Capitulo 30
Havia tomado um comprimido para a dor de cabeça e tentava ligar para a Monize, estacionada em uma vaga do supermercado. E finalmente consegui.
- Oi Mô. Vai estar em casa agora na parte da tarde? Sim. Preciso conversar com você. Claro, vai ser o tempo de fazer umas compras e depois irei para lá então. Beijo.
Ela ainda estaria no trabalho, mas as 15h já estaria liberada.
Desci do carro ativando o alarme, coloquei as chaves no bolso e entrei no supermercado. Aquele lugar me trazia lembranças vivas da Mel. Muitas vezes estivemos ali comprando bebida, pizza pré-assada, petiscos e frutas. Comprei amendoins, ela era viciada nisso. Sorri com o pacotinho na mão e em seguida lembrei-me do dia em que ela fôra assaltada, a vi chorando coberta de sangue. Eram duas lembranças extremas que variavam entre alegria e dor. Estava de mãos atadas, não houve nada que eu pudesse fazer, sequer liguei para a polícia por que ela não deixou. Cerrei o punho e tentei afastar aquilo da mente.
Daria tudo para voltar a vê-la e conversar para tentar esclarecer o que havia acontecido depois. Porque ela teria dito uma coisa para Margot e feito outra comigo?
Entrei na fila para pagar as coisas e olhei para o relógio no celular. Ainda era muito cedo para ir para a casa da Monize. Peguei as sacolas e fui para o estacionamento. Abri o porta-malas guardando tudo. Encostei-me na lateral do carro colocando os óculos e entrei, ajeitando o cinto. Então desta vez fui para casa da Monize.
Estacionei debaixo de uma árvore e desliguei o carro, ela ainda não havia chegado.
Deitei o banco e fechei os olhos.
“- eu te amo filha” – ouvi uma voz do meu lado.
A cor dos seus olhos eram da cor dos meus. Seus cabelos eram encaracolados de um loiro claro. O perfume era suave e adocicado. Sartori estava do outro lado da maquete olhando diretamente para mim. Parecia tenso e não parecia feliz com a presença dela. Continuei a olhar para ele, até compreender a razão de não tirar os olhos de mim. Ele me queria ao seu lado e não ao lado dela. Estava elegante em um terno preto com risca de giz, uma gravata bordô, até mesmo se parecia com um mafioso italiano, o que me fez sorrir. Olhei para o rosto de minha mãe e ela não olhava para ele, mas para a taça que tinha na mão e a segurava com firmeza. Bebíamos o mesmo: espumante, mas ela estranhou porque eu sempre bebi whisky.
“É uma ocasião especial” disse.
- Os gostos mudam mãe. Nós mesmos mudamos. – sorri.
- É tem razão...
O que mais me chamou a atenção era que às vezes, ela parecia não conhecer o meu pai. Ela olhava para ele e não o notava ou parecia simplesmente não o conhecer mesmo. E vice-versa.
- Filha, eu quero que você conheça uma pessoa.
E ela acenou.
- Quem seria?
Mas não vi ninguém.
Um homem que estava em uma roda de pessoas veio em nossa direção. No primeiro momento não o reconheci.
- Bebeu demais aposto! – disse com um sorriso sarcástico no canto da boca.
- Quero te apresentar minha filha. – disse segurando na minha mão.
De onde eu o conhecia? Aquele sorriso não me era estranho, qual era mesmo o nome dele?
- Filha, este é o Rui.
- Rui? - e dei um passo para trás.
“não é possível” “vocês se conhecem, mas como?” “Não... não pode ser!”
- Nãoooo!
E abri os olhos assustada com alguém buzinando. Monize havia parado o seu carro ao lado do meu e abaixei o vidro.
- Oi! Devo ter dormido.
- Sim estava – sorriu. Desculpa ter usado a buzina.
- Tudo bem.
Fechei o vidro e sai, atravessando a rua.
- Não quer deixar na garagem?
- Não precisa Mô.
E nos abraçamos.
Monize abriu a porta e a segui, cruzando a sala e indo para o quarto.
- Você me parece cansada.
- Estou. Clientes loucos para um dia só.
Sorri.
- Vem... – deitei na cama e abri os braços.
Monize deitou-se aconchegado a mim.
- Tudo bem com você. – disse olhando para mim.
- Sim e não.
- Isso é ótimo. – sorriu. - Por onde quer começar?
- Encontrei com a Margot.
- E quem é essa?
- A melhor amiga da Mel.
- Está de brincadeira! – disse com cara de espanto.
- Nos conversamos por um momento e ela me contou algumas coisas da Mel.
- Uau... – disse segurando a minha mão. – Vocês estão namorando! – sorriu.
- Sim, ela me pediu em namoro.
- Que anel lindo, loca!
- Ei não vai chorar! – apertei seu braço.
- Conta da Mel. – disse limpando uma lágrima.
- Bom você se lembra de te contar como aconteceu, entre eu e ela, porque pedi que se afastasse.
- Sim me lembro.
- Margot me disse algo completamente diferente a esse respeito. Que a Mel teria acabado comigo. Que tínhamos terminado a nossa relação e sequer falamos depois daquele beijo.
- Que estranho.
- Ela tinha beijado a Paige naquela noite, mas Margot me disse que nunca passaram disso. E pasme essa garota foi baleada, acredita? A Mel sumiu depois disso.
- Puts, imagina como ficou a cabeça dela, mas essa Paige e ela estavam juntas?
- Diz a Margot que não era nada sério. Que nunca foi sério.
- E agora?
- Agora quero uma opinião sua.
- O que tem em mente?
- Dou continuidade nisso ou deixo as coisas como estão?
- Hum acho que já entendi. – disse brincando com meus dedos.
- A Mel é a minha ex entende, não sei como a Ive vai reagir se eu contar que encontrei com a Margot. Não sei o que fazer, mas eu queria resolver essa situação.
- Você disse que nem sabe o paradeiro da Mel.
- A Margot diz que ela foi para o exterior.
- E como vai resolver isso sem a Mel?
- Conversando com a Margot.
- Hum. Você pode tentar. Só não magoe a Ive.
- Não quero isso.
- Combine um dia com a Margot, traga-a aqui para que possam conversar com calma.
- Sim, vou ver isso depois do coquetel na quarta.
- Espero que você resolva e ninguém se machuque.
- Eu também espero.
Disse beijando a sua testa.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
thays_
Em: 30/05/2020
Ai gente. Espero muito que isso não abale o relacionamento da Ive e da Giulia. Isso da Giulia ficar voltando pra entender o que aconteceu com a Mel, não sei não se vai dar certo. Se bem que não sei se ela vai conseguir lidar com essa dúvida também. Ô dúvida.
Resposta do autor:
Ela precisa resolver tudo o que ficou para trás para seguir a sua vida.
Obrigada pelos comentários!
Beijo!
Rose_anne
Em: 29/05/2020
Apesar de gostar da história
Acho Giulia muito sem graça, tipo muito manipulável deixa muito a desejar com o Rui deveria já ter dado um basta ter mais pulso firme e acho que o pai dela tem culpa no cartório.
Resposta do autor:
É exatamente assim, por medo de expor o pai ela deixou de viver algo com a Mel. Mas agora vai ser diferente.
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 29/05/2020
Complicadíssima essa nossa protagonista - por enquanto, é claro - enigmática e agora indecisa também. Mas como ''não há nada tão ruim que não possa piorar'' vamos ver onde nossa história vai dar... Por que ''Mel'', fala sério, em autora?
É isso!
Resposta do autor:
Oi tudo bem?
rs Só um pouco complicada coisa da personalidade dela, e quanto ao nome Mel, você já leu a outra história de mesmo nome, Mel? Se não, confere lá que você vai descobrir! Comente também! ;)
beijo!
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