Beatriz por stela_silva
Capitulo 4
Caminhei lentamente em direção ao Caio. Ele se moveu e também andou em minha direção.
Tentei sorrir, mas não obtive sucesso. Ele me encarava de uma forma estranha.
-- Caio... - tentei falar.
-- Cala essa boca sua vagabunda! - ele gritou.
Me assustei e a Sarah também. Todos que estavam em frente ao colégio pararam para ver o que estava acontecendo. Naquele momento eu tremia por dentro, pois tinha certeza que Caio sabia o que eu fazia com a irmã dele. O ódio que eu via em seus olhos me dizia isso.
-- Isso é jeito de falar com ela seu grosso! - Sarah tentou me defender.
-- Sarah você não sabe quem é essa sua amiga de verdade! - Caio disse com raiva - Por que você fez isso comigo? - perguntou me encarando.
-- Caio eu... - tentei falar, mas ele me cortou.
-- Sarah... - falou encarando minha amiga - Você sabia que essa vadia da sua amiga estava comendo minha irmã?!
Caio estava com os olhos úmidos. Todos escutaram o que ele disse, pois ele gritou. Fiquei nervosa sentir o chão faltar. Não conseguir encarar minha amiga. Era horrível ser exposta a todas aquelas pessoas. Me senti mal naquele momento.
"Somente agora depois de algum tempo percebo que o idiota exposto foi o Caio, que além de corno, foi trocado por uma mulher, e para piorar era a própria irmã. Eu acho graça disso até hoje. Que mané"
-- Fala Cecília! Fala pra todo mundo que você é uma maldita sapatão! - ele me segurou forte pelo braço, chegou até a ficar roxo - Fala sua puta!
-- Solta ela seu idiota! - Sarah empurrou o infeliz, e ele acabou me soltando. Caio começou a chorar. Patético né... Eu sei.
-- Sua vadia! Ainda teve coragem de levar minha irmã pra essa sua vidinha promíscua! Se eu pudesse acabava com você nesse momento! Sua sapatão dos infernos! Maldita! – Caio gritava fazendo um escândalo.
Naquele momento eu ainda era uma adolescente medrosa e ingênua, pois se isso me acontecesse hoje em dia, eu acabaria com ele apenas com palavras.
Não conseguir segurar as lágrimas que desciam sem controle algum. Olhei rapidamente e observei as pessoas. Minha vida tava acabada naquele momento. Caio fez questão que todos soubessem. Eu queria fugir dali e foi o que fiz. Corri... Corri muito... Sem parar. Ainda conseguir escutar Sarah me chamando, mas eu não estava com cabeça naquele momento. Fiquei muito tempo andando sem rumo com os pensamentos quentes e a cabeça em desordem, decidir então voltar para casa. Eu precisava enfrentar o que estava por vim e por mais medo que eu sentisse, não poderia adiar a conversa com meus pais. Eu sabia que eles já tinham conhecimento sobre tudo, Caio não perderia tempo. Respirei fundo várias vezes antes de entrar naquela casa pela última vez.
Não gosto de lembrar dessa parte da história portante, irei resumir rapidamente.
Meus pais já sabiam de tudo. Acho que escutar as palavras duras deles foi o momento que mais doeu, pois eu os amava. Descobri que Deborah era uma cobra maldita e que disse que eu havia a seduzido. Parece até brincadeira né? Mas infelizmente era verdade.
Acho que depois de tantos anos de convivência, naquele dia eu finalmente conheci as pessoas que me criaram. Meus pais são pessoa que sempre querem que os filhos façam o que para eles é a coisa certa. Enquanto eu os obedecia, estava tudo perfeito, mas cansei de abdicar da minha felicidade para vê-los feliz. Eles queriam me forçar a casar com o primeiro homem que encontrasse para assim, eu me curar da terrível doença que tomava conta de mim... Pensando nessas coisas, eu sinto é vontade de rir.
Bom... Eu já estava na merd* mesmo, decidir mergulhar de vez. Os enfrentei, não abaixei minha cabeça para eles. Nunca jamais iria me casar com um homem para fazê-los feliz. Por conta dessa minha rebeldia acabei sendo expulsa de casa. Eles não deixaram nem mesmo eu pegar minhas roupas. Estava apenas com a roupa do colégio e minha mochila nas costas, estava perdida e sem grana nenhuma... Em outras palavras eu tava fodida.
Sentei em banco numa pequena praça e fiquei viajando em pensamentos confusos. Estava com fome e me sentindo suja. Não sabia o que fazer da minha vida. Senti meu celular vibrando no bolso da minha calça. Tinha até esquecido dele. Peguei o aparelho e olhei no visor e mordi o lábio. Atendi.
-- Onde você está, Cecília? - minha amiga perguntou nervosa.
-- Sarah... - senti um nó na garganta.
-- Cissa fala comigo... – Sarah estava nervosa.
-- Eu tô na pequena praça da cidade - respondi com uma certa dificuldade.
-- Certo... Me espera aí! - Sarah não esperou resposta e desligou.
Permaneci sentada e de cabeça baixa. Depois de alguns minutos, escutei alguém caminhando em minha direção e sentando ao meu lado. Eu sabia que era Sarah, nós duas permanecemos em silêncio. Às vezes eu enxugava as lágrimas que insistiam em sair.
-- Você não se importa com isso? - perguntei quebrando o silêncio.
Sarah colou as duas mãos sobre o meu rosto e levantou delicadamente minha cabeça fazendo eu encará-la. Ela sorriu.
-- Eu não importo com nada disso. Você é minha melhor amiga e sempre será... Nada disso vai mudar as coisas entre nós... Eu na verdade estou preocupada com você, soube o que seus pais fizeram - disse docemente.
Sorri tristemente.
-- Eu já imaginava que isso fosse acontecer... – falei dando de ombros.
-- Vem... Vamos sair daqui - disse pegando em minha mão.
Eu me deixei ser guiada. Sarah me levou para sua casa. Entregou algumas roupas dela e eu tomei um banho, pois estava precisando. Sarah fez um sanduíche e suco para mim. Minha amiga era muito boa pessoa. Ela não me perguntou nada, mas eu decidir contar tudo o que aconteceu para ela.
-- Deborah é uma cachorra! - Sarah esbravejou - Eu só queria que você tivesse confiado em mim...
-- Eu estava com medo, Sah... Me desculpa – falei cabisbaixa.
-- Tudo bem... Você pode ficar aqui o tempo que quiser – Sarah sentou ao meu lado e acariciou meu cabelo.
-- Não quero atrapalhar.
-- Você nunca atrapalha Cissa... Deita aqui... Vou dar colo pra você - disse sorrindo.
Sarah fez carinho em mim por um bom tempo. Acredite, eu não chorei, acho que sou feita de gelo, sei lá. Eu me sentia tão bem perto da minha amiga. Sentia-me Segura em seus braços. Adormeci sentindo as carícias de Sarah em meu cabelo.
Fiquei quase uma mês na casa de Sarah. Os pais dela haviam proibido que ela tivesse qualquer tipo de contato comigo, pois eu era considerada uma má influência e aquele monte de blá blá blá... Tive que ficar escondida durante todo esse tempo. Sarah era legal fazia de tudo para me agradar, às vezes nem queria ir para o colégio, só para me fazer companhia. Minha amiga sempre foi uma pessoa tranquila, mas um dia ela chegou da escola com o cabelo toda desgrenhado e a roupa suja. Fiquei assustada quando a vi.
-- Sarah! O que aconteceu? - perguntei preocupada.
-- Eu briguei - disse séria.
Desde que eu fui expulsa de casa decidir não frequentar mais o colégio, não por medo das gracinhas daqueles idiotas, mas eu tinha outros planos em mente. Sarah infelizmente continuou frequentando o mesmo colégio e ela às vezes arrumava algumas brigas, tudo para me defender, mas nunca havia chegado ao extremo de partirem para agressão. Sarah perdeu todos os amigos e eu confesso que me sentia culpada, mas ela sempre me tranquilizava em relação a isso. O único que continuava ao seu lado era o Júnior.
-- Com que você brigou Sarah? Você está bem? - disse a analisando toda e tocando em algumas partes do seu corpo.
Sarah estava vermelha e tinha alguns arranhões pelo rosto, mas nada muito grave.
-- Eu estou bem sim, valeu a pena os anos de jiu-jitsu e outras lutas - falou sorrindo - Eu encontrei com a aquela loira azeda...
Arregalei os olhos surpresa.
-- Deborah?
-- Ela mesmo! Não entendo o que você viu naquela garota, parece um projeto de puta - disse irritada.
-- Não acredito! - Eu estava realmente incrédula.
Sarah sorriu.
-- Deixei aquela carinha de safada toda marcada.
Minha amiga fez uma careta quando apertou as mãos em punhos. Me aproximei segurando sua mão delicadamente
-- Tá doendo? – a mão direita dela estava roxa.
-- Um pouco – falou fazendo careta.
-- Acho que precisa pôr gelo... Tá inchado - disse passando o dedo suavemente sobre a mão dela.
-- É... Preciso... Vou pegar – ela estava nervosa e se afastou rapidamente.
Sarah voltou alguns minutos depois com uma bolsa de gelo na mão. Foi minha vez de cuidar dela, fazendo Cafuné e carinho.
Eu amava a Sarah, sabia que ela também sentia o mesmo. Nossa amizade era de muitos anos. A gente se entendia perfeitamente, mas eu sabia que precisava ir...
Um dia minha amiga chegou do colégio e como sempre fazia, me deu um beijo no rosto e perguntou se eu estava bem. Conversamos durante várias horas, até eu decidir contar para ela a minha decisão. Sarah ficou triste, percebi em seu olhar. Ela ainda tentou me convencer do contrário, mas acabou concordando que eu não poderia ficar presa para sempre em seu quarto.
Dois dias depois dessa minha conversa com ela, eu fui embora. Sarah me deu uma quantia considerável de dinheiro, além de comprar roupas novas para mim. Eu tentei não aceitar o dinheiro, mas ela não quis saber de nada, praticamente me obrigou a aceitar.
Sarah me levou na rodoviária e me abraçou apertado, seus olhos ficaram marejados e ela tentava conter as lágrimas. Ela me deu várias recomendações e me fez prometer que ligaria para ela... Coisa que eu nunca fiz... Sarah disse que se eu precisasse de qualquer coisa era só eu ligar... E eu sabia que podia contar com ela.
Entrei no ônibus e meus olhos ficaram úmidos. Observei Sarah que não segurava mais as lágrimas, eu também não conseguir segurar as minhas. O ônibus deu partida e Sarah acenou para mim, até eu não poder mais vê-la. Chorei silenciosa por muito tempo. Chorei por tudo que havia acontecido, chorei por te deixado Sarah e até mesmo pela minha família.
Tudo era novo para mim. Aquela cidade, a minha vida... Enfim, tudo! Eu não sabia muitas coisas, afinal, fui criada como uma princesa... Mas não tive medo, eu queria mudar.
Aluguei um pequeno quarto e fui tentar arrumar algum emprego. Ouvir muitos não, mas era forte o suficiente para não desistir. Até que conseguir um emprego em um bar, onde trabalhei de garçonete. Eu não tinha mais sonhos, queria mesmo era viver o momento.
Eu trabalhava igual uma escrava, sério mesmo, aquilo era explorador. No final do mês sempre ficava no vermelho, nunca sobrava dinheiro para nada. Eu ficava irritada com aquilo, queria poder comprar algumas coisas, mas nunca dava!
Não procurei mais por Sarah... Nem telefonema, nem mesmo uma mensagem. Achei que era melhor deixar ela viver a vida dela... Acho que esse é o único arrependimento que eu carrego.
Eu estava limpando uma mesa e jogando uma praga para meu patrão, sério... Odiava aquele barrigudo!... Observei quando um homem todo engravatado entrou e sentou-se em uma mesa. Ele pediu uma bebida e ficou o resto do tempo me encarando, aquilo já estava me dando agonia.
Quando sair do trabalho percebi que um carro caríssimo estava me seguindo, fiquei com medo e acelerei o passo. O motorista buzinou e abaixou o vidro do veículo.
-- Olá senhorita... - foi a primeira de muitas vezes que o Ricardo falou comigo.
-- O que você quer comigo? - perguntei séria e muito nervosa.
Ele sorriu.
-- Achei você muito linda. Acho um desperdício te ver trabalhando naquele lugar horrível.
-- Acho que isso não te interessa - voltei a andar.
-- Espera! - disse saindo do carro - Se você estiver interessada em mudar de vida e só me procurar - disse me entregando um cartão - Você terá muito dinheiro, pense nisso...
Ricardo entrou no carro novamente e se foi. Demorei alguns meses para procura-lo. Cansei daquela vida, trabalhar que nem uma condenada e ganhar uma miséria, até para comprar comida não tinha dinheiro.
Eu era ingênua, mas não burra, sabia o que o Ricardo queria comigo. Não vou me fazer de vítima. Depois de mandar aquele gordo imundo se foder e ser demitida, eu decidi procurar o Ricardo. Ele ficou surpreso com a minha ligação, mas gostou. Combinamos um encontro para o outro dia. Ricardo não me enrolou deixou claro o que pretendia. Ele era dono de um puteiro, como eu já disse no começo da minha narração.
A proposta dele me agradou. Eu ganharia muito dinheiro e não precisa me matar de trabalhar. Claro que meu instrumento de trabalho seria meu corpo. Fiquei pensativa. Não gostei quando meus pais quiseram me casar com um cara, mas sabia que teria que trans*r com vários.
Bom, eu era uma garota fria e não tinha ninguém mesmo. O Ricardo não me forçou a nada. Se hoje estou nessa vida, foi por minha escolha. Apertei a tecla do foda-se e aceitei a proposta.
Ricardo vibrou com isso. Ele foi meu primeiro cliente, confesso que foi difícil, muitas vezes eu vomitei, mas acabei acostumando a essa vida. Acabei gostando mesmo é do dinheiro que ganhava. Podia comprar tudo que eu desejava. Não.. Não era feliz, mas o dinheiro me deixava mais animada. Tudo que eu queria, eu tinha. Durante esse tempo, muito clientes quiseram me tirar daquela vida, mas eu não nasci para ser presa, e era isso que eles queriam, me prender. Conheci a Manuela que foi a melhor coisa que me aconteceu em todo esse tempo, finalmente eu me preocupava e gostava de alguém, após tanto tempo. Eu realmente gostava da Manu.
Quando ganhei dinheiro o suficiente, mandei para a Sarah, junto com um bilhete que tinha escrito apenas um "obrigado"... Sei que fui fria, mas eu não queria contato com o meu passado e a Sarah fazia parte dele, como eu fui tola, hoje eu sei disso.
Se eu me arrependia da vida que eu levava? A resposta é não! Nunca me arrependi.
Se eu me arrependia de algo? Sim... De ter sido tão idiota com Sarah... De ter quebrado minha promessa e nunca ter ligado.
Fim do capítulo
Boa noite!! Mais um capítulo, levanta a mão quem está entediada!! Eu mesma! Haha
Beijos e até o próximo!
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NovaAqui
Em: 01/05/2020
Lógico que Deborah tirou o dela da reta e disse que foi seduzida. Vamos ver lá na frente se vou ficar com pena dela. Hoje, acho que o que Sarah fez foi pouco. Deveria ter mandado ela para o hospital com uns ossos quebrados kkkk
Agora é ver como ela vai mudar de vida. Cecília não estudou mais? Não guardou dinheiro?
Ela não é burra
Abraços fraternos procês aí
🌻🥰😘â¤ï¸
Resposta do autor:
Será que você terá pena da Deborah? Cenas para os próximos capítulos hahaha
Concordo. Ele se eu tivesse escrito esse capítulo hj em dia tinha pegado mais pesado kkkk.. Imagina que os capítulos tem anos de diferenças. Kkk
Todas essas perguntas serão nos próximos capítulos. Burra ela não é mesmo não.
Beijos pra tu, senhorita!
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Mille
Em: 01/05/2020
Bom dia Stelinha
A Déborah acabou com a vida da Beatriz, talvez ela só queria usar a namorada do irmão e a colocar como culpada.
Acho que ela deixou a única pessoa que a amava ou ama.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Boa noite, Mille! Se cuida viu.
Talvez seja exatamente isso mesmo.. Rsrs
Eu também acho.
Bjs e até próximo!
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Rose_anne
Em: 30/04/2020
Ansiosa pelo próximo
Pro reencontro delas
Resposta do autor:
Olha que linda, uma leitora nova!!
Então, eu acho que o encontro delas, só acontece no capítulo 7, se eu não estiver enganada. E claro, vcs vão saber a outra versão da história né... Rsrs.
Bjs pra tu!
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