Um silêncio, que para muitos não significava nada, contudo, Raquel e Sófia tinha uma outra visão para isso. Palavras não eram ditas, não que não tivesse o que dizer, mas sim, que elas se conheciam tanto a ponto de saber exatamente o que a outra pensava no momento.

Raquel, mantendo o seu olhar conectado ao de Sófia, deslizou uma das alças do vestido da loira para o ombro.

Ao mesmo tempo que a pele ia sendo revelada, os seus olhos brilhavam.

Conhecia exatamente cada detalhe do corpo de sua amada, porém, ao estar juntas, tudo parecia voltar a ser novidade.

Depositou um beijo nos ombros de Sófia e ouviu um suspiro longo. Isso fez o seu coração bater ainda mais forte dentro do peito.

As suas mãos deslizaram para as coxas da loira, enquanto sua boca percorria o pescoço de Sófia deixando um rastro quente.

Sentia as mãos de Sófia apertarem o seu corpo com mais força.

— Raquel – Sófia disse ao sentir as mãos de Raquel pressionando a sua bunda.

As duas estavam no quarto da loira querendo se aprontar para a noite que teriam, mas todas as vezes que ficavam juntas, o desejo parecia aflorar dentro delas.

De repente, o vestido de Sófia foi jogado para um canto do quarto.

Raquel se encantou ainda mais ao ver as roupas íntimas que Sófia usava.

— Você é linda!

Sófia sorriu e passou a tirar as vestes de Raquel sob os olhares atentos da morena.

Iriam entrar no banho.

— Eu não consigo resistir a você, Raquel – Olhou paras as coxas nuas da engenheira sem nenhum pudor.

— Mas não precisa resistir – Abraçaram-se.

— Acho que precisamos banhar logo, senão, não vamos sair de casa hoje.

— Ah... isso não – Raquel se lembrou da surpresa que havia preparado para Sófia.

— O que você está aprontando? – Sófia perguntou, desconfiada.

Raquel sorriu.

— Surpresa, meu amor – deu um selinho rápido na loira.

— Hum... não vou insistir nesse assunto, mas que estou ansiosa, eu estou – Abraçou Raquel ainda mais forte – Vamos banhar?

— Vamos sim – Raquel sorriu ao pensar que não queria somente um banho. Estava com outros interesses com Sófia.

Como não queria se atrasar, as duas tiraram o restante das suas vestes às pressas, todavia, durante o banho, não deixaram de trocar carícias pelos corpos com muitos beijos apaixonados.

Ao estar pronta e sozinha no quarto, Raquel levou a sua mão até o bolso de seu short. Como a peça era mais soltinha na frente, o volume da caixinha com a joia não dava pra ser notado.

— Será que você está aprontando o quê, Raquel? – Sófia perguntou ao abraçar a engenheira por trás.

Ao sentir o perfume de aroma delicado invadindo suas narinas, Raquel fechou os seus olhos ao suspirar.

— Disse que era surpresa – disse calma, sorrindo, ao se virar de frente para a loira – Você está linda!.

Sofia usava um vestido branco florido que batiam perto dos joelhos. Como sempre, a peça havia um decote discreto, mas que para Raquel era tentador.

— Exagero seu – deram as mãos e caminharam até a sala – Espero que vocês se comportem enquanto estivermos fora – Sófia olhou para os dois cachorros que estavam deitados juntos perto do sofá.

— Nino, como você é o homem da casa, cuide da Nina – Raquel falou e ouviu um latido do cachorro.

As duas mulheres sorriram e depois se abraçaram.

— Vamos? – Sófia deslizou uma mexa do cabelo de Raquel para trás da orelha e encarou os olhos brilhantes de sua amada.

— Claro – Raquel deu um beijo rápido na loira.

Enquanto iam de carro até à praia, as duas mulheres conversaram, ouviram música e cantaram desafinadamente.

Não eram cantoras exímias, contudo, naquele momento, isso não importava.

As duas estavam aproveitando a companhia da outra das diversas formas possíveis para o momento.

— Amor, a Nina é castrada? – Raquel perguntou ao chegar na metade do percurso.

— Você está preocupada em ser avó? – Sófia riu.

— Ahhh... claro que não. Só me surgiu essa dúvida hoje.

— Para te tranquilizar, a gordura de Nina é comida mesmo – As duas riram.

— Então, ela é?

— Sim, eu não conseguiria sustentar outras Ninas.  Então, castrei ela... Não que eu não gostasse de ter outros cachorros, mas você sabe, se temos um animalzinho precisamos cuidar da melhor forma possível, e eu não tenho como cuidar de mais cinco.

— Entendo, amor – segurou uma das mãos de Sófia ao parar no sinal.

— É bom te ouvir me chamando de amor.

— É bom te chamar de meu amor... de minha vida... de vários nomes que demonstram o quanto você é especial para mim.

Sorriram totalmente apaixonadas. Ficaram um tempo se encarando e ouviram buzinas atrás do carro.

— Melhor você prestar a atenção no trânsito – Sófia alertou.

— Claro!

Após 20 minutos dirigindo, Raquel estacionou o carro no seu destino.

Olhou para fora do carro e avistou a lua brilhante no horizonte. A noite estava perfeita.

— Acho que fomos contempladas – Sófia comentou – e o melhor é que a praia está vazia.

— Também acho a mesma coisa. Vamos?

— Sim!

Desceram do carro e deram as mãos. Enquanto sentiam a brisa fresca batendo seus corpos, as duas sorriam feito bobas.

Como combinado entre elas, naquele dia, as duas foram para um barzinho.

Para o prazer de Sófia, nenhuma mulher dessa vez resolveu paquerar Raquel.

— Graças a Deus que ninguém vai ficar te olhando – Sófia comentou enquanto comiam uns petiscos e tomavam refrigerante.

Raquel sorriu.

— Você é ciumenta!

— Só gosto de cuidar do que é meu – Sófia fez bico e Raquel se divertiu com a situação.

— Não precisa disso, eu sou toda sua. Não tenho olhos para outra pessoa que não seja você— Segurou a mão de Sófia sobre a mesa.

— Eu sei, mas tem muita gente que gosta de destruir o relacionamento dos outros.

— Então, vamos fazer assim – Recolheu a sua mão para pousá-la sobre a caixinha em seu bolso. Já queria fazer o pedido, mas havia deixado para o momento que fossem andar pela praia.

— O quê? – Perguntou curiosa.

— Não vamos deixar ninguém atrapalhar o nosso amor. Independente do que façam, vamos sempre nos manter unidas. Confiar na outra e conversar sempre que um problema surgir.

— Você está certa, não vamos tomar nenhuma decisão sem conversar com a outra.

— Bom... – Raquel passou a ficar sem jeito e Sófia estranhou – Mudando de assunto, vamos passear um pouco na praia?

Sófia sorriu e presenteou Raquel com um brilho intenso no olhar.

— Esse passeio faz parte da surpresa? – Perguntou ao ver Raquel se levantar.

— Digamos que sim – Ofereceu a sua mão para Sófia – Quero contemplar essa lua brilhante ao seu lado — As duas riram.

— Então, vamos – Segurou a mão de Raquel para poder se levantar.

De mãos dadas, as duas começaram a andar sobre a areia úmida. Com seus calçados nas mãos reviviam a noite que havia enlaçado suas vidas para sempre.

— Amor, você anda me proporcionando os melhores momentos— Sófia comentou enquanto andavam tranquilamente observando tudo ao redor.

No momento, havia alguns casais caminhando juntos, isso demonstrava que não somente elas haviam tido aquela ideia.

— E farei de tudo para continuar assim – Raquel parou de caminhar e se virou para Sófia – Amor... – soltou a mão da loira e se ajoelhou na areia.

— Raquel, o que você está fazendo? – Perguntou já emocionada, pois imaginava o que isso queria dizer.

Raquel sorriu e levou a mão até um dos bolsos do short. De lá, tirou uma pequena caixinha delicada.

— Bom... estou tentando formalizar o pedido de casamento— Abriu a caixinha, revelando um anel com uma pedra brilhante.

— Aí, meu Deus – levou suas mãos até a boca. Sófia estava totalmente sem fala.

— Sófia, você é a mulher que escolhi para viver sempre ao meu lado... você traz alegria para os meus dias e não me imagino mais sem você – Sorriu demonstrando todo o nervosismo que estava tomando conta de seu corpo – Então, diante disso tudo, eu tenho um pedido para te fazer...

— Raquel... – Sófia passou a sentir umas lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Estava muito emocionada.

— Sófia, você aceita se casar comigo?

— Ahh... Claro que aceito — Abaixou-se contornando o rosto da engenheira com suas mãos – e acho que já te disse isso, mas não com essas palavras – Sófia beijou os lábios de Raquel jogando o peso de seu corpo em cima da outra mulher.

Riram ao quase perderem o anel na areia.

— Oficialmente minha noiva – deslizou o fino metal pelo dedo de Sófia.

— Raquel, você me deixou muito feliz com essa surpresa – Disse com os olhos brilhando enquanto tentava reparar nos detalhes do anel.

— Eu achei que combinava com você.

Sentaram na areia e começaram a observar os movimentos das ondas.

Tudo estava calmo e as duas desejavam que tudo permanecesse dessa forma.

Sentindo um pouco de frio, Sófia acomodou a sua cabeça no ombro de Raquel e se sentiu envolvida por um dos braços da engenheira.

Ficaram um bom tempo naquele lugar, conversando, sorrindo por tudo.

Quando perceberam que não conseguiriam mais conter a vontade de sentir a outra, foram para a casa da loira.

— Eu te amo muito, Sófia— Raquel disse quando seu corpo nu tocou o de Sófia sobre a cama.

— Eu também te amo – Os olhos de Sófia faiscaram por sentir os seus corpos se encaixando.

Não sabiam quanto tempo demorou para chegar, mas sabiam que tinham pressa para sentir a outra... para amar sem medo do que pudesse acontecer dali por diante.

Fim do capítulo