Oi, oi, gente... Primeiro peço perdão por toda a demora, mas problemas atrás de problemas me impediram de conseguir escrever mais rápido esse capítulo. Infelizmente não saiu perfeito como eu queria, mas eu espero que gostem.
No twitter sempre informo quando acontece alguns problemas e como ta indo o novo capítulo então.. Só me seguir: @Patty5hepard
Capitulo 16
— Eu não acredito que a Mia esqueceu. — Hernando reclamou mais uma vez enquanto colocava o celular no ouvido, a outra mão foi para a cintura enquanto ouvia o som da chamada, ligava para Mia já pela terceira vez desde que havia chego na sala de desembarque e notado que Mia não estava o esperando como havia prometido.
— É claro que ela não esqueceu, amor. Deve ter ficado presa no trabalho ou no trânsito. — Drew, sentado em uma das poltronas logo à frente, estava claramente despreocupado com o atraso de Mia, tentou acalmar o namorado, mas não tinha muito sucesso nisso, sabia como ele não gostava de atrasos, ainda mais de algo que vinha sendo combinado há alguns dias.
— Então por que diabos ela não atende o celular? — Hernando exasperou ao olhar para o aparelho em mãos quando a chamada não foi concluída já que Mia não havia atendido.
— Será que aconteceu alguma coisa mais grave? — Drew questionou, agora pensativo em relação ao assunto, Mia nunca largava o celular em lugar algum.
Hernando colocou as mãos na cintura com o pensamento, respirou fundo enquanto olhava em volta, porém, qualquer preocupação breve que se apossou de seus pensamentos simplesmente sumiu quando viu aquele rosto bem conhecido correndo em sua direção com um belo de um sorriso bem largo nos lábios. Mia atravessou toda a sala de desembarque em uma fração de segundos e se jogou nos braços do amigo, as pernas rodearam a cintura de Hernando com facilidade enquanto os braços o apertavam com toda força. Hernando deu alguns passos para trás com o “tranco”, mas o sorriso largo nos lábios enquanto abraçava a amiga de volta deixava claro a satisfação dele no meio daquele abraço.
— Que saudade!!!! — Mia falou enquanto ainda abraçava o amigo, afastou só um pouco o tronco, sequer fazendo menção de sair do colo dele, o olhou, as mãos segurando o rosto de Hernando, os dois sorriram de forma cúmplices. — Aaah! — explanou e deu alguns beijos estalados pelo rosto do amigo.
— Você está atrasada sua vagabunda. — Hernando não deixou de reclamar, o sorriso morrendo para dar lugar a uma expressão séria e fingida.
— Desculpa, desculpa, eu peguei um trânsito que eu não esperava. — deu um beijo mais demorado agora na testa do amigo e descruzou as pernas “soltando” o amigo e voltando para o chão, só então olhou para Drew sentado com um sorriso nos lábios, sorriu de volta e não demorou a andar em direção a ele. Estendeu os braços. — Que delícia de homem, meu Deus. — Drew também estendeu os braços, apenas para receber Mia em seu colo. Os dois se envolveram em um abraço bem apertado, a morena colou a boca no topo da cabeça do amigo e foi dando beijos seguidos e estalados no mesmo lugar antes de deitar a cabeça ali. — Não vou deixar vocês viajarem novamente sem mim.
— Foi você quem não pode ir! — Hernando a lembrou enquanto sentava na poltrona ao lado de onde Drew estava sentado com Mia em seu colo.
— Eu sei, eu sei. — ela soltou um pouco o abraço e se ajeitou um pouco no colo do amigo, sentada de lado, podia ficar bem de frente para Hernando. — Como foi o voo? Tranquilo?
— Não, teve muita turbulência e o Drew ficou bem enjoado. — Hernando respondeu de forma descontente. Drew fez uma careta e Mia o encarou com o cenho um pouco franzido.
— Está melhor? — questionou.
— Muito, foi um alívio sair do avião. Odeio. — Drew reclamou. Não era uma novidade que o namorado de Hernando tinha um certo medo de aviões.
— Vocês querem sair pra comer algo? — Amélia questionou e olhou para os dois.
Drew negou com um aceno de cabeça.
— Vamos deixar ele em casa e compramos algo no caminho pra nossa casa. — Hernando decidiu de uma vez.
— Perfeito. Vamos, bebezão. — a Designer de interiores ergueu-se do colo do amigo e segurou a mão dele, puxando-o para que ele ficasse de pé.
— Você estava trabalhando até agora? — Hernando questionou enquanto colocava a alça de uma mala de mão sobre o ombro direito e puxava a mala de rodinhas para perto.
— Não, eu estava com a Helena. — respondeu enquanto fazia Drew passar o braço por cima de seus ombros, os dois saíram andando, Drew aceitou de muito bom grado a posição e enquanto abraçava Mia com um braço a outra mão se ocupava em puxar a mala sobre suas rodinhas.
— Ah, o amor... — Drew falou, tinha um sorriso debochado nos lábios.
— Vocês não tinham brigado?
— Isso é uma longa história. — a mulher respondeu como se isso fosse algo exaustivo, mas deu de ombros. — Mas acabou muito bem. E esse não será o assunto, eu quero saber como foi cada partezinha da viagem de vocês, cortando os momentos obscenos é claro, podem começar a falar.
Na viagem que transcorreu a seguir, foi repleta de relatos de Hernando e de Drew comentando tudo o que aconteceu na viagem, desde os momentos que tiraram apenas para curtir visitando monumentos históricos desde os trabalhos que Hernando havia conseguido e que iria beneficiar a empresa que ele e Mia compartilhavam, Mia fez questão de fazer todas as perguntas possíveis sobre cada parte da viagem, sendo assim, durante o percurso do aeroporto para a casa de Drew, que durava cerca de 30 minutos, quem dominou a conversa fora o casal de rapazes e da casa de Drew para o prédio em que Hernando e Mia moravam, que não deu mais que vinte minutos, mesmo com a parada no caminho para pegar a comida que encomendaram, quem mais falou foi Hernando, o que para Mia chegava a ser um alívio, precisava pensar um pouco em tudo o que havia acontecido naquele dia.
— Pausa para um banho? — Hernando questionou. Os dois estavam lado a lado dentro do elevador do prédio, Mia com uma barca de Sushi em mãos e Hernando carregando suas malas.
— Seria perfeito. Vamos comer na minha casa ou na sua? — o elevador parou no andar e logo os amigos saíram andando sem qualquer pressa, finalmente o cansaço começando aparecer no corpo dos dois.
— Na sua, minha casa deve estar fedendo depois de dias fechada.
— Eu duvido, do jeito que sua casa sempre está cheirosa, o cheiro bom só deve ter ficado mais concentrado. — brincou. Os dois riram juntos por alguns segundos, mas cada um foi para a sua porta. — Nem pense em demorar demais, eu estou com fome. — a morena equilibrou a barca de sushi em uma mão e a outra destrancou a porta, logo adentrou o apartamento escuro, acendeu as luzes bem ao lado da porta e então entrou, fechou a porta com o pé e foi diretamente para a mesa que ficava entre a cozinha e a sala. Deixou a barca sobre ela, felizmente não era uma comida que precisavam se preocupar se iria esfriar ou não.
Tomou o rumo de seu quarto, a bolsa que usava foi jogada sobre a cama, os saltos ficaram no chão e logo estava se despindo dentro do banheiro, as roupas foram para dentro do cesto, mas parou nua em frente ao grande espelho em cima da pia, se olhou em silêncio, a mente nublada com tudo o que havia acontecido naquele dia, tudo o que havia descoberto de novo sobre Helena e a dor que sentiu quando soube do aborto. Tinha uma expressão triste no rosto, apesar de tudo ter acabado bem no final, não conseguia deixar de pensar em tudo de ruim que havia ouvido e presenciado. As mãos foram até a nuca onde os dedos se encontraram e se entrelaçaram enquanto a morena respirava o mais fundo que podia, continuava se encarando no espelho como se em silêncio estivesse se perguntando: O que eu estou fazendo?
Se afastou e foi então direto para dentro do Box do chuveiro, tomou um banho de tempo moderado, apenas o suficiente para que pudesse lavar bem o cabelo de fios escuros e longos, fazia tudo de forma quase automática já que aproveitava aquele tempo sozinha para poder mergulhar de cabeça em seus pensamentos, mas logo estava andando devagar pela casa, os pés descalços, os cabelos úmidos e penteados e vestida com um pijama que era constituído apenas por um shortinho cinza e uma camiseta de alcinhas da mesma cor. Tinha o celular na mão direita, mas ele foi deixado sobre a mesa logo ao lado da barca de sushi.
Hernando ainda não havia chegado, o que não era nenhuma surpresa para a morena, normalmente ele realmente se demorava e muito em um banho. Retirou a tampa da barca e abriu a caixinha que viera junto, dentro da caixinha estavam os molhos e os hashis, a morena organizou tudo ao lado da barca e levou o que não era necessário para a cozinha. Dois copos numa mão e a jarra de suco na outra, voltou para a sala, deixou as coisas sobre a mesa e então sentou em uma das cadeiras, se ajeitou devagar erguendo as pernas e foi se ajeitando até ficar sentada em posição de meditação, apoiou os cotovelos na mesa e finalmente pegou o celular, assim que destravou viu algumas mensagens, ignorou algumas que podiam ser deixadas para o dia seguinte e sorriu de canto quando viu que Helena havia lhe mandado uma.
[21:06] Helena:
Conseguiu chegar a tempo?
[21:26] Amélia:
Alguns minutos de atraso por causa do trânsito. Mas fui perdoada.
*anexo de foto (a barca de sushi)*
[21:27] Helena:
Respeito seu mal gosto por comida.
[21:27] Amélia:
Você realmente vai me julgar por gostar de sushi? Você frequenta assiduamente um restaurante japonês.
[21:28] Helena:
Julgando e respeitando. E uma coisa não tem a ver com a outra, Amélia.
...
Eu sei que rolou os olhos.
[21:29] Mia:
Idiota.
[21:29] Helena:
É, eu senti falta do seu charme até por mensagens.
— Sorrisinho de quem está falando safadeza!! — Hernando acusou, assim que entrou no apartamento da amiga havia se deparado com ela com um sorrisinho de canto e com a atenção tão vidrada no celular que sequer havia notado a presença dele. — O que são? Nudes? Verei os peitos da Helena?
— O que te faz pensar que estou falando com a Helena? — Mia se defendeu enquanto travava o celular, mas continuava o segurando, tinha as sobrancelhas arqueadas enquanto encarava o amigo.
— Você só anda falando com a Helena, meu bem. — falou enquanto se aproximava e puxava a cadeira que ficava logo de frente para Mia, sentou-se, cruzou as mãos em cima da mesa e olhou para a amiga com as sobrancelhas arqueadas. — Faz eu até sentir falta dos nudes do Charlie.
Mia riu com as palavras finais de Hernando e manteve o sorriso no rosto, se sentiu completamente aliviada por finalmente ter a presença do amigo mais uma vez, se sentia mais segura dessa forma.
— É... Meu celular parece uma galeria exclusiva do pau do Charlie. — a Designer falou de forma pensativa, mas tinha um sorriso no rosto.
— É um pau bonito. — Hernando reconheceu.
— É um pau bonito. — Mia concordou enquanto puxava um dos copos para perto, pegou a jarra com suco de laranja e quase encheu seu copo, fez o mesmo no de Hernando e colocou o copo na frente do amigo. — E eu não estava trocando nudes com a Helena. — olhou rapidamente para o amigo, mas desviou o olhar para focar em abrir o papel que cobria os hashis.
— Não ainda.
Mia deu de ombros.
— Quer me falar o que aconteceu? Briga, desbriga, briga, desbriga, tira casaco, coloca casaco. — o homem agora estava com os olhos focados na barca de sushi, estava com fome, logo pegou um, o mergulhou no molho shoyo e então levou a boca, gem*u de satisfação. — Por que finalmente vocês brigaram?
Mia não havia contado tudo para Hernando, evitou fazer isso já que o amigo estava viajando e não queria importunar ele com seus problemas, só havia falado que haviam brigado quando em um telefonema Hernando perguntou sobre Helena e além disso nada mais, nem motivos, nem detalhes, nada. Por isso mesmo a morena respirou fundo enquanto mastigava, como se estivesse se preparando para contar tudo o que havia acontecido.
— Ok... Vamos por partes. — começou. Pegou o copo de suco e deu um gole generoso como se precisasse limpar um pouco a garganta por que iria falar muito a partir de agora e realmente o fez, contou detalhadamente o que aconteceu e como se sentiu quando viu Helena dançando novamente e como foi à carona que lhe dera logo em seguida até o momento do reencontro no restaurante da família onde Helena almoçava com a sua mãe.
— A situação já começa na merd* e é incrível como tudo vai escalando de uma forma absurda. — Hernando foi falando enquanto balançava a cabeça de forma negativa, o olhar atento a barca de Sushi onde ele pegava mais um. — Eu não acredito que você escondeu tudo isso de mim.
— Eu não escondi. — a morena rebateu de imediato, mas deu de ombros. — Apenas omiti temporariamente, eu não queria te preocupar enquanto você estava se divertindo numa viagem perfeita.
— Você estava precisando de ajuda, Mia.
— Eu sei me cuidar, Nando. Não me trate como uma criança, foi uma situação absurda sim, mas não algo que iria foder comigo completamente. — reclamou em um tom mais sério, largou os hashis sobre a mesa e ajeitou-se um pouco apoiando a coluna completamente no encosto da cadeira e olhando um pouco para cima enquanto soltava um suspiro pesado.
Hernando apenas acenou de forma positiva com a cabeça sabendo que se continuasse a falar iria irritar a morena a sua frente e de certa forma ela estava com a razão, ela sabia mesmo se cuidar.
— Vocês se resolveram?
Mia acenou com a cabeça de forma positiva, porém respirou realmente fundo ao recordar-se do dia que teve ao lado de Helena.
— Mas aconteceu algo que... — parou por um momento enquanto se inclinava e apoiava os cotovelos na mesa, escondeu o rosto nas mãos e logo as deslizou para cima, os dedos emaranhando-se nos cabelos escuros, os penteando para trás antes de erguer o olhar para encarar Hernando, o amigo tinha um olhar de certa forma preocupado. — Eu gritei com ela, estava irritada com ela ainda defendendo essa prática absurda de ir para o bar, perdi o controle e gritei, estava tão... Irritada.
O silêncio dominou o ambiente por algum tempo, Mia voltou a apoiar as costas completamente no encosto da cadeira e então olhou para cima enquanto tentava relaxar um pouco, as mãos se uniram entre as pernas entrelaçadas, manteve o olhar fixo no teto do apartamento como se isso fosse lhe ajudar a pensar e a formular bem todas as palavras para expressar tudo o que estava sentindo.
— Quando me dei conta a Helena estava estranha, encolhida... Entendi de imediato que eu tinha feito algo muito errado. Muito errado mesmo. — baixou o olhar e encarou Hernando novamente, tinha uma expressão desapontada, triste. Deu de ombros enquanto entortava os lábios no que quase parecia um sorriso que não havia felicidade alguma. Era um sorriso cheio de culpa. — Me aproximei perguntando o que tinha acontecido e ela gritou: NÃO TOQUE EM MIM. — a morena gesticulava de forma rica para conseguir se expressar da forma como queria e mostrar toda a gravidade do ocorrido. — E então se afastou como um animal foge do seu pior medo e se encolheu no sofá de uma forma que parecia que ela tinha se fechado para o mundo inteiro na tentativa de se defender.
Naquela altura da conversa, Hernando já havia parado de comer a muito tempo, a expressão era extremamente séria, o queixo estava apoiado em ambas as mãos unidas a sua frente, tinha um olhar extremamente apreensivo, as sobrancelhas caídas deixavam claro o quanto ele se sensibilizava com aquela história, como se estivesse imaginando e sentindo tudo o que Mia havia sentido.
Mia deu uma pequena risada, o tom saiu completamente sem ânimo quando viu a expressão de Hernando, ela deu de ombros enquanto erguia uma das mãos e a esticava para pegar o copo com suco, deu alguns goles seguidos deixando o copo quase vazio.
— É, você deve estar perguntando em que merd* eu me meti.
— Amada?? Eu não sei nem o que pensar com essa situação. O que aconteceu depois disso?
— Depois disso ela simplesmente se fechou, Nando, eu me aproximei, eu chamei, eu garanti que não ia machucar ela, eu quase implorei para que ela olhasse pra mim, eu estava entrando em desespero. Mas ela simplesmente não se mexia, não esboçava uma única reação além do choro, ela chorava muito!
— Meu Deus, eu não sei como iria agir diante disso.
— Nem eu soube... Eu simplesmente me senti a pior pessoa do mundo, me senti derrotada, horrível, horrível mesmo. Mas eu não tive coragem de sair de lá e deixar ela sozinha, então eu sentei no chão e esperei. E foi a pior sensação do mundo ficar lá, de mãos atadas só ouvindo ela chorar. Eu realmente nunca me senti tão impotente em toda a minha vida. — as lembranças da sensação que tomaram conta de sua mente imediatamente fizeram seus olhos queimarem e numa fração de segundos sentiu uma lágrima grossa escorrer pelo olho direito. Pendeu um pouco a cabeça para trás, olhou para o tento como se estivesse tentando conter o choro.
Silêncio.
Hernando não sabia o que falar e nem sabia se deveria falar algo naquele momento, mas o homem sentia um frio no estômago ao ver Mia daquela forma, não conseguia mesmo imaginar o quão aterrorizante havia sido passar por aquele momento. Assim se manteve em silêncio, olhando para Mia de forma atenta enquanto aguardava que ela tomasse coragem de continuar a falar.
— Eu realmente não sei quanto tempo se passou, mas pareceu uma eternidade enquanto eu ficava lá esperando, mas de repente ela só deitou no sofá e me chamou para deitar com ela. — sorriu fraco enquanto baixava a cabeça e respirava fundo mais uma vez, a voz estava meio trêmula, mas ao menos o choro estava contido. — Ela é bem imprevisível, eu sei. Mas deitei com ela, ela deitou a cabeça no meu ombro e ali do nada eu senti que a gente já tinha se resolvido mesmo sem ter conversado. — deu de ombros e se ajeitou um pouco enquanto esticava o braço, segurou a jarra de suco e despejou um pouco em seu copo, ainda sentia a boca seca. Assim que colocou a jarra em cima da mesa novamente ergueu-se da cadeira e deu meia volta, foi andando a passos calmos em direção a cozinha.
— O que vocês conversaram? — Hernando questionou enquanto observava Mia se afastando, ele ainda tinha o olhar preocupado, sabia muito bem como Mia era, aquilo era demais pra ela aguentar tranquilamente, Mia sempre foi o tipo de garota que demorava para “digerir” notícias.
— Eu me desculpei é claro, mas ela não estava brava, só explicou que tinha muito medo de gritos, trauma por causa do Trevor, obviamente ela logo associa gritos a apanhar. — Mia foi explicando enquanto abria o freezer da geladeira apenas para pegar gelo. — Obviamente que eu me senti pior ainda. Mas conversamos, falamos novamente sobre as idas ao bar e no fim eu a convenci de aceitar uma consulta com a mesma psicóloga que cuidou da mama depois do acidente. — a voz não saia mais tão alta, estava pensativa mais uma vez e falava aquilo quase automaticamente, é claro que havia omitido algumas coisas, só de pensar naquilo sentia o peito doer e uma sensação que não era confortável e nem um pouco bem vinda. Ficou mais tempo do que deveria ali em frente a geladeira, parada, os olhos focados em um ponto qualquer enquanto pensava, a mente correndo em volta apenas de poucas palavras: “Aborto, socos, chutes.”
— Mia. — Hernando chamou um pouco mais alto e a morena acordou, virou o corpo para poder encarar o amigo, fechou a geladeira de maneira quase automática para voltar à mesa sem sequer ter consciência que nem havia pego o gelo. Hernando percebeu. Havia chamado à amiga três vezes até que ela olhasse para ele. — Aconteceu mais alguma coisa? — o arquiteto questionou em tom cuidadoso enquanto olhava para Mia de maneira atenta.
— Já não foi o suficiente? — Mia rebateu de maneira automática enquanto apoiava as mãos no encosto da cadeira ficando em pé logo atrás dela enquanto encarava o amigo, tentou é claro dar uma de durona, tentou mostrar que aguentava toda aquela enxurrada de novas informações como se não fosse uma garota extremamente mole pra quase tudo, tentou respeitar a história mais delicada que Helena já havia lhe contado sem saber se deveria ou não contar livremente a Hernando, mas ela não conseguiu.
As lágrimas vieram de repente enchendo seus olhos e transbordando em uma fração de segundos, o nó se formou em sua garganta tão rápido quanto as lágrimas escorriam por sua face e o aperto que sentiu no peito fez a mulher ter vontade de deitar no chão e ficar em posição fetal chorando até que não sentisse vontade de mais nada.
— Ele espancou ela gravida de quatro meses, Nando. — a voz chorosa saiu num desespero de quem não aceitava de forma alguma aquela notícia, ela simplesmente se recusava a aceitar, se recusava a acreditar que um homem era capaz de fazer isso com o próprio filho, com a própria esposa, com uma vida que crescia no ventre da mulher que ele deveria amar, todos os valores que Amélia recebera durante toda a sua vida, todos os ensinamentos e crenças que acreditava eram levadas a prova com toda a história de Helena e isso a quebrava.
®
A respiração quase morreu em sua garganta e os olhos se arregalaram de repente, fora puxada de seu sono de maneira violenta quando sentiu algo pesado subindo em seu peito, sentiu todo o seu corpo adormecer e dele ela já não tinha mais controle, os olhos arregalados imediatamente se encheram de lágrimas enquanto tentava com todas as forças mover qualquer músculo de seu corpo, sentiu o peso aumentar em seu peito, como se tivesse alguém em cima dela, os olhos dourados mantinham-se fixos no teto, tinha medo de olhar para o lado, medo de olhar para qualquer lugar e ver o que não queria. Mas ela sentia. Ouviu uma risada, uma risada tão conhecida que fez seu coração doer dentro de seu peito, as lágrimas quentes escorriam pelos cantos de seus olhos sem que ela ao menos tivesse controle, estava aterrorizada.
— “Por favor, por favor, por favor.” — era o que repetia em sua mente como se implorasse para ter o controle de seu corpo de volta, sequer sabia como estava respirando e se realmente estava, seus pulmões queimavam tanto que ela tinha a absoluta certeza de que iria morrer. Fechou os olhos com força, sentiu algo ou alguém se aproximando dela, de sua cama, com uma rapidez de um predador, o medo que sentiu fora tão grande que repentinamente ela virou-se na cama e se encolheu, o ar voltou aos seus pulmões de uma vez por todas enquanto a mexicana arregalava os olhos como se não acreditasse que havia conseguido se livrar. De maneira quase desesperada ela se moveu na cama avançando em direção ao abajur e o ligando, o quarto se iluminou e ela olhou de maneira assustada para cada canto do cômodo procurando qualquer presença que havia sentido ao seu lado. O quarto estava vazio.
Helena então se encolheu e abraçou as próprias pernas enquanto o soluço ecoava pelo quarto vazio e o choro vinha com fartura junto com uma angústia que massacrava o seu peito de uma forma que parecia que ela nunca iria conseguir sorrir novamente.
— Não, não, não, não. — repetia sem parar em sussurros enquanto tentava se convencer de que tudo aquilo não se passava de mais um dos aterrorizantes pesadelos que ela costumava ter, ela não soube por quanto tempo ficou ali em sua cama encolhida como uma criança com medo do escuro, chorando de forma quase compulsiva até chegar a um momento em que ela simplesmente não sentia mais nada. Quando sentou na cama sentiu seu corpo doer, olhou de maneira vazia para os pés apoiados no chão antes de erguer o olhar encarar o relógio em cima do criado mudo. Eram 02:12. Respirou fundo enquanto sentia aquele vazio lhe consumir de uma forma que parecia que aquele pesadelo havia consumido toda a sua felicidade ou até a sua alma. Sentiu um gosto amargo na boca e ergueu-se devagar, deu apenas dois passos para longe da cama quando o toque de seu celular a fez parar. Algo inusitado. Olhou para o visor aceso em cima do criado mudo e de repente sentiu uma palpitação leve no coração. Uma palpitação que de repente a lembrou que ela ainda estava viva. Pegou o celular e deslizou o dedo pela tela de forma quase automática para então leva-lo ao ouvido.
— Oi... Eu te acordei? — a voz de mia soou preocupada do outro lado, a voz era baixinha como se aquela ligação fosse um segredo, tal pensamento trouxe certo conforto a Helena. Sentiu seus olhos queimarem e olhou um pouco para cima como se estivesse querendo conter o choro. Por que havia atendido? Por que ela havia ligado justamente naquela hora? Ela precisava sair! — Helena?
— Oi... — a voz deu uma pequena falhada, soou mais rouca do que o normal. Deu um pequeno sorriso, sorriso de quem se conformava de que a vontade de sair de casa já não era mais a mesma de segundos atrás. — Você não me acordou. — deu alguns passos para trás para poder voltar a sentar na cama. Deu uma pequena risada sem muita vontade enquanto se inclinava, se encolhia um pouco e escondia o rosto em uma das mãos. — Você tem um timming perfeito. — confessou.
Ouviu um suspiro do outro lado da linha, mas sentiu de verdade que depois desse suspiro, Mia sorriu.
— Teve outro pesadelo? — Mia questionou.
— Um dos piores, já faz alguns minutos. — explicou e voltou a abrir os olhos, encarou o chão como se não soubesse mais o que fazer além daquilo.
— Eu imaginei. — o sussurro do outro lado da linha confessou. — Eu não estava conseguindo dormir, pensei que depois de tudo o que aconteceu hoje isso poderia te afetar de alguma forma, então resolvi te ligar morrendo de medo de te acordar.
Helena sorriu fraco com a confissão de Amélia, sentiu um calor no peito que de certa forma lhe trouxe paz. Se sentiu cuidada.
— Você é realmente incrível, Amélia.
A risada pequena de Mia soou por alguns segundos, Helena sorriu de canto só de ouvi-la.
— Você quer falar sobre? — questionou de forma atenciosa.
— Não, não mesmo.
— Sobre o que quer falar?
Helena ficou em silêncio e se ajeitou um pouco até deitar na cama de maneira confortável, porém os pés ainda continuavam firmes no chão, olhou para o teto de forma pensativa e foi ali que entendeu como havia gostado de receber a ligação de Mia justamente naquele momento, ouvir a preocupação na voz dela e o cuidado que ela tinha trazia-lhe uma sensação maravilhosa.
— Que roupa está usando, Amélia? — questionou enquanto um sorriso um pouco largo ia surgindo em seus lábios.
— Vai se foder, Helena.
Helena riu por alguns segundos sabendo exatamente o que Mia iria falar, o sorriso ficou estampado nos lábios enquanto sentia aquele calor gostoso no peito, calor que a fez respirar fundo só para sentir um alívio que há muito tempo ela não sentia. Era muito bom.
— Hernando dormiu comigo hoje, deixei ele na cama e vim pra sala pra te ligar, a essa hora passa um programa ótimo de vendas que anuncia aqueles produtos que você não precisa, mas só de ver tem vontade de comprar.
— A essa hora da madrugada você está assistindo um programa de vendas, Amélia? — a Artista Plástica perguntou de forma um tanto debochada enquanto tinha um sorriso nos lábios, devagar foi levantando da cama e com passos lentos foi tomando rumo da sala.
— Quando trabalho até tarde em casa gosto de assistir algo e me distraio bem menos com programas de venda.
— É... Tem certa lógica. — a morena ia acendendo as luzes da casa enquanto ia andando, assim que chegou a cozinha e ligou a luz encontrou Vadia sobre seu pote de ração comendo como se Helena nem estivesse na cozinha. Rolou os olhos enquanto ia até a geladeira para beber água. — Qual o canal? Vou te fazer companhia.
— Me faça companhia, vamos conversar até dormir, a primeira que dormir paga o nosso próximo almoço juntas.
— Ai, ai, Amélia... Que delícia o fato de você ser tão inteligente.
***
A perna de Helena balançava sem parar enquanto o olhar quase perdido estava focado em algum ponto do vidro do carro, estava pensativa, extremamente pensativa e diria até um pouco mais apreensiva do que deveria.
— Está nervosa? — Mia questionou em tom baixo, o olhar atento ao trânsito que as duas estavam enfrentando naquele horário. Elas estavam em silêncio já fazia algum tempo e apesar de Mia nunca ficar incomodada com os silencios que ocorriam entre as duas, começava a ficar preocupada com a clara ansiedade de Helena.
— Ansiosa. — a artista plástica respondeu quase imediatamente. Olhou para Mia por alguns segundos e deu um pequeno sorriso. Fazia quase uma semana desde o ocorrido em sua casa onde as duas conversaram de forma séria e chegaram ao combinado de que Helena iria sim fazer terapia, pelo menos uma tentativa, com a mesma terapeuta que havia tratado a mãe de Amélia.
— Por quê? Tá achando que ela vai te depenar lá? — Mia questionou em tom levemente debochado, uma pequena piada na tentativa de descontrair a mulher ao seu lado.
Helena deu uma pequena risada enquanto se ajeitava um pouco e cruzava as pernas devagar.
— Não tenho medo de ser depenada, só receio de ter que lembrar e falar sobre certas coisas. — respondeu com sinceridade enquanto cruzava os braços para tentar ficar mais confortável. — Apesar de normalmente eu falar com muita naturalidade sobre o assunto, me aprofundar demais nele é num pouco difícil. — confessou enquanto franzia um pouco o cenho só com o pensamento sobre como seria.
Demorou muito para simplesmente aceitar que Mia e levasse em seu primeiro dia, além de tudo o que ela já havia feito. No começo sentia que estava se aproveitando da boa vontade da Designer de alguma forma, qualquer receio foi embora quando Mia deixou claro que estava fazendo aquilo apenas por que quase tinha certeza que Helena fugiria em algum momento.
— Não deixo de imaginar como vai ser a cara dela quando você contar o que você faz como válvula de escape. — Mia preferiu não se aprofundar nos receios de Helena, imaginava que nada que falasse fosse acalmar a ansiedade dela naquele momento, então o máximo que podia fazer era distrai-la.
— Ooh... Com certeza muito melhor que a sua. — Helena rebateu enquanto um sorriso largo ia surgindo em seus lábios, o sorriso resultou em uma risada que logo foi acompanhada por Mia.
— Eu tive meus motivos. — Mia falou enquanto ainda sorria, os olhos atentos enquanto manobrava o carro para virar a direita entrando enfim na rua do consultório. — Tem certeza que não quer que eu venha te buscar depois?
— O que mais você quer fazer, Amélia? Me carregar para dentro do consultório? Impedir que meus pés toquem este asfalto quente e tão perigoso? — a mexicana ironizou em tom teatral enquanto sentia o carro ir parando, olhou para o lado para encarar ambas as sobrancelhas arqueadas de Mia como se ela estivesse perguntando “Sério Helena?”. A mulher respirou um pouco fundo enquanto erguia a mão esquerda e tocava o rosto de Mia, o polegar deslizou pelos lábios carnudos e rubros da morena, tão convidativos naquela cor que deveria ser algo proibido. — Você já fez muito mais do que deveria por mim, Amélia. Não precisa vir me buscar, é só me dizer onde vamos almoçar e eu te encontro lá.
Mia olhou em silêncio para Helena por alguns segundos, em partes apreciando o toque em seu rosto. A seriedade e principalmente a calma que transparecia nas palavras da mulher trouxeram certo conforto a Amélia. Assim, ela apenas acenou de forma positiva com a cabeça.
— Ok. — respondeu e virou o rosto para dar um beijo na palma da mão de Helena. — Vou pro Palermo encontrar a Mama, podemos almoçar lá. Prometo que dessa vez não vai ter ela sendo invasiva.
Helena riu enquanto se inclinava para dar um beijo no rosto de Amélia.
— Você precisa lembrar mais vezes que eu conheço sua mãe muito antes de conhecer você. — falou logo após o beijo e então se afastou enquanto já ia abrindo a porta do carro e saindo devagar. — O que significa que eu sei que ela vai ser invasiva de qualquer forma. — pegou a bolsa e então fechou a porta, o vidro da porta foi descendo quase no mesmo momento, Helena de inclinou para encarar Mia. — Mas eu adoro a sua mãe, então não tem problema. — piscou de forma cúmplice para Amélia e deixou-a para trás antes de ouvir qualquer outra coisa, tinha um sorriso pequeno nos lábios enquanto andava rumo ao consultório logo à frente, consultório este que consistia em uma belíssima casa ao estilo vitoriano de dois andares.
Mia fora deixada com um pequeno sorriso no canto dos lábios enquanto observava Helena caminhando rumo à porta da casa da psicóloga onde também era seu consultório. Esperou que Helena tocasse a campainha e segundos depois viu uma senhora de cabelos grisalhos muito bem arrumados abrindo a porta. E então Helena sumiu de seu campo de visão quando entrou na residência e a porta fora fechada. Agora sim Mia poderia ir embora um pouco mais tranquila, mas ainda assim sentia certa ansiedade e o pensamento não saia de Helena enquanto dirigia rumo ao restaurante da família.
Em pouco mais de trinta minutos estava estacionando o carro a alguns metros do restaurante, saiu do mesmo já pendurando no ombro direito a bolsa de lado onde carregava seu notebook, fechou a porta e logo saiu andando, olhou para o celular enquanto andava como se estivesse esperando alguma mensagem e na verdade estava, mesmo sabendo que naquela altura Helena ainda estava sendo atendida, mas ainda assim não conseguia deixar de pensar que a qualquer momento poderia receber alguma mensagem dela. Quando se aproximou da porta do restaurante, ela imediatamente fora aberta e Mia deu de cara com aquele sorriso largo de Matt.
— Seja bem vinda, Srta. Palermo. — ele falou de forma calorosa e Mia retribuiu o sorriso de forma imediata enquanto se aproximava do homem para lhe dar um beijo no rosto como sempre fazia.
— Obrigada, Matt. A Mamma está? — questionou enquanto dava alguns passos para dentro do restaurante.
— Está no escritório, estressada com fornecedores, sua visita fará muito bem a ela, menina.
Mia acabou rindo ao saber que a mãe estava estressada, o que não era nem de longe algo novo, era muito fácil encontra-la esbravejando ao telefone com algum fornecedor que atrasava as entregas.
— Ótimo saber disso, conversamos depois, quero saber o que a sua filha resolveu em relação à faculdade! — foi falando enquanto já se afastava, estava tão ansiosa naquele dia que realmente estava louca por um abraço da mãe, por isso estava tão apressada. Não esperou a resposta de Matt, logo estava atravessando o restaurante rumo a única porta que ficava nos fundos do lado direito do restaurante, que naquele horário estava já com uma boa quantidade de clientes. Assim que chegou a porta e a mão envolveu a maçaneta sorriu ao ouvir, mesmo que abafada, a voz alterada de sua mãe, por isso mesmo não se importou em bater na porta, apenas a abriu e deu de cara com uma vera andando pela sala com o telefone colado ao ouvido enquanto esbravejava coisas sobre responsabilidade, tão concentrada nisso que sequer notou a presença de Mia.
A designer fechou a porta devagar e foi caminhando a passos lentos em direção à mãe até seus braços envolverem a cintura da mulher em um abraço bem apertado, por trás, sentiu o pequeno pulo que a mais velha deu pelo susto e isso fez a Palermo mais nova sorrir contra o ombro da mãe enquanto a apertava, respirou fundo, aquele cheiro que nunca mudava sempre trazia conforto para o coração de Mia.
— Entrarei em contato mais tarde então e é bom que as coisas tenham se resolvido. — Vera respirou fundo enquanto encerrava a ligação sem esperar resposta, porém a postura da Palermo mais velha mudou imediatamente, o sorriso surgiu em seus lábios enquanto espalmava ambas as mãos sobre as mãos de Mia espalmadas na região de sua barriga, as apertou enquanto relaxava nos braços da filha. — Então você lembrou que tem mãe.
Mia começou a rir, já se sentiu mais leve só com aquelas palavras da mais velha, ergueu o rosto apenas para dar beijos seguidos no rosto dela enquanto a soltava e ia se afastando para que ela pudesse se virar.
— Sequer faz uma semana que nos vimos, Mamma. — se justificou em um tom de voz carinhoso. Retirou a bolsa que carregava no ombro e com cuidado a colocou sobre uma das poltronas que tinham na sala. — Matt disse que está tendo problema com os fornecedores, o que houve?
— Atrasos como sempre, querida. Estou conseguindo o contato de fornecedores novos de carne já que o atual anda fazendo isso, se acomodou demais. — explicou enquanto ia dando a volta na mesa, colocou o telefone sem fio no gancho e então sentou-se na poltrona, Mia fez o mesmo, sentando-se na poltrona logo a frente da mãe.
— O de frutos do mar parou de dar problemas? — a morena questionou enquanto calmamente se ajeitava até poder cruzar as pernas de forma confortável.
— Ameacei mudar de fornecedor e eles imediatamente voltaram ao eixo. — a mais velha deu uma pequena risada com as próprias palavras. — Mas como você está, minha querida? Não tem trabalho hoje?
— Home Office. — respondeu de imediato. — E também estou esperando a Helena pra almoçar, deixei ela na psicóloga e de lá ela vem almoçar comigo.
Vera arqueou ambas as sobrancelhas enquanto tomava pose de quem ia começar com um interrogatório.
— Aah... Então quer dizer que é oficial? — a mais velha questionou de uma maneira sugestiva.
Mia rolou os olhos.
— Não Mamma, não estamos juntas...
— Mas como não, Amélia? Vocês vivem grudadas, você já viu o jeito que a Helena olha pra você? — Vera questionou como se estivesse indignada com a resposta de Mia e realmente estava, se tinha alguém que mais torcia para um relacionamento entre Mia e Helena, esse alguém era Vera.
— Eu sou apenas a pessoa que ajuda ela, Mamma. Não tem essa, não estamos em um relacionamento. — pontuou de forma bem mais precisa do que antes apesar de sentir seu interior se corroendo para saber como Helena a olhava.
— Agora você falou como se vocês duas fossem apenas amigas.
— E somos.
Vera parou, a expressão no rosto como se questionasse “Está brincando comigo, Amélia?”, a mais velha cruzou as mãos em cima da mesa enquanto ainda encarava a filha.
— Então quer dizer que não se beijam, que não trans...
— Mamma! — Mia reclamou antes mesmo que a mãe terminasse e riu por alguns segundos enquanto relaxava mais na cadeira, se ajeitou até que o pescoço ficasse quase encostado no encosto em uma posição que não era nada favorável para a sua coluna, mas estava quase deitada na poltrona. Ficou olhando para o teto. — Nós não trans*mos. — ergueu um pouco as mãos como se dissesse: é isso.
Vera ficou em silêncio, tinha uma sobrancelha arqueada enquanto encarava a filha, claramente sem entender qual era de fato a relação que ela tinha com Helena.
— Ainda. — Mia falou depois de um tempo em silêncio e riu sem muita vontade por alguns segundos. — A Helena é incrível, é uma pessoa com uma bagagem quase absurda de problemas e tem muitas coisas que me incomodam. — agora falava de forma pensativa, quase sem notar as coisas que dizia ou como se não notasse que não estava pensando e sim falando em voz alta. — Nosso beijo encaixa de um jeito simplesmente perfeito e ela sempre me deixa muito confortável, mas... — respirou fundo. — Eu não sei. Eu nunca olhei pra Helena dessa forma, sempre fui muito bem resolvida com minha vida atual e com uma amizade colorida com o Charlie, mas... — soltou um suspiro pesado sem saber como continuar aquela frase ao sentir que estava faltando algo. Baixou o olhar para poder encarar a mãe e sorriu fraco quando viu aquele olhar atencioso transbordando afeto.
— Você ainda está com o Charlie? — Vera sempre sabia de quaisquer relacionamentos que a filha tinha, felizmente Mia sempre se sentiu a vontade de contar tais coisas a mãe sem medo de ouvir uma bronca, conhecia Charlie assim como conhecia a maioria dos amigos da filha.
— Quando preciso de sex*, sim. — Mia respondeu de forma direta.
— Você deveria se ouvir agora.
— Por quê?
— Por que você fala como se apenas o usasse pra isso, eu sei que sex* é muito bom, filha... Mas... Talvez não seja a hora de você deixar um pouco de lado o carnal pra começar a pensar além disso?
Mia ficou em silêncio e Vera acabou também ficando, esperando que a filha pensasse no que ela havia acabado de dizer. E o silêncio durou quase três minutos até que Mia o quebrasse
— Eu não uso ele só pra isso e ele sabe. É um acordo mútuo, eu gosto dele, ele gosta de mim, ambos gostamos de sex*, mas no meio disso tudo também tem carinho e amizade, não é só algo carnal, ele já me ajudou muito. — a morena explicou, mas a voz parecia mais amuada do que antes, como se as palavras da mãe tivessem sim lhe acertado em cheio.
— Eu estou dizendo que você claramente está confusa, você não sabe o que está sentindo e continuar dessa forma não vai ajudar em nada. Passar o dia com a Helena e a noite com o Charlie, onde isso vai te levar?
E as palavras acertaram em cheia a consciência de Mia, ela desviou o olhar enquanto respirava fundo e nem mesmo quando ouviu batidas na porta do escritório ela se moveu ou esboçou reação.
— Entre. — Vera falou.
— Sra. Palermo, o Dr. Elijah está aqui, pediu para que eu a chamasse para uma conversa. — a voz de Matt soou aos ouvidos de Mia, mas ela não fez questão de olhar, tão concentrada em seus próprios pensamentos que sequer notou a reação da mãe.
— Amélia... — a mais velha chamou. Mia ergueu o olhar.
— Hm?
— Você se importa? — questionou.
Ela negou com um aceno de cabeça.
— Não se preocupe, preciso trabalhar de qualquer forma. — respondeu de imediato. Logo após Vera levantar, recebeu um beijo demorado na testa e então, ficou sozinha na sala.
Os olhos fixos em um lugar qualquer enquanto a perna balançava para lá e para cá de forma impaciente, a mente trabalhava em volta de tudo o que Vera havia falado. Ela havia percebido algo que Mia não? E que forma era essa que Helena lhe olhava? Ergueu-se de maneira repentina da poltrona e começou a andar devagar, as mãos foram se enfiando nos bolsos traseiros do jeans que usava. Se sentiu mal com a ideia de usar Charlie apenas para sex*, apesar de saber que não era verdade. Pensou em Helena e em toda a confusão que a imagem da mulher causava em sua mente, tudo o que estava fazendo por Helena era só por que havia se sensibilizado com a sua história mesmo? Balançou a cabeça de forma negativa e agarrou a alça de sua bolsa, colocou-a sobre o ombro novamente e saiu da sala um tanto contrariada, mas precisava ocupar a mente com o próprio trabalho. Sentou na última mesa do restaurante, próxima à janela, como gostava e onde teria privacidade.
E ali ficou, concentrada em seu próprio trabalho, em determinado momento foi interrompida por Matt lhe servindo suco de laranja sem ela sequer ter pedido, porém fora algo que Mia simplesmente amou. Concentrada no que fazia, ficou alheia ao movimento do restaurante, em como ela ia ficando cada vez mais cheio com o horário do almoço chegando e a morena realmente não soube dizer quanto tempo ficou ali trabalhando até sua atenção ser roubada pelo breve toque do celular anunciando uma mensagem.
[12:56] Helena:
Eu vou ficar te devendo um almoço.
[12:57] Amélia:
Está tudo bem?
[12:57] Helena:
Você estava certa, fui depenada.
[12:58] Amélia:
Foi tão ruim assim?
[13:00] Helena:
Na verdade foi libertador, mas preciso de um tempo pra reorganizar a minha mente.
Você entende?
[13:01] Amélia:
É claro que eu entendo. Não precisa se preocupar com isso. Você já está em casa?
[13:02] Helena:
Foto anexada (Helena sorrindo sem mostrar os dentes com Vadia colada em seu rosto.)
Mia sorriu fraco enquanto olhava para a foto, sem deixar de notar os olhos levemente avermelhados de Helena e o nariz irritado, sinal de que ela havia chorado, isso fez a morena sentir um leve aperto no peito, mas não estava surpresa, se Helena não chorasse isso sim seria algo a se surpreender, mas de qualquer forma, imaginava que ela tivesse gostado e só esse pensamento lhe trazia satisfação. Trocou poucas mensagens com Helena antes de deixar ela sozinha, mais do que qualquer um Mia entendia muito bem como era bom às vezes parar sozinha para organizar todos os pensamentos desorganizados.
Só saiu do restaurante depois que terminou tudo o que tinha deixado para fazer naquele dia sobre o seu trabalho, então só saiu do restaurante quando era por volta das 16 da tarde e de lá partiu para casa com a mais plena intenção de descansar durante o resto do dia já que dia seguinte teria um dia longo. A viagem não foi demorada e logo ela estava já dentro do elevador de seu prédio, encostada na parede de forma pensativa enquanto o elevador subia devagar, no exato momento em que a porta abriu deu de cara com uma figura extremamente conhecida parado bem na porta de seu apartamento.
— Charlie?! — falou de forma surpresa enquanto saia do elevador devagar, o rapaz louro virou-se para olhar para Mia enquanto um sorriso largo se desenhava no rosto do rapaz.
— Surpresa! — ele abriu os braços de maneira animada e em seguida mostrou no chão a caixa de long necks que havia trazido.
Mia deu uma boa risada ao ver e apressou um pouco o passo, se aproximou do rapaz e já foi sendo recebida por um abraço gostoso e apertado.
— Como sabia que eu estava em casa? — questionou enquanto se afastava e já abrindo sua bolsa para procurar as chaves do apartamento.
— Perguntei a Rose, ela disse que você ficou Home office hoje.
— Você chegou faz tempo?
— Felizmente meu timming é perfeito, eu tinha acabado de tocar a campainha. — o homem falou com um ar de riso enquanto entrava no apartamento assim que Mia abriu a porta, ele saiu andando diretamente para a cozinha como se claramente já conhecesse muito bem aquele apartamento e realmente conhecia.
Mia encarou em silêncio o rapaz, sendo impossível que todas as palavras de sua mãe não viessem a sua mente naquele momento, isso a fez respirar fundo enquanto se apoiava na parede enquanto retirava ambos os sapatos e os deixava de lado, caminhou até a poltrona ao lado do sofá e foi onde deixou a sua bolsa.
— Você acha que eu uso você só pra sex*? — a morena questionou enquanto ia andando para a cozinha onde Charlie já havia colocado o balde de gelo em cima do balcão e ia tirando todo o gelo que tinha na geladeira.
— Eu adoro o fato de você me usar só pra sex*. — o homem rebateu em tom divertido, um sorriso ficando estampado em seus lábios enquanto despejava os cubos de gelo dentro do balde metálico.
— É sério, seu idiota. — Mia reforçou enquanto sorria e ia envolvendo a cintura de Charlie com os braços, o abraçou por trás e afundou o rosto nas costas do rapaz enquanto respirava fundo, adorava aquele cheiro dele.
— Não acho que você me use só pra sex*, a não ser que você não me considere um amigo. Já tivemos bons momentos juntos. — ele explicou enquanto já ia colocando as garrafas de cerveja dentro do gelo, fazia tudo sem pressa. — Quem colocou isso na sua cabeça?
— A minha mãe. — respondeu com sinceridade e deu uma mordida nas costas do homem antes de se afastar.
— Eu adoraria ser usado pra sex* por ela também. — mal terminou a frase e já sentiu o tapa firme estalar em seu pescoço, fazendo-o se encolher enquanto começava a rir com a reação de Mia. — Estou brincando, estou brincando! — se defendeu enquanto ainda ria.
— Engraçadinho. — Mia reclamou. — Eu vou tomar um banho. — a morena falou enquanto já ia saindo da cozinha.
— Quer me usar pra sex* agora? — Mia não precisou olhar para saber que Charlie estava com um sorriso safado ao fazer aquela pergunta. Mas a morena riu enquanto andava e já foi virando, começou a dar passos de costas, o sorriso safado se desenhando nos lábios carnudos quando chamou Charlie com o dedo. O sorriso se transformou em uma gargalhada assim que viu Charlie vir correndo em sua direção.
®
Mia estava largada no sofá, nua, suada e com uma garrafa de cerveja em mãos enquanto olhava para o teto, pensativa como andava ficando mais vezes do que gostaria. Ergueu a garrafa quase vazia de cerveja e deu um gole generoso antes de falar baixo.
— Sinceramente não sei por que tomamos banho antes. — sussurrou e deu um sorriso pequeno antes de baixar o olhar para encarar Charlie largado sobre o tapete bem ao lado do sofá onde ela estava deitada.
— Quer tomar outro? — Charlie questionou, mas Mia sabia que a intenção dele não era um banho e sim o que fariam enquanto tomavam. Transaram uma vez durante o banho, alguns amassos na cozinha depois, algumas cervejas no sofá e mais uma trans* que resultou no momento em que estavam agora, ambos largados em cada lugar.
A morena se limitou apenas a rir enquanto voltava a dar alguns goles na cerveja, desta vez goles seguidos até que esvaziasse a garrafa e enquanto lambia os lábios devagar jogou a garrafa vazia em direção à barriga de Charlie.
— Você trouxe pouca cerveja. — reclamou e Charlie começou a rir enquanto colocava a garrafa vazia junto com as outras, aquela havia sido a última dentre as que ele havia trazido.
— Não sou dono de uma cervejaria pra alimentar a viciada que existe em você. — ele implicou, mas manteve o sorriso sem vergonha nos lábios enquanto puxava uma das almofadas do sofá de Mia para por abaixo da cabeça, ficou olhando para a morena. — Qual foi a do assunto que você só me usa pra sex*?
Mia franziu um pouco o cenho com a mudança repentina de assunto, mas respirou um pouco fundo claramente pensando no que falar.
— Mamma acha que eu devo começar a pensar menos no carnal. Ela acha que eu estou confusa. — falou com certa seriedade enquanto voltava a encarar o teto. — Ando saindo com uma mulher, você sabe...
— Vocês já estão saindo? Da última vez foi uma stripper que sentou no teu colo e te beijou, agora já ta nisso?
Mia deu uma pequena risada.
— Pra você ver como as coisas são... — sorriu fraco ao pensar em Helena e arqueou ambas as sobrancelha enquanto sentava-se devagar no sofá e ia cruzando as pernas até ficar em posição de meditação e olhou melhor para Charlie, naquele momento as palavras de sua mãe vieram novamente a sua mente, a confusão de passar o dia com Helena e a noite com Charlie sem ter a certeza do que de fato sentia. — E minha mãe realmente anda animada com isso, acha que vamos namorar a qualquer momento, mas é muito complicado.
— Complicado por quê? Por ela ser mulher? Aliás, tua mãe ta super de boa com isso? — Charlie questionou e bocejou de forma preguiçosa enquanto ainda encarava Mia.
— Acredite ou não... A mamma já teve sua experiência lésbica na vida e gostou tanto que eu quase não nasci.
A gargalhada de Charlie ecoou pela sala de Mia, levando a morena a dar um sorriso largo.
— Não esperava menos dela. — o homem falou enquanto ia se erguendo para também se sentar e então voltou a encarar Amélia. — Acha melhor acabar o que a gente tem pra ter certeza do que ta rolando?
Mia ficou em silêncio enquanto olhava para Charlie sem saber exatamente o que devia responder. Charlie riu com o silêncio da morena e se inclinou um pouco para dar um beijo na coxa dela.
— Você nem precisa responder. — falou, pra ele já estava mais do que obvio a resposta. — Se você não ta nem sabendo responder isso é por que você ta mesmo precisando de um tempo e ta tudo bem, eu sei que vai doer muito não foder comigo, mas como você já sabe, bocet* é bom demais, então eu perdoo. — o homem gesticulava com a mão direita enquanto falava para dar ainda mais ênfase de que estava mesmo tudo bem e então voltou a deitar.
— Só preciso organizar meus pensamentos. — respondeu em tom mais baixo enquanto envolvia seus tornozelos com as mãos e apertava com um pouco de força. — E nós ainda não trans*mos.
— O que? — Charlie sequer prestou atenção nas primeiras palavras, mas as últimas arrancaram uma boa expressão de surpresa do rapaz. — Como assim não trans*ram? Você não espera tanto assim pra trans*r.
— Por que vocês me colocam sempre como uma safada?
— Ooh... — Charlie deu uma boa risada. — Eu mais do que ninguém sei o quão safada você é.
Mia acabou rindo junto enquanto erguia as mãos e escondia o rosto enquanto ainda ria.
— Eu não tenho a mínima ideia de como trans*r com uma mulher!! — falou como se isso fosse a coisa mais obvia do mundo.
— Pornô ta aí pra isso.
— Pornô não é parâmetro pra sex*, Charlie. — bronqueou em tom mais baixo, porém voltou a olhar para Charlie quando viu ele se movimentando até vê-lo ficar de joelhos bem em sua frente e ir colocando as mãos em suas pernas.
— Deixa eu te mostrar um bom parâmetro então. — o homem falou em tom mais baixo enquanto ia fazendo Mia descruzar as pernas.
Mia sentiu aquele friozinho no estômago descer para seu ventre em excitação ao ouvir as palavras do homem sabendo muito bem o que ele queria e não hesitou em momento algum em abrir as pernas para ele, depois disso nenhuma palavra foi trocada, ela só respirou fundo assim que sentiu o contato da boca quente contra seu íntimo.
— É só prestar atenção. — Charlie falou pouco antes de ocupar a boca de uma vez.
A boca de Mia se entreabriu um pouco enquanto ambas as mãos se enfiav*m nos cabelos de Charlie e ela franzia um pouco o cenho enquanto o puxava para mais perto, tinha como prestar atenção em algo ali? Pendeu a cabeça para trás enquanto o corpo arrepiava-se dos pés a cabeça, a coluna se arqueou um pouco e ela sorriu fraco ao ter certeza de que definitivamente ela não ia prestar atenção em nada, só queria sentir.
®
— Eu não tive resposta sua o dia inteiro, vocês foderam mesmo durante o dia inteiro? — Hernando questionou enquanto entrava no apartamento de Mia e já dava de cara com Mia jogada no sofá vestindo a camisa de Charlie e um Charlie só de cueca desfilando pela cozinha enquanto fazia sanduíches. O Arquiteto havia ligado para Mia a poucos minutos para ter notícias da amiga já que queria conversar com ela.
— A Mia terminou comigo, precisava descontar. — Charlie falou da cozinha e Hernando cruzou os braços enquanto arqueava as sobrancelhas e olhava para Mia.
— Como é que é? — o homem questionou de forma incrédula.
— Helena ganhou de mim, não me sinto derrotado por isso. — Charlie falou novamente, claramente em tom brincalhão e alheio ao olhar intenso que Hernando dava para Mia.
— Estou confusa, não sei o que sinto. — Mia falou baixo e em tom sincero enquanto encarava Hernando e deu de ombros enquanto se ajeitava até ficar deitada de lado e abraçada a uma das almofadas. — Mamma me aconselhou a fazer isso, achei o certo até organizar essa bagunça.
Hernando sentou na mesinha de centro bem na frente de Mia, ainda em silêncio, acabou respirando fundo enquanto a encarava, mas acenou de forma positiva com a cabeça como se estivesse aprovando a atitude da amiga e até se inclinou para dar um beijo demorado nos cabelos da morena.
— A Megan ta falando no grupo que ta com desejo de comer a sua pizza. Então todo mundo marcou de sexta feira fazer uma noite de pizza, se vocês dois tiverem compromisso, foda-se vocês, irão desmarcar, a culpa é de vocês de passarem o dia fodendo e não pegar o celular por 1 minuto. — Hernando falou enquanto se erguia da mesinha e ia andando em direção à cozinha. — Eu quero um também. — falou para Charlie que estava concentrado em fazer um sanduíche caprichado.
— Sexta pra mim é de boa. Na casa do Fred? — Charlie questionou enquanto pegava mais pães pra fazer sanduiche também para Hernando.
— Quem somos nós pra negar algo a uma grávida? — Mia falou um pouco alto para que os dois na cozinha ouvissem.
— É a hora perfeita pra você apresentar a Helena... — Hernando sugeriu.
Mia sorriu fraco com a sugestão de Hernando, não deixando de pensa que sim, era mesmo o momento perfeito.
— Ela deve ser gostosa pra caralh* né? — Charlie perguntou.
E Mia riu, riu por bons segundos enquanto pensava que definitivamente sua vida se tornava muito mais fácil com a presença de Charlie e Hernando, ela estava mesmo tomando as decisões certas?
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Thayscarina
Em: 14/03/2020
adorando a história espero que não demore muito pra o próximo capítulo
[Faça o login para poder comentar]
preguicella
Em: 13/03/2020
Ooooooo tristeza, termina sempre com aquele gosto enorme de quero mais.
Gostei de Charlie, gente boa! hahaha
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]