Capitulo 31
Ive piscou para mim e segurou a minha mão. Eu não fazia idéia para onde estávamos indo.
- Estamos quase chegando...
- Estou ficando ansiosa.
- É um lugar muito gostoso. Restaurante de uma amiga de faculdade.
- Engenheira?
- Sim. É uma figura! Posso confiar nela de olhos fechados e... aqui estamos!
Ive estacionou em uma área vip.
Descemos do carro e nos dirigimos de mãos dadas para a entrada do restaurante. Fiquei encantada com um lago repleto de carpas de vários tamanhos e cores. Ao fundo, do lado direito, havia um jardim japonês como nunca havia visto antes. Diferenciava-se pelo seu tamanho, composição, espécies de folhagens e pinheiros. Havia uma ponte que separava dois ambientes, era incrível!
Subimos dois lances de degraus e paramos. Ive acenou para alguém e minutos depois, sua amiga veio nos cumprimentar.
- Pensei que tivesse me esquecido... traíra! – e sorriu alto abraçando Ive.
- Que nada falta de tempo mesmo! Essa é minha amiga Yoko.
- Como vai? Estendi a mão.
- E essa é Giulia minha namorada.
- Prazer... Linda você!
Sorri ao ver que piscava para Ive.
- Você tem bom gosto traíra. - e deu um tapa em suas costas.
Segurei o riso.
- Por favor, me acompanhem.
Yoko era uma japonesinha alegre, deveria medir por volta de um e sessenta de altura. Cabelos longos, negros. A cor dos olhos era um tanto incomum: de um cinza claro. Na maioria dos japoneses predominava tons mais escuros. Ela nos levou para uma das mesas do lado de fora do restaurante, para um lugar bem mais reservado. Ao lado do jardim que há pouco acabava de apreciar. Era tudo muito lindo, com muita organização e requinte. As cores eram bem quentes: o vermelho e o dourado predominavam. Havia quadros com fotos do Japão, de ideogramas, tudo em preto e branco.
- Posso recomendar? - disse Yoko abraçando um cardápio.
- Pode sim... - Ive olhou para mim.
- Fiquem a vontade e que tenham uma noite agradável. Com licença. – e afastou-se.
- Ive... - disse sorrindo.
- Hum? - e segurou a minha mão.
- Por que traíra?
E Ive soltou uma gargalhada.
- Jura que fica entre a gente?
- Sim...
- Promete! É muito sério!
Voltei a sorrir.
- Prometo. – sorri.
- Quando ainda estávamos na faculdade e Yoko me mostrava aqueles peixes coloridos, que sempre fui apaixonada e jurei um dia ter um lago com “milhares” deles... - sorriu. – Então... Eu os chamei de traíras.
- Ai Ive!
- Entendeu?
- Não acredito... - e soltei uma gargalhada.
Saboreamos o que havia de melhor na gastronomia japonesa. Era um restaurante cinco estrelas com reconhecimento internacional. Bebemos saquê e por algum momento Yoko juntou-se a nós e conversamos da época de quando se conheceram. Era divertidíssima e não vimos a hora passar. O seu interior estava todo ocupado e havia uma fila de espera do lado de fora para aqueles que não haviam feito reserva. Ive deitou a cabeça no meu ombro e Yoko sorriu.
- Vocês são lindas. Parecem duas modelos! Formam lindo casal!
- Obrigada... - agradeci e beijei Ive na testa.
- Você também é engenheira?
- Arquiteta.
Yoko sorriu olhando para Ive.
- Está muito ocupada? Quero muito ampliar o restaurante.
- Vou executar um projeto nessa semana que entra, mas posso olhar o seu projeto. Sem problemas.
- Vou providenciar e deixo com Ive, mas não tenho muita pressa. Pode trabalhar nele quando puder.
- Combinado.
- Adorei te rever precisamos marcar algo como nos velhos tempos. – piscou Ive.
- Estava tudo perfeito.
- Fico feliz que tenha agradado.
Ive sorveu o último gole de saque e pegou o celular na bolsa.
- Vamos...? Por favor... – Ive lhe entregou o cartão.
- Não Ive é por conta da casa!
- Ah Yoko assim fico sem graça! - Ive resmungou.
- Quantas vezes fui no All In e você não fez o mesmo?
- Ok – sorriu.
Yoko nos acompanhou até o estacionamento e acenou quando saímos. Estava maravilhada com a noite. Bêbeda com o saque se isso fosse realmente possível.
- Vamos para o seu apartamento? – disse Ive parando no sinal vermelho e colocando a mão na minha coxa.
- Podemos sim. – e olhei para fora da janela.
- O que foi? – disse olhando para mim.
- Uma confeitaria.
- Quer comer bolo?
- Morrendo de vontade.
- Isso é um desejo?
- Ai Ive... Sim! – sorri.
- Espere até provar a torta de morangos da Belinda!
- Hum precisamos encomendar!
- Doceira de mão cheia!
- Ai, vamos voltar!
Ive sorriu fazendo um contorno proibido.
- O que não faço para matar um desejo seu...
****
Eram quase 11h00 da manhã e Ive deixou um bilhete, que haviam ligado e precisavam dela na obra. Havia deixado a mesa posta com café, chá, suco, pães e frutas. Meu celular tinha várias ligações perdidas de Eduarda e imaginei que o meu pai tivesse voltado de viagem. Tinha pedido para ela me avisar assim que ele chegasse. Peguei uma maçã e corri para o quarto me vestindo rapidamente, eu precisava falar com ele e vasculhar aquela sala. Não teria muitas oportunidades como essa.
Minutos depois cruzava o hall do prédio, subindo em um dos elevadores. Acenei para Eduarda e fui direto para a sala dele. Bati três vezes e ele pediu que eu entrasse. Qual foi a minha surpresa: Rui estava sentado na mesa com as pernas cruzadas e sorriu todo sínico.
- Como vai Sartori.
- Muito bem Giulia. Eduarda disse que você queria falar comigo?
- Sim... – e olhei para o Rui.
- Rui, me espere lá embaixo. Não me demoro.
E levantou-se e saiu.
- Sente-se. Como andam as coisas?
- Bem, estou bem empolgada com o projeto, o coquetel... um momento!
E levantei abrindo a porta, olhando para um lado e o outro do corredor.
- Como disse tenho novidades para te contar.
E ele fitou-me, sem dizer nenhuma palavra.
- Não trabalho mais aqui, penso que Eduarda já lhe tenha informado.
- Já sim, não há problemas. Caso precisar de mim, sabe o que fazer.
- Eu estou namorando e não, você não conhece!
- E qual o problema nisso? Não vai me apresentar?
- Vou sim, ela vai ao coquetel, é uma pessoa fascinante!
- Hum... Tudo bem não há problemas. – Você está me deixando curioso com tudo isso! – sorriu.
- Só não quero problemas com o Rui.
- Mas ele não tem nada a ver com a sua vida, tem?
- Você melhor que ninguém sabe que ele não sai da minha cola!
- E o que mais?
- Vamos trabalhar juntas.
- Juntas...? Giulia fale sem rodeios comigo! – sorriu novamente.
- Estou namorando com uma mulher.
- Hum. E o que ela faz?
- É engenheira...
- Não vejo problemas. Se você realmente confia nela.
Isso era o que eu gostava nele às vezes, mas ainda não era o suficiente para mim.
- Obrigada!
- Mais alguma coisa?
- Estará no coquetel? – sentei no braço do sofá.
- Farei o possível...
- Eu queria que você conversasse com o Rui.
- Sobre? Estão se estranhando de novo?
- Pior que isso, ele está passando dos limites.
- Hum, por essa razão saiu daqui?
- Uma das razões. - Ele tem interferido em tudo.
- Já conversei com ele Giulia, caso não saiba. – disse olhando para o tampo da mesa.
- Não queria dizer isso, mas você tem um pouco de culpa em tudo...
- Está dizendo que eu sou responsável por isso?
- As coisas estão saindo fora de controle pai! Será que você não vê?
- Você sempre se virou, saiu de casa, fez o que quis da sua vida! – gritou.
- Você nunca esteve perto quando eu mais precisei! – disse com os olhos repletos de lágrimas.
- Sempre foi uma sem juízo, se não fosse pelo Rui nem sei por onde estaria andando!
- Puta merd* pai! Pelo contrário! Sempre fiz isso para ver se chamava a sua atenção e você o que fazia? Comprava-me com carros, jóias, dinheiro! Viveu a vida viajando e sabe-se mais com o que!!
- Giulia...
- Eu não terminei! – e fiquei cara a cara com ele.
- Você não me queria por perto, lembra-se? – disse olhando nos meus olhos.
- Foi por isso que contratou o Rui? Para ser seu braço direito, seu capanga?
- Você nunca vai entender! – disse batendo a mão na mesa.
- Então me faça entender, porque fez isso com a minha vida!
- Porque eu não queria te perder também!
- Como assim? – disse olhando para ele.
- Perder você como perdi sua mãe.
- O que tem uma coisa a ver com a outra? Você não me disse que ela morreu no parto? Vai me dizer que você me culpa pela morte dela!
- Não é isso!
- Então o que é? Puta que o pariu!! – gritei.
E sem que estivesse esperando, deu-me um tapa no rosto.
- Escuta uma coisa Giulia, o dia que você crescer venha falar comigo! Agora saia daqui!
- Tudo bem, se você não se importa, daqui por diante agirei sozinha. – limpei as lágrimas dos olhos. Você nunca vai me ver como uma mulher adulta! Eu não sou mais uma criança! - Eu te odeio!
E sai para o corredor em direção dos elevadores. Entrei e torci para não dar de cara com o Rui lá embaixo. Passei pelo hall e sai para a rua. Entrei no carro e liguei para Ive, mas ela não atendeu.
Nuvens carregadas se formavam e pequenas gotas já caiam no para brisa do carro. Fechei as duas janelas e uma onda de raiva tomou conta de mim. Não parava de pensar em Ive e de como ela me fizera forte para encarar Sartori. Ela me fazia despertar a mulher que realmente eu queria ser. A mulher ousada, sem medos, engraçada e que estava adormecida. Estava disposta a trazê-la à tona. Era isso que faria daqui para frente. Contei até vinte e respirei profundamente antes de ligar o carro e ir para o apartamento.
Entrei pela porta da sala deixando encostada para caso Ive chegasse. Coloquei a bolsa sobre a mesinha de madeira. Um temporal cairia a qualquer momento. Cruzei os braços e fiquei parada diante da porta de vidro olhando para o horizonte. A primeira tentativa de vasculhar aquela sala tinha sido bem frustrada, mas precisava tentar novamente, mas de outro jeito.
Fui para a cozinha, abri a geladeira e peguei uma cerveja, de lá fui para o escritório. Havia um bilhete de Ive em letra de forma: “não se esqueça da Yoko” e o pen drive estava sobre ele. Liguei o notebook e olhei para a janela. A chuva começava a cair forte batendo no vidro. Inseri o pen drive e abri alguns arquivos de fotos. Yoko havia escrito o que ela havia imaginado em fazer, mas que não ficou como ela queria: “realmente não tenho o dom e os olhos criativos de um arquiteto.” Ouvi de muitos engenheiros que os arquitetos só inventavam moda. Alguns projetos realmente não saiam do papel, confesso. Abria a planta baixa do restaurante quando ouvi o barulho da porta e fui até lá.
- Meu deus Ive... - sorri.
Ela estava totalmente ensopada.
- Foi bem de repente. – disse e espirrou.
- Vou separar um moletom para você, vem tome um banho antes que pegue um resfriado.
- É uma boa idéia. – disse entrando no banheiro e retirando as roupas molhadas.
Separei toalhas, dois robes e voltei para lá.
Ive estava de costas e deixava a água quente cair sobre o seu corpo. A tatuagem se contrastava com a palidez da pele. Retirei a minha roupa e abri a porta do box com suavidade para não assustá-la. Abracei-a pela cintura colando o meu corpo ao dela. Beijei o pescoço, descendo as mãos e lhe cobrindo os seios. Sentindo os meus em suas costas. Comprimi os mamilos, deixando-os duros. Desci umas das mãos entre suas pernas e acariciei lentamente, fazendo com que ela se abrisse para mim, apoiando as mãos no azulejo. Meu anelar subia e descia sobre o clit*ris, continuei até que ela gem*sse e molhasse meus dedos. A penetrei com facilidade tamanha excitação em que se encontrava. Trouxe o seu corpo para o meu novamente e aumentei o movimento dentro dela. Procurou o meu beijo me segurando pelo pescoço e seu corpo tremeu num gemido alto, goz*ndo nos meus dedos.
Fim do capítulo
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