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Striptease por Patty Shepard

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Palavras: 13068
Acessos: 7909   |  Postado em: 29/09/2019

Notas iniciais:

Primeiramente começo pedindo desculpas pela excessiva demora pra atualizar essa história. Quem me acompanha de perto sabe que passei por alguns problemas pessoais e doenças na família que me impediam de conseguir focar e escrever. Mas cá estou eu, de volta, não com um capítulo tão grande como eu gostaria, mas o suficiente pra aparar um pouquinho da saudade de vocês. E fiquem tranquilas, as vezes eu posso demorar a postar um capítulo novo (problemas acontecem), mas jamais vou abandonar essa história!
Se quiserem me acompanhar de perto, conversar comigo e saber quando alguma merda acontece que me impede de escrever é só me seguir no twitter: @Patty5hepard
E finalmente... Tenham uma boa leitura!!

Capítulo 15

— Definitivamente. — Helena falou enquanto se ajeitava um pouco na cadeira e assim, viu Mia se virar para ela com um olhar que transbordava surpresa, isso a fez sorrir. — Olá, Amélia.

Mia estava sem reação, o que diabos sua mãe fazia almoçando com Helena naquele dia e por que justo naquele dia? Por que justo com a pessoa que Mia mais estava se empenhando em ignorar?

— Helena. — a cumprimentou ainda assim, louca para dar meia volta e ir direto para casa correndo para não ter que enfrentar aquele momento e pior, tinha quase certeza que a sua mãe iria perceber aquele clima desconfortável que começava a crescer entre as duas.

— Vamos, sente-se ao lado da Helena, eu quero olhar para as duas. — Vera imediatamente indicou a cadeira vazia ao lado da Artista Plástica e Mia apenas acenou de forma positiva com a cabeça, pouco contente com a situação, apoiou a bolsa no encosto da cadeira e devagar sentou-se ao lado de Helena e se ajeitou para tentar ficar ao menos um pouco mais confortável.

— Devo pedir que tragam algo para beber? — Matt, ainda parado ao lado da mesa, perguntou.

— Sim, por favor! Suco de laranja, Matt. — sorriu para o homem que de imediato sorriu de volta e acenou com a cabeça antes de dar meia volta e sair andando a passos calmos, Mia olhou para a sua mãe logo à frente, aquele olhar, ah, aquele olhar, sabia que estava sendo lida. — Não faça isso. — arqueou ambas as sobrancelhas, o tom saindo mais sério desta vez. Vera apenas ergueu ambas as mãos discretamente como se estivesse se rendendo.

— Força do hábito, querida. — se desculpou de imediato notando que não era algo a ser discutido naquele momento. Olhou para Helena logo em seguida e sorriu. — Ela sabe que eu sei ler ela direitinho e odeia que eu faça isso.

Helena riu, finalmente entendendo o que havia se passado naquele momento e acenou de forma positiva com a cabeça antes de olhar para Mia ao seu lado, a Designer acabou também o fazendo, encontrando os olhos da mexicana por alguns segundos.

— É, a sua filha é péssima em esconder as coisas. — tinha um sorriso de canto nos lábios, afinal, de que adiantava esconder o que estava acontecendo sendo que Mia deixava tão na cara que o clima estava desconfortável entre elas? Manteve o olhar pelos segundos seguintes, até Mia pigarrear e desviar os olhos de uma vez e voltar a olhar para a mãe que parecia... Se deleitar com o que via a sua frente.

— Então, que surpresa as duas almoçando juntas. — tentou desviar o foco daquela conversa desagradável e Vera de imediato pareceu lembrar de algo.

— Oh, sim!

— Também foi uma surpresa para mim o convite.

— Que coisa não? Nos conhecemos a tempos e nunca paramos para almoçar juntas. Ah, Helena, tantas chances desperdiçadas.

— Chances que podem ser reaproveitadas, Vera, ainda quero saber o que você achou sobre a exposição estranha do Bittencourt. — Helena arqueou uma sobrancelha e sorriu de forma larga por um momento enquanto pegava sobre a mesa a taça de vinho, a única, que resolvera tomar em meio ao almoço com a Palermo mais velha.

— Eu vou ao toalete. — Mia ergueu-se devagar, definitivamente precisava de alguns minutos a sós para se preparar para aquele almoço. — Mama, eu ainda não almocei, peça que o Fred me prepare algo, por favor?

— É claro, minha linda. Na volta conversaremos sobre esses hábitos alimentares nada saudáveis. — arqueou uma sobrancelha e Mia apenas rolou os olhos antes de sair andando devagar.

O restaurante não estava muito cheio, afinal o horário de almoço já havia passado há algum tempo, havia mesmo se atrasado para o almoço naquele dia, trabalho demais, havia se perdido nos próprios horários e facilmente poderia culpar Helena por isso.

Já Helena, sentada confortavelmente á mesa, podia sentir aquele olhar inquisitivo de uma mãe preocupada e isso começava a deixá-la tensa, ela sabia muito bem o quão assustadora Vera poderia ser, definitivamente tal mãe, tal filha. E Vera estava prestes a falar algo quando um toque de celular soou pela mesa e imediatamente a Palermo procurou ao seu lado.

— Perdão, eu esqueci de colocar no silencioso. — Vera falou enquanto abria a bolsa que estava na cadeira ao lado e após procurar por breves segundos, assim que viu o nome na tela, respirou fundo. — Você me perdoaria se eu atendesse, Helena?

— Não se preocupe, Vera, fique a vontade. — acenou de forma positiva com a cabeça e sorriu fraco antes de olhar em direção ao toalete por um breve momento, queria tanto conversar a sós com Mia...

— Helena, me desculpe... Eu preciso rápido checar algo em meu escritório, houve um atraso na entrega de um dos carregamentos que precisamos para hoje...

— Vera, tudo bem! Não precisa de tanta cordialidade comigo, apenas vá, eu entendo, estarei aqui! — acalmou a mulher que tanto se importava com formalidades e deu uma breve risada que foi logo acompanhada por Vera.

— Obrigada, querida. — a Palermo mais velha logo ergueu-se da cadeira onde estava e saiu andando a passos um pouco largos em direção ao seu escritório no outro lado do restaurante.

Helena viu a oportunidade que precisava, olhou para Vera que se afastava cada vez mais e em seguida olhou em direção ao Toalete. Não resistiu. Ergueu-se de forma um tanto rápida e saiu andando a passos um pouco largos em direção aos banheiros e assim que parou em frente à bela porta de madeira com um delicado desenho feminino, olhou para a mesma por alguns segundos antes de abri-la devagar. Sentiu o seu coração bater mais rápido por alguns segundos quando viu Mia com ambas as mãos apoiadas na pia e com a cabeça baixa, claramente perdida em seus pensamentos.

A morena fechou a porta atrás de si e cruzou os braços devagar enquanto se aproximava com certo cuidado, mais alguns passos à frente e Mia ergueu a cabeça devagar, não demonstrou surpresa com a presença de Helena ali, mas desta vez, sustentou o olhar com intensidade. Mais alguns passos à frente e Helena encostou o quadril na pia ao lado a que Mia estava.

— Amélia, eu sei que você não gosta daquele lugar... Mas...

— Não é apenas isso, Helena. — Mia falou como se estivesse se rendendo e isso fez o coração de Helena errar alguns batimentos, causando-lhe um frio no estômago. Estava ansiosa.

— Então converse comigo... Você vem me ignorando há dias, as coisas não se resolvem assim. Eu sei que você precisa do seu tempo para pensar, mas repito... As coisas não se resolvem assim. — Helena deu alguns passos à frente e, felizmente, Mia não se afastou, manteve-se parada onde estava e os olhos ainda fixos aos da Artista.

— Eu não sei lidar com essa situação, Helena... Eu estou com tanta... Raiva de você. — foi sincera, as palavras não saíam de meros sussurros e Helena apenas se aproximou mais, apesar de sentir o incômodo que aquelas palavras lhe causavam, ergueu a mão esquerda e tocou o rosto de Mia com cuidado, com carinho, olhou para seus lábios e voltou para os olhos azuis.

Helena deu um meio passo a frente e se inclinou só um pouco para aproximar os lábios dos de Mia, as duas fecharam os olhos quase ao mesmo tempo e os lábios se tocaram em um selinho demorado... Mia não fugiu e não sabia o porquê, talvez por se sentir exausta de tanto ignorar Helena nos últimos dias.

— Eu digo que estou com raiva de você e você me beija? — Mia indagou e sorriu fraco contra os lábios de Helena. O sorriso fora retribuído e Helena se afastou um pouco para olhar melhor para Mia.

— Eu sei que está. — compreendeu, os dedos sendo deslizados pela pele macia até tocar alguns fios dos cabelos soltos de Mia. — Vamos almoçar civilizadamente com a sua mãe, sem essa aura pesada e tão carregada que é simplesmente insuportável. — abaixou a mão e pendeu um pouco a cabeça para o lado enquanto mantinha o olhar no de Mia, as duas se olharam em silêncio por alguns segundos.

Sim, aquela sim era a Helena que Mia conhecia.

— Depois vamos a minha casa e eu estarei completamente disposta a ouvir você descarregando a sua raiva... Apesar de ter meios muito bons para se fazer isso. — fez uma expressão pensativa e Mia deu uma breve risada antes de desviar o olhar e baixar a cabeça mais uma vez. Era a cara de Helena brincar em momentos como aquele.  — Você quebrou a rotina de mensagens.

Mia riu sem muito ânimo com a nova brincadeira e balançou a cabeça de forma negativa por alguns segundos enquanto encarava o azulejo branco da pia, fora desarmada por Helena. Queria gritar com ela, dizer todas as verdades que pensara naquela noite, cuspir todo o ácido de palavras que lhe corroera o estomago nos últimos dias, mas Helena estava certa, ao menos naquele momento, ela estava certa. Aquele não era um lugar para aquilo, Mia não poderia simplesmente continuar ignorando-a e achar que as coisas iriam se resolver e também, não queria dar mais motivos para que sua mãe lhe fizesse uma série de perguntas desconfortáveis depois. Assim, acenou de forma positiva com a cabeça.

— Sua casa depois. — confirmou em um tom baixo e então ergueu a cabeça e encarou Helena e por mais que visse o sorriso de canto nos lábios da mexicana, também via claramente que ele não era verdadeiro. Helena apenas queria amenizar as coisas. Mia se inclinou em direção à morena e lhe deu um beijo casto, desta vez não nos lábios, mas sim no rosto e então saiu andando a passos mais lentos em direção à porta do banheiro.

Helena a seguiu com o olhar por breves segundos, em que enrascada havia se metido pelas próprias atitudes? Respirou fundo e deu meia volta para seguir Amélia de volta para mesa, caminhou alguns passos atrás dela, logo notou que Vera estava na mesa e conversava com o que parecia ser um dos garçons que trabalhavam no lugar. Assim que chegaram a mesa automaticamente sua mão tocou a cintura da Designer e deslizou pelas costas devagar enquanto passava por ela para sentar na cadeira ao lado de forma confortável. Imediatamente sentiu aquele olhar inquisitivo de Vera passando pelas duas.

— Então, ninguém me contou ainda o motivo de estarem almoçando juntas. — Mia quebrou logo aquele silêncio e arqueou uma sobrancelha ao olhar para a mãe e em seguida para Helena enquanto pegava a taça com suco de laranja recém trazida pelo garçom que já havia partido. Deu um gole generoso no suco e quase gem*u de satisfação já que sentia como a boca estava seca antes de tudo aquilo.

— Vocês estão namorando? — Vera foi direta. A Palermo mais velha tinha os braços apoiados na mesa e aquele olhar sério de quem estava definitivamente investigando algo.

— Estamos nos conhecendo. — Helena fora rápida em responder enquanto pegava uma das taças vazias em cima da pesa e em seguida pegava a bela jarrinha de suco que havia sido trazido e colocava um pouco em sua taça, era louca por suco de laranja assim como Mia e definitivamente o preferia ao invés do vinho que antes tomava.

Mia pigarreou de forma um pouco desconfortável com aquele assunto e levemente corada já que definitivamente era uma pergunta que ela não esperava naquele momento.

Helena deu uma breve risada assim que olhou para a mulher ao seu lado e em seguida voltou a encarar Vera, deu de ombros.

— E você não vai fazer um interrogatório sobre isso agora, não é mesmo? — Mia perguntou em um tom sério, mas tudo o que recebeu em troca fora a risada divertida de sua mãe.

— É lindo ver como você adota a defensiva com esse assunto querida. — a Palermo falou em meio ainda aos resquícios de uma risada antes de continuar. — Você vai adorar saber que na faculdade eu...

— Senhoritas... — Frederick fez uma breve reverência assim que se aproximou da mesa. — Boa tarde. — o moreno segurava na mão direita apenas um prato, como sempre fazia, viera pessoalmente servir a irmã. O homem imediatamente se inclinou em direção à irmã e colou os lábios na testa da morena de forma carinhosa. Em seguida olhou para Helena, o cenho se franzindo levemente como se lembrasse de algo.

Mia no mesmo instante olhou para a mulher ao seu lado e viu aquele sorrisinho nada natural nos lábios de Helena e fora imediato quando lembrou daquela noite, de como ela ficou ao ajudar Fred, do que ela fez, fora inevitável quando se inclinou e deu um beijo demorado no rosto da Artista ao seu lado antes de falar baixinho.

— Me desculpe por ter te colocado naquela situação. Mesmo. — sussurrou e se afastou só um pouco para encontrar o olhar um tanto surpreso da Artista, se encararam por breves segundos antes que Helena sorrisse, agora um sorriso de verdade, ainda mais quando sentiu o aperto carinhoso em sua coxa.

— Frederick. — o cumprimentou com um sorriso.

— Helena não é? — ele indagou e ofereceu a mão para a mulher. Trocaram um aperto de mãos amigável. — Ora, ora, a mulher responsável por... Ah! — o rapaz se curvou rapidamente e olhou de forma indignada para Amélia. A Designer tinha um sorriso largo nos lábios, havia acabado de chutar a perna do irmão por debaixo da mesa, estava de saco cheio da sua mãe empurrando Helena para cima de si, não precisava agora de Fred fazendo o mesmo. Os dois se encararam de forma quase mortal por alguns segundos antes do rapaz começar a pigarrear repetidamente e começar a erguer o prato que ainda segurava para próximo a boca, fazendo uma clara menção de que iria cuspir no prato que serviria a Mia.

— Mama! — Mia chamou a atenção da mulher imediatamente como se pedisse para que ela fizesse ele parar com aquilo.

— Pelo amor de Deus. — Vera falou enquanto apoiava a testa em sua mão e balançava a cabeça de forma negativa. — Perdão Helena pelo comportamento dessas duas crianças. Eles ainda fazem questão de esquecer que são adultos e ficam implicando um com o outro sempre que possível. Eu não me orgulho.

Helena tinha um sorriso largo nos lábios, ao mesmo tempo que era divertido por ter dado risadas com a atitude de Frederick, também era carinhoso por ver como aqueles três formavam uma bonita família. E além do mais... Era realmente reconfortante ver um Frederick diferente do que ela estava acostumada a ver.

Fred começou a rir enquanto colocava o prato logo a frente de Mia.

— Caprichei no queijo, aproveite. — o rapaz disse antes de ir em direção à mãe, se abaixou ao lado da mulher para começar a dar beijos seguidos no rosto da Palermo mais velha. — Você se orgulha demais dessas duas crianças, mama. — ele implicou enquanto passava por trás da cadeira da mãe para sentar-se de forma confortável na cadeira ao lado de forma relaxada. — Então, sobre o que conversavam, moças?

— Oh sim, eu estava para contar uma história sobre o meu passado. — Vera falou enquanto se ajeitava na cadeira em que estava sentada e pegava a taça de vinho em cima da mesa.

— Por favor. — Helena a incentivou enquanto esticava o braço direito e o apoiava no encosto da cadeira de Mia.

— Então, olhando para vocês duas eu me recordei da faculdade, antes de conhecer o pai destas duas crianças. — acenou aleatoriamente para Mia e para Frederick antes de continuar. — Eu namorei uma garota por alguns meses...

— O que? — Frederick e Mia falaram quase ao mesmo tempo e Helena não pode deixar de dar uma boa risada com a reação deles. Vera rolou os olhos.

— Incrível. — Helena novamente riu antes de pegar a taça com o suco de laranja e deu um gole generoso para umedecer um pouco mais os lábios e a garganta. — Isso em nada me surpreende, Vera, você sempre se mostrou tão aberta.

— Exatamente, minha querida. Mulheres são maravilhosas. — falou como se isso fosse à coisa mais óbvia do mundo ao abrir um pouco os braços para se expressar melhor. — Acredito eu que se ela não tivesse largado a faculdade por problemas familiares, vocês dois não teriam nascido.

— Isso é tudo o que qualquer filho amaria ouvir, Mama. — Mia falou de forma sarcástica e em troca ouviu a risada da própria mãe. A morena umedeceu os lábios devagar antes de levar mais uma porção do Tortellini a boca, não havia notado como estava faminta antes de começar a comer. — Por que nunca nos contou isso?

— Nunca vi necessidade. — respondeu de forma simples e deu de ombros enquanto entortava os lábios antes de franzir o cenho.

— Você se viu tão apaixonada assim? — Helena perguntou de forma interessada e Vera pareceu pensar por alguns segundos.

— Na época eu imaginava que sim... Até conhecer o pai desses dois. — olhou para ambos os filhos e sorriu fraco. — Com ele sim eu me senti verdadeiramente completa.

Helena ficou em silêncio por um momento, os olhos fixos em Vera, mas na verdade estava perdida em seus próprios pensamentos quando começou a pensar como deveria ser dolorido perder alguém que se ama de verdade, talvez se assemelhasse a sua dor de ter perdido o marido perfeito para um agressor machista? Ela duvidava. Ela com certeza superaria isso completamente em algum momento. Vera com certeza jamais superaria a perda do homem que claramente tanto amava.

Teve seus pensamentos interrompidos quando ouviu a risada gostosa de Mia e automaticamente olhou para o seu lado para dar de cara com aquele sorriso largo nos lábios da mulher que conversava sobre algo com o irmão e a mãe, havia perdido alguma piada pelo jeito, isso a fez sorrir fraco por ter voado para longe naquele momento, mas se sentiu definitivamente bem e principalmente aliviada quando viu aquele sorriso nos lábios de Mia, sinal que ela estava bem, que estava se divertindo e que naquele momento havia mesmo esquecido os últimos acontecimentos.

Ouviu um pigarro um pouco forte vindo logo a sua frente e olhou rapidamente em direção a Vera, assustando-se brevemente. Mia também olhou para a mãe sem entender nada e em seguida para Fred que tinha um sorriso nos lábios e apoiava a testa na mão como se discordasse de algo. Assim, Mia olhou para Helena ao seu lado como se procurasse o motivo daquela situação, afinal... Era para ela que Vera olhava como se estivesse acusando-a de algo.

A verdade é que Vera estava observando Helena, mesmo que discretamente desde que percebera a forma “avoada” que ela ficara desde que citou o seu casamento e fora surpreendente quando viu a forma como aquela mulher começara a olhar para a sua filha, um olhar que transbordava o nítido carinho e talvez paixão? Fred também não demorou a notar, afinal, os dois estando de frente para ela era tudo mais fácil, já Mia com certeza entretida em comer e conversar, nada notara.

— Eu conheço esse olhar, Helena. — Vera falou com aquele jeito sem vergonha e completamente direto que era típico da mulher e então, arqueou uma sobrancelha.

Helena imediatamente sentiu aquela aura de Leoa protegendo a sua prole e mais uma vez uma Palermo foi responsável por desarmar a Artista. A morena sentiu o rosto esquentar aos poucos e pode ter a absoluta certeza de que iria corar, se já não estivesse corada. Havia olhado tanto assim para Mia? E como assim Vera conhecia aquele olhar?

— Acho que ela quebrou. — foi Fred o responsável pelas palavras e Mia tinha ambas as sobrancelhas arqueadas, mas ainda não entendia muita coisa.

— O que foi que eu perdi? — Mia finalmente perguntou ao olhar para a mãe brevemente antes de olhar para Helena e levar a mão direita ao rosto da mulher tocando-o para fazer ela lhe olhar e arqueou uma sobrancelha mais uma vez para a morena.

— Você não vai querer falar sobre isso agora. — Vera falou um pouco mais sério dessa vez, mas logo em seguida sorriu de forma claramente satisfeita.

— Está tudo bem, não foi nada. — Helena falou em tom baixo quase como se quisesse que apenas Mia ouvisse aquelas palavras. — Eu estava perdida nos pensamentos e meio alienada. — franziu um pouco o cenho fazendo então uma breve careta para dar ainda mais ênfase as suas palavras.

Mia não acreditou, mas não insistiu. Olhou para a sua mãe, Vera tinha aquele sorrisinho satisfeito nos lábios de quem tinha conseguido o que bem queria e isso apenas deixava Mia ainda mais curiosa do que já estava.

— Então... — Vera começou já mudando de assunto como se quisesse de fato evitar aquele olhar de Mia. — A Mia já está caminhando, mas e você, Frederick?

— Por que diabos essa conversa se virou para mim agora? — Fred perguntou de forma até um pouco confusa enquanto olhava entre as três mulheres. Helena se sentiu aliviada com a mudança repentina de foco, Mia apenas deu um sorriso largo.

— Por que você já está solteiro há um tempo?! — Mia falou como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— O que não significa que eu esteja procurando.

— Talvez seja bom? — e dessa vez o tom de voz de Mia se tornou ácido, diante aquele olhar frio que fez Helena ter certeza de que deveria intervir, algo lhe dizia que definitivamente Vera não sabia do vício de Frederick.

— Bom... — pigarreou até para chamar a atenção de Mia para que ela se desse conta do momento. A olhou por breves segundos, a boca entreaberta enquanto voltava o olhar para Vera e para Fred. — Eu tenho uma amiga que tem bastante interesse em você desde que te conheceu.

— Uma amiga que o conheceu? — Vera pareceu completamente interessada enquanto Frederick rolava os olhos ao seu lado.

Mia olhou para Helena com ambas as sobrancelhas arqueadas, um pouco surpresa por Helena ter tocado naquele assunto. As duas trocaram um olhar demorado, olhar que fora o suficiente para que Amélia entendesse que estava tudo bem.

— No dia da exposição da Helena, é a...

— A sua assistente? — Vera interrompeu Mia de forma repentina, a expressão surpresa enquanto olhava para Helena como se essa fosse à maior descoberta que havia feito naquele dia.

— E sócia. — acrescentou a Artista antes de continuar: — Ela me falou sobre você depois daquele dia. — a morena se dirigiu diretamente a Fred desta vez e arqueou uma sobrancelha. O Palermo mais novo parecia um pouco intrigado e até sem jeito diante a situação, mas logo apoiou a testa na mão como se tentasse esconder o próprio rosto.

— Você não tem escolha, me passe o seu celular. — Amélia esticou a mão esquerda em direção ao irmão. — Agora.

— Vamos, Frederick, pelo amor de Deus, aquela mulher é maravilhosa, você não concorda?

— Claro que eu concordo, Mama, mas as coisas não funcio...

— Claro que funcionam, o celular, Frederick! — Mia insistiu de forma mais dura dessa vez e viu o irmão, rendido por ter três mulheres o encarando de forma tão intensa, retirar o celular do bolso da calça e estender para Mia. — Agora é com você. — a morena falou após desbloquear o celular sem senha e estender para Helena.

— Sabe que você sendo tão dura assim me trás lembranças... — sussurrou e olhou brevemente para Mia ao seu lado, um sorriso arteiro se formando nos lábios da latina enquanto agilmente digitava o número de Alyson no celular de Fred e em segundos salvava o contato com o nome da amiga.

— Não comece...

A morena riu por breves segundos antes de estender o celular em direção ao homem a sua frente com a tela do celular ainda acesa e com o contato de Alyson a vista.

— Aqui. Eu te garanto... Vale à pena, Fred!

— Ela é linda. — Mia falou de imediato

— Bem sucedida e parece ser muito inteligente. — Vera continuou e viu quando Helena concordou de imediato.

— Você viu ela, é um pedaço ruivo de perdição que te levaria pro caminho da felicidade, Fred. — Helena falou como se isso fosse a coisa mais obvia do mundo e Vera deu uma boa risada com a escolha de palavras de Helena. A latina sorriu de forma larga ao ver Vera rindo daquela forma e então olhou para Mia ao seu lado. A morena sorria e mais uma vez Helena se pegou pensando que definitivamente... Estava no lugar certo.

 

®

 

 

— Não achei que você fosse falar da Aly tão facilmente para o Fred. — Mia falou enquanto puxava o cinto de segurança e o atacava ao lado sem muita pressa. Helena riu por breves segundos enquanto fazia o mesmo que Mia e olhava para a morena em seguida.

— Eu sei, eu tinha conclusões bem diferentes do Frederick, mas hoje vi que estava muito errada. Ele é adorável, vai se dar muito bem com ela.

— Isso se ele tiver coragem de chamá-la. — Mia a lembrou e acabaram rindo juntas.

Uma música qualquer soou no carro assim que Mia deu partida no mesmo, o almoço havia rendido muito mais do que imaginaram, os quatro ficaram conversando banalidades naquela mesa até Frederick e Vera terem que se despedir das duas para resolver algumas coisas do restaurante com as entregas que chegaram, deixando assim Mia e Helena com a única opção de ir embora. As duas se divertiram tanto lado a lado com a trégua que haviam dado no banheiro, que definitivamente sentiam que nada havia acontecido, apenas apreciaram a presença uma da outra de uma forma como se problemas não existissem.

— Toda vez que você almoça lá é daquele jeito? — Helena perguntou enquanto se ajeitava um pouco no banco para poder ficar olhando para Mia, afinal, se tinha uma coisa que ela descobriu que gostava de fazer era observar Mia dirigindo.

— Basicamente. O Fred sempre me trás comida na mesa, a não ser quando o movimento está muito pesado e ele não pode sair da cozinha e sempre que ele trás ele fica conversando um tempo comigo, quando a Mama está no restaurante ela se junta a nós, é quase um ritual. 

— Sempre comidas com um “Q” a mais?

— Sempre! — riu. — Sempre com mais queijo ou com algo que ele sabe que eu gosto. Sobremesa sempre com mais sorvete que os demais ou com mais calda a depender da sobremesa.

Repentinamente a latina olhou para o rádio onde uma nova música começava a tocar, reconheceu os primeiros toques como se tivesse ouvido aquela música durante toda a sua vida mesmo só tendo ouvido durante uma noite, ergueu de imediato a mão na intenção de mudar a música que tocava, a mesma música que dançou naquela noite onde sua relação com Amélia saíra dos trilhos.

— Não. — a voz dura de Amélia fez a mão de Helena parar a poucos centímetros de distância do rádio do carro. — Vai mudar por que é a música que você dançou? Vamos apreciar. — aquele tom sínico de Mia fez o corpo de Helena automaticamente ficar tenso no banco do carro.

E repentinamente, toda aquela aura tranquila havia simplesmente se dissipado do carro, todas as lembranças vieram a tona e os problemas caíram com força sobre ambas as mulheres, toda a carga de sentimentos fora como bater o carro com toda a força em qualquer parede. O carro começou a parecer menor do que verdadeiramente era, com uma trilha sonora de fundo que parecia piorar a situação.

Helena decidiu mudar a música mesmo com a negativa de Mia. Isso só serviu para deixar o clima ainda mais tenso.

— Você não...

— Não enquanto eu estiver dirigindo, Helena. — Mia a cortou antes mesmo que a latina terminasse de falar.

Helena foi pega de surpresa, olhava para Mia em silêncio e acabou se sentindo ainda mais mal com a forma com a qual Mia parecia se transformar em outra pessoa quando estava irritada com algo, a morena respirou fundo enquanto desviava o olhar, cruzou os braços de forma nada confortável enquanto tentava se distrair de alguma forma ao olhar para fora do carro.

“ Estava sentada em frente a tela com a pintura ainda inacabada já fazia pouco mais de uma hora e sequer havia mexido a mão ainda para começar a pintar, não conseguia fazer com que a criatividade viesse, não conseguia esvaziar a mente e deixar para trás as lembranças da noite anterior em que tivera aquele momento tenso com Amélia. Ela sequer havia respondido a sua mensagem ainda e parecia que não iria responder, Helena conhecia os horários dela e sabia que ela não havia respondido apenas por que não queria responder.

— Helena! — a voz de Aly soou mais alta e a Artista virou a cabeça de repente em direção à amiga, o olhar meio perdido até focar-se na ruiva com o cenho franzido. — Estou te chamando há algum tempo, o que houve?

Alyson sabia, conhecia Helena o suficiente para saber que quando ela estava distraída daquela forma, imóvel e sem estar descontando qualquer coisa que estivesse sentindo nos quadros, algo havia acontecido. Algo grande.

— Acho que estraguei tudo com a Mia. — fora direta e sincera, como deveria ser. Os olhos claros focando-se ainda mais em Aly como se estivesse esperando uma reação da amiga. Tudo o que conseguiu fora ver a ruiva franzindo o cenho de maneira intrigada.

— O que você fez?—a voz de Alyson estava mais séria e isso fez com que Helena apenas ficasse um pouco mais perdida, não sabia como explicar aquela mulher o que havia acontecido na noite anterior, da mesma forma que até ela mesma havia custado a acreditar quando se deu conta do que havia feito de fato naquela noite. Foram atos tão impensados que haviam lhe pego totalmente de surpresa.

—Eu transei com uma das dançarinas do bar e depois dancei com ela no palco. A Mia viu. Depois me deu carona pra casa. Ela não trocou uma palavra sequer comigo. — resumiu da melhor forma possível o que havia acontecido, omitindo é claro a parte de Fred, não achava que seria necessário Alyson saber daquele ocorrido. Então, aguardou a bronca.

Mas o que viera a seguir doeu mais do que qualquer bronca que já levara de Alyson, viu aquele olhar de quem não acreditava no que havia ouvido e de quem claramente repudiava tais ações, viu as expressões da ruiva se contorcerem perante aquelas informações, a forma como ela negava com a cabeça de forma quase imperceptível, mas o pior fora quando ela simplesmente lhe deu as costas, pegou suas coisas em cima da mesa e partiu, deixando uma Helena sendo torturada por aquele silêncio e por aquele tratamento. E ela sabia que merecia.”

Despertou dos próprios pensamentos com o barulho um pouco alto da porta do carro sendo fechada, olhou logo para o lado vendo o banco do motorista vazio para só então notar que haviam chego em sua casa, havia se perdido nas próprias lembranças. Respirou fundo enquanto abria a porta rapidamente ao seu lado e saía do veículo, fechou a porta com mais cuidado do que a outra morena enquanto ia colocando a alça da bolsa no próprio ombro. Andou a passos um tanto rápidos, andando quase ao lado de Amélia, enquanto já ia procurando dentro da bolsa a chave de casa, fora tudo feito quase no automático, abrir a porta, deixar que Mia entrasse primeiro e então a acompanhar.

Por incrível que pareça, Vadia não apareceu de imediato, era algo que sempre acontecia quando Helena chegava em casa, mas naquele dia em específico, a gata parecia saber que não era uma boa hora para aparecer, o clima estava pesado demais para que ela tivesse a atenção que sempre gostava de ter.

Helena foi mais além na sala, deixou a bolsa sobre um dos sofás e virou-se em direção a Mia. Já a Designer apenas encostou o ombro esquerdo, assim como parte da lateral do corpo, na parede e cruzou os braços. O olhar das duas se encontrou de forma verdadeiramente intensa e o silêncio durou mais alguns segundos enquanto elas se encaravam como se silenciosamente entendessem que era agora que a conversa tão aguardada deveria começar.

—Por quê? — Helena foi a responsável por quebrar o silêncio.

— Você realmente ainda pergunta isso? — a Designer perguntou de forma um tanto irônica, sem conseguir controlar o próprio tom de voz.

— Não seja irônica agora, Amélia. — Helena rebateu em tom levemente irritado. — Você sabe o que eu faço em algumas noites, foi assim que você me conheceu, não tem motivos para você ficar dessa forma como se tivesse descoberto algo completamente novo. — descruzou os braços para poder movimentar as mãos e tentar expressar-se de uma forma melhor.

— Não foi assim que eu te conheci, Helena! —Mia pareceu um pouco afobada ao falar, queria que Helena entendesse aquilo de uma vez por todas, deu alguns passos à frente para aproximar-se um pouco mais. — Eu nunca conheci aquela mulher do bar, a relação que eu tenho com ela é apenas de mágoa e vergonha, de quando ela, sem pensar em nada além de si mesma, me usou para benefício próprio!

— Não... — Helena rebateu em alto e bom tom, mas fora imediatamente interrompida.

— NÃO TENTE DIZER NOVAMENTE QUE EU JÁ SABIA! — Mia gritou desta vez, irritada por que tinha absoluta certeza que Helena iria repetir isso mais uma vez de uma forma ou de outra.

Helena fechou os olhos de imediato com o grito que ouviu, a postura mudou completamente, os punhos se fechando ao lado do corpo e os braços completamente colados ao tronco como se estivesse querendo se encolher, o grito de Mia a havia pego completamente de surpresa.

— Sim, Helena, eu sei que você tem a porr* de uma vida dupla e sim, Helena, eu sei os motivos que levam você a fazer isso, mas isso não quer dizer que eu entenda! — Mia já não mais falava em tom normal, estava irritada, estava claramente irritada e tinha uma voz alterada, mas não chegava a gritar como fizera anteriormente. A tensão da conversa dominava toda a sala, deixando ambas as mulheres completamente desconfortáveis na presença uma da outra.

Helena abriu os olhos, encarou Mia de uma forma completamente intensa e até um pouco fria.

— Como você entenderia se você insiste em viver numa bolha onde só aceita as coisas do jeito que você planeja? — Helena rebateu de forma um tanto fria, não estava gostando do rumo daquela conversa e fora automático atacar para se proteger.

Mia fez uma expressão de desdém diante as palavras de Helena.

— Você não enxerga o quão hipócrita você acabou de ser? — questionou, mas logo continuou a falar. — Você que não aceita que discordem dessa loucura que você faz, Helena. É exatamente isso, uma loucura, um absurdo, que se mascara como uma válvula de escape pra te enganar e você cai direitinho como uma trouxa!

— Você está fazendo o que é típico de você, julgando, Amélia!

— Eu não estou julgando você, Helena! — levou as mãos ao próprio peito para dar ênfase à palavra, a voz saíra alterada, quase um grito que mais uma vez fizera Helena tremer. — Eu. Não. Estou. Julgando. Você!!!! — falou ainda mais alto, desta vez gritou cada palavra pausadamente para tentar fazer com que Helena entendesse aquilo.

A Artista levou as mãos à cabeça e deu meia volta ficando de costas para Mia e dando alguns passos para tentar manter a calma, para tentar aguentar aquilo sem que seu coração rasgasse o seu peito, tentou respirar fundo, aquilo começava a lhe dar pânico, não era igual a quando Alyson gritava com ela, com Mia era diferente, era muito pior.

— Eu não conheço aquela dançarina! — novamente gritou, Mia viu aquele momento como a deixa para falar tudo o que pensava e irritada como estava simplesmente não conseguia falar baixo, completamente alheia às reações de Helena, apenas achava que aquela reação era fruto de Helena não querendo aceitar suas palavras. — Aquela mascara torna você uma pessoa completamente diferente, uma sombra do seu agressor, aquilo não te ajuda em nada e você, Helena, você não enxerga isso!

Começava a sentir um desconforto no peito, como se estivesse sendo sufocada, seu psicológico a maltratava, sequer estava entendendo as palavras de Mia, só conseguia associar os gritos, sua mente estava repleta de gritos atrás de gritos e do que vinha a seguir e isso começava a aterrorizar seus pensamentos, sentiu lágrimas escorrendo por seu rosto e sequer notou quando havia começado a chorar, estava perdendo o próprio controle.

— Você vai mesmo... — Mia parou de falar imediatamente, engoliu as próprias palavras alteradas quando viu Helena, ainda de costas para ela começar a se encolher, inclinando-se para frente enquanto tentava esconder a própria cabeça. — Helena... — chamou e foi dando passos lentos em direção à morena, notou então como ela respirava de forma acelerada e isso a preocupou e muito, aproximou-se a passos realmente largos, o braço já esticado para tocar na mulher. — Helena, o que...

— NÃO TOQUE EM MIM! — Helena gritou de forma histérica assim que sentiu a mão de Mia em seu ombro, escapou do toque da morena como quem corre pra longe de algo mortal. Mia afastou-se de forma imediata, completamente assustada com a reação de Helena e com o estado da morena assim que ela se virou na tentativa de escapar do toque de Mia. Com as passadas desesperadas para trás Helena bateu no sofá onde caiu sentada e ali, de forma derrotada, se encolheu, ergueu as pernas, escondeu a cabeça entre os joelhos e os abraçou.

Mia olhava tudo em choque, os olhos ainda arregalados enquanto observava a cena, fora ela a responsável por aquele estado de Helena? Deu mais alguns passos para trás esbarrando levemente em uma mesinha a qual segurou a borda com um pouco de força enquanto olhava ainda para Helena completamente encolhida no sofá. Tudo o que se ouvia na sala era apenas o barulho baixo do choro de Helena e cada soluço perfurava o coração de Mia, doía de uma forma que começava a sufocar a Designer.

— Helena... — falou em tom baixo enquanto se afastava da mesinha e em passos realmente lentos foi se aproximando mais uma vez da Artista encolhida no sofá. — Eu não vou te machucar. — prometeu e foi se abaixando quando a proximidade ficou menor, quando pode ouvir o choro mais alto lembrou-se de toda a dor que aquela mulher havia aguentado, de todas as brigas que ela já aguentara, gritos que já ouvira e lembrou-se, principalmente, que ela não havia esquecido de nada disso e jamais esqueceria, carregava consigo as marcas de um relacionamento abusivo. — Ei... — chamou em tom baixo e esticou ambas as mãos devagar. — Eu não vou te machucar. — repetiu segundos antes de tocar os braços de Helena com ambas as mãos de forma carinhosa. Ela não fugiu. Isso fez Mia respirar de forma um pouco aliviada enquanto se aproximava um pouco mais ficando colada ao sofá, deslizou as mãos devagar pela pele macia de Helena e inclinou-se um pouco para dar um beijo demorado nos cabelos escuros e cheirosos. O beijo foi extremamente carinhoso e demorado para em seguida colar sua cabeça na dela. Ficou assim por alguns segundos enquanto se culpava em silêncio por ter feito aquilo. — Ei... — chamou a morena assim que ergueu a cabeça e olhou para Helena. — Olha pra mim... Eu não vou te machucar. — garantiu logo após o pedido e apoiou as mãos no sofá ao lado dos pés de Helena.

Estava de joelhos no chão, mas não se incomodava com isso, estava preocupada com aquela situação e isso estava completamente nítido em seu olhar, preocupada e perdida, não sabia o que fazer além de falar aquelas coisas e sequer sabia se iria funcionar. E pelo jeito, não funcionara. Helena sequer havia se mexido e continuava encolhida dentro de sua própria bolha, novamente Mia sentiu o próprio coração se partir um pouco mais enquanto observava aquela cena, olhou para baixo, sentindo-se simplesmente derrotada e a pior pessoa do mundo, sentiu vontade de chorar, mas chorar naquele momento em nada iria ajudar.

— Tudo bem. — falou em tom baixo e acenou de forma positiva com a cabeça como se dissesse que entendia o fato de Helena não querer olhá-la naquele momento. Aceitou a situação e virou-se onde estava, se ajeitando devagar até sentar-se no chão, mas sequer se afastou, sentou, retirou os saltos e os empurrou para o lado e cruzou as pernas em posição de meditação e então... Esperou.

Mais uma vez Helena percebeu como tudo era diferente com Amélia e desta vez, infelizmente, percebera da pior forma possível, a Artista sentia um pânico dominando todo o seu corpo, deixando seus membros dormentes e a sensação no coração era tão agonizante que sentia que iria ter uma parada cardíaca a qualquer momento, a respiração estava ofegante, mas não sabia se era culpa do choro ou da situação. Com Alyson era diferente, quando Alyson gritava com ela a plenos pulmões, por mais que o grito em si lhe trouxesse tanto incômodo, ela sabia que Alyson jamais faria nada com ela, via na ruiva a mais pura segurança, um verdadeiro porto seguro. Já com Mia a coisa se tornava bem diferente do que parecia, por mais que demonstrasse confiança, não sentia completamente, por mais que se sentisse a vontade perto de Mia, sabia que lá no fundo ainda tinha uma pequena parte sua que não estava à vontade. Eram as marcas que tinha psicologicamente deixando claro que sua vida não era assim tão fácil e que superar os traumas que tinha ainda iria demorar e ela jamais iria conseguir isso sozinha ou sem ajuda, profissional ou não.

Alyson era a sua amiga, quase uma irmã, a pessoa que sempre se mostrou como o seu pilar estrutural, que estava sempre lá para apoiá-la e vice e versa. Mia também podia ser considerada uma amiga, mas estava além disso, um interesse amoroso ou sexual, uma amizade colorida, tudo o que Trevor, o seu agressor, um dia já fora. E era justamente por isso que seus traumas gritavam mais altos quando reagiam a Mia.

Começou a se acalmar no primeiro toque que sentiu de Mia, toque esse que demonstrava um cuidado sem igual, muito diferente dos que dominavam a sua mente, mas ainda assim, não quis se mover, teve medo de aquilo fosse apenas uma ilusão de sua cabeça, mesmo com tantas repetições de que não seria machucada, não confiava, mas o que veio a seguir trouxe-lhe conforto e ao mesmo tempo surpresa. Mia demonstrou o mais puro respeito a sua situação, não insistiu, não falou mais nada, apenas respeitou e o melhor, não foi embora, sentia a aproximação dela, sentia o corpo dela encostado no sofá bem a frente de seus pés, isso lhe trouxe um calor em seu interior que realmente lhe confortou, ergueu a cabeça devagar e encarou os cabelos negros de Mia, o calor em seu peito aumentou, apoiou o queixo no antebraço do braço que estava envolvendo as pernas encolhidas, fechou os olhos devagar e respirou fundo, bem devagar, para conseguir a calmaria que todo o seu ser precisava naquele momento e que ver Mia ali, sentada, esperando que ela se acalmasse, lhe trouxe.

A mexicana relaxou um pouco, levou as mãos ao rosto passando-as por suas bochechas para limpar as lágrimas e em seguida moveu-se com certo cuidado para não esbarrar em Mia sentada no chão a sua frente, apenas virou o corpo e esticou-se, ajeitando-se no sofá devagar até deitar parcialmente de lado e encostada no encosto do móvel, deixando um bom espaço até a ponta, foi quando olhou para Mia e encarou os olhos atentos que estavam fixos em si, Mia parecia alarmada, atenta, mas acima de tudo via a preocupação estampada naqueles olhos azuis e naquela expressão levemente surpresa.

— Deite comigo. — Helena falou em um tom onde sua voz pareceu ainda mais rouca do que já era.

Mia não precisou de mais palavras do que aquelas para saber que as duas iriam conversar novamente, mas desta vez de verdade, sem gritos, sem vozes exaltadas e sem sentimentos aflorados, seria apenas conversa e calma. Assim a morena acenou de forma positiva com a cabeça, sentiu um alívio em seu peito e em seus ombros que fez logo o seu corpo relaxar, Helena estava bem. Ergueu-se devagar do chão, as mãos se apoiando no estofado do sofá, então sentou-se nele para logo em seguida deitar-se, ajeitou-se confortavelmente de barriga para cima, ficou praticamente imóvel, as mãos já iam se cruzar na altura da barriga quando virou a cabeça para o lado e encarou Helena. Os olhos se encontraram imediatamente, os de Helena avermelhados assim como a ponta do nariz, as duas se olharam em silêncio por alguns bons segundos até Helena de repente erguer-se e sentar-se. Mia a olhou sem entender, prestes a sentar para saber o que houve até notar que a morena apenas retirava dos pés as sandálias que usava.

A Designer respirou um pouco fundo, o coração batendo de forma mais acelerada pelo pequeno susto que o movimento de Helena lhe dera, então, logo Helena estava inclinando-se em sua direção mais uma vez, não de volta para seu lugar, mas realmente na direção de Mia, fora automático abrir mais o braço esquerdo e mais automático ainda envolver o tronco de Helena quando ela acomodou-se contra o corpo de Mia, a cabeça ficando apoiada no ombro, o rosto quase escondido em seu pescoço, Helena flexionou uma das pernas a colocando por cima da perna de Mia e a encaixando entre as pernas dela, o outro pé se enroscou aos de Mia e ambas as mulheres respiraram fundo, juntas, com o alívio que aquela posição trouxe a elas.

— Eu realmente...

— Não precisa. — Helena enfim falou, baixo, a posição, a proximidade e o momento não exigiam tons de voz altos. — Gritos me fazem lembrar de coisas indesejáveis, me causa pânico e você não sabia disso. — fechou os olhos devagar ficando ainda mais relaxada contra o corpo de Amélia. — A Aly sempre me diz... Grite de volta, Helena, seja forte, isso é claro enquanto grita comigo. Me assusta, me irrita, me tira do eixo, mas... — respirou fundo e abriu os olhos novamente, encarando a pele de Mia. — Eu sei que ela só grita comigo por preocupação, é como uma irmã, uma mãe dando bronca e nada além disso, ela sempre foi assim desde que nos conhecemos.

— Mas comigo é diferente. — Mia deduziu de imediato, seu coração palpitou com aquelas palavras de Helena, se soubesse daquilo jamais teria levantado a voz para aquela mulher. Sentiu-se completamente envergonhada, o que automaticamente lhe dava vontade de chorar. Forçou uma respiração funda para controlar todos os sentimentos que alvoroçavam o seu interior. — Eu sinto muito, de verdade, eu estava irritada, eu sei que eu passei dos limites, eu realmente sinto muito, eu jamais teria gritado com você se soubesse, nunca vou encostar um dedo em você se for para te machucar, Helena, nunca vou levantar a voz pra você se isso também for te machucar, nunca...

Helena ergueu um pouco o tronco, assim como a cabeça, isso fez Mia se calar quando os olhos se encontraram e as duas voltaram a ficar em silêncio, apenas se encarando, mas Mia quebrou o silêncio.

— Eu fiquei com muito medo quando você se fechou dessa forma e me machucou de verdade por que achei que você não iria olhar mais na minha cara. — confessou.

Helena sorriu fraco, um mero sorriso de canto, quando ouviu aquelas palavras. A mexicana não falou nada, apenas se inclinou um pouco mais até alcançar os lábios de Mia, os selou, fora um selo demorado, carinhoso... Durou alguns segundos, mas os lábios logo foram arrastando-se devagar sobre os de Mia e na mesma lentidão o beijo iniciou-se, as língua se encostaram e os braços de Mia envolveram melhor o corpo de Helena. O beijo foi lento, tão lento que dava para sentir em cada movimento Mia se desculpando e também Helena dizendo que estava tudo bem, apesar do medo e do pânico que sentiu, o respeito de Mia a fez perceber rápido que a morena estava tão assustada quanto ela. Mia não era Trevor, e jamais seria.

O beijo foi quebrado devagar, não se olharam, Helena foi descendo, o nariz roçando devagar pela pele de Mia, o cheiro gostoso invadindo suas narinas, deu um beijo carinhoso na altura de seu maxilar e então voltou a relaxar, o joelho flexionou-se um pouco mais ficando na altura do quadril de Mia e logo então sentiu a mão de Mia espalmar-se em sua coxa desnuda – devido a fenda do vestido -, não havia malícia, não havia absolutamente nada além de carinho. Os dedos de Mia acariciavam a pele macia e quente da coxa de Helena, o outro braço envolvia o corpo dela com carinho e mantinha a mão pousada na altura da cintura, os olhos estavam fechados e sentia um alívio que tomava conta de todo o seu corpo a ponto de deixá-lo tão relaxado que sentia-o dormente. E seu peito estava tranquilo, aquele beijo havia tirado de si todo o medo que havia sentido.

Assim, o silêncio perdurou por alguns bons minutos, ambas apreciando a companhia e o conforto que uma proporcionava a outra, desfrutavam de cada segundo, cada uma precisando da paz que a outra lhe dava. Mia nunca se sentira tão confortável como estava se sentindo naquele momento e Helena não estava nada diferente disso.

Mia abriu os olhos devagar após todo o tempo em silêncio, encarou o teto de maneira pensativa e resolveu quebrar o silêncio.

— Sabe... Eu sei que foi errado te ignorar por dias, mas eu estava tentando entender à situação. Eu conheci você naquele bar, não me orgulho disso e você sabe. — sentiu o movimento da cabeça de Helena contra seu pescoço e soube que a mulher concordou. — Estou e sempre estive ciente da sua outra vida e isso não era um problema completo, mas então eu te conheci melhor, Helena... Eu vi como você é incrível, como você é solidária, como você gosta de fazer as pessoas se sentirem bem contigo, você gosta de impressionar e agradar as pessoas. Como você é divertida, é carinhosa, é tão... Espontânea, o que me quebra, por que eu não sei lidar completamente com isso.

Helena sorriu e Mia fez o mesmo.

— Então, naquele dia quando te vi dançando novamente com aquela garota... Não tem haver com ciúmes, sequer a enxerguei, meus olhos estavam só em você, ou o que você diz que é você. Aquela mulher em cima do palco é uma mulher completamente diferente do que você é, Helena. É fria, sádica e que só pensa unicamente no benefício próprio que é se sentir superior aqueles homens de alguma forma que eu não consigo entender e superior não só a eles. Até o olhar é diferente, o sorriso, o beijo. — as mãos que antes acariciavam o corpo de Helena moviam-se na tentativa de se expressar melhor diante aquelas palavras, os olhos fixos no teto como se estivesse se comunicando com ele já que não conseguia olhar diretamente para Helena naquela posição, o que realmente não era um incômodo. — Isso não é bom pra você, isso não te ajuda em nada além de criar uma ilusão, isso é...

— Doentio. — Helena interrompeu Mia de maneira repentina. Estava se sentindo apreensiva depois daquelas palavras de Mia que lhe acertaram verdadeiramente em cheio. Helena ergueu a cabeça e ao se ajeitar um pouco e apoiar o cotovelo no sofá, apoiou a cabeça na mão e olhou para Mia de maneira fixa, a expressão séria, o cenho levemente franzido.

— Não. — Mia negou com um aceno de cabeça e ergueu a mão direita para tocar Helena, tocou primeiro os cabelos, penteando-os com os dedos devagar e sorriu fraco, era muito bom focar em Helena daquela forma, conseguia facilmente tirar a imagem da dançarina de sua cabeça. — Não é doentio, eu entendo que é a sua válvula de escape, entendo de verdade, Helena. Sei que o que Trevor fez com você foi desumano, mas a ajuda que você precisa não está dentro de um bar de strippers.

Helena desviou os olhos dos de Mia, se sentindo incomodada momentaneamente, respirou fundo, os lábios se entreabrindo, os pensamentos que vieram a sua cabeça fizeram o seu coração acelerar... Doer. Ela sabia que ficava diferente quando ia para o bar, estava dominada pela raiva, mas ouvir aquelas palavras de Mia e lembrar também de tudo o que Alyson lhe dizia não lhe deram um sentimento bom, sentiu-se incomodada, envergonhada de ouvir tudo aquilo.

— Você precisa entender...

— Helena. — Mia a chamou, calando a mexicana. A designer afastou a mão a relaxando sobe a própria barriga, olhava para a expressão perdida de Helena. — É você quem precisa entender, me deixa te...

— Eu estava com cinco meses, Mia. — a voz de Helena soou um pouco mais alta desta vez e os olhos das duas mulheres voltaram a se encontrar e Mia, por um momento, viu o relampejo da dançarina naqueles olhos frios de Helena. Mas aquelas palavras... Aquelas palavras fizeram o coração de Mia doer. — O nome dela era Esperanza e eu nunca amei ninguém como eu amei ela. Ela era a esperança que eu tinha de que o meu casamento voltaria a ser perfeito, que ela nasceria e cresceria com uma família feliz por que eu iria dar todo o meu amor a ela. — Mia sentiu a garganta queimar com o bolo que se formava, os olhos logo se encheram de lágrimas. E Helena cuspia cada palavra, era raiva e uma mágoa que até então Mia jamais havia visto na expressão de alguém. — E ela foi tirada de mim com socos e chutes Mia, enquanto eu ouvia que havia engravidado de algum outro homem e coisas muito piores.

Mia sentiu algumas lágrimas escorrendo de ambos os olhos enquanto ainda olhava para Helena de forma fixa, ao contrário de Mia, Helena não chorava, mas era muito claro naquele olhar frio, a dor que ela sentia em falar sobre aquilo e a dor naquele olhar realmente atingia em cheio o coração de Amélia. Era inevitável. E o pior, Mia simplesmente não sabia o que falar naquele momento, algo que pudesse amenizar a dor de Helena, se é que isso um dia seria possível. Ergueu a mão direita devagar prestes a tocar o rosto de Helena mais uma vez quando sentiu algo pesado cair na altura de seu ventre. O coração acelerou de imediato e o corpo da morena teve um sobresalto no sofá.

— Meu Deus do céu. — levou a mão ao rosto enquanto pesava a cabeça contra o estofado do sofá pouco depois de ter notado que o que caíra nela fora nada mais nada mais que Vadia.

Então começou a ouvir a risada grave de Helena, uma risada gostosa que dissipou em segundos toda aquela aura pesada que viera com aquele novo assunto levantado por Helena. Sentiu as patas pesadas em seu corpo, Vadia ia dando passos lentos para cima enquanto se derretia com as carícias que recebia de Helena.

— Você vai mesmo se assustar toda vez que ela aparecer?! — Helena questionou. Tinha um sorriso largo nos lábios, até aliviado, Vadia sempre parecia ter um timming perfeito.

— Eu não esperava, leve em conta, não sou acostumada com gatos. — se defendeu, riu por breves segundos enquanto levava a mão livre a cabeça peluda da gata preta que se deleitava com os carinhos que recebia e logo ia se deitando sobre as patinhas ficando deitadinha na altura de seu estômago.

— Ela demorou pra aparecer, manhosa do jeito que é. — acusou enquanto voltava a relaxar e a apoiar a cabeça no ombro de Mia, ainda se sentia incomodada com toda aquela situação, pouquíssimas pessoas sabiam sobre a filha que havia perdido por causa da surra que tomara de Trevor, o que a fizera tomar a decisão de uma vez por todas de denunciá-lo. Nunca esquecera e tinha a certeza de que nunca esqueceria da dor que sentiu, física e emocional.

“— Olha o que você fez, Helena! — o grito fez o seu corpo tremer mais uma vez, mas soou longe, junto com o tremor veio o soluço forte enquanto se encolhia mais no chão do banheiro, o celular escapou das mãos ensangüentadas e caiu no chão entre suas pernas onde uma poça de sangue começava a se formar. Tinha a respiração completamente ofegante, mal conseguia completar uma respirada completa, doía, sentia dor no peito, seus pulmões queimavam para conseguir respirar e principalmente sentia como se seu útero estivesse sendo rasgado por dentro.

— Por favor, por favor. — implorou em tom baixo enquanto abraçava a própria barriga já bem visível no quinto mês de gestação, encolhia-se enquanto agüentava a dor que sentia que parecia ir subindo por todo o seu corpo, encolheu-se ainda mais e soltou um grunhido no fim da contração que sentiu.Ela sabia o que estava acontecendo, sabia o por que estava sentindo tanta dor, muito mais do que já sentiu em todas as vezes que fora espancada por Trevor, naquele momento a dor que sentia no rosto, o gosto de sangue na boca, a dor nas costelas e no braço, todas davam lugar a dor em seu ventre.

— O que você pensa que está fazendo aqui? — ouviu mais um grito de Trevor e se ajeitou um pouco, já fazia alguns bons minutos que havia conseguido escapar da violência do marido e o desespero de quando sentiu algo quente entre suas pernas seguido de uma dor que nunca sentira a fizera correr para o banheiro e se trancar nele.

— Não toque em mim! Se você encostar um dedo em mim, seu desgraçado, eu acabo com essa porr* de vida que você tem. — era a voz de Alyson, tão alterada quanto à de Trevor. — Ela está grávida seu idiota!!!

Soltou um novo gemido de dor, este fora mais demorado que o anterior, nesses momentos esquecia de respirar e só desejava que a dor passasse. Não ouviu mais a voz de Alyson e nem de Trevor, ficou em silêncio com o seu próprio terror dentro daquele banheiro. Havia mandado uma mensagem de socorro para a amiga, sabia que precisava de ajuda e urgente.

— Helena! — batidas na porta do banheiro, era Alyson.

Não conseguiria ficar de pé sozinha, arrastou-se devagar pelo chão do banheiro movida pelo próprio desespero a cada centímetro percorrido um soluço e uma fisgada no peito, no coração que era cada vez mais despedaçado pela própria dor. Destravou a porta e a abriu o quanto pode.

— Eu estou perdendo ela, Aly, eu estou perdendo ela!!”

Helena despertou da própria lembrança quando ouviu a risada de Mia, sentiu o coração acelerar pelo susto que tivera, simplesmente se perdera nas próprias memórias, sentiu uma bola na boca do estômago a incomodando e algumas lágrimas escorrendo pelo canto dos olhos, mas apenas respirou fundo para tentar se acalmar e fechou os olhos para voltar a focar em Amélia, não havia prestado atenção no que ela falara ou sequer sabia do que ela havia rido, voltou a abrir os olhos e olhou para Vadia praticamente se derretendo com o carinho que recebia na cabeça e no queixo, Mia ficava intercalando e a gata praticamente forçando a cabeça contra a mão da morena para ganhar mais carinho.

— Você encontrou o ponto fraco da vadia. — sussurrou e deu um sorriso fraco, Mia riu novamente enquanto passava o polegar desde o focinho da gata até a cabecinha peluda, dava para ouvir o ronronar da gata.

— Sabe... — Mia começou em tom baixo, cuidadoso, como se deixasse claro que estava escolhendo muito bem as palavras que iria dizer a seguir. — Você seria uma mãe incrível. — A Designer sorriu fraco com o pensamento, mas era doloroso falar daquela forma ainda assim. Já Helena sentiu o coração praticamente pular dentro do peito com aquelas palavras e os olhos voltaram a queimar. — Sinceramente eu não consigo pensar em palavra alguma que te confortaria, ou que amenizaria sua dor, eu sequer consigo imaginar a dor que você ainda sente. — falava de forma pensativa enquanto ainda olhava para Vadia e não parava um segundo sequer de dar carinho a gata, esfregando-lhe a cabeça e às vezes a coçando com a unha de forma lenta e cheia de carinho.

Helena não falou nada, nunca se sentiu confortável para falar sobre aquele assunto com ninguém, não de forma aberta, nem mesmo com Alyson que era a pessoa mais próxima que tinha de sí, Alyson sabia de cada detalhe e presenciara cada momento, mas sabia que tocar naquele assunto era como enfiar uma faca na maior ferida de Helena. Era como um assunto proibido, poucas pessoas sabiam e nem mesmo a mãe de Helena sabia que isso havia acontecido.

As duas mulheres ficaram em silêncio por algum tempo, Helena ainda se sentia engasgada, não sabia se era por causa das lembranças ou pelo desconforto que tudo aquilo lhe causava, não queria conversar, não mais e por ela realmente seria um ótimo momento para ficar sozinha.

— É fácil de imaginar uma mini você, muito marrentinha e que odiaria ser contrariada. E claro, ela viveria rabiscando as paredes da sua casa por que obviamente iria aprender a pintar antes mesmo de aprender a falar. — Mia sorriu fraco com o pensamento. — E claro que ela iria ter que conviver com a sua delinqüência e péssima escolha para nomes e não falo do nome Esperanza, esse nome é lindo. — Mia desviou o olhar do teto e olhou para Helena quando sentiu a morena se remexer contra o seu corpo e então erguer a cabeça, viu os olhos avermelhados lhe encarando e o rosto molhado por algumas lágrimas. O olhar dela era surpreso, atento as palavras de Mia. Amélia sorriu fraco, mas machucou-lhe ver Helena daquela forma. Ergueu a mão esquerda e tocou o rosto de Helena de forma carinhosa, o polegar limpou algumas lágrimas com cuidado. — Sabe qual seria a primeira palavra que ela diria? — questionou e arqueou uma sobrancelha. — Vadia. — arqueou ambas as sobrancelhas como se estivesse acusando Helena. — Por que como eu disse, ela teria uma mãe maravilhosa, mas péssima para escolher nomes e iria crescer ouvindo você brigar com a Vadia roubando comida.

Helena riu, totalmente pega de surpresa com aquelas palavras de Mia de uma realidade que seria perfeita, ela riu para logo em seguida cair no choro e afundar o rosto contra o pescoço de Mia e chorou tudo o que tinha para chorar, se tinha um assunto que a deixava frágil... Era aquele. Mia apenas a abraçou de maneira bem apertada, deixando que a morena chorasse, ela precisava. Virou o rosto devagar e deu um beijo demorado nos cabelos escuros enquanto a apertava contra o seu corpo com carinho, não sabia se devia ter falado aquilo, mas não sabia o que mais falar. Mas a verdade era que Helena havia adorado ouvir aquilo, a confortou muito mais do que qualquer coisa que já haviam dito até então, a confortou por que Mia não a olhou com pena.

Assim Mia ficou em silêncio, dando o tempo que Helena precisava enquanto dava-lhe carinho e a confortava em silêncio e isso foi capaz de fazer a Mexicana começar a se acalmar aos poucos, o coração já não doía como antes e não sentia mais aquele bolo a incomodando na boca do estômago. Helena respirou bem fundo, tirando todo o peso de seu corpo então soltou o ar em um suspiro longo antes de ajeitar-se um pouco, voltou a olhar para Vadia mantendo a cabeça apoiada no ombro de Helena. A gata agora dormia deitadinha sobre as próprias patas e a cabeça apoiada quase na altura dos seios de Amélia. Isso fez Helena sorrir fraco.

— Melhor? — Mia questionou de repente.

Helena ergueu a cabeça, precisava olhar para Mia, encontrou aqueles olhos azuis e sorriu de canto, um sorriso que parecia agradecer em silêncio por Mia ser tão... Mia. As duas se olharam em silêncio por alguns segundos antes de Mia voltar a erguer a mão esquerda para tocar o rosto de Helena, o dedo indicador deslizou devagar desde o espaço entre as sobrancelhas até a ponta do nariz levemente avermelhado de Helena.

— Quando meu pai morreu a minha mãe precisou de terapia por meses pra conseguir seguir em frente, ela quase não fala sobre isso, foi uma fase difícil. — falou em um sussurro enquanto devagar ia limpando o rosto de Helena de algumas lágrimas que ainda não haviam secado. — Ela até hoje ainda vai, uma vez ao mês, por que se sente bem em desabafar com alguém. Vivo imaginando ela reclamando para a terapeuta como sente que eu sou uma filha desnaturada por esquecer dela as vezes. — Helena sorriu fraco com aquelas palavras e pendeu um pouco a cabeça para o lado. — Você precisa disso e você sabe não é?

— Eu sei. — A voz de Helena saiu extremamente roupa, culpa do choro anterior. Ela sabia que precisava voltar para a terapia já tinha algum tempo, mas algo nela fazia ela evitar isso de qualquer forma. Não gostava de pensar na idéia de mais uma pessoa sabendo de cada detalhe de sua vida e tirando conclusões sobre isso.

— Ninguém vai conseguir fazer você mudar de idéia em relação ao bar a não ser você mesma, percebo isso. Eu posso tentar, posso ajudar, a Aly pode tentar, pode ajudar, mas nunca será o suficiente, nem eu e muito menos ela sabemos o que se passa na sua cabeça após lembrar de tudo o que aconteceu com você. — colocou algumas mechas do cabelo de Helena atrás de sua orelha enquanto falava. — Eu não vou mais brigar com você por causa da sua segunda vida, é claro que eu vou reclamar, por que aí não seria eu. — As duas sorriram de forma cúmplice. — Mas pra isso eu peço que você deixe eu marcar uma consulta pra você na terapeuta que minha mãe vai, se isso te incomoda, podemos achar outra, só uma consulta, umazinha, depois dela você decide se quer continuar ou não e eu não vou te julgar.

—Você parando de brigar comigo? Você é chata demais pra não brigar, Mia. Vamos ser realistas. — Helena falou em tom sério, mas não conseguiu manter a seriedade por tempo demais, logo o sorriso largo apareceu nos lábios carnudos e em seguida ela riu.

Mia limitou-se a olhar para a Helena com uma expressão que falava por sí só um “Vai se foder, Helena.”. A Artista Plástica riu por mais alguns segundos enquanto se erguia um pouco mais e se ajeitava para então sentar. Vadia levantou a cabeça de repente e miou com o movimento que a acordou. Helena sorriu.

— Desculpa, bebê. — falou ao acariciar a cabeça peluda da felina. — Preciso ir ao banheiro, quer algo da cozinha? — questionou já quando ia saindo do sofá com cuidado já que tinha que passar por cima de Mia, quando ficou de pé se espreguiçou devagar antes de começar a andar.

— Quero que você não me enrole, Helena! — acusou já que Helena sequer havia respondido sobre a terapia. Vadia pulou de cima de seu corpo diretamente para o chão e foi miando atrás de Helena.

Helena apenas sorriu para a morena no sofá como quem estava prestes a aprontar algo, mas nada falou, apenas saiu andando junto com Vadia que se enroscava em suas pernas e miava de forma quase desesperada e Helena sabia bem o motivo.

— Já vai, já vai! — reclamou enquanto andava primeiro em direção a cozinha diretamente para o armário onde ficava o pote de ração de Vadia, assim que chegou a pequena já fora correndo em direção aos potinhos no chão, o de água cheio, mas o de ração completamente vazio. Helena colocou uma quantidade razoável nele e guardou o pote que segurava antes de sair da cozinha e ir diretamente para o banheiro do corredor, fechou a porta atrás de sí e foi diretamente para a pia onde apoiou as mãos e olhou para frente vendo o seu reflexo no espelho, a expressão muito diferente de como havia saído da sala, agora estava séria, muito séria, pensando muito bem em cada palavra que Mia havia dito.

Ela respirou realmente fundo algumas vezes, nunca se imaginou em uma situação como aquelas onde se mostraria tão absurdamente vulnerável para ela, isso a incomodava, se mostrar tão vulnerável para alguém além de Alyson, não sabia o que podia acontecer a seguir, nunca demonstrou qualquer fragilidade para ninguém depois de Trevor e isso a incomodava, mas só de lembrar como Mia agia de forma tão carinhosa e claramente preocupada já lhe trazia conforto.

— Deus do céu. — sussurrou enquanto olhava para baixo e balançava a cabeça de forma negativa. Respirou fundo novamente enquanto levava as mãos aos cabelos bagunçados, os ajeitou com os dedos e os amarrou em um coque firme quase no topo da cabeça para logo em seguida abrir a torneira da pia, abaixou-se enquanto fazia uma concha com as mãos e as enchia de água para poder lavar o rosto, sentiu um breve incômodo com a água gelada em contato com o rosto tão quente, molhou um pouco o pescoço e finalmente pegou a toalha de rosto para enxugar-se. Aquilo lhe trouxe certo alívio, apesar de ainda sentir-se nervosa com tudo aquilo. Olhou-se uma última vez no espelho antes de dar meia volta e sair do banheiro, voltou para a sala a passos lentos.

Mia continuava deitada no sofá, o olhar fixo no teto mais uma vez, as pernas cruzadas e a expressão claramente pensativa, pensava em cada coisa que havia acontecido naquele dia, em cada coisa que havia descoberto e que fazia ela sentir certo pesar por Helena, era muita coisa para uma única mulher agüentar e manter sempre a pose de durona sendo que no fundo não chegava nem perto de ser. Helena era uma pessoa que precisava ser cuidada por alguém que lhe quisesse o bem, mas com certeza ela não iria admitir isso.

— Tudo bem. — Helena falou ao parar próximo ao sofá, Mia desviou os olhos do teto e encarou Helena. — Uma consulta apenas e você não vai insistir se eu quiser desistir depois você só vai aceitar e fingir que nunca aconteceu.

— O que você tem contra terapeutas? — Mia arqueou uma sobrancelha, mas tinha um sorriso realmente largo nos lábios, sorriso de quem havia acabado de vencer uma guerra.

Helena arqueou ambas as sobrancelhas e Mia logo ergueu ambas as mãos.

— Ok! Vou fingir demência se isso acontecer. — falou um pouco mais alto se rendendo aquele olhar de Helena.

— Muito bem. — sorriu antes de ir em direção ao sofá mais uma vez, apoiou primeiro o joelho no estofado antes de apoiar as mãos e ceder o corpo, voltou quase a mesma posição de antes, a perna flexionada e apoiada na altura do quadril de Mia, mas desta vez mantinha o cotovelo apoiado no sofá para manter a cabeça erguida podendo assim olhar melhor para Mia. — Obrigada por ser tão compreensível. — sussurrou enquanto encarava a morena com um sorriso fraco no canto dos lábios.

Mia sorriu de volta.

— Você é tão compreensiva quanto eu, Helena. Eu não podia te retribuir com algo diferente.

O sorriso de Helena se alargou quando ela se inclinou um pouco em direção a Mia para beijá-la, começou com alguns selinhos estalados para logo em seguida continuar com um beijo mais intenso e os braços de Mia rodeando o corpo de Helena quase ao mesmo tempo em que sua língua se enroscava a dela em meio ao beijo que transbordava calma. A campainha tocou uma vez e Helena sequer se moveu, apenas aprofundou um pouco mais aquele beijo gostoso, era definitivamente louca pela boca de Mia.

— Hmm... Você não vai atender? — questionou contra a boca de Helena, mas sem se afastar um centímetro sequer.

— É claro que não. Eu não vou sair daqui. — respondeu. As duas sorriram de forma cúmplice. Mas o sorriso morreu quando os lábios voltaram a roçar um contra o outro bem devagar para logo em seguida se encaixarem e um novo beijo ganhar vida, tão gostoso quanto o anterior, ambas adoravam a sincronia do beijo uma da outra, a calma, o gosto da boca, era tudo perfeito. Mia sempre pensava como conseguira resistir tanto ao beijo daquela mulher no começo. E mais uma vez lá estavam elas completamente confortáveis nos braços uma das outras, com quaisquer desavenças resolvidas e sem querer estar em qualquer outro lugar além de naquele sofá.

Mia quebrou o beijo de repente assim que ouviu o barulho da porta da frente batendo e olhou para Helena ao se afastar um pouco, Helena por sua vez começou a rir enquanto deixava o corpo ceder de uma vez e deitava ao lado de Mia novamente, mas desta vez com a cabeça ao lado da dela só para poder ver o momento em que Alyson aparecia na entrada da sala de forma até distraída, tinha em uma mão as chaves e na outra uma tigela de vidro azul, mas parou de forma repentina, os olhos claramente surpresos quando viu as mulheres no sofá.

— Deus do céu. — ela falou e rolou os olhos. — Eu realmente preciso parar de pegar vocês duas quase trans*ndo onde quer que seja.

Mia começou a rir com as palavras de Alyson, mas ao mesmo tempo também se sentia envergonhada, bom, pelo menos elas haviam parado de se beijar a tempo, muito diferente da última vez em que foram pegas por Aly.

— Sempre há contra indicações de se ter a chave da casa de sua amiga. — Helena sorriu de forma larga e bocejou de forma preguiçosa logo em seguida, mas não negou as palavras de Alyson, mesmo que tudo o que elas estavam fazendo era trocar um pouco de carinho, não havia malícia. — Por favor, me diga que isso é mousse.

— Bem que eu estranhei que a essa hora da noite você não estava em casa. — Aly falou enquanto voltava a andar a passos calmos. Mia franziu o cenho com as palavras de Alyson.

— A essa hora da noite? Que horas são? — questionou de forma intrigada, desde que havia chego a casa de Helena sequer havia pego o celular e não tinha a mínima idéia de quanto tempo estava ali.

— Quase 19, não tenho certez...

— Oh meu Deus!! — Mia escapuliu do conforto do corpo de Helena de forma repentina. Helena se assustou com a reação e a olhou sem entender. — Eu me perdi no tempo, eu preciso ir, o vôo do Hernando chega as 19:20 e eu que vou pegar ele. — a morena falou de forma rápida enquanto andava pela sala e ia pegando suas coisas, sabia que Hernando a mataria se ela o deixasse esperando e principalmente se descobrisse que ela havia esquecido. Parou ao se dar conta de que havia deixado tudo no carro, menos a chave é claro, esta estava em seu bolso. Olhou para Helena em seguida e deu de cara com aquele sorriso estampado no rosto da morena sentada no sofá e com os saltos de Mia na mão.

— Desesperada. — implicou. Mia riu enquanto se aproximava e inclinava-se em direção a morena, beijou-lhe nos lábios algumas vezes seguidas e outras no rosto enquanto pegava seus saltos da mão dela.

— Eu falo com você mais tarde. — falou ao encará-la e lhe deu um último beijo no rosto antes de ir em direção a Alyson que havia parado a caminho para a cozinha. — Prometo que da próxima vez eu não vou embora assim que você chega. — brincou enquanto abraçava a ruiva, ouviu a risada e deu-lhe um beijo no rosto.

— Não se preocupe, pelo jeito oportunidades não vão faltar. — arqueou uma sobrancelha como se acusasse Mia de algo. Mas a Designer apenas sorriu e deu meia volta antes de sair andando sem nem ao menos calçar os saltos, deixaria isso para quando chegasse ao aeroporto que não era perto. Praticamente correu em direção a porta.

— Tem que parar de sair daqui correndo, Amélia! — Helena falou alto quando Mia saiu de seu campo de visão e só pode ouvir a risada de Mia antes de ouvir o som da porta da frente se fechando, sinal de que ela havia ido embora.

— Mousse de chocolate com café e você contando tudo o que aconteceu. — Alyson falou da cozinha em tom de voz um pouco mais alto.

— Parece justo! — Helena no mesmo tom de voz, ainda sorria enquanto olhava ainda para a porta da sala, mordeu levemente o lábio inferior ao pensar em como aquele dia fora simplesmente surpreendente em todos os sentidos, encostou-se no encosto do sofá e suspirou. Em que ela estava se metendo?

Fim do capítulo


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Comentários para 15 - Capítulo 15:
Danielle Kaori
Danielle Kaori

Em: 15/11/2019

Pelo amor de tudo aquilo que é mais sagrado, não pare. Por ravor. 

Essa história é tão perfeita, a escrita, a coerência de cada capítulo que te deixa desejando o próximo como quem precisa respirar. Sério, perfeito. 

Só te peço, continua please 

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lay colombo
lay colombo

Em: 01/11/2019

Caralbo irmão,  qnd a gente acha q a história da Helena não  pode piorar vc vem e joga uma bomba dessas, não  consigo nem começar  a imaginar a dor q é perder um filho, ainda mais na situação  em q ela perdeu. Eu realmente  espero q a terapia ajuda a Helena, pq depois de td q ela já passou ela merece ser feliz.

Outra coisa, eu amei o qnt a Mia foi sincera apesar da crise q a Helena tinha acabado de passar, acho q a maioria das pessoas não  teria seguido em frente  e dito de oq tinha pra dizer tentando não  piorar a situação, mas a ela precisava dizer e a Helena precisa ouvir.

Bom eu adoro a sua história  e a forma q vc escreve, estarei aguardando os próximos capítulos ansiosamente.

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Drea
Drea

Em: 31/10/2019

Autora acho sua história sensacional, ansiedade e expectativa define meu estado esperando os próximos capítulos.

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Em: 18/10/2019

Uau! To curtindo muito essa estoria! Quando vai rolar a noite de amor?? 

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Aurelia
Aurelia

Em: 04/10/2019

Oua, já ia dizer que estou apaixonada por essa estória, não consegui parar de lê, fiquei uns dois dias sem enxergar direito mas estou aqui maravilhada e impactadada com tudo, eita porraaaa. Volte logo que é bão demais autora. Cara demais mesmo... Fique bem e até 

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Donaria
Donaria

Em: 03/10/2019

Olâ autora!! o que eu posso dizer dessa ..... acho que so posso dizer ....PORRA....que historia maravilhosa! Eu to me sentindo igual a Mia... fudida...sei que tó fudida....rsrsrsr. Comecei a ler a historia e não prestei atenção em quantos capitulos e nem na media de prazo de atualização da autora....depois de três capitulos e já completamente apaixonada pela historia, tive a curiosidade de olhar....e ai fudeu...eu vi que teve uma vez que foram 5 meses sem capitulos...rsrsrs...ai você acha que a pessoa aqui parou de ler^...claro que não!!! Pois ja estava apaixonada!!! Autora estou encantada com sua escrita...com as personagens...com a historia em si. Ha tempos não me encantava assim com uma historia...a forma como descreve as personagens, a propria construção da historia e dos personagens...que delicia de ler...tudo nos minimos detalhes...as emoçoes...as sensações...me sinto como se estivesse no sofa da casa da Helena vendo as duas conversarem. Espero não sofrer tanto...rsrsrs...que voce não judie de nos leitoras vorazes dessa magnifica historia....e que atualize...que finalize ...essa magnifica historia.. vou tá aqui esperando....beijos autora. 

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Maryana
Maryana

Em: 02/10/2019

Adoroooooooo

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Thayscarina
Thayscarina

Em: 02/10/2019

Adoro a história espero que não demore muito pra o próximo capítulo 

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Brescia
Brescia

Em: 30/09/2019

              Boa noite mocinha.

 

Olha, deve ser transmissão de pensamento, pois estava lembrando dessas duas ontem e pensando em como seria essa conversa. Acho que a Mia faz um bem enorme para Helena, basta que ela se deixe amar.

 

           Baci piccola.

 

 

 

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nany cristina
nany cristina

Em: 30/09/2019

bom dia patty

Obrigado por atualizar a história Espero que esteja tudo bem com você  e sua família.

bjs até o próximo Capítulo😍

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Josiane
Josiane

Em: 30/09/2019

Tu nao imagina o grito que eu dei quando vi q tinha capítulo novo , gritei mentiraaa que ela atualizou,  eu amo amo amo muito essa história, obrigada por voltar bjs 

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Nay Rosario
Nay Rosario

Em: 30/09/2019

Bem vinda de volta!

Torta de limão no almoço com a sogra é uma maravilha. Mia ainda vai penar com Helena e seus traumas. Tudo o que a artista plástica é hoje foi construído pós tragédias. E haverão momentos como a reação de Helena aos gritos da Designer que ela terá de segurar a barra de gostar da outra. Helena indo ao terapeuta?! Sei.

Ps: Por que só twitter?! Tem rede menos complicada não? 

Ps1: Somos humanos, autora. No dia em que não houverem merdas/problemas/imprevistos significa que o mundo deixou de ser mundo. 


Até breve! 

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preguicella
preguicella

Em: 30/09/2019

Gzuisss, amanhã seu perco a hora e quando chegar atrasada falo pra chefe reclamar com vc, tá!

Capítulo mara! A demora, Ah a demora a gente tem vontade de matar mas perdoa, né, fazer o quê!? hahaha

Bjão

Ah, saudades de vc reclamando do grilo quase falante! hahahahahaha

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Leh Moura
Leh Moura

Em: 30/09/2019

Só digo uma coisa: Essa história merece Livro físico e capa com título bordado com fios de ouro. Kkkk 

Obra prima!!! 

Entro em um universo paralelo com sua escrita. sz 

.

Leve o tempo que precisar, na confiança de que não abandone. Seu bem estar em primeiro lugar. Torço pra que tudo fique bem! 

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