Era segunda-feira, o dia amanhecia tranquilo e ensolarado. Um belo dia para aproveitar a praia, mas o belo casal que dormia tranquilamente precisava acordar para trabalhar.

— Será que não posso ficar aqui com você? – Raquel despertou e perguntou a Sófia que estava ao seu lado com uma feição serena.

— Bem que podíamos, mas somos duas moças responsáveis – Sófia abraçou ainda mais forte o corpo de Raquel, demonstrando que não queria sair tão cedo da cama.

Raquel com aquele ato de Sófia sorriu. Sua amada estava tão linda. A verdade é que mesmo sem maquiagem, Sófia era uma bela mulher.

Sem querer sair da cama, Raquel começou a reparar em como o corpo de Sófia que estava sobre o seu.

Sófia estava abraçada ao seu corpo com uma das pernas sobre as suas. Um lençol branco cobria seus corpos e ver os ombros da loira tão amostra demonstrava que ela estava nua. Isso fazia Raquel se relembrar da noite anterior.

— Acho que estou vivendo um sonho – Raquel encarou a janela do quarto e notou que a luz do sol já estava começando atravessar as cortinas brancas – Amor, vamos levantar? Precisamos trabalhar – Começou a fazer carinhos nas costas de Sófia e de repente a loira a encarou com aqueles olhos azuis brilhantes.

— Não quero me separar de você – disse temendo o que poderia acontecer naquele dia.

— E nem vai – Raquel falou baixinho ao tocar a face de sua amada – Irei ser pra sempre sua a partir de agora.

— E eu sua, amor – Sófia se movimentou um pouco na cama para que pudesse beijar os lábios de sua amada.

Enquanto sentia os lábios de Sófia beijando de forma lenta os seus, Raquel notou uma mão ousada de Sófia tocando os seus seios por debaixo dos lençóis, a fazendo dar pequenos gemidos. Parecia que novamente iriam se entregar ao amor, no entanto, algo as impediu de continuasse.

Nino apareceu na porta do quarto jogando sua vasilha no chão e latindo em seguida, demonstrando que estava com fome.

Sendo chamadas a atenção, as duas pararam o que estavam fazendo e olharam para a porta.

— Nino – Dizem ao mesmo tempo, mas o cachorro não ligou, pois ele se sentiu no direito dele.

— Acho que precisamos mudar o horário das refeições nessa casa – Raquel comentou ao olhar para Nino que comia tranquilamente sua ração.

 Estavam na sala enquanto Raquel esperava Sófia se arrumar no quarto. Sófia achou melhor fazer assim, já que parecia que nunca iria conseguir daquela casa.

— Então, é isso – Sófia surgiu na sala de cabelos molhados e usando a mesma roupa da noite anterior – vamos nos ver só na empresa.

Raquel foi até Sófia e abraçou sentindo os braços de sua amada envolvendo seu pescoço – Que tal irmos ao parque após o trabalho? Você, Nino, Nina e eu.

Ao ouvir o nome de Nina, Nino encarou o casal demonstrando seu interesse pela conversa.

— Depois falam que eles não entendem – Raquel disse enquanto reparavam no comportamento do cachorro.

— É porque eles se gostam como eu gosto de você – Voltaram a se olhar nos olhos e estavam prestes a se beijar, mas Nino as interrompeu com seu latido, fazendo as duas rirem.

— Acho que ele quer uma resposta – Raquel comentou.

— Claro que podemos – Sófia saiu dos braços de Raquel e foi até Nino – Vamos poder fazer um passeio só de casais – Abaixou para poder ficar do tamanho do cachorro e começou a acaricia-lo.

— Disso você gosta – Raquel começou a rir do jeito de Nino perto de Sófia. Era tão bom saber que os dois se davam bem.

— Amor, acho que agora preciso ir – Sófia disse que ainda precisava se arrumar para ir a construtora e como Ricardo estava pegando em seu pé, era capaz de estar até observando o horário que chegava na empresa – Bom... quero que sabia que achei a noite maravilhosa e que você está me proporcionando os melhores momentos de minha vida – Disse ao olhar nos olhos de Raquel. Temia sair por aquela porta e não poder repetir a noite que as duas havia tido, mas precisava ariscar e além do mais, algo dentro dela dizia que o amor existente entre elas estava ainda mais forte.

— Eu não sei o que poderá acontecer daqui em diante – Raquel segurou as mãos de Sófia – Mas quero que saiba que eu te amo muito.

— Eu também te amo, Raquel – As duas se beijaram de forma lenta. Um beijo cheio de amor que demonstrava que as duas iriam lutar para que aquele amor continuasse forte entre elas.

_*_

Não demorou muito e Sófia chegou em seu apartamento, toda radiante, parecia que havia visto vários passarinhos verdes pelo caminho.

— É, imagino que a noite tenha sido maravilhosa – Geraldo estava no sofá tomando um café enquanto lia o jornal.

— Maravilhosa é pouco, pai – Sófia passou por trás do sofá e beijou os cabelos de seu pai – Bom dia, pai mais lindo do mundo.

— Acho que vou pedir para você dormir na casa dessa moça todas as noites, para eu receber um elogio desses todas as manhãs.

— Ah... pai, seu eu pudesse dormiria mesmo todas as noites e passaria todos os dias de minha vida ao lado de Raquel – Sófia disse demonstrando o quanto estava apaixonada pela engenheira.

— Acha que ainda é muito cedo para realizar esse sonho, filha?

— Existem muitas pessoas envolvidas... Ricardo... os pais dele.

— Entendo. Imagino que não esteja sendo fácil lutar contra isso tudo, mas vem aqui, filha – Geraldo deixou as suas mãos desocupadas e chamou Sófia para que se sentasse ao seu lado.

— Diga – Sófia se sentou e sentiu uma mão grande envolvendo a sua.

— Mesmo que seja complicado tudo isso que está passando entre vocês, se mantenham fortes diante das dificuldades. Mesmo com alguns percalços no meio do caminho, lute, pois como dizem por aí: o amor sempre vence no final. E tenho certeza que no final tudo vai dar certo entre vocês – Geraldo sorriu ao notar o quanto aquelas palavras haviam sido confortantes para sua filha.

— Muito obrigada, pai – Disse ao envolver seu pai com seus braços. Era tão bom estar no aconchego da pessoa que a apoiava, e Sófia sabia que era capaz de fazer tudo por ela – É muito bom te ter aqui comigo.

— Bom... é sobre isso que queria dizer – Geraldo começou a ficar sem graça – Filha, agora que você está bem com a Raquel, eu vou retornar para casa... tenho minhas coisas para cuidar e tenho uma mulher a minha espera que me liga todos os dias preocupada, perguntando que dia retorno.

— Imagino que ela esteja com saudades de você... um homem maravilhoso assim – Sófia beijou a face de seu pai e o deixou todo sem jeito com o elogio.

— Filha, eu não sou tudo isso.

— Claro que é... o homem da minha vida – Deu um abraço caloroso em seu pai e se levantou – Agora preciso ir me arrumar. Preciso me arrumar. Acho que já estou até um pouco atrasada.

— Vai lá, filha, bom trabalho para você – Seu pai se levantou junto – Vou levar a Nina para passear um pouco.

— Ah... – Sófia ao ouvir isso se voltou para o pai – Não precisa, hoje sairemos à tarde com Raquel e Nino.

Ao ouvir o nome de Nino, Nina levantou sua cabeça, parecia querer ficar atenta a aquela conversa.

— Isso mesmo que você ouviu, meu amor, hoje teremos um passeio de casais – Sófia falou e Nina ficou toda eufórica.

— Hum... vejo que está tudo bem mesmo entre vocês – Geraldo comentou contente por ver a filha tão animada.

— Ainda bem, pai, pois eu amo essa mulher.

_*_

Já se passava das 8:00 horas quando Raquel passou pela porta de entrada da construtora. Estava radiante nem parecia a mulher de olhar entristecido que havia passado por aquela porta na última sexta.

Ao notar toda aquela alegria, Eleonora, sentada em sua mesa, direcionou um olhar investigativo sobre Raquel, questionando mentalmente o que poderia ter acontecido com a engenheira para ela estar assim tão feliz. Talvez suspeitasse o motivo para toda aquela felicidade, mas preferia não acreditar, pois se fosse verdade e alguém da família descobrisse, com certeza, seria como da última vez, resultaria em uma grande confusão.

— Bom dia, Eleonora – Raquel passou pela recepção e disse de forma animada.

— Bom dia, Raquel – A senhora respondeu ao comprimento – Vejo que está radiante – fitou Raquel, séria.

— Bom.. o dia está lindo... ensolarado. Por que não estaria feliz? – Raquel desviou o seu olhar do de Eleonora, pois tinha quase certeza que ela sabia o motivo dessa sua felicidade.

— Acho que você quem teria que me responder – A mais velha retrucou. Não queria se meter na vida da jovem, contudo temia que tudo voltasse a acontecer como no passado.

— Ah... Eleonora, imagino que a minha irmãzinha tenha tido um final de semana maravilhoso com a Laura – Ricardo tocou o ombro de Raquel por trás fazendo todo o corpo da engenheira estremecer, falando com uma simpatia desconhecida por Raquel que o olhou sobre o ombro sem entender o que estava acontecendo com o irmão.

— Laura? – Eleonora se sentiu um pouco confusa com aquela história.

— Uma amiga – Raquel esclareceu.

— Confessa, Raquel. Do jeito que vi vocês na festa. Aparentavam ser bem mais que amigas. Você tem sorte, ela é uma mulher belíssima – Ricardo estava com um sorriso forçado no rosto. Ao mesmo tempo que fingia simpatia, ele sentia vontade de empurrar a sua irmã. Não costumava a agredir ninguém, mas nos últimos dias estava totalmente descontrolado por conta do término com Sófia e do possível motivo para Sófia fazer isso.

— Ricardo – Raquel virou todo seu corpo em direção ao seu irmão e notou que Sófia estava logo atrás parada os observando – Eu nunca tive nada com a Laura – Disse olhando diretamente nos olhos de Sófia. Algo que não passou despercebido Eleonora.

— Se você diz – Ricardo se afastou e notou a presença de Sófia – Sófia, eu estava mesmo procurando você – Direcionou a loira para dar um abraço caloroso.

Nesse tempo, Raquel preferiu sair dali. Não queria ter uma crise de ciúmes logo agora que estavam tão bem.

Ao chegar em sua sala, ela se sentou em sua cadeira e começou em como seria na empresa tendo que fingir não ter nenhuma proximidade com Sófia.

— Vejo que vocês estão firmes e fortes nessa loucura – Eleonora abriu a porta, assustando Raquel.

— Eu a amo, Eleonora – Raquel confessou após a senhora fechar a porta e a encarar como se quisesse entender aonde ela queria chegar.

— Raquel, não sei o que fazer por você. Você sabe as possíveis consequências para esse ato. Se seus pais descobrirem, pode ter certeza que eles vão agir da mesma forma. Nunca que eles ficariam do seu lado – Eleonora foi dizendo essas palavras sem se dar conta do quanto poderia doer em Raquel. Talvez fizesse ideia, mas ela não estava ali para enganar a engenheira.

— Eu sei – Raquel abaixou sua cabeça. Sabia o quanto seus pais, principalmente Rita defendia Ricardo, mas ela, naquele momento, estava disposta a correr esses riscos por Sófia. Nunca em sua vida havia amado alguém como a loira – Só que estou disposta a correr todos esses riscos – Disse decidida, fazendo Eleonora balançar sua cabeça negativamente.

Fim do capítulo