Capitulo 8

 

 

 

 

-Marilia, você não me deve explicação nenhuma. Não temos nada uma com a outra... foi só um trabalho. Você me pagou e eu fiz o serviço.... você é só mais um cliente.

 

-Ok! A ruiva ficou chateada com as palavras da morena. Ligou o carro e saiu do prédio indo em direção a casa de Camila. O caminho parecia muito longo, já que as duas pareciam querer sair da presença uma da outra. Talvez quisessem fugir daquele turbilhão de sensações, emoções... que até então era desconhecidos das duas mulheres. Marilia que havia ligado o som do carro antes de dar partida e agora, logo após as palavras de Camila, de forma súbita, parou o carro numa praça, desligou o som e olhou pra Camila, que neste momento olhava sem entender as atitudes da ruiva.

 

-O que você tá fazendo? perguntou assustada.

 

-Olha, você pode até mentir ou dizer o que você quiser, mas eu não transei com uma prostituta, garota de programa, acompanhante... eu transei com uma mulher! Não foi trabalho ou o que você quiser falar. Eu sei qu... Camila tentou interromper a ruiva.

 

-Olha, eu...

 

-Não, me deixa falar! Eu pensei que fosse só desejo... só sex*... mas ontem à noite, não foi só isso que aconteceu; nós fizemos mais que sex*. Eu não posso ser impulsiva e dizer que é amor, mas posso te dizer que o que eu senti foi muito bom! Muito gostoso. Vai negar? Perguntou a encarando. E quanto a Katia...

 

-Não quero saber! Disse cortando a ruiva.

 

-Mas vou falar! A morena olhou de forma admirada pra ruiva que continuou: eu transei com ela, ela apareceu lá em casa e nós trans*mos. Mas eu precisava daquilo, precisava entender que havia acabado, que o que eu sentia por ela acabou, e preciso te dizer que eu nem sei se o que eu sentia por ela era amor de verdade... sério! Eu não consigo afirmar isso, principalmente depois de ter trans*do com você.

 

-Eu não quero saber da sua vida sexual!

 

-Mas ficou histérica por saber que eu tinha trans*do com ela.

 

-Olha, eu não fiquei histérica por isso, só enxerguei a realidade. Não vou negar que eu não gostei de ter ficado com você...

 

-Você não teria nem como negar isso. A morena deu uma gargalhada irônica.

 

-Você esqueceu que eu trabalho com isso, né? Sou uma atriz na cama, fingir é o que faço de melhor.

 

-Você não fingiu comigo. Falou um pouco insegura.

 

-Será? Questionou com uma sobrancelha levantada em sinal de desafio.

 

-Eu sei que você gozou de verdade! Pode até fazer teatrinho, mas seu corpo reagiu com satisfação aos meus estímulos. Falou dando uma olhada daquelas no corpo da morena, que ao percebeu o olhar safado da ruiva, sentiu uma forte contração no sex*.

 

-Meu corpo acompanha o meu teatro. Falou para provocar a ruiva.

 

Marilia se soltou do cinto de segurança e virou pra morena que tentou se afastar, mas por estar presa ao cinto, acabou não conseguindo se mover. Marilia foi igual gata pra cima dela. As mãos foram para as coxas da morena, enquanto tentava grudar os corpos da forma que conseguia dentro do carro. Camila sendo encarada pela ruiva, não aguentou a proximidade e a beijou, foi um beijou forte, daqueles que você não consegue controlar mesmo estando com raiva e acaba agredindo a outra pessoa com o beijo.

 

-Ai! Mari reclamou se afastando. Camila a havia mordido.

 

-Viu como eu mando no meu corpo? Perguntou desafiando.

 

-Vi, vi que você não pode se controlar e a arma usada pra esconder isso foi a agressão. Riu passando a mão na boca pra ver se havia saído sangue.

 

-Você se acha, né? Olhou de forma enigmática pra ruiva que deu um sorriso e respondeu:

 

-E você fica doidinha pra me encontrar. Falou de forma descarada. Ai! Isso dói, sabia? Marilia reclamou do tapa que recebeu de Camila. O clima mudou, ficou mais tranquilo.

 

Mari ligou o carro e foi levar a morena embora. As duas conversaram amenidades pelo trajeto. Camila falou dos seus gostos, enquanto Mari a ouvia. Mari viu o celular tocando e pediu pra Camila atender; Camila viu que era a Katia e se recusou a atender, na verdade... Camila rejeitou a chamada e Mari não disse nada, só deu um sorriso achando fofo a morena com ciúme.

 

-Obrigada. Camila falou assim que a ruiva estacionou em frente ao seu portão.

 

-Ei, aceita jantar comigo? Perguntou Mari segurando o braço de Camila ainda dentro do carro.

 

-Mari, acho que é melhor a gente esquecer o que aconteceu... somos de mundos diferentes.

 

-Mas nos cruzamos, mesmo sendo tão diferente como você insiste em dizer.

 

-Tá eu te ligo. Disse saindo do carro. Mari queria um beijo de despedida, não se contentou e saiu do carro atrás da morena, que ao ouvir o barulho da porta batendo, virou pra trás e foi surpreendida pela ruiva já bem próximo de si.

 

-Não vai se despedir assim... disse e a beijou. Foi um beijo rápido, mesmo porque Mari sabia que elas estavam na calçada da casa da morena e que qualquer um podia ver. Agora sim uma despedida. Sorriu.

 

-Sua doida. Falou Camila que ficou parada vendo a ruiva entrar no carro, acenar com a mão dando tchau e indo embora. A cara de Camila, demonstrava claramente o quanto ela estava encantada pela ruiva.

 

-Uau! Parece até que viu um passarinho verde. Camila tomou um susto com a aparição de Bia, que a abordou assim que ela abriu a porta de casa.

 

-Caramba Bia! Me assustou. Falou com as mãos no peito.

 

-Desculpa, não foi minha intenção.

 

-Cadê todo mundo? Perguntou pra se desviar da pergunta da irmã.

 

-Pai e mãe estão dormindo, como acontece sempre depois do almoço. Clarinha tá brincando com o Pedro no quarto.

 

-Ah, tá! Vou lá ver eles.

 

-Não vai cometer o mesmo erro de se apaixonar, hein?

 

-De onde tirou essa ideia? Perguntou assustada com a pergunta.

 

-Só estou falando, maninha. Você sabe muito bem que não dá certo, né?

 

-Do que você está falando? Você viu alguma coisa?

 

-Não, mas estou vendo seus olhinhos brilhando... você lembra do que aconteceu da ultima vez... não repita o mesmo erro. Alertou a mais nova.

 

-Você não sabe do que está falando e não quero falar sobre isso com você. Saiu em direção ao quarto da irmã caçula. Os encontrou deitados na cama e assistindo desenho. Deitou com os dois. O menino estava quase dormindo.

 

-Bem vinda ao brejo, maninha. Falo Clarinha brincando com a irmã.

 

-Que brejo? Não havia entendido nada do que a irmã falou.

 

-Bem vinda ao mundo das sapas. Riu com gosto.

 

-Do que você está falando? Se fez de sonsa.

 

-Ah, você sabe do que estou falando... você transou com a ruiva.

 

-Me respeita, tá? E você não pode falar essas coisas... tá muito novinha pra isso.

 

-Tá bom, tá bom... riu com gosto.

 

-Melhor mesmo. Fez cara de brava pra irmã caçula.

 

-Ah, me desculpa ter atrapalhado vocês... mamãe que viria te chamar e você sabe que ela entraria no quarto, né?

 

-Ok. Não quero falar sobre isso. Camila sabia que não podia mais mentir, já que a irmã não era boba e estava ciente do que estava acontecendo.  Mas te agradeço pelas boas-vindas. Riu e bagunçou o cabelo da caçula.

 

 

 

 

Marilia foi almoçar na casa dos pais, era quase que sagrado o almoço com a família. Como os pais e os irmãos já haviam almoçado, ela se serviu e foi comer na sala, que era onde eles costumavam ficar logo após o almoço. Conversaram sobre muitas coisas; os irmãos zuaram com a cara da ruiva, que estava com carinha de apaixonada. Foi assim a tarde da família.

 

Marilia precisava falar com o pai sobre uns assuntos da empresa e foi ao escritório conversar com ele.

 

-Pai! Atrapalho? A ruiva perguntou ao ver que o pai havia encerrado uma ligação assim que a viu.

 

-Claro que não, meu bem! Senta.

 

-Obrigada. A ruiva se sentou e a expos alguns projetos ao pai que adorou a ideia da filha. Quando os dois começavam a falar sobre as empresas, o tempo passava e eles nem viam. Era amor aquilo, era pelo que faziam.

 

- Que cara é essa? Perguntou o homem que conhecia muito bem a filha pra saber que ela estava feliz.

 

-Nada, pai. Respondeu sem graça.

 

-Quem é ela? perguntou ignorando completamente a negativa da filha.

 

-Você não conhece.

 

-Mas quero conhecer!

 

-Ah, nem sei pai, mas no momento certo vocês vão conhece-la.

 

 

Marilia foi pra casa, já era tarde; estava meio sonolenta por causa do antialérgico que havia ingerido, precisava dormir. Quando passou por uma casa de festas, viu uma confusão e ela reconhece uma morena em meio aquela confusão; parou o carro e se dirigiu ao tumulto.

 

-Bia! O que está fazendo aqui? Perguntou preocupada ao ver um cara segurar um dos braços da menina.

 

-Qual é? Tem babá agora? Perguntou o rapaz pra jovem.

 

-Me solta Guilherme! Pedia Beatriz.

 

-Solta ela, cara. Não ouviu ela pedir? Perguntou Mari.

 

-Você conhece essa louca? Perguntou pra jovem.

 

-Me solta, porr*! Ela conseguiu se soltar e foi até a ruiva. Me leve embora daqui. Pediu.

 

-Claro. Vamos! As duas mulheres entram no carro e Marilia dá partida com o carro.

 

-Marilia, né? Perguntou pra ter certeza.

 

-Sim.

 

-Então, não me leva pra casa não, eu estou bêbada e se meus pais me virem assim, vão ne dar esporro.

 

-Pra onde quer que eu te leve? Perguntou sem saber o que fazer.

 

-Não sei! Me leva pra sua casa, eu iria dormir na casa do Gui, mas como nós brigamos...

 

-Tudo bem! Vamos pra minha casa.

 

-Posso te pedir mais uma coisa? Marilia fez que sim com a cabeça e Bia pediu: não conta nada pra Camila, por favor.

 

-Tudo bem. Mari não entendeu, mas não iria questionar. Chegaram na casa da ruiva.

 

-Nossa... sua casa é linda! Falou a jovem.

 

-Obrigada. Aqui, quer tomar um banho? A jovem disse que sim e Mari a levou ao quarto de hospedes pra que a menina tomasse um banho. Disse também pra jovem ficar a vontade e se precisasse era só chamar.

 

-Obrigada. Não vou precisar de mais nada, pode ir dormir. Parece cansada... Bia percebeu que a ruiva estava meio grogue.

 

-Na verdade não, só tomei um antialérgico e me deixou com muito sono. A jovem levantou uma das sobrancelhas e disse que não iria precisar de mais nada e que estava de bom tamanho o que a ruiva já havia feito pra ela. Mari desejou boa noite e foi para o quarto, tomou um banho e ao sair do banheiro lembrou da noite maravilhosa que teve com a morena, ainda de roupão, deitou na cama, sentiu o perfume da mulher no seu travesseiro. Acabou adormecendo lembrando da morena.

 

 

Camila havia acabado de chegar ao motel; teve que se encontrar com Ricardo. Ele havia ligado e marcando com ela que não podia deixa-lo na mão.

 

-Meu Deus, Camila! Você conseguiu o que eu imaginei não ser possível. Falou o homem assustado com a beleza da mulher.

 

-São seus olhos. Ela deu um sorriso lindo pro homem que a analisava com detalhes.

 

-Tá namorando? Perguntou depois de constatar que havia um brilho diferente nos olhos da morena.

 

-Não! Ricardo deu um sorriso, como conhecia a morena; sabia que ela estava se envolvendo com alguém emocionalmente, mesmo que ela não tivesse se dado conta.

 

-Tudo bem. Ele se aproximou da mulher e percebeu que ela estava meio aérea. Tudo bem?

 

-Sim, estou. Perece que neste momento a Viviane encarnou na morena. Ali estava agindo a garota de programa. Daquela mulher Ricardo não gostava.

 

-Camila, não quero assim.

 

-Por quê?

 

-Não quero a Viviane, quero a Camila.

 

-Qual é, Ricardo? Eu estou sendo profissional... só isso.

 

-Quem é o cara?

 

-Não tem cara nenhum, não viaja...

 

-Quem é ela? a morena o olhou assustada. Será que estava escrito na cara dela que ela estava saindo... curtindo uma mulher?... Qual é o nome dela? Perguntou Ricardo.

 

-Não tem ela, tá bom? Abraçou o homem e trans*ram, mas a pensamento da morena estava numa certa ruiva.

 

-Espero que ela não te faça sofrer... ele disse ressentido ao constatar que ela havia trans*do com ele, mas só o corpo dela estava ali. Camila ainda estava sobre o peito de Ricardo quando ele disse isso, ela simplesmente se levantou, foi ao banheiro, pegou suas coisas e foi embora.

 

Ela tinha um caso com o Ricardo há mais de quatro anos, Pedro era fruto desse caso. Ricardo queria assumir um relacionamento, queria bancar ela, a família e o filho, mas Camila tinha seus motivos pra não fazer isso. Ricardo era casado, tinha filhos... Camila não queria destruir seu casamento. Quando Camila estava chegando em casa, sentiu o celular vibrar, pensou que fosse a ruiva; queria acreditar que era ela, mas quando viu a mensagem no WhatsApp, sentiu um aperto no coração, não estava acreditando no que estava vendo.

 

 

 

 

Fim do capítulo