Capitulo 21
Damien Rice - Delicate https://www.youtube.com/watch?v=dRPwFAoQwxc
Estava na sacada do apartamento naquela mesma noite. Elis terminava de tomar banho. Eu tomava uma dose de Jim Beam com três pedras de gelo olhando a vista da cidade. Os prédios nunca estiveram tão cheios quanto agora. O que era um bom sinal, afinal as pessoas estavam em casa em vez de desrespeitando a quarentena. Usava meu 212 da Carolina Herrera, tinha passado alguma maquiagem e batom. Estava com um vestido de alça, curtíssimo, de renda. Eu não gostava muito de vestidos, mas queria estar bonita aquela noite.
Minha pele estava arrepiada com o frio. Ouvia a música Delicate do Damien Rice ecoando da sala.
Eu tinha um encontro com a mulher mais linda do Brasil e do Uruguai também naquela noite. E elas eram a mesma pessoa. Eu estava nervosa, ansiosa, com o coração na boca. Parecia até que era a primeira vez que iríamos nos ver, minhas mãos suavam.
- Oi. - Ouvi sua voz. Ela estava parada na porta da sacada. Até parei de respirar quando meus olhos se encontraram com os dela. Eu nunca a tinha visto daquele jeito. Ela me olhou de cima a baixo, mordeu os lábios.
Estava com um vestido azul, curto, rodado, com um decote marcado, perfeito. Usava uma maquiagem bem feita, batom vermelho. Me deixou sem palavras.
- Você vem sempre aqui? - Ela brincou. Eu permaneci calada, apenas a olhando, inebriada. Conseguia sentir seu perfume de onde eu estava.
- Você está maravilhosa... - Eu sussurrei.
- Você só estava me vendo descabelada e de pijama nos últimos dias. Nem deve estar me reconhecendo. - Ela abaixou os olhos.
- Você é linda de qualquer jeito. Mas tenho que te dizer… Está mais linda ainda do que já é.
Ela sorriu, satisfeita talvez, pelo efeito que causava em mim. Aproximou-se, como se levitasse no ar. Coloquei uma das mãos em sua cintura e sem cerimônias a beijei. Suas mãos me envolveram as costas, minha nuca. Encostou sua testa na minha.
Eu disse:
- Queria poder te levar pra jantar em algum restaurante legal. Sairmos por aí. Te mostrar a cidade. Conheço tantos lugares pra te levar. Tem tanta coisa que eu queria te mostrar.
- Vamos ter muito tempo ainda. - Ela respondeu. - Quando tudo isso passar.
Ela pegou o copo de minha mão, cheirou, depois tomou um pequeno gole.
- Meu pai adorava isso.
Ela devolveu o copo.
- Vocês eram muito próximos, né?
- Sim. Eu sempre fui muito grudada nele. Ele era muito inteligente. - Vi seus olhos ficarem marejados. - Mas não vamos falar sobre isso hoje. - Ela sorriu. Eu corria meus dedos por suas costas nuas. - Você lembra daquela festa que você deu aqui? - Ela perguntou mudando de assunto, olhando em direção à sala. - Que deu o maior rolo com o seu Geraldo?
- Aquilo foi só pra tentar te conquistar... - Revelei.
- Sério?
- Sério.
- Ideia da Carla.
- Mas como? Por que ela ia fazer isso se ela gostava de você?
- Não sei. - Dei de ombros - Acho que ela se deu conta disso só depois que percebeu que eu tava realmente na sua.
- A gente se beijou a primeira vez aquela noite.
- Foi.
- Nossa, eu ainda estava na casa da minha tia. Parece que faz tanto tempo isso.
- Foi no carnaval. Lembra? - Ela concordou - Não sei como seu noivo ainda não mandou a polícia atrás de você. Ele não acha que eu te sequestrei, né?
- Não brinca com essas coisas, Leah.
- Eu tô falando sério. Eu já teria ido atrás de você. Pessoalmente ainda. Uma mulher igual você... É raro de encontrar. - Ela me olhava, séria, prestando atenção em minhas palavras. - Se estivéssemos longe, eu te ligaria todos os dias... Ia demonstrar o quanto me importo. Olha quanto tempo você tá longe de casa. Ele não tá nem aí pra você, desculpa te falar. Se você fosse minha mulher, eu... - Ela pousou o indicador em meus lábios.
- Eu sou sua mulher.
Senti um arrepio percorrer meu corpo. Nós ficamos nos olhando. Sentia a brisa bater. Ela se aproximou ainda mais. Colou sua testa na minha, depois seus lábios junto aos meus, de uma forma suave.
- Eu só preciso formalizar isso com ele. Essa semana. Eu prometo.
- Promete mesmo? - Perguntei insegura. Ela passou a mão em meu rosto, delicadamente.
- Prometo. Pode confiar em mim.
- Eu confio.
- Eu sei. - Ela correu os dedos pela parte raspada do meu cabelo e sorriu. Eu a beijei novamente. Senti suas mãos em meus ombros, meus braços. Ela estreitou nossos corpos, sentia seus seios junto aos meus.
- Vamos entrar, está frio aqui. Você vai ficar doente. - Ela disse. Entrelaçou seus dedos aos meus. Fechamos a porta da sacada. Estava mais quente do lado de dentro. Talvez pelo forno estar ligado. Eu estava fazendo um frango gratinado com molho branco. Estava quase pronto.
Eu pousei meu copo na bancada e meus dedos subiram pela sua nuca, adentrando em seus cabelos, trazendo-a em minha direção. Ela entreabriu seus lábios, nossas línguas se encontraram, suas mãos em minha cintura, minhas costas. Ela afastou meu cabelo, olhando em meus olhos.
- Você não tem fotos de quando era criança? - Ela perguntou, olhando ao redor.
- Não, estão todas na casa dos meus pais. Queria ver?
- Sim.
- Quando conhecê-los oficialmente eu peço pra minha mãe te mostrar.
Ela riu nervosa, caminhou até a mesa e sentou-se. Cruzou as pernas. Não pude deixar de perder meus olhos nelas por alguns segundos. Queria me ajoelhar no chão e beijá-las, pedacinho por pedacinho. Ela me olhava, séria. Eu estava de pé, em sua frente.
- Eu tenho medo da reação deles. Da reação de qualquer um da nossa família, pra ser sincera. Eles são muito conservadores.
- Tudo ao seu tempo.
- Sim. - Ela ficou me olhando por longos minutos. - Você está com um brilho diferente essa noite, Leah.
- Acho que é apenas seu reflexo.
Ela sorriu.
- Está uma delícia, se me permite dizer. - E ela correu os olhos pelo meu corpo. Senti uma fisgada entre as pernas. Adorava me sentir desejada por ela. - Você pode servir um pouco de vinho pra mim, por favor?
- Claro.
Fui até a geladeira, abrindo-a, peguei o vinho tinto que estávamos tomando aquele outro dia. De rótulo duvidoso, mas até que era bom, se você não fosse um grande apreciador de vinho. Dei uma olhada no forno. Desliguei-o.
- Já está pronto? - Ela perguntou.
- Já.
- Deixe-me ajudá-la.
- Não. Você vai ficar quietinha aí.
Levei o vinho até a mesa, junto com uma taça. Ela não tirava os olhos de mim. Senti sua mão tocando minha pele, na parte posterior da minha coxa esquerda, enquanto eu tirava a rolha da garrafa. Eu sorri sem olhar pra ela. Safada. Pensei. Comecei a servir o vinho, enquanto sua mão deslizava pela perna, ainda por dentro do vestido, alcançando a parte interna da minha coxa, começou a subir, vagarosamente, fazendo-me estremecer com seu toque. Senti uma onda de calor percorrer meu corpo.
Queria esquecer aquele jantar e fazer amor com ela ali na sala, no chão, na mesa, em qualquer lugar. Estava ardendo de desejo desde cedo com suas provocações. Senti seu dedo chegando até o tecido de minha calcinha. Gemi. Deixei o vinho cair na mesa, errando o copo, mal conseguindo sustentar a garrafa nas mãos. Ela riu. Apoiei-a na mesa, junto com minhas duas mãos, abaixei a cabeça, dominada pelo desejo. Forcei meu quadril pra trás, facilitando o seu contato.
- Sua calcinha tá encharcada... - Ela sussurrou saboreando aquelas palavras. - Eu nem fiz nada com você ainda.
Gemi.
- Eu não aguento mais. - Sussurrei.
- Eu adoro isso em você - Ela disse. - Essa sua urgência.
Sentia ainda seu dedo passando de forma suave pela minha calcinha. Subindo pela parte da frente, descendo, bem devagar. Era uma tortura. Eu levantei meu quadril. Queria senti-la sem o tecido. Direto em minha pele. Em meu meio. Queria senti-la dentro de mim.
- Não se mexe. - Ela disse. - Eu quero você exatamente assim como você está. - Ela pegou a taça do vinho que eu tinha acabado de servir. Tomou um gole. - O forno tá desligado? - Eu confirmei com a cabeça, minha respiração estava alterada. Meu coração batia rápido. Sentia seu olhar em cima de mim. - Será que não devemos jantar primeiro? - Ela perguntou.
- Não. Não faz isso comigo… - Eu contestei.
Ela riu. Descruzou as pernas, levantou-se. Deixou a taça em cima da mesa.
- Eu to brincando. Você já percebeu que a gente nunca consegue jantar sem antes fazer amor?
Sentia seu corpo atrás do meu, eu levantei o meu, querendo senti-la, ela deu um tapa gostoso em minha bunda fazendo-me arrepiar inteira. Gemi.
- Fica com as duas mãos na mesa. - Ela disse no meu ouvido, grudando seus seios em minhas costas. Levantou meu vestido. Sussurrou: – Agora empina essa bunda pra mim.
- Ai, Elis… - Gemi, obedecendo. Senti sua mão afastando minha calcinha e finalmente seu dedo deslizando por mim.
- Você é deliciosa. - Ela sussurrou no meu ouvido. Seus dedos ágeis iam até minha entrada, depois subiam, apenas rondando, me provocando ainda mais. Estava inchada. Louca de vontade. E então senti ela descendo o elástico da minha calcinha, tirando-a, lentamente. - Abre um pouco mais as pernas. - Ela sussurrou no meu ouvido e eu obedeci. Ela se ajoelhou atrás de mim e eu então senti seu hálito quente entre minhas pernas. Ela passou a língua bem suavemente, como se estivesse me saboreando.
- Vai, Elis… - Reclamei.
- O que?
- Me ch*pa...
Senti então sua língua quente exatamente como queria, mais forte, me percorrendo inteira. Gemi alto. Puta que o pariu. Que delícia! Deitei sobre meus cotovelos em cima da mesa, ficando completamente empinada pra ela. Sua língua quente entrava e saia de mim e depois subia, me sugando, forte, depois fraco, depois forte. Eu rebol*va em sua cara, doida de tesão, querendo achar a posição perfeita, a inclinação perfeita. Queria goz*r assim, exatamente assim. E quando achava que não podia melhorar, ela me segurou pela bunda, me abrindo inteira. Eu pensei que fosse morrer de vergonha e de tesão quando me lambeu, lá.
- E-lis! - Eu protestei. Meus protestos logo viraram gemidos intermináveis e ela parecia estar sendo guiada por eles. Meteu dois dedos que entraram facilmente de tão molhada que eu estava, tão facilmente que viraram três. Ela tinha um poder sobre mim que eu não conseguia descrever. Eu sentia um desejo tão grande por ela que era difícil aguentar. Acho que sentir o quanto ela também me queria e o quanto ela sentia prazer no que fazia, era o que me deixava ainda mais louca.
G*zei em seus dedos, em sua boca, atrás, na frente, toda empinada na mesa da sala, igual uma puta, gem*ndo coisas que eu nem tenho coragem de repetir. Eu me segurei na mesa, minhas pernas estavam fracas. Eu ouvi ela puxando uma cadeira. Ela se sentou e me puxou pro seu colo, fazendo-me sentar de lado, segurando-me pelas pernas, me aninhei em seus braços. Ela beijou minha boca suavemente e eu deitei a cabeça em seu ombro, fechando os olhos, sentindo aquele relaxamento delicioso no meu corpo inteiro.
- Adoro como você fica depois que goz*… - Ela disse baixinho, sentindo ela fazendo carinho na minha coxa. - Tão serena, tão frágil…
Fiquei ali grudada nela, até ir voltando a mim. Quando abri os olhos, ela estava com o olhar perdido em algum lugar.
- Te dou uma moeda pelo seu pensamento. - Eu disse baixinho.
Ela me olhou e sorriu. Buscou meus lábios.
- São tantas coisas que me passam pela cabeça, menina. - Ela disse, passando a mão pelo meu cabelo. - Mas se quer um, não se esqueça que a senhorita me deve uma massagem.
- E acha que esqueci? - Eu sorri, me levantando. - Está com fome?
- Muita.
- Vou pegar nossos pratos.
- Deixe-me ajudá-la.
Servimos nossas porções e voltamos para a mesa.
Sentei-me a sua frente e fiquei esperando ela experimentar primeiro. Tinha pegado uma taça pra mim. Sabia que eu não podia ficar misturando vinho com outras coisas, mas estava tão feliz naquela noite, que um golinho só não ia me fazer mal. Ela levou o garfo a boca e me senti em um daqueles programas de culinária tipo Masterchef em que o jurado mais rígido está avaliando seu prato.
- Olha, tenho que te dizer que está sensacional. A cada dia que passa você está se superando.
Eu abri um sorriso enorme.
- Tenho uma boa professora. - Eu disse. - Literalmente.
Ela sorriu. Levantou sua taça para que brindássemos.
- A nós. - Ela disse. E aquilo fez meu peito ficar ainda mais aquecido do que já estava.
- A nós. - Repeti. Tomando um gole.
- Você vai comigo na sexta? - Ela perguntou.
- Vou. Claro.
Peguei meus talheres e comecei a comer.
Tenho que dizer que estava realmente bom.
- Estou um pouco receosa. Principalmente depois que minha mãe não quis me receber aquele dia.
- Eu sei. Mas a situação vai ser outra agora. - Fiz uma pausa a encarando. - Você confia nesse advogado? Quer dizer. Você podia esperar tudo isso passar. Você disse que ele está cobrando uma porcentagem maior que o outro. Não precisava disso.
- Só quero resolver isso logo, sabe? Tenho alguns planos.
- Que tipo de planos?
Ela sorriu, levou a taça a boca.
- Segredo. - Disse olhando em meus olhos. - Preciso saber se vai dar certo primeiro.
- Tem a ver com o que?
- Planos. Apenas planos. - Ela continuou me olhando.- Às vezes parece irreal que estou aqui contigo. - Ela disse. Estendeu sua mão, entrelaçando seus dedos com os meus. Quer dizer. Parece que a vida me deu uma segunda chance, sabe?
- Como assim?
- De ver o que estava fazendo com meu futuro. Eu já tinha tido um aviso com a Micaela. Eu não devia ter aceitado me casar com o Andres lá atrás, sabe? Eu sabia que não ia ser feliz com ele, mas mesmo assim eu aceitei. Aí do nada você apareceu na minha vida... E virou ela de ponta cabeça. - Serviu um pouco mais de vinho pra ela. - Às vezes as coisas se encaixam de uma forma que não tem explicação, sabe?
- Sei, perfeitamente.
Fim do capítulo
Mais um capítulo, meninas. A opinião de vocês é muito importante pra mim! Obrigada! Beijão!
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rhina
Em: 06/12/2020
Elis.....que mulher.
Não conhecia Anne Rice.....fiz uma breve pesquisa.
Agora Lisbeth Salander que loucura de história. Também não conhecia. Fiquei um pouco confusa. São cinco livros ao total? Filmes tem 1 várias versões ou vários filmes com a mesma personagem?
Rhina
Resposta do autor:
Oi Rhina! Fico feliz por estar gostando da história e acompanhando! Os filmes existem alguns mesmo hahah é que fizeram tanto versões suecas quanto americanas. Já os livros existem 3 do autor original e teve um outro autor que quis continuar a história e ai lançou mais alguns (esses eu nao li, li só os 3 primeiros pra falar a verdade). A história é MUITO boa, aborda de plano de fundo a violência contra mulheres intercalada com a história da Lisbeth, que também não é fácil. A personagem é apaixonante, recomendo! Ja a Anne Rice li muito na minha adolescência, adorava um chamado A Rainha dos Condenados. O Vampiro Lestat e o Entrevista com o Vampiro tbm são bons (esse último é daquele filme com o Brad Pitt e com o Tom Cruise) Agradeço pelos comentários!! Grande abraço!
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rodriguesnath07
Em: 29/05/2020
Elis é perfeita. Amo!
Resposta do autor:
Ela é apaixonante, não é?
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thays_ Em: 19/04/2023 Autora da história
Esse é meu capítulo favorito ;)