Após ouvir Sófia falando de seu irmão, Raquel a soltou e apoiou o seu corpo no tronco da árvore. O que ela poderia fazer agora? Ao mesmo tempo que amava Sófia não queria repetir o acontecimento do passado.

— Por favor, não fique dessa forma – Sófia levou a sua mão até a face da morena e começou a acaricia-la – Sua pele é tão macia – Direcionou a ponta de seus dedos para os lábios delicados de sua amada.

— Sófia, melhor irmos... meu irmão deve estar te procurando – Raquel virou o seu rosto querendo perder aquele contato.

Sófia, notando aquele comportamento de Raquel, respirou fundo. Será que tudo voltaria a ser como antes?

— Está bem! — Afastou-se da engenheira e começou a observar os movimentos dela —  O que será da gente agora?

— Eu não sei – foi sincera. Ela não sabia como iria lidar com aquela situação. A partir daquele momento, querendo ou não, não havia só elas envolvidas naquela situação... havia Ricardo, e seus pais que com certeza não reagiriam bem ao saber do envolvimento das duas.

— Raquel, eu não quero ficar sem você – Sófia confidenciou ao encarar a sua amada – É você que desejo ao meu lado... eu preciso de você comigo.

Ao ouvir aquilo, Raquel não soube o que dizer. Sentia-se da mesma forma, contudo, o que ela poderia fazer para resolver aquela situação? Seria possível ligar o “foda-se" e viver ao lado de Sófia se esquecendo completamente de sua família?

— Sófia, eu preciso pensar – Raquel abaixou-se para pegar os seus saltos e ao se levantar notou que a alça do vestido de Sófia estava desarrumada.

Sob os olhares atentos da loira, Raquel levou uma de suas mãos até o fino tecido.

Ao sentir a ponta dos dedos de Raquel tocando sua pele, Sófia sentiu todo seu corpo estremecer.

— Eu vou te esperar – Segurou a mão de Raquel e mesmo em meio aquela escuridão tentou a olhar nos olhos novamente.

_*_

Já se passava das duas horas da manhã e Ricardo estava todo agoniado. Até aquele momento, Sófia não havia dado sinal de vida.

— Será que ela foi embora sem mim? – Perguntou alto e Tadeu acabou ouvindo.

— meu caro, relaxa, ela deve estar andando um pouco. Por que você não aproveita a festa e começa a olhar para essa beldade ali que não para de lhe olhar – Tadeu se referiu a uma loira que estava dançando com umas amigas e não parava de olhar para Ricardo.

— Tadeu, será que você não entendeu que eu quero só a Sófia? – Ricardo começou a ficar irritado. Queria muito saber onde estava Sófia – Em sua casa tem câmeras?

— Bom... só no jardim e na entrada – Tadeu ao perceber as intenções de seu amigo começou a achar que aquele relacionamento estava um tanto possessivo – Não acredito que você quer fazer isso. Quer me tirar de minha festa para saber onde sua ex está. Ricardo não existe só essa mulher no mundo.

— Mas é ela que eu quero e farei de tudo para tê-la.

 

 

 

— Bom... aqui fica todas as imagens das câmeras – Tadeu disse ao chegar a um quarto cheio de monitores. Estava um pouco chateado por ter saído da festa para ajudar Ricardo com suas loucuras.

— Pode ir... eu vou ver isso sozinho mesmo – Disse ao notar uma movimentação estranha em um dos monitores.

— Está bem... vou ir aproveitar a minha festa – Tadeu saiu e Ricardo puxou uma cadeira para que ele pudesse se sentar.

Ao se ver sozinho, Ricardo começou a olhar para um dos monitores que mostrava em tempo real tudo o que acontecia em um dos lados do jardim.

— Sófia – disse ao reconhecer a sua ex-namorada – Ela está com alguém... uma mulher.

 

_*_

 

Após Raquel tentar se afastar, Sófia a puxou pelo braço fazendo a mulher se chocar contra o seu corpo.

— Será que não posso te dar um beijo de despedida ? – Sófia perguntou e notou Raquel olhando para os lados.

— Sófia – disse temerosa, pois estava com muito medo de alguém lhes ver ali.

— Um último beijo, Raquel.

As duas agora se encontravam em uma parte mais clara do jardim.

Mesmo temendo alguém encontrá-las, Raquel segurou com suas mãos a cintura de Sófia e começou a aproximar os seus lábios nos dela.

— Você não sabe o quanto senti falta disso – Raquel disse enquanto roçava os seus lábios nos da loira.

— Raquel – Sófia disse baixinho ao sentir a perna da morena forçando entre suas pernas.

Raquel não se dando mais conta de onde estavam, abaixou a alça do vestido de Sófia e se deparou com um bico rijo, rosado e extremamente convidativo.

— Você não sabe o quanto senti sua falta – Raquel disse baixinho e direcionou os seus lábios para o seio de Sófia o beijando com uma calma que era quase torturante para Sófia que não podia sentir os toques de Raquel em sua intimidade naquele momento.

 

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— Por onde você andou no final da festa? – Ricardo e Sófia já estavam no carro, voltando da festa. O engenheiro estava tentando a todo custo se conter, pois nunca passara por sua cabeça que Sófia pudesse se envolver com Raquel.

— Estava tomando um pouco de ar no jardim – Sófia pousou sua cabeça no encosto do carro e fechou os seus olhos ao se lembrar de tudo que havia acontecido com Raquel.

Aparentemente as duas haviam se acertado, contudo, nada era certo, Sófia sabia muito bem que a engenheira poderia mudar de ideia de uma hora para outra.

— Sozinha? – De soslaio, começou a reparar em Sófia e notou que ela parecia muito radiante.

— Sim! – Ao ouvir essa resposta, Ricardo pressionou o volante com força. Queria poder tirar satisfação com Sófia sobre as imagens que ele havia visto, porém, ele decidiu pensar com calma sobre como agiria dali por diante.

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— Minha noite com a Sófia foi maravilhosa, Norma – Disse sentindo uns dedos finos acariciando os seus cabelos – Eu a amo, Norma – Sorriu demonstrando o quanto havia sido perfeito o momento com sua amada.

— Fico feliz por terem se acertado – Norma disse um tanto pensativa.

As duas estavam no sofá da sala do apartamento da engenheira, Raquel estava deitada com a cabeça sobre o colo de sua amiga que acariciava seus cabelos constantemente.

Nino estava deitado e feliz com as novidades, pois isso queria dizer que poderia ver Nina com tranquilidade.

— Norma, por que você saiu daquela forma de casa ontem? – Encarou sua amiga que parecia não ter resposta para aquela pergunta.

— Eu não sei – disse sincera, pois havia sido a primeira vez que uma mulher havia mexido com ela – Eu não sei o que aconteceu comigo. Me senti muito diferente perto de Laura... como se de alguma forma estar perto dela pudesse mexer com os meus sentimentos mais íntimos – Deu uma pausa – e não, eu não tinha um cliente hoje de manhã.

— Imaginei que não e tenho certeza que Laura pensou a mesma coisa – Se sentou para poder olhar melhor para sua amiga – Vem cá, Norminha, acho que hoje você é quem está precisando de colo – As duas riram.

— Fico tão feliz por você ter se acertado com a Sófia. Vocês estavam precisando disso, conversar – Pousou sua cabeça sobre o colo de Raquel que agora acariciava seus cabelos – Vocês se amam.

— Eu sei, mas há tantas coisas envolvidas... pessoas – Raquel ficou pensativa. Mesmo não se imaginando mais sem Sófia. Era muito complicado toda aquela situação. Tinha seus pais e seu irmão que aparentava gostar muito de Sófia – Será que posso deixar todos pra lá e pensar somente em mim?

— Eu sei que você fica sentida por ela ser ex de seu irmão, mas pense comigo, ela não o amava – Encarou os lindos olhos de sua amiga – Ela ama você.

— Por esse lado você tem razão.

— Sim, eu tenho razão. Então, pare de pensar no que possivelmente vão pensar e viva esse amor.

— Mas, Norma, eu quero muito voltar a conviver com minha família. Assumir meu lugar na empresa – Sentiu algo dentro dela começando a doer – Como vou poder amar a mesma mulher que meu irmão?

— Raquel – Norma se sentou – Será que você precisa mesmo disso?

— Como assim? – Raquel ficou surpresa com a pergunta de sua amiga.

— Seus pais te ignoraram durante esses anos e só voltaram a te procurar quando Ricardo começou a reconstruir sua vida. Será que se Ricardo estivesse só, eles voltariam a te procurar?

Aquela pergunta chegou até Raquel como se quisesse lhe rasgar por dentro. Por um lado sua amiga estava certa. Por que seus pais nunca haviam lhe procurado antes?

— Será? – seus olhos começaram a marejar.

— Mas não vamos mais pensar nisso – Levou sua mão até a face de Raquel e limpou as lágrimas que começaram a escorrer pelo rosto de sua amiga– Agora vamos pensar em sua felicidade.

— E acho que você deveria pensar na sua – Raquel disse ao forçar um sorriso.

— Raquel, não me venha com essa história... eu não quero confusão para o meu lado. Estou tão sossegada ultimamente, não me envolvendo com ninguém.

— E se eu disser que ela tá com certo interesse também? – a morena provocou e Norma a olhou de lado – Será que você não daria uma chance?

— Pensaria antes de qualquer decisão – Norma riu.

— ahh... Norma, não creio que você deixaria passar assim – Raquel disse ao ver sua amiga se levantando.

— Pois eu deixaria  — Norma começou a andar em direção a cozinha – Nem sei se estou interessada assim.

— É, você está certa – Raquel se deitou no sofá e viu a sua amiga sumindo ao passar pela porta da cozinha.

— Será que ela tá interessada mesmo? – Norma voltou num rompante causando uma crise de risos em Raquel.

— Bom... acredito que sim... quer o número dela? – Raquel indagou e Norma ficou pensativa.

— Eu não sei... eu nunca me envolvi com uma mulher... e estou tão tranquila, Raquel, sem ninguém fazendo cobranças.

— Acho que você foi bem longe agora.

— Por que você disse isso? – Norma ficou confusa.

— Ah... não estou falando para vocês namorarem. E sim, se conhecerem... sair... almoçar juntas... ir ao cinema – Raquel foi sugerindo lugares e Norma começou a perceber que essa relação só iria trazer dor de cabeça.

— Chega! – Interrompeu Raquel em meio a risos – Se for para ter toda essa dor de cabeça aí, eu prefiro ficar só.

— Norma, no fundo você é cabeça dura como eu – Raquel pegou seu celular na mesa de centro e pensou na possibilidade de ver Sófia naquela noite.

— Não, Raquel, eu não sou cabeça dura. Apenas cautelosa. Essa mulher a pouco estava te querendo e agora vem atrás de mim. Eu não quero ser segunda opção de ninguém não.

— Não acredito que você seja uma segunda opção – Começou a digitar algo, mas a todo momento apagava. Tinha tanta coisa para dizer e ao mesmo tempo não sabia como iria fazer isso.

— Talvez terceira... quarta – Norma foi falando e Raquel morrendo de rir, enquanto digitava a mensagem que mandaria pra Sófia — Com essa carinha aí, eu tenho certeza que a mensagem será pra Sófia.

— Eu não sei se estou fazendo certo, mas quero vê-la essa noite – Lembrou do quanto havia desejado aquela mulher na noite anterior.

— Se você está seguindo o seu coração, você está agindo certo, Raquel.

 

Fim do capítulo