Era segunda de manhã, Raquel despertou e sorriu ao ver sua mala pronta no canto de seu quarto. Naquele dia, viveria um sonho. Iria passar a compartilhar os seus dias com a mulher que amava.

Levantou-se e espreguiçou-se, teria que trabalhar naquela manhã e era algo que não lhe a agradava muito.

— Isso será por pouco tempo, Raquel – disse ao pensar que logo iria pedir demissão e começaria a montar seu próprio negócio.

Após fazer sua higiene matinal e vestir sua roupa para trabalhar, Raquel foi para a sala e recebeu um abraço caloroso de Nino.

— Nino, acho que você tá de brincadeira comigo, você só tenta me acordar quando Sófia vem dormir aqui – Raquel cruzou seus braços e Nino se afastou sem graça.

O cachorro latiu quando se sentiu ofendido.

Para Raquel, ele tentou se justificar, mas isso não era certeza.

Sorriu e foi para a cozinha atrás de algo para comer. Sua barriga estava roncando. Enquanto preparava um café forte, o seu celular começou a tocar.

Era Sófia...

Desligou o fogão e atendeu.

— Bom dia, minha linda noiva – Raquel sorriu por chamar sua amada daquela forma.

— Bom dia – Sófia também sorriu do outro lado da linha – É muito bom te ouvir me chamando dessa forma. Já arrumou tudo?

— Tudo não, mas o que Nino e eu precisamos sim... vou levar só minhas roupas e meus objetos pessoais.

— Depois você busca o restante, não tenha pressa quanto a isso, em casa tem tudo que vamos precisar.

— Tenho certeza disso, aí tem tudo que preciso, você – Raquel falou e ouviu o som da risada de Sófia, isso aqueceu seu coração.

— Você vai passar aqui agora ou vai deixar para quando voltar do trabalho?

— Hum – ficou pensativa – melhor deixar para depois, Nino e Nina podem fazer uma festa aí juntos e estou um pouco sem tempo.

— Tudo bem – Deu uma pausa, mordendo levemente seus lábios – Estou com saudade, amor, e com vontade – Sófia disse fazendo um friozinho percorrer o íntimo de sua amada.

— Sófia... – fechou os seus olhos tentando em vão acalmar seu corpo – Não me provoque.

— Não estou fazendo nada – riu sapeca.

— Está sim, está me deixando louca querendo você. Passa em minha sala hoje – Sabia que estava se arriscando, no entanto não conseguiria esperar até a noite.

— Vou pensar.

— Passa vai, prometo que não vai se arrepender. Quero te sentir... – Disse e ouviu a respiração de Sófia ficando pesada do outro lado da linha.

— Raquel...

— O que você tá fazendo agora? – perguntou, pois estava com segundas intenções.

— Na cama – Sófia sorriu.

— Ahh... acho que não ligo de atrasar um pouco – Mordeu seus lábios, pois estava querendo provocar sua amada, no entanto, algo atrapalhou seus planos.

A campainha começou a tocar de forma insistente.

— Droga! – disse contrariada enquanto ia até a sala.

— O que houve? – Sófia passou a não entender o que estava acontecendo.

— Vou ter que desligar – Posicionou-se ao lado da porta – A campainha começou a tocar aqui, preciso atenção.

— Tudo bem – Sófia disse enquanto ria.

— Desculpa, na empresa conversamos – Raquel passou a ficar com raiva de que estava atrás da porta.

— Não tem problema, amor, beijos – Sófia se despediu.

— Beijos, minha linda – Raquel falou e ouviu a campainha tocando mais uma vez. Já sem paciência, ela abriu a porta com brusquidão, pensou em dizer algo para sua visita inesperada, no entanto, a mulher a sua frente lhe deixou totalmente sem fala.

— Bom, acho que modos não tem – A senhora passou pela porta com um ar superior que Raquel não via a tempos.

— Mãe – Fechou a porta totalmente desacreditada com o que estava vendo. Rita nunca havia ido em seu apartamento, aquela visita poderia ser algo bom, mas a engenheira sentia que não.

Rita sem dizer nenhuma palavra, passou a olhar para o ambiente a sua volta. Ao ver Nino, ela o reprovou com o olhar.

— Acho que você não estava esperando a minha visita — voltou-se para a filha.

— É... não – Raquel ficou toda sem jeito – Quer se sentar? – Apontou para o sofá.

Rita olhou com desagrado para o móvel, pois passou a pensar no que a filha poderia ter feito com Sófia naquele lugar.

Fechou os seus olhos, estava muito arrependida por ter aproximado Raquel de sua família novamente.

— O que irei falar será breve – Olhou para o envelope que estava em sua mão e entregou a sua filha.

— O que é isso? – Raquel pegou e ficou olhando. Era muito estranho receber algo de sua mãe.

— Abra – A mulher disse com uma voz dura.

Raquel engoliu em seco e abriu o envelope sob os olhares atentos de sua mãe, parecia que a mulher queria ver cada reação da sua filha.

— Aí estão todas as provas de seu descaramento... sua inveja... – A mulher disse ríspida ao ver os olhos de sua filha ficarem assustados – Você é uma vagabunda, Raquel.

— Eu... – A engenheira não sabia o que dizer. Havia várias fotos dela e Sófia juntas se beijando no parque e na praia.

— Não perca seu tempo tentando se explicar.

Raquel olhou para os olhos de sua mãe e reconheceu o sentimento de rejeição lhe invadindo.

— Mãe... – Sentiu os seus olhos lacrimejarem.

— Por favor, não me chame dessa forma – Rita disse sem nenhum sentimento — Eu não tenho mais filha.

— A senhora não sabe o que está se passando – Aproximou de sua mãe – Eu a amo – Raquel disse e sentiu um tapa forte em sua face. Levou sua mão até onde foi atingida e olhou perplexa para sua genitora.

— Invejosa... você quer destruir a vida de seu irmão. Você sempre quis isso... você é mau-caráter... não sei a quem puxou – Cuspiu as palavras de forma dura – Quanto você quer para sumir das nossas vidas?

— Eu não quero nada, mãe, sumirei da sua vida sem a senhora gastar o seu dinheiro – Sentiu os seus olhos lacrimejarem, mas não estava disposta a desistis de tudo por causa do que havia escutado – Mas a Sófia vai comigo.

— Você...

— Cansei... – seu olhar passou a ser raivoso – fiz de tudo para ser aceita... fiz de tudo para ter um espaço em nossa família, melhor dizendo, em sua família, pois pelo que acabei de ouvir, eu nunca fiz parte dela.

— Você escolheu passar pelo que está passando – Rita não pareceu ligar para o que a filha estava sentindo – Espero que cumpra o que disse, mas acho que a Sófia não vai trocar a estabilidade que Ricardo pode lhe proporcionar para viver ao lado de uma pessoa quem nem família tem por não ter boa índole.

Rita saiu do apartamento sem olhar para trás, deixando o coração de Raquel despedaçado.

_*_

Era 8 horas, Sófia passava pela a entrada da empresa radiante. Estava usando o anel que Raquel lhe dera, não pretendia esconder o amor das duas por muito tempo, pois sabia que não faziam nada de errado.

Eleonora ao avisar a loira tão feliz, moveu a cabeça em discordância. Não era contra ao envolvimento das duas, mas sabia que podia trazer muito sofrimento.

— Bom dia, Eleonora – Sófia disse ao passar pela recepção.

— Bom dia – A senhora avistou o anel no dedo da moça – Lindo anel!

Sófia sorriu ao olha-lo.

— Sim, eu ganhei – Disse e seguiu para a sala de sua amiga, precisava contar as novidades.

Enquanto caminhava até a sala de Amanda, Sófia notava várias pessoas lhe olhando. Sabia o motivo para isso, mas não iria se importar.

— Quem é vivo sempre aparece – Amanda disse ao ver a loira passando pela porta de sua sala.

— Desculpa, eu estive ocupada – as duas sorriram, pois sabiam bem o que Sófia andava fazendo para estar ocupada.

— Conte-me as novidades – Ajeitou-se na cadeira para poder escutar sua amiga.

— Fui pedida em casamento – Levantou a mão para mostrar a aliança – já havia tido um pedido, mas formal foi esse – Disse toda sorridente.

— Deixa eu ver – pegou a mão de Sófia para olhar melhor, sorriu – É muito lindo!

— Também achei – os olhos de Sófia estavam brilhando.

— Eu também tenho uma novidade – Amanda disse um pouco sem jeito, pois nem ela esperava pelo o que iria contar a sua amiga.

— Novidade?!

— Sim, eu queria ter te contado antes, mas você estava ocupada com a Raquel...

— Ahh... Amanda, me conte logo – a loira ficou ansiosa.

— Espera – Amanda levou a mão até o peito – Não me deixe nervosa não.

— Tá bom, fale – Sófia já fazia ideia do que seria.

Amanda respirou fundo.

— Eu estou grávida — Falou e ouviu os gritos de Sófia.

— Como aconteceu isso? – Sófia levou as mãos até a boca.

— Sófia, você sabe como aconteceu – as duas riram.

— Tá, eu sei... não preciso de detalhes – estava muito feliz com a novidade – Serei tia – disse, pois as duas se consideravam irmãs – Você está feliz? Tiago já sabe?

— Sim, Tiago já sabe, está bobo com a novidade. Eu ainda estou me acostumando com a ideia... eu não esperava ter um filho agora. Será que serei uma boa mãe? Eu não sei nem cuidar de mim direito, imagina um filho, muita responsabilidade.

— Ahh... Amanda, para, vamos aprender juntas, pois quando esse neném nascer, eu não vou desgrudar de você – Sófia já estava cheia de planos.

— Você tá parecendo Tiago – Amanda riu e passou a mão em sua barriga – já está falando sobre o time que nosso filho ou filha vai torcer – Riram.

— Se fosse eu, estaria da mesma forma também – Estava muito contente com a novidade.

— Você e Raquel já conversaram sobre esse assunto?

— Filhos?

— Sim, você sabe, hoje tem meios para isso.

— Sim, eu sei, mas nunca tocamos no assunto. Ainda estamos pensando no casamento – Uma dúvida surgiu em sua cabeça “Será que Raquel pensava em ter um filho?”.

— O que você está pensando? – Amanda perguntou após ver sua amiga pensativa.

— Se Raquel gostaria de ter um filho.

— Bom... essa resposta você só vai ter com ela.

Sófia respirou fundo.

— É, eu sei – Sófia levantou de sua cadeira – Parabéns, minha querida, queria continuar nossa conversa, mas preciso trabalhar.

— Eu também... obrigada e parabéns pelo noivado, você merece ser muito feliz – Amanda foi até sua amiga e se abraçaram.

— Eu vou ser a madrinha – Sófia comunicou, pois era algo que desejava muito.

— Sim, você vai ser a madrinha. Nem cheguei a pensar em outra pessoa – As duas riram.

Fim do capítulo