltou a baixar o olhar, era uma das cenas mais excitantes que já havia visto na vida, Helena de joelhos entre suas pernas com a boca completamente ocupada lhe ch*pando com uma fome sem igual, a sensação viera como uma avalanche, repentina, forte, violenta e tão avassaladora que Mia tremeu por segundos na boca de Helena enquanto tinha um dos melhores orgasmos de sua vida.

Ela fechou os olhos, pendeu a cabeça para trás novamente enquanto sentia beijos bem mais carinhosos por seu íntimo, por sua virilha, coxa, púbis, ventre, voltou a abaixar a perna erguida e apoiada no ombro de Helena, um beijo na altura do estômago, outro entre os seios e então pode olhar para Helena, a mulher lambia os lábios devagar e sorriu quando encarou os olhos de Mia.

— Eu devo me desculpar por ter demorado tanto pra deixar isso acontecer? — questionou em um sussurro ofegante enquanto sentia o corpo de Helena se colando ao seu novamente de forma mais lenta.

Helena negou com um aceno de cabeça.

— Você vai compensar isso goz*ndo mais vezes na minha boca. — a mexicana sussurrou e Mia sorriu de forma verdadeiramente larga.

Nunca havia tido tanta certeza de que havia feito a coisa certa como tinha naquele momento.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 17 - Capitulo 17:
Donaria
Donaria

Em: 02/03/2021

olá autora!!! a tempos não lia um capitulo tão interessante....e com um hot tãoooo caprichado....pegou fogo, alias pegamos fogo...rsrsrsrs

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Master
Master

Em: 16/09/2020

Nossaaa nossa nossa simplesmente maravilhoso,valeu apena esperar essas duas são puro fogo.

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bicaf
bicaf

Em: 17/07/2020

Os meus parabéns por esse capítulo maravilhoso. Só agora é que tive oportunidade de lê-lo por completo e amei. Essas duas são um fogo só, fiquei aqui derretendo kkkkk. Beijo 

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Tango Livre
Tango Livre

Em: 06/06/2020

Eu vou lendo essa histório e meu corpo vai esquentando, esquentando..... me envolvo demais.. É tipo um suspense erótico.....que a narrativa vai sendo construida aos poucos e o nivel de tesao vai aumentando, aumentando.....é foda.

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Jubh
Jubh

Em: 03/06/2020

Só você mesmo para me fazer acompanhar uma história por 2 anos sem ficar puta com isso! 

Sensacional, essa é a palavra que define esse capítulo 

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Leh Moura
Leh Moura

Em: 02/06/2020

Fiquei boa parte do capitulo pensando:

É agora!

Não pera... agora vai. 

Misericórdia! Elas tão pegando fogo gente, tem que ser agora.

Não pode ser. Será que não vai ser agora?

E então Mia vai e páh... Lacrou. (Helena agindo maravilhosamente bem... sabendo esperar o tempo dela.)

To impactada! Ia falar que esse box foi pequeno pra elas, mas acho que a casa toda vai ser pouco espaço pra todo esse fogo. Hahah

.

O capítulo foi mt bom, principalmente para conhecermos um pouco mais da Mia. Da pra compreender agora, pq dela ser ao mesmo tempo uma mulher firme e insegura. Tinha o relacionamento dos pais como referência, digamos assim, e vê a mãe sofrendo com a perda não deve ter sido fácil. 

.

Hermano me representou quando Mia confessa (+/-) que está apaixonada. "Jura, miga?! Que bom que agora ta todo mundo ciente." Kkkk 

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lay colombo
lay colombo

Em: 02/06/2020

Mulher do céu, perdi todas as estruturas depois desse capítulo. Sério, tô sem palavras.

Responder

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Nay Rosario
Nay Rosario

Em: 02/06/2020

U-A-U! 

Nem me incomodo com a demora depois de um mega capítulo desse com direito a todas as emoções e um final esperado e, há muito, aguardado.

Não aei nem meu nome depois dessa enxurrada de sensações. 

Maravilhoso! 

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