Capitulo 5 - Sensações
- O que você fez com ela? - Larissa puxava a minha blusa. – Por que ela tá assim?
Estávamos em uma loja de roupas de grife. Somente uma peça daquelas valia a minha casa todinha. O lugar era cheio de requinte e com funcionárias com um sorriso falso, doidas para ir embora para casa. Já havia trabalhado como vendedora e sabia o quanto tínhamos que fingir uma simpatia que estávamos longe de sentir e ficar em pé o dia inteiro, com dores em todos os lugares.
Era horrível e cansativo.
- Não fiz nada... - minha amiga franziu o cenho. – Por tem que ser eu a ter feito?
- Porque eu te conheço... – ela me deu um peteleco na testa.
- Sua amiga é ela ou eu, hein? – a olhei feio.
Desde que saímos da Allen, Charlotte estava calada. Só falava poucas coisas com a Larissa e me ignorava totalmente. Não recebi nenhum olhar sequer seu. Aquilo já estava me incomodando e eu não entendia o porquê.
Bufei.
- Aqui, senhorita Allen... Alguns modelos de vestidos. - a vendedora olhava com admiração para Charlotte.
Era porque não conhecia a figura.
- Obrigada, querida... Leve essas duas moças para experimentar, por favor. - Charlotte foi para o provador, sem olhar para trás.
- Por aqui, senhoritas... – a moça nos levou para um outro provador.
Era maior que a minha casa. Esse povo adorava coisas grandes, não era possível.
- Qualquer coisa, estarei ali fora. – ela disse gentil e Larissa me encarou.
- Obrigada! – dissemos juntas.
- Nem sei por onde começar. - sua face estava corada. A ruiva estava com um brilho no olhar.
- Experimenta você primeiro... - sentei no pequeno sofá que ali estava. – Vamos fazer igual nos filmes.
Minha amiga sorriu.
- Ok... - Larissa entrou em uma pequena cabine.
Minha amiga já havia experimentado cinco vestidos e não gostou de nenhum. No último, ela teve sorte, o tecido caiu perfeitamente nela.
- Larissa, você está linda... - ela sorriu. A ruiva vestia um vestido verde, no tom de seus olhos. Havia uma pequena fenda na costa, o comprimento chegava na metade de suas coxas e o salto preto dava a perfeição final. – Caramba!
- Para... Você tá me deixando sem graça. - ela sorriu. - Então é esse?
- Com toda certeza... - levantei. – Eu te pegava...
Ela gargalhou.
- Eu me pegava também... – ela piscou convencida. – Tá bonito mesmo?
- Mais que bonito... – era divino.
- Ótimo! Vou tirar... Espero que não seja muito caro... - ela voltou para a cabine.
A vendedora havia separado três modelos para mim. Experimentei todos e tanto Larissa como eu não gostamos de nenhum.
- Tem mais esse... - a vendedora me entregou. - Senhoria Allen quem escolheu.
- Obrigada! - peguei o vestido e entrei na cabine.
Ao colocá-lo, fiquei muito surpresa.
- Vamos, Lua... Deixa eu ver!
Sai e ao me ver, Larissa abriu a boca.
- Lua, você está... Uau! - sorri sem graça.
- Aprovado? - ela sorriu.
- Charlotte vai enfartar quando te vê... - rolei os olhos. - Quê?
- Você tinha que estragar tudo... - bufei.
Ela gargalhou.
- Como você é chata!
Larissa e eu estávamos indo para a faculdade. Um motorista de Charlotte dirigia o veículo luxuoso. Não era o mesmo de quando ela me levou em casa. Ela havia ficado realmente chateada com o que eu disse, nem se ofereceu para nos levar. Mas era melhor daquele jeito. Antes de virmos, Larissa e ela engataram uma conversa como se fossem amigas de longa data.
E eu fiquei de fora, com cara de idiota.
- Obrigada pela carona! - falei ao descermos um pouco antes da faculdade.
- De nada, senhorita... Tenham uma boa tarde.
- Boa tarde... – Rodrigues era um cara legal.
O carro deu partida.
- Vamos comer? Tô com muita fome. - Larissa colocou as mãos na cintura, me olhou com fúria.
- Você disse pra Charlotte que não tava com fome. Me fez vim com o estômago roncando. - gargalhei. – Eu te odeio, Luane.
- Deixa de reclamar... Vamos pra lanchonete. – ela bufou.
Já era noite e eu estava em casa. Minha mãe terminava o jantar. Estava sentada, esperando uma oportunidade de falar sobre a festa. Acho que ela ficaria desconfiada por ser convidada do nada por nada mais, nada menos que Charlotte Allen, para uma festa.
- Mãe, tenho uma surpresa pra senhora... - ela sentou à minha frente, enxugando as mãos.
- O que filha? - tirei o cheque do bolso e entreguei a ela.
Minha mãe arregalou os olhos.
- Hoje a senhorita Allen me chamou até sua empresa... Eles iriam gravar um comercial, mas a modelo ficou doente... - minha mãe me olhava com atenção. - Eles me chamaram para ficar no lugar e me pagaram...
- Filha, nossa... - sorri. - Essa moça é uma ótima pessoa. O que fará com esse dinheiro?
- É todo seu, mãe...
- Filha, não, é seu... Você trabalhou pra isso...
- É nosso, mãe... Amanhã vamos sacar e comprar tudo que tá faltando. - sorri.
- Oh, filha! - ela me abraçou.
- Ah, tem outra coisa. A senhorita Allen convidou a Larissa e eu para uma festa beneficente. Tudo bem eu ir?
- Claro, filha... Só não volta muito tarde. - fiquei de pé.
- Obrigado, mamãe... – lhe beijei a testa.
- Lua? Vamos nos arrumar! - Larissa gritou da sala.
Já era sete e meia, quando terminamos de nos arrumar. Esperávamos na sala, quando um carro buzinou em frente. Minha mãe já havia me coberto de elogios.
- Tô nervosa... - Larissa estava divina.
- Vai arrasar... Vamos, madame... Tchau, mãe...
- Cuidado, meninas... Cuidado, pelo amor de Deus.
O mesmo motorista que havia nos deixado na faculdade, estava ali. Fiquei estranhamente decepcionada quando percebi que Charlotte não estava dentro do carro.
Nem se dignificou a nos buscar para a festa que ela mesma convidou. Era uma arrogante mesmo.
- A senhorita Allen pediu para levá-las até o local da festa. - respirei fundo.
- Agora quem tá nervosa sou eu... - Larissa segurou a minha mão.
- Tu vai matar Charlotte Allen do coração... Aí... – a belisquei.
- Para com isso, Lari. - a ruiva gargalhou.
Chegamos a um clube, o lugar estava muito iluminado, a música era agradável e as pessoas bem vestidas. Me senti muito deslocada. Larissa incorporou uma dama da alta sociedade. Era incrível como ela se adaptava tão fácil aos ambientes.
- Senhoritas? - um cara vestido de terno preto nos abordou. - Senhorita Oliveira e senhorita Peres?
- Somos nós... - sorri.
- A senhorita Allen as espera. Venham comigo, por favor...
Larissa me olhou rapidamente.
Fomos até o centro do salão do clube. Eu me sentia um pouco nervosa, porque muitas pessoas nos olhavam. Quando me aproximei, Charlotte ficou de pé e por Deus, aquela mulher não cansava de esfregar sua beleza?
Fiquei embasbacada.
Ela estava usando um vestido vermelho sangue, com uma fenda ridiculamente sexy na coxa. O tecido se colava levemente em sua cintura bem moldada. O cabelo estava preso em um coque, a boca com um batom discreto, mas nos olhos, uma maquiagem em preto dava um destaque maravilhoso aos castanhos cheios de ousadia e deboche.
- Luane, você está... Uma deusa. - senti minha face esquentar. Eu estava sem jeito por causa dela.
Por Deus!
- Larissa, nossa... Estou me sentindo desarrumada agora. - minha amiga sorriu.
- Eu ia dizer o mesmo sobre você... Está maravilhosa, senhorita Charlotte. - eu não tirava os olhos da morena a minha frente.
Até que percebi o meu estado.
- Sentem-se... Por favor. - Larissa me fez sentar ao lado de Charlotte. O seu perfume marcante quase me embriagou. - Acho que vocês são o centro das atenções... - ela cochichou em meu ouvido. Me assustei com o ato.
Olhei ao redor e de fato, havia olhares sobre nós.
- Acho que você quis dizer sobre nós, Charlotte. - ela me encarou por vários segundos e sorriu.
O que se passava naquela cabeça?
- Acredito que vocês não bebam nada forte, então, que tal um vinho? - ela olhou para Larissa.
- Adoro vinho... - minha amiga respondeu.
- Vinho... Claro... - respondi. Eu estava tão sem jeito.
Algum tempo depois, três pessoas se juntaram a nossa mesa. Uma senhora super simpática acompanhada do marido e da filha. Eles não eram do tipo esnobes. Eram pessoas gentis e com conversas interessantes. Até eu me senti mais à vontade.
Olhei para Charlotte e seu olhar estava fixo em alguém.
Olhei para a direção que ela olhava e vi que se tratava de duas mulheres que estavam dançando calmamente. Uma delas encarou Charlotte por alguns segundos, sorriu e beijou a outra.
Percebi que a toda poderosa ficou mexida.
- Ela é a sua ex? - perguntei em seu ouvido. Charlotte me encarou, olhando rapidamente para meus lábios. Me afastei alguns centímetros.
- Sim, é ela. - pensei por uns segundos. – Minha ex noiva...
Olhei novamente para a mulher e ela claramente provocava Charlotte. Rolei os olhos, tendo uma ideia.
Sorri.
- Vamos dançar? - ela ficou visivelmente surpresa.
- Tem certeza? Não te causo repugnância? – a Allen ainda estava ofendida pela conversa de mais cedo.
- Acho que você tem um espelho em casa... Então sabe bem a resposta. - ela ergueu as sobrancelhas. - Com licença senhores, irei levar essa bela dama pra dançar...
Estiquei minha mão para ela segurar. Charlotte sorriu e aceitou.
Fomos para o centro e um pouco sem jeito, segurei o pescoço de Charlotte, enquanto ela segurou firme em minha cintura, me fazendo ter um leve tremor.
Respirei devagar.
- Você está linda, senhorita Luane. A mais linda dessa festa. - eu estava? Por Deus. - Preto cai muito bem em você. Aliás, acredito que você fica linda até com um saco de batatas...
Charlotte Allen, a toda poderosa me dizendo aquilo.
- Obrigada, mas acho que você tá enganada sobre eu ser a mais linda da festa... - eu não sei o porquê de estar sendo tão gentil. Talvez fosse culpa por ter sido grossa mais cedo.
Seu olhar desviou rapidamente e eu o acompanhei.
A ex de Charlotte beijava a noiva, mas claramente era por pura provocação, pois a megera estava de olhos abertos e olhava diretamente para Charlotte.
Respirei fundo.
“Mulherzinha idiota.”
- Quer se divertir um pouco? - ela me olhou sem entender. – Começar a vingança agora...
- Como assim? - droga, eu ia mesmo fazer aquilo? – O que tem em mente?
É, eu iria.
Puxei Charlotte pela nuca e colei meus lábios aos dela. Senti um choque no corpo todo, uma tremenda dose de adrenalina. Ela estava de olhos abertos, surpresa com o meu ato, mas quando eu abri a boca levemente para que o contato mais profundo ocorresse, a Allen arrogante os fechou e eu também.
Meu Deus, eu sou louca!
Eu não sabia ao certo o que estava fazendo, perdi totalmente o fio da meada quando o meu lábio inferior foi sugado com uma perícia extraordinária. Algo explodiu dentro de mim no mesmo momento. Aquela boca estava beijando a minha com tanto fervor, que de fato parecia ser um beijo entre duas pessoas que se amavam ou que no mínimo tinham alguma intimidade. Jamais havia sentido tanta coisa em um único beijo, o que me desesperou muito. A língua com um leve sabor de vinho procurou espaço, o meu corpo estava quente e quando percebi a intensidade do ato, me afastei, ofegante.
Charlotte me encarava de forma assustada. Suas mãos ainda seguravam com firmeza a minha cintura.
Olhei ao redor e quando encarei minha amiga, ela estava com os olhos arregalados, a mão sobre a boca e acabou por derrubar a taça de vinho. Larissa estava tão surpresa quanto eu.
- Vamos sentar... - Charlotte estava desconcertada. Era visível.
“O que eu fiz? Cadê meu anjo da guarda pra me livrar de mim mesma naqueles momentos? Talvez o coitado já tivesse desistido.”
Não contestei os seus dizeres da Allen, apenas segui no automático até a mesa, sentando ao lado de Larissa.
- O que foi isso? - ela perguntou em meu ouvido.
- Eu também não sei... - Deus, eu tremia. - Não sei...
Peguei a minha taça com vinho e bebi um belo gole.
- Lua... Você beijou ela na frente de quase trezentas pessoas. O que te deu?
- Não me deixa ainda mais nervosa, Larissa...
O que eu fiz? Eu beijei a Charlotte e o meu corpo todo sentiu o efeito da sua boca. Não, não era possível. Encarei Charlotte e ela não esboçou nenhuma reação. Eu não acreditava no que havia feito.
E eu gostei?
Era uma loucura, foi impressão minha. Só estava impressionada porque era a primeira vez que beijava uma mulher.
Sim, era isso.
"Meu Deus, manda um meteoro agora mesmo... A tua filha vez a burrada da vida."
- Vou ao toalete... Licença senhores. - Charlotte levantou e sem me olhar, deu as costas.
- Vocês fazem um casal de arrasar... - a filha dos senhores disse com entusiasmo.
"Curso de atriz..."
- Obrigada! - sorri.
- É o que sempre digo a ela. Imagina se pudessem ter filhos? Seriam uns deuses.
"Larissa, não faz isso!"
- Era exatamente nisso que estava pensando. Gente, que coisa maravilhosa. – oh, meu Deus!
Então elas passaram a falar de Charlotte e eu, como se eu não estivesse ali.
Respirei fundo.
O reflexo da mulher que me encarava no espelho era pura confusão. Passei a mão sobre a cabeça, tentando pensar com clareza. Fechei os olhos, respirando fundo e era como se o seu perfume estivesse impregnado em meu olfato. Toquei meus lábios, sentia o sabor da boca quente e macia.
Sua boca era a melhor coisa que já havia experimentado. Gosto de perdição, luxuria, um atentado ao raciocínio.
Delicioso!
- Droga! - abri os olhos.
- Você está namorando... Olha só. - a imagem de Daniela era refletida no espelho.
Senti minhas veias tufar em raiva, ódio acumulado.
- Ela é lindíssima. Encontrou aonde? Qual site de garotas de programa? Me indique... Preciso apimentar a minha relação.
Um sorriso cínico surgiu em sua face.
- Inveja, Daniela? - me virei. - Que machismo de sua parte. - sorri.
- Inveja de uma fedelha? Por Deus, Charlotte. Olhe bem pra mim... - eu ri.
- Tô olhando... E vejo que a mulher lá fora está a milhas a sua frente. - cruzei os braços sobre o peito. - Linda, educada, inteligente, de futuro promissor... Já você.
- Já eu o que? - ela segurou em meu braço com demasiada força. - Eu sei que você ainda pensa em mim.
Ergui a sobrancelha.
- E quem tem tempo pra pensar em ex com uma mulher formidável como ela ao lado? Me poupe, Daniela... Você não tem o menor efeito sobre mim.
- Vamos ver se isso é verdade. - no momento seguinte, Daniela chocou os lábios contra os meus.
O ato me causou repugnância, então a empurrei.
- Tá maluca? - estava longe de ser igual ao beijo que provei há minutos. – Nunca mais ouse... Sua desgraçada!
- Tudo bem por aqui? - me espantei ao ver Luane entrar.
E por Deus, ela precisava ser tão linda? O vestido preto de alças finas, uma fenda generosa na coxa que se moldava ao seu corpo tão bonito a deixava a beira da perfeição. Os lábios cheios estavam cobertos por um batom vermelho, ela havia retocado, e os fios loiros estavam soltos. Minha mente se embaralhou outra vez.
Eu estava... Nervosa? Não, não. Charlotte Allen não ficava nervosa.
- Tudo bem, amor... - ela veio até a mim, se colocou ao meu lado. – Estava apenas conversando com essa... Moça.
A envolvi pela cintura.
- Luane, essa é a Daniela, minha ex affaire. - ergui a sobrancelha. – Daniela, essa é Luane Oliveira, minha namorada.
- É um prazer conhecê-la, Daniela... - Luane se portava como uma verdadeira dama. – Ouvi muito sobre você... – e excelente atriz também. Duplamente surpreendida.
Quais façanhas aquela mulher guardava?
- O prazer é meu, Luane... Fico feliz que meu nome já tenha sido citado. – ela mirou Luane debaixo a cima. - Bom, aproveitem a festa. Nos vemos no meu casamento, Charlotte. - ela frisou bem a última parte.
Daniela deixou o banheiro.
- Ela te beijou? - Luane me encarou, desfazendo o nosso contato.
- A força... - respirei fundo. - Daniela é uma...
- Babaca... - a loira rolou os olhos. – Quê?
Eu quis rir.
- Vamos voltar pro salão ou você já quer ir? - novamente recordei do beijo que ela me deu.
A minha boca salivou.
- Se não se importa, eu queria ir embora... Amanhã tenho algumas coisas pra fazer com a minha mãe... - ela me olhava fixamente.
- Então vamos... Já estou cansada. - fiz um gesto para ela ir na frente.
Eu não acreditei que desejei beija-la outra vez.
Voltamos a mesa e nos despedimos da família Vital, que nos fez companhia. Larissa já havia feito amizade com a filha do casal. Era incrível a capacidade de socializar que a ruiva possui.
- O que acharam da festa? - estávamos dentro do carro. Sentei ao lado do motorista. Não queria ficar colada a Luane no banco de trás.
Eu ainda estava digerindo o que se passou.
- Eu adorei... - Larissa era a única animada.
- Onde será investido o dinheiro arrecadado? - Luane me perguntou. A fitei pelo retrovisor. Ela agia normalmente.
De fato, tinha incorporado o personagem. Me beijou como se realmente fossemos algo.
- Para uma escolinha de futebol exclusiva para meninas.
- Sério? Surpreendente.
- Por que? - fiquei curiosa.
- Nosso país não é tão fã assim do futebol feminino. Todo investimento sempre é direcionado para o masculino. – pensei por um momento. Eu não entendia nada de futebol, mas de fato ela continha a razão.
- Por isso mesmo foi feita a arrecadação. A filha de um dos grandes empresários da cidade é uma atleta. Foi ela quem iniciou a causa. - olhei pela janela.
- Até que a elite não é tão mesquinha assim. - eu ri.
- Você tem uma visão bem ruim de nós, não é mesmo? - peguei meu celular da bolsa.
- De você nem tanto... Você e o William tem um diferencial. - franzi o cenho.
- Que honra... - falei ironicamente. – Um elogio de sua parte...
Meu celular tocou.
- Oi, Helena... Aconteceu algo? - ela nunca ligava àquela hora.
- Charlotte, o Everton ligou e disse que a faixada da Allen foi toda pixada. - ergui a sobrancelha.
- Pegaram o culpado? - fechei os olhos, colocando a mão sobre a testa. Aquilo era péssimo.
- Não... Ele tentou ver algo pelas câmeras, mas os marginais estavam de capuz. - era só o que faltava.
- Estou indo pra lá... Em alguns minutos chegarei. – apertei o celular com força.
- Tudo bem. Qualquer coisa, me avise... - Helena encerrou a chamada.
- Vamos pra Allen, Rodrigues. – soquei o porta luvas.
- Sim senhora. – ele ficou assustado.
- O que houve? - Luane perguntou. Larissa dormia ao seu lado.
- A Allen foi vandalizada. - mas eu tinha uma pequena noção de onde partiu aquele ato.
- Deus... Pegaram os culpados? – massageei a têmpora.
- Infelizmente não. Vamos passar lá rapidamente e depois as deixo em casa. Tudo bem? - olhei para a loira.
- Sim, claro... Não há problema. – respirei fundo.
Minutos depois, estávamos chegando a empresa. Sai do carro e senti o sangue ferver ao ver o prédio da minha família riscado. Patrimônio erguido por meus pais há mais de vinte anos.
- Por Deus! - Luane e Larissa saíram do carro.
- Maldito! - trinquei o maxilar, sentindo dor pela força que depositei. - Fiquem no carro, meninas. Vou demorar apenas uns minutos.
Fui até o segurança, lhe pedindo para me enviar as filmagens daquela noite. No dia seguinte, iria até a polícia fazer um boletim de ocorrência. Eu sabia que aquele era um aviso, mas como não havia provas, não poderia denunciar o maldito.
Minutos depois, estávamos a caminho da casa das meninas. Já se passava das uma da manhã. Chegando ao endereço, em imediato sai do carro. Eu tinha pressa em voltar para casa.
- Senhorita Allen, obrigada pelo convite. Eu amei a festa. - Larissa era uma boa pessoa. Seus olhos estavam cheios de boas intenções.
- Eu agradeço que tenha ido. Gosto de sua companhia... - eu falava sério. - Senhorita Oliveira, Obrigada pela noite e pelo que fez. Sei que deves ter se forçado ao limite, mas mesmo assim agradeço.
- Cuidado na volta pra casa. - ela estava muito séria. - Obrigada pela noite. Nos divertimos bastante.
- Eu quem agradeço... Tenham uma ótima noite e até segunda. - abri a porta do carro. - Ah, há algo que quero lhe falar, mas espero até segunda. Boa noite...
- Boa noite! – ela me encarava.
- Tchau, senhorita Allen.
- Tchau, Larissa...
Logo que cheguei em casa, enchi minha banheira e permaneci lá. A minha cabeça estava cheia. Precisava organizar tudo. Muita coisa para um dia só, mas eu conseguiria normalizar tudo. Afinal, eu era uma Mitchell Allen.
De repente, me recordei do beijo.
A boca aveludada, o sabor adocicado, tudo. Foi a primeira vez em toda a minha vida que fiquei tão vulnerável em um simples beijo. Sim, porque foi somente isso, um simples beijo que ela me deu para provocar Daniela.
- Droga... Por que diabos estou pensando nisso? Luane é só uma mulher. - fechei os olhos. - Maldita seja...
Bufei.
Sai da banheira, me vesti para dormir, só assim aquela bagunça que estava na minha cabeça daria uma pausa. No dia seguinte, pensaria sobre aquilo e também resolveria o vandalismo em minha empresa. Aquele prefeito de araque não perdia por esperar.
29 de agosto de 2019.
Quando acordei, me sentia terrivelmente dolorida. O meu corpo estava febril e a cabeça doía em demasiado.
Sem condições de sair de casa.
Procurei algo no banheiro para tomar. Liguei para Helena e avisei que não me sentia bem de saúde.
Alguém bateu na porta.
- Pode entrar... - me cobri.
- Senhorita Allen, vim trazer seu café. Minha mãe pediu para que comesse tudo. - Marjorie deixou a bandeja sobre o meu colo.
- Obrigada, querida. - ela sorriu e em seguida saiu do meu quarto.
Novamente recordei de Luane.
- Era tudo o que faltava... - tomei um gole do café preto. – Você não é bem-vinda na minha cabeça, garota.
1 de setembro.
Os dias se passaram e era domingo à tarde. Desci para poder correr um pouco, quando a campainha tocou. Ao abrir a porta, dei de cara com Luane.
- Senhorita Oliveira... - lhe dei passagem.
- Charlotte... Vim dá a aula do William... - ela esteve no dia anterior em minha casa, porém não a vi porque decidi passar a tarde com Alessandra.
Precisei para exorcizar os pensamentos conflituosos.
- Espera na sala... Ele deve estar se vestindo. - sorri. - Até amanhã, senhorita Oliveira.
- Acho que você já pode me chamar só de Luane... - sua expressão foi de seria a divertida.
- É o hábito... Irei muda-lo... Boa aula...
Sai antes que ela dissesse algo, pois pela primeira vez, sua presença me causou um estranho incomodo. Corri por cerca de uma hora e meia. Quando o corpo reclamou, decidi voltar para casa. Ao entrar na sala, presenciei uma cena que fez o meu sangue ferver.
- Eu te avisei e você tá brincando com fogo, suburbana. - me aproximei.
- Olha, garota, por mais que você esteja implorando por uma bela surra, não irei cair nessa... – não seria nada mal ver aquela cena.
Luane me encarou.
- Aqui não é lugar para você fazer barraco, querida. Peço que se retire da minha casa. Não quero esse tipo dentro de casa. - Pietra abriu um grande sorriso. - Saia Pietra.
- Como é? - a garota me olhou como se eu tivesse dito o maior desaforo do mundo.
- Isso que você ouviu. - William entrava na sala naquele momento.
- Pietra, o que faz aqui? – ele me fitou rapidamente.
- Eu vou embora... Não queria causar nenhum mal estar. – Luane estava sem graça, era visível.
- Você não vai a lugar algum, senhorita Luane. Os incomodados que se mudem. - olhei para a filha do prefeito.
- Te espero em casa, William... - ela pegou sua bolsa e saiu pisando duro, fechando a porta em demasiada força.
- William, Pietra está proibida de entrar nessa casa. - olhei para Luane. A menina me encarava com uma expressão que eu não soube decifrar. - Espero que faça o que estou a pedir... Com licença...
Subi as escadas, irritada.
Fim do capítulo
bom dia S2
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Anny Grazielly
Em: 12/02/2020
Caraaaaaaaa... ameiiiiiiiiii.... espero que William so sinta carinho por Luane... quem sabe ele e a Larissa se conheçam melhor... kkkk... nao quero essa Alessandra com Charlote... poxa... ansiosa pela viagem das duas para o Rio... pode colocar mais capítulos Leticia... rsrsrs
Resposta do autor:
kkkkk
hoje tem mais...
depois de hoje, só segunda hahaha
Larissa e William? então...
veja você mesma... kkk
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