Capitulo 9

 

 

 

 

Marilia estava há quase uma semana esperando o contato de Camila para elas saírem, mas a morena não ligou. Mari percebeu que ela não iria ligar; ficou muito chateada e ainda tentou entender os motivos pra ela não ter ligado, mas não conseguiu encontrar um motivo que fosse plausível. Estava trabalhando quando Carla aparece em sua sala; era sexta-feira.

 

-Fala cabelo de fogo! A loira fala ao entrar na sala da amiga.

 

-Ei, loira aguada. O que está fazendo aqui? Mari se levantou pra abraçar a amiga.

 

-Vim ver se ainda tá gostosa. Deu uma olhada descarada na amiga.

 

 -E aí, ainda estou gostosa? Perguntou dando uma voltinha, entrando na brincadeira.

 

-Nossa! Muito gostosa! Pena que não gosto. As duas gargalharam, Carla era lésbica assumida; por isso as duas mulheres riram.

 

-E aí, como você está?

 

-Estou muito bem! Levei um belo chifre, mas estou ótima! Falou se jogando no sofá que havia ali.

 

-Merda! Então foi real mesmo? A Keila te traiu? Sentou ao lado da amiga.

 

-Sim, aquela vaca me traiu com a amiga dela... mas olha, não quero falar dela! Vim te convidar pra ir na Pinkblue comigo.

 

-A boate nova que abriu, né? Ah, não estou com cabeça pra festa.

 

-Ah, qual é? Dani disse que você já havia superado a Katia... também já era tempo, né?

 

-Não tem nada a ver com a Katia. Não estou afim mesmo. Carla encara a ruiva e percebe que de fato a Katia era passado, mas havia outra pessoa.

 

-Quem é elaaaaaa? Falou quase gritando.

 

-Caramba! Me assustou!

 

-Quem é a rapariga por quem você tá toda xonadinha?

 

-Para, não começa!

 

-Qual o nome dela? Insistiu.

 

-Ok! Eu vou com você! Quis mudar de assunto.

 

-Tudo bem, mas vai me contar sobre esta mulher.

 

-Não tem mulher nenhuma! Marilia arrumava as coisas pra ir pra casa se arrumar, enquanto a loira a observava.

 

-Já brigaram? Perguntou assim que saíram da sala da ruiva, pois percebeu que ela estava olhando toda hora no celular.

 

-Você não vai me deixar em paz mesmo, né?

 

-Não!

 

-Tá, quando eu encher a cara eu te conto. Riu com gosto da cara de chateação da amiga.

 

-Você nem bebe pra encher a cara! Não vale. Fez bico.

 

As duas chegaram ao apartamento de Marilia. Marilia foi tomar um banho, pra tentar esfriar a cabeça. Durante a semana ela mandou algumas mensagens pra Camila, mas ela nem lia, depois de insistir e até mesmo ligar, acabou sendo bloqueada. Marilia ficou brava, achava um absurdo bloquear alguém, principalmente sem uma explicação. Mas não queria pensar na morena. Tomou banho, se arrumou e quando saiu, viu a amiga já arrumada e precisou se controlar pra não olhar pra ela com outros olhos.

 

-E aí... como estou? Perguntou rodando na frente da ruiva.

 

-Está linda! Falou sincera.

 

-Só isso? Carla fez cara de indignação.

 

-Uéh! Não entendi! O que eu tenho que dizer?

 

-Fala se eu estou gostosa... se você me pegaria. Olhou desafiando a ruiva.

 

-Não faz isso. As duas se encararam. Carla quebrou o clima.

 

-Pode parar de me olhar assim! Somos amigas e fizemos promessa de não se pegar.

 

-Me desculpa! Eu estou puta porque ela não me ligou e ainda me bloqueou.

 

 -Nossa... que escrota!

 

-Não quero falar nela. Vamos?

 

-Claro! Ah, você está muito gata... e esqueceria fácil, fácil a promessa.

 

-Cara-de-pau! As duas gargalharam. A boate não era tão longe da casa de Marilia, pegaram um Uber porque a ruiva queria beber. Na verdade, as duas queriam beber. Chegaram na boate, pegaram as comandas e ficaram no bar.

 

-Amiga, tira o olha da moça dos drinks.

 

-Bartender, cabeça. Bartender. E não estou olhando ninguém, só estou admirada com a rapidez com que ela faz os drinks.

 

-Ok. Vamos pra área vip? Vamos explorar o lugar. Quem sabe até achar uma gata pra estrear o banheiro.

 

-Nossa, Carla, você precisa arrumar logo uma namorada... estou ficando com medo de você. Riu

 

-Vamos lá logo!

 

As duas subiram com bebidas nas mãos e dançando. De longe, certa morena as observava. Camila estava de acompanhante de um cara podre de rico e que estava ali a convite do dono da boate. Um homem com seus quase sessenta anos, que veio da França para prestigiar o amigo.

 

-Já viu quem está aí? Perguntou Karina que também era acompanhante do empresário.

 

-Vi, sim... desejava não ter visto, mas vi. Camila falou com certa irritação. Não conseguia acreditar que aquela mulher com carinha inocente era tão sonsa daquele jeito. Olhou a loira ao seu lado e a irritação só cresceu.

 

-Acho que ela te viu. Falou Karina.

 

Neste momento os olhares das duas mulheres se cruzaram. Dava pra ver a tensão entre elas... uma estava puta por ter sido ignorada, ainda mais ser ignorada depois de uma noite incrível que passou com a morena, a outra por saber que a ruiva era tão safada.

 

 

 

-O que aconteceu? Que cara é esta? Perguntou Carla.

 

-Nada! Mari virou o copo na boca de uma vez. Carla queria entender porque a amiga mudou tão rápido de temperamento; a observando, percebeu o olhar insistente dela num canto da área vip. Ela reconheceu o dono da boate e viu que havia algumas mulheres com eles, percebeu também que uma delas olhava na pra ela e a Marilia.

 

-Ok. Você conhece a morena? É ela a mulher com quem você estava/está tendo um rolo? Insistiu diante do silêncio de Marilia. Marilia, aquelas mulheres ali... me parecem garotas de programa. Carla estava assustada, pois diante do silêncio da amiga, constatou que era aquela mulher mesmo.

 

-...

 

-Uau! Muito bonita ela! Fala alguma coisa por favor, senão eu vou te beijar pra ter certeza de que eu disse é uma tremenda bobagem e que ela não iria se importar de ver você beijando outra mulher.

 

-É, é ela e talvez nem se importe mesmo.

 

-E o que ela tá fazendo com aquele senhor? Carla viu a amiga colocar a mão na cabeça enfiando os dedos entre os fios vermelhos. Aquilo era sinal de que ela estava nervosa.

 

-Trabalhando. Disse por fim.

 

-Caralh*! Marilia contou tudo o que aconteceu entre as duas e também como a conheceu.

 

-É isso!

 

-Cacete! E você gosta dela?

 

-Sim. As duas mulheres se sentaram no bar e começaram a beber. Marilia não tirava os olhos da morena e mesmo Camila tentando não olhar pra ruiva, aquela proximidade da ruiva com a loira a estava irritando.

 

 

-Amiga, vai ao banheiro jogar uma agua no rosto. Tá precisando esfriar a cabeça. Karina aconselhou Camila.

 

-Tá, estou precisando. E saiu em direção ao banheiro.

 

 

-Aproveita, vai atrás dela e pergunta o motivo dela ter dado um bolo em você. Carla falou com Marilia ao ver Camila se levantar e ir em direção ao banheiro, que se levantou e foi atrás da morena.

 

Camila entrou no banheiro bufando de raiva; não estava acreditando que caiu na lábia daquela mulher. Socou a pia, deu sorte que não havia ninguém no banheiro pra ver seu show. Bem, isso é o que ela pensou, mas lá estava a ruiva a encarando. Mari entrou sem que Camila percebesse.

 

-Acho que você pode se machucar assim... vale a pena esmurrar a pia? Perguntou Mari encostada na porta de uma das cabines, olhando pra morena através do espelho.

 

-Melhor esmurrar a pia do que esmurrar a cara de certas pessoas. Falou mais irritada ainda.

 

-Você deixou de sair comigo e sai com um cara casado?! Camila gargalhou. Marilia sabia que ela estava rindo de raiva.

 

-Me desculpa, mas eu sou uma P.R.O.S.T.I.T.U.T.A! você acha que os meus clientes são pessoas solteiras? Não faço isso porque gosto, mas por necessidade. Quase cem por cento dos meus clientes são CASADOS! Camila falou e já ia se retirar do banheiro quando sentiu seu braço ser segurado pela ruiva.

 

-Por que você não me ligou? Camila se soltou e mais brava ainda falou:

 

-Você é muito cara-de-pau! Ainda queria que eu ligasse pra você?!

 

-Claro! Não entendi porque você não me ligou. Você disse que ligaria! Só porque é uma PROSTITUTA não pode ter palavra? Mari também estava nervosa.

 

-Você é muito dissimulada. Camila balançou a cabeça desacreditando no cinismo da ruiva.

 

-Por quê? Eu só queria que você me ligasse. Só queria que você cumprisse com sua palavra. Você não era obrigada a sair comigo, mas que me ligasse... fiquei igual idiota esperando você me ligar, e tentando entender porque você não me ligou. Ainda me bloqueou! E por que sou dissimulada? Camila estava perdendo a paciência e resolveu sair do banheiro antes que fizesse besteira e também porque estava trabalhando.

 

-Dá pra me soltar, caralh*? Gritou depois de sentir a ruiva segurar seu braço novamente.

 

-Me responde! Você não sabe o quanto eu te quero. Marilia encarou a mulher, decidida a entender o que estava acontecendo. Camila sentiu a ruiva puxando ela com a intenção de beijá-la.

 

-Tá doida? Daqui a pouco vai querer a Clarinha também! É bom ficar com irmãs?

 

-Tá, beleza! Me explica que porr* que eu fiz?

 

-Deixa de ser sonsa, você transou comigo, com a Bia,. Vai querer a Clarinha também?

 

-Eu não transei com sua irmã! De onde você tirou essa ideia maluca? Mari não estava acreditando naquilo.

 

-Ela me mandou foto de vocês juntas... na sua cama... nuas.

 

-Eu não transei com sua irmã; eu dei carona a ela. eu sai da sua casa e fui à casa dos meus pais, saí de lá tarde, passei em frente a Vix, casa noturna, vi sua irmã numa confusão e dei carona. Ela disse pra eu não contar pra você e nem levá-la em casa porque seus pais iriam brigar com ela. eu não sei de onde ela tirou isso.

 

-Ah, tá. Você está querendo me dizer que minha irmã tirou sua roupa, deitou na sua cama, com você e você não viu nada?

 

-Não, eu não vi. Você viu que eu tomei remédio pra alergia. Você viu que eu não dormi nada àquela noite. Eu cheguei, deixei sua irmã no quarto de hóspedes e fui tomar um banho. Depois do banho, cheguei no quarto senti seu cheiro. Deitei na cama pra saber se nela eu sentiria o seu cheiro mais forte. Dormi sentindo seu cheiro, só de roupão. Disse olhando nos olhos da morena que queria acreditar na ruiva e sabia que ela estava falando a verdade, sentia isso, mas uma parte queria acreditar que a ruiva estava falando mentira. Talvez fosse mais fácil ficar longe dela acreditando na história da irmã.

 

-Preciso ir.  Marilia não impediu, deixou que a morena saísse. Quando foi até a amiga, viu que ela estava paquerando uma negra linda. Sabia que iria ficar de vela, mas mesmo assim, Carla não deixou Mari ir embora.

 

 

-A morena não para de olhar pra você. Falou Carla.

 

-Ela quer acreditar na irmã dela. Falou frustrada.

 

-Mari, relaxa. Tenta curtir. Mari contou o porque a Camila não ligou.

 

-Quero ir embora, mas vou tentar curtir.

 

Estava tudo indo bem, até que uma mulher bastante atraente se aproxima da ruiva. Camila estava de olho nela, não tirava os olhos da ruiva, quando viu a mulher chegar e dar em cima de Marilia, seu sangue ferveu. Olhou pra Karina que viu a amiga pela primeira vez desde que a conheceu, com cara enciumada.

 

-Amiga, disfarça... tá pegando mal já. Falou ao ver que o cliente estava chamando Camila e ela nem ouviu. Mari estava na dela, a mulher dando em cima e ela levando na brincadeira. Camila estava irritada, mas não podia fazer nada.

 

-Quero que vocês dancem pra mim. pediu o cliente.

 

-Claro!!! Camila respondeu e se levantou pegando na mão de Karina.

 

-O que você está aprontando? Perguntou sem entender.

 

-Nada, só quero dançar! As duas começaram a dançar de forma bem sensual, os caras que estavam acompanhando o empresário ficam loucos, mas tinham que se controlar. Marilia parou de prestar atenção na mulher com quem estava conversando e fixou os olhos nas duas, em especial na morena.  Elas estavam dando um show, até Carla parou pra babar.

 

-Tá tentando provocar a ruiva? Ou só chamar a atenção? Karina perguntou.

 

-Os dois. Disse e esfregou o corpo na amiga.

 

-Você tá, não só deixando ela doida, mas eu tô pirando aqui.

 

-Se controla Karina!

 

 

 

-Marilia, Marilia?  Marilia estava fascinada com os movimentos daquele corpo que ela conhecia; que ela teve o prazer de conhecer. Se o que Camila queria era enlouquecer a ruiva... ela estava conseguindo.

 

-Hã? Marilia estava vidrada na morena. Me desculpe! Não entendi. A mulher que estava tentando flertar com a ruiva, se ligou que a ruiva não estava nem aí pra ela.

 

-Nada. Tchau. Foi seca com Marilia.

 

-Caramba, Mari, a Camila é daquele jeito na cama também? Perguntou Carla babando nas duas mulheres dançando.

 

-Sim. Marilia não tinha visto o olhar que a amiga estava pra cima das duas, quando se deu conta, olhou pra amiga com cara brava e disse: não interessa. Para de olhar desse jeito pra ela!

 

-Amiga, você tem que falar com todo mundo. Principalmente pra aquele senhor com quem ela está. Quando Marilia olhou pra morena novamente, percebeu o cara dando uma “sarrada” na morena. Aquilo deixou Marilia muito irritada e fez com que ela saísse da boate. Carla a alcançou ainda dentro da boate.

 

-Carla, me solta. Curte lá com sua gata. Eu estou bem. Dizia tentando ir embora.

 

-Eu vim com você e vou embora com você; só espera eu pagar a conta? Pediu.

 

-Não. Fica, curte ai com a garota. Eu estou bem. A garota veio atrás das duas e Mari conseguiu convencer a loira a ficar.

 

-Promete que não vai fazer besteira?

 

-Prometo! Vou direto pra casa. As duas se despediram e Mari seguiu pra casa num Uber.

 

Marilia tomou banho e ficou jogada no sofá. Não estava acreditando que Camila iria acreditar na irmã. Poxa! Mari estava ajudando a menina e ela aprontou aquilo. Marilia nunca foi daquele tipo... cafajeste, que dava em cima dos outros, ficando ou estando interessada em alguém. Mas não era isso que estava deixando a ruiva triste... era a realidade de estar apaixonada por uma garota de programa. Ver Camila com aquele cara se esfregando nela, foi horrível, pior ainda era saber que aquele era o trabalho dela. Mari estava puta com a morena. Acabou adormecendo ali mesmo no sofá, ainda sentia o cheiro da morena no travesseiro e não queria lembrar dela ao ir para o quarto.

 

 

Eram três horas de manhã e Marilia acorda com o barulho da campainha tocando. Ela levanta meio sonolenta e só de roupão vai abrir a porta pensando ser a amiga, abre sem olhar quem era.

 

-Você?...

 

-Posso entrar?

Fim do capítulo