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I Want You por Leticia Petra

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Palavras: 4869
Acessos: 6166   |  Postado em: 14/02/2020

Capitulo 6 - Como cão e gato

 

  Entrei em casa com a cabeça em outra dimensão. Não fui para o quarto de primeira, sentei no sofá e fiquei olhando para o nada no escuro por não sei quanto tempo. Em minha mente, eu repassava o beijo que dei em Charlotte Allen. Não era somente por ela ser uma mulher, mas sim pela forma que o meu corpo reagiu, pela maneira que o meu coração quase saiu saltando pelo tanto que batia em meu peito. Jamais havia sentido tantas coisas diferentes em um simples beijo.

Não, eu não podia reduzir a um simples beijo.

- Eu beijei uma mulher... - levei a mão a cabeça. - Meu Deus, eu beijei a Charlotte Allen por livre e espontânea vontade.

A realidade do ato me causou uma sensação de sufocamento.

Alguém bateu na porta. Levantei no automático para abrir.

- Dorme lá em casa. Acho que você precisa conversar. - Larissa me conhecia muito bem.

- Vou lá dentro avisar a minha mãe. Entra. - dei a volta.

      Avisei a minha mãe que iria dormir na casa de Larissa. Ela me perguntou rapidamente como havia sido na festa e eu apenas disse que tinha ocorrido tudo bem.

Não troquei de roupa e atravessei do jeito que estava, com uma mochila na costa.

- Toma banho primeiro. Vou fazer um chocolate quente pra gente. - passou a chover forte, de uma hora para outra.

- Tá bom... - Larissa saiu do quarto.

      Tirei o vestido que havia custado muito caro, por sinal. Tomei um banho longo, lavei o cabelo tamanha duas horas da madrugada. Fechei meus olhos, encostando a testa no azulejo frio.

"OK... Não é hora para arrependimentos, Luane, sua burra. Você se meteu nessa porque quis, agora deixa de frescura, que foi só um beijo..."

- E que beijo... - bati a testa no azulejo com força. - Au...

- Tudo bem aí? - Larissa gritou do quarto.

- Sim... Já vou terminar aqui. - desliguei o chuveiro, me enrolei em uma toalha e fui para o quarto.

- Vou tomar um banho rápido... Não toma o chocolate antes que eu volte. - ela entrou no banheiro.

      Sequei o cabelo, troquei de roupa e sentei na cama para esperar a minha amiga, que não demorou a voltar. Depois de alguns minutos, estávamos olhando o teto com estrelinhas fluorescentes que Larissa havia me obrigado a comprar para ela ano passado.

O barulho da chuva era a trilha sonora.

- O que você sentiu? - respirei fundo.

- Parecia que todas as bocas que já beijei tinham sumido da minha mente. - confessei, eu não precisava mentir para Larissa.

- Sente atração por ela? - franzi o cenho.

- Eu não sei. Eu não a beijei por desejo, a beijei pra ajudar a provocar a ex dela. - era esse o plano.

- Mas? - coloquei a mão sobre a testa.

- Mas eu gostei. Porém não quer dizer nada... Apenas que ela beija bem. - Larissa ficou em silêncio por um longo tempo.

- Você sabe que provavelmente irá acontecer de novo, por conta do contrato. - a chuva ficava mais forte. - Não tem medo, Lua?

Franzi o cenho.

- Medo de que exatamente? - tombei a cabeça para encarar Larissa.

- De se envolver demais e acabar gostando da Charlotte. - será?

- Mas, Lari, eu nem gosto de mulheres. - aquilo era um absurdo.

- Charlotte não é só uma mulher, Lua, é uma pessoa. Ela tem uma áurea de poder e segurança. Acho que seduz até um porte se ela desejar. A vida as vezes nos prega peças...

Voltei a olhar para o teto, refletindo sobre tudo aquilo.

 

      No dia seguinte, fui ao supermercado com minha mãe e Cristian. Pela primeira vez em anos, compramos tudo o que estávamos precisando. As contas foram colocadas em dia. Ainda havia o dinheiro que receberia de Zeca. Daria todo para a minha mãe novamente. Eu estava muito feliz de poder fazer algo por minha família.

      Aquele dia eu acabei não indo a aula, me sentia um pouco cansada. Resolvi preparar algumas coisas para estudar com William. Ele havia deixado de me enviar mensagens diárias, o que achei muito estranho. Apenas confirmou as aulas no fim de semana.

      Para a minha sorte, no sábado não dei de cara com a Charlotte. Ela não havia entrado em contato também, o que achei ótimo. Eu não podia olha-la na cara tão cedo. Vi pelos jornais sobre o caso do vandalismo em sua empresa. Estavam chamando de vingança.

Vingança pelo quê?

      A família Allen tinha tantos inimigos assim? Será que eles mexiam com coisas ilícitas? Não, não. Estou viajando.

 

      O que eu menos queria que acontecesse, aconteceu. Quando cheguei a casa de William no domingo, dei de cara com a Charlotte. Ela me tratou diferente, não havia o costumeiro sarcasmo que lhe era tão presente.

Ela havia detestado o beijo? Eu não deveria beijar tão mal assim.

"Que merd* tô pensando?"

William havia ido preparar alguns lanches. Fiquei na sala, lendo alguns conteúdos quando Pietra entrou.

- É inacreditável! Você não tem vergonha nessa cara mesmo... - ergui as sobrancelhas.

Perfeito! A louca psicopata.

- Na verdade, tenho não... - sorri.

- Eu vou acabar com a sua vida, Luane. - ela se aproximou, me puxando. Me desfiz do contato.

- Você deveria procurar um médico, Pietra. Você tem sérios problemas mentais. - voltei a sentar.

- Eu te avisei e você tá brincando com fogo, suburbana. - Charlotte surgiu na porta.

- Olha, garota, por mais que você esteja implorando por uma bela surra, não irei cair nessa... – mas eu queria muito enche-la de tapas.

Encarei Charlotte.

- Aqui não é lugar para você fazer barraco, querida. Peço que se retire da minha casa. Não quero esse tipo dentro de casa. - Pietra abriu um grande sorriso, acho que ela pensava que Charlotte se referia a mim. Por um momento, também pensei. - Saia Pietra.

- Como é? - eu quis rir.

- Isso que você ouviu. - William apareceu na sala.

- Pietra, o que faz aqui?

- Eu vou embora... Não queria causar nenhum mal estar. - fiquei de pé.

- Você não vai a lugar algum, senhorita Luane. Os incomodados que se mudem. - fiquei surpresa com a postura da Allen.

- Te espero em casa, William... - Pietra saiu cuspindo fogo.

- William, Pietra está proibida de entrar nessa casa. - Charlotte me fez admira-la. - Espero que faça o que estou a pedir... Com licença...

      Charlotte subiu, sem olhar para trás. William se aproximou, muito envergonhado. Eu não entendia como ele ainda tinha a coragem de manter um relacionamento com uma pessoa tão instável como Pietra.

- Você deve amar muito ela pra suportar tudo isso. - ele me encarou.

- Na verdade, nem sei mais o que sinto, mas... - franzi o cenho. Ele me encarou por vários segundos. - Luane... Eu gosto de você.

Fiquei surpresa.

- Eu não sei o que você tem com a minha irmã, mas só queria ser sincero com os meus sentimentos. - sua declaração me deixou um pouco nervosa.

- Eu também gosto de você, Will... Só não sei de que forma. - ele me encarou surpreso.

- Quer dar uma chance para descobrirmos? - fechei os olhos.

      Sim, eu estava atraída por ele. Não somente pelo que havia do lado de fora, mas pelo homem tão gentil que conheci nos últimos dias.

- Eu tenho um acordo com sua irmã... - sentei.

- Que acordo? - ele também sentou.

- Eu estava devendo uma grana alta para agiotas. Emprestei pra quitar umas dividas de casa. - passei a mão sobre a cabeça. - Mas eles passaram a me ameaçar constantemente... Sua irmã investigou a minha vida, eu não sei porquê, e descobriu. Ela me ofereceu cinquenta mil pra fingir que eu era sua namorada no casamento da ex dela...

Will levou a mão a nuca.

- Isso é a cara da Charlotte... - ele ficou de pé. – Talvez isso seja culpa minha. Charlotte não confia em quase ninguém e depois que... – Will parou por uns segundos, parecendo se arrepender do que iria dizer. - Vou exigir agora mesmo que ela te libere desse acordo idiota.

- Não... Ela não pode saber que te contei. - segurei seu braço. - Deixa que eu vou resolver isso...

- Deixa eu te ajudar? - ele segurou o meu rosto entre suas mãos. Mirei a boca próxima a minha e recordei de outra.

Me afastei.

"Droga! Isso é hora?"

- Não... Eu entrei nessa, eu vou sair. Irei resolver tudo. - falei com convicção.

- Eu vou resolver o meu namoro com a Pietra. Eu quero ficar com você, mas quero fazer da forma correta. - sorri.

- Tá bem... – ele me acolheu em seus braços.

Me senti segura ali.

 

      Quando cheguei em casa aquela noite, Larissa me esperava em casa. A ruiva estava toda arrumada. Conversava com a minha mãe.

- Pra onde você vai toda arrumada? - me joguei no sofá. – E cheirosa...

- Nós vamos... Vim te convidar pra ir a um barzinho. Comemorar o dia de amanhã antecipado. - ela estava animada.

- Vá filha... Amanhã será um grande dia pra vocês. - minha mãe sorriu.

- É sim, Lua... Vamos sambar um pouco, se divertir... Vamos realizar nossos sonhos, temos que brindar a isso. - ela tinha razão.

- Vou tomar banho e me vestir. Já volto!

- Isso! - a ruiva comemorou.

         Tomei um banho rápido e me arrumei, Larissa não parava quieta, me apressando. Saímos de casa e pedimos um Uber. Segundo minha amiga, poderíamos por aquela noite ser dondocas.

      Chegamos em um barzinho no centro de Belém. O lugar era bonito, de dois andares. Estava cheio, havia música ao vivo no primeiro piso.

- Pagode! - Larissa comemorou. Escolhemos uma mesa próxima a uma enorme janela que dava para a rua movimentada. - Vou pedir duas cervejas.

Ela foi até o bar.

      O lugar era muito bonito, o público parecia ser apenas de burgueses, mas ainda sim, estava agradável. Olhei ao redor e vi alguém conhecido.

Kevin?

      Ele estava com uma morena, pareciam ter muita intimidade. Observei mais um pouco e percebi que os dois usavam alianças.

Ele era casado?

"Que filho da mãe, desgraçado."

- Ei, sabe quem tá lá fora? - Larissa chegou com as cervejas.

Bebi um gole generoso.

- Olha quem tá ali... - lhe mostrei.

- Kevin? - Larissa franziu o cenho.

- Presta atenção nas mãos deles... - Larissa demorou alguns segundos, até perceber.

- Filho da puta... Ele é casado. - jamais desconfiei.

      Kevin olhou em nossa direção. Seus olhos ganharam o dobro do tamanho. Larissa e eu acenamos, para o desespero do idiota. Ver ele ficar daquele jeito não tinha preço. Rolei os olhos, tirando a minha atenção do babaca. Aquilo não me abalava de forma alguma.

- Vou ao banheiro... Não demoro. - levantei. - Quem você disse que tá aqui?

- A tua namorada de mentira. - arregalei os olhos. - E não tá sozinha...

Ahm?

- Ela é... Solteira. - ok. Eu não tinha nada com isso. – Pode sair com quem quiser...

- Pode é? – Larissa ergueu a sobrancelha.

Não dei bola.

      Perguntei a um garçom onde ficava o banheiro e segui. O usei rapidamente, retoquei maquiagem e quando sai, dei de cara com Kevin.

- Eu posso explicar! - ergui a sobrancelha. – Juro que posso...

Encostei na parede e lhe encarei.

- Estou ansiosa pra ouvir. - ele passou a mão sobre o cabelo, parecendo nervoso.

- Estávamos separados... Ela me chamou aqui pra conversar e eu vim... Eu não tive culpa. - que idiota. – Ela me beijou. Nem temos nada... É algo sem importância.

- Ah, sim. Então é por isso que estão usando alianças? - ele olhou para a própria mão.

Era um idiota mesmo.

- Amor... Escuta. - ele veio para cima. Segurou meus pulsos.

- Solta, Kevin... Eu não tenho nada com isso... - tentei empurra-lo.

- Não... Eu me amarro em ficar com você. Podemos continuar do mesmo jeito. - Kevin tentou me beijar a força. – Nada vai mudar...

- Solta... Eu não quero. Tá maluco?  - tentava me rebelar. - Solta... Não!

- Não... Amor... Por favor!

- Você não ouviu? - Kevin foi puxado com força. - Ela disse não.

Charlotte?

Ela se colocou a minha frente. Me senti aliviada.

- Sai daqui, gostosa. Meu assunto é com a minha mulher. - segurei no braço de Charlotte. Ela me olhou rapidamente.

- Você tá bem? - sua face demonstrava preocupação?

- Estou sim... Obrigada. - tentei sorrir.

- Saia daqui, mulher...

- Eu sou Charlotte Allen... Acho que já deve ter ouvido meu nome por aí. - Kevin arregalou os olhos. - Acho melhor o senhor sair daqui e não volte incomodar essa moça nunca mais... Ou vai ganhar uma inimiga.

- Não... Senhorita Allen... - ele riu em nervoso. - Desculpa Luane... Eu não vou mais chegar perto. Tenho que ir...

Ele saiu esbarram em algumas pessoas.

- Obrigada, Charlotte. - ela se virou.

- Precisa ser mais cuidadosa, senhorita Luane. – a morena estava séria.

- Pare de me chamar assim. - me irritei.

- Nos vemos amanhã... Divirta-se. - ela entrou no banheiro, me deixando sem entender nada.

- Grossa... - bufei e voltei para a mesa com Larissa.

- O que houve? - ela parecia uma pouco bêbada. Larissa ficava embriagada com facilidade. - Vi o Kevin sair às pressas com a mulher...

- Aquele infeliz tentou me agarrar, sorte que... - Larissa me encarou. - A Charlotte apareceu.

- Uau... Ela te salvou igual aos contos de fadas? - ergui a sobrancelha.

- Quantas você já bebeu? - ela riu.

- Só duas... Ou cinco. - respirei fundo. – Eu não sei...

- Como você conseguiu beber cinco cervejas? Eu sai só por cinco minutos. – ela deu de ombros. - Acho melhor irmos...

- Não... Tá tão bom aqui.

- Lari, amanhã temos o estágio. Lembra?

- Então vamos... Vamos. - ela ficou de pé. – Mas eu tô sóbria ainda...

Sóbria?

- Muito sóbria...

      Fomos até o balcão, pagamos e quando estávamos do lado de fora, vi Charlotte conversando com uma mulher.

As duas pareciam bem íntimas.

“Que palhaçada era aquela? Não, espera. O que estou pensando?”

- Então eu não posso me envolver e ela tá aqui, quase beijando outra. Não é, Lari... - olhei para o lado e não a vi, quando percebi, Larissa já estava sentada na mesa da Charlotte.

Coloquei a mão sobre a cabeça.

“Te odeio, Larissa.”

 

- Larissa, acho que você já bebeu um pouco da conta... – escondi o riso. Aquela menina me divertia muito. – Já deveria estar em sua casa.

- Boa noite... Desculpe por isso, senhorita Allen. – Luane se aproximou, estava muito envergonhada. – A Lari se empolgou...

- Senhorita Luane, quero lhe apresentar Alessandra Ferreira, minha amiga. – a garota me olhou com uma certa desconfiança.

- É um prazer, senhorita. – passei apenas a observar tudo.

- O prazer é todo meu, querida. – Alessandra estava jogando charme para Luane.

- Amiga, vamos ficar mais um pouco... Por favor. – Larissa juntou as mãos, dando drama ao seu pedido.

- Larissa, amanhã a gente tem aquele compromisso. Não podemos ficar. Levanta. – ela fez a ruiva ficar de pé.

- Tem certeza que não desejam ficar? A noite tá tão bonita. – sorri.

- Não queremos atrapalhar seu encontro, senhorita Allen. Já estamos indo... – recordei da conversa que havia ouvido mais cedo, me sentindo incomodada. Aquela garota não iria me fazer de boba. – Tenham uma boa noite...

      As duas se afastaram, me fazendo aliviar a pressão que fazia em meu maxilar. Alessandra não escondia o interesse nas mais jovens. De fato, Luane e Larissa eram donas de belezas raras, nenhum ser seria capaz de não se render.

Eu não podia culpar meu irmão.

      Alessandra e eu passamos mais algum tempo no barzinho. Ela me fez esquecer os pensamentos conflituosos que desde cedo resolveram me acometer. A deixei em casa, recusando o convite tentador de passar a noite consigo. No outro dia teria trabalho e não poderia me dar ao luxo de não comparecer. Soube por Helena que alguns acionistas desejam me retirar da presidência, porque ainda não aceitavam o fato de uma mulher comandar o império Allen.

      Ao passar em uma esquina, notei que havia duas mulheres no meio fio. Forcei um pouco a vista e percebi que se tratada de Luane e Larissa. O que elas faziam ali tão tarde e em um lugar tão deserto? Parei o carro próximo, abaixei o vidro.

- O que houve? – Luane me encarou assustada.

- Ainda bem que é você. – ergui a sobrancelha. – Larissa passou mal... Vomitou dentro do Uber e fomos deixadas aqui.

Ela parecia irada.

- Entrem... – ela fez uma expressão confusa. Rolei os olhos, saindo do carro. – Eu levo vocês.

- Não precisa se incomodar. A gente arruma um táxi. – respirei fundo, perdendo a paciência.

- Não é hora para orgulho, senhorita Luane. – levantei Larissa, que sorriu ao me ver.

- A senhora é tão bonita... – sua voz estava pastosa.

- Obrigada, Larissa... – aquela menina conseguia me fazer sorrir. – Você é divina...

      Colocamos a ruiva dentro do carro e Luane resolveu ir ao seu lado para que ela não vomitasse dentro do meu carro. Coloquei o carro em movimento, me questionando se seria uma boa ideia elas irem tão tarde para aquele bairro perigoso que residiam.

- Escute, acredito que esteja muito tarde para vocês irem pra Ananindeua. Durma em minha casa e de manhã cedo peço para que lhes deixem em suas casas. – a olhei pelo retrovisor.

- Não, não será necessário. Não queremos lhe incomodar. A senhorita não tinha a companhia da sua... Amiga? – franzi o cenho, não entendendo o tom que a frase foi imposta.

- Alessandra já está em sua casa. Sem mais conversa. A senhorita e sua amiga dormem em minha casa e amanhã cedo peço pro motorista as levar...

- Mas...

- Sem mas... William está em casa... – lhe olhei rapidamente pelo retrovisor. – Não se sentirá deslocada. Acredito que a presença dele lhe acalme. Afinal, são grandes... Amigos.

Eu não queria ter dito aquilo, mas foi mais forte que eu.

- Preciso avisar a minha mãe, mas o meu celular descarregou. – abri o porta luvas, retirei um aparelho que quase não usava e dei a ela.

- Use esse... Aliás, fique com ele. – projetei minha atenção na pista com pouco movimento.

- Mas... Esse celular custa o olho da cara. Eu não posso aceitar! – respirei fundo.

- Isso não é nada demais. Se vai ser a minha assistente, precisa de algo que preste para mantermos contato. – fui rude.

- Você não precisa ser uma grossa, senhorita Allen. – tentei controlar meu tom.

- Só aceite...

     Fiquei em silêncio, para não dizer nada além do que já havia. Ela ligou para a mãe e pelo que pude perceber, não houve objeções. O caminho até minha casa foi feito no mais absoluto silêncio. Quando chegamos, William que estava na sala, ajudou Luane a carregar Larissa, que simplesmente havia apagado.

- O que aconteceu? – ele perguntou para a loira, assim que colocaram Larissa na cama, no quarto de hospedes.

- Essa tonta não sabe beber... – limpei a garganta.

- A senhorita pode dormir aqui com a Larissa. Fique a vontade. – sai do cômodo, indo para o meu quarto. Eu precisava de um banho para relaxar, pois meu corpo estava estranhamente tenso.

      Passei vários minutos dentro da banheira, com os pensamentos em outro cômodo. Eu buscava a todo custo entender o que se passava. Respirei fundo, encerrando meu banho. Troquei de roupa e decidi ir até a cozinha para comer alguma fruta e depois subiria para dormir. Já se passava de uma da manhã.

Ao me aproximar da cozinha, notei que a luz estava acesa.

- Você precisava ver a cara dos meus pais quando me viram com a peruca da senhorazinha na mão... – arqueei a sobrancelha, sentindo novamente algo me incomodar.

Luane e William riam bastante, pareciam se entender bem.

- Eu gosto de estar com você... – o ouvi dizer. Me aproximei mais um pouco, os dois pombinhos nem notaram a minha presença.

- Eu também gosto muito de você, Will... – fechei os punhos com força.

      Os dois aproximaram seus rostos, se olhando fixamente como se não existisse mais nada ao redor. O certo seria sair dali e no dia seguinte romper aquele contrato, mas algo dentro de mim gritou para não fazer aquilo e eu segui aquela voz.

      Quando suas bocas estavam quase unidas, limpei a garganta ruidosamente, fazendo com que os dois se afastassem. Luane me olhou imediatamente, sem medo. Eu via desafio em seus olhos, fazendo com que minhas veias tufassem de ira. Respirei fundo, indo até a geladeira e pegando a caixa com leite.

- Você ainda é comprometido, William... – o encarei. – Acredito que deva terminar seu relacionamento com a Pietra antes de envolver outra pessoa na sua vida.

- Eu sei disso, Charlotte... – tomei o leite que coloquei no copo e o coloquei na pia.

- Senhorita Luane, peço que vá ao meu quarto depois. Desejo lhe falar... – sai da cozinha sem esperar uma resposta.

      O meu sangue fervia ao imaginar que eles iriam mesmo se beijar. Como ela ousa se envolver com o meu irmão, quando tem um contrato comigo? Isso não iria ficar assim. Luane iria me pagar a afronta.

      Entrei em meu quarto, fechando a porta com demasiada força. Eu sentia algo queimar em meu peito, entretanto não conseguia dizer do que se tratava. Não recordava de ter me sentido assim em outra ocasião.

Trinquei o maxilar e só aliviei a pressão, quando ouvi batidas na porta.

- Entre... – respirei fundo, controlando aquilo que me acometia.

- Estou aqui, como pediu... – ela me encarava. Fechou a porta e se escorou na mesma.

- O que pensa que está fazendo? – falei em um tom polido. Luane arqueou as sobrancelhas. – Esqueceu do que tá escrito no contrato? Sem envolvimento com terceiros.

- Não sei do que falas... – ela cruzou o braço sobre o seios. Somente naquele momento notei que ela estava apenas de roupão.

Como alguém conseguia ficar tão sexy com qualquer coisa? Respirei fundo.

“Não é o momento, Charlotte.”

- Não brinque comigo, senhorita Luane. – me aproximei dela. – Temos um contrato e em uma das cláusulas está muito claro que não pode haver envolvimento da sua parte durante esses três meses e agora pouco, você e meu irmão quase se agarram em minha cozinha... Se eu não tivesse aparecido, não duvido que teriam até trans*do...

      Ela me acertou uma tapa, fazendo meu rosto arder. Respirei fundo, tirando forças não sei de onde para não devolver o ato.

- Não ofenda a minha dignidade. – lhe encarei com raiva. - Eu não sei porque reclamas, afinal a senhorita estava muito bem acompanhada está noite e acredito piamente que aquela mulher não é só sua amiga. – ela arqueou a sobrancelha. – É o seu caso, sua trans*... Então, não vejo problema algum no que quase fiz, graças a sua intromissão, ficou só no quase...

Ela empinou o nariz, me enfrentando como ninguém jamais fez.

- Escute aqui... – a prensei contra a porta, lhe olhando firme nos olhos. Segurei com demasiada força o seu braço. – A menos que você tenha todo os meus cinquenta mil para devolver, acho bom que cumpra com a sua parte... Me entendeu?

- Me solte...

      O cheiro que desprendia dela me deixou desnorteada. Mirei a boca tão bonita, bem desenhada e suculenta tão próxima a minha. Senti minha boca salivar e um desejo incomum se apossar de todo meu corpo. Somente naquele momento, notei que segurava firmemente no roupão negro que Luane usava, puxando-a para mim.

- Você irá beijar a mim... No momento em que me for conveniente... – pressionei ainda mais o belo corpo com o meu, soltando seu braço e segurando-a pela nuca, para que me encarasse. Uma coisa eu tinha que dar o braço a torcer, Luane não se rebaixava a ninguém. Ela colocou a mão sobre minha nuca, fazendo minha pele inteira se arrepiar com a maciez da mão tão delicada.

      Luane aproximou sua boca da minha, tão próximo que eu podia sentir o hálito refrescante. Só mais um centímetro e nossos lábios se tocariam. O meu corpo inteiro ficou tenso, ansiosa pelo que viria. Eu desejava com todas as minhas forças beija-la e arranca-lhe as roupas, levá-la para a minha cama e devora-la com todo o vigor que queimava em meu íntimo. Fazê-la pagar pela ousadia de ter me batido.

O pensamento me assustou, mas ainda sim, não consegui me mover um milímetro.

- O contrato que assinei não irá me fazer ser sua marionete... – ela me olhou direto nos olhos. Mordendo seu lábio inferior. – Nem tudo será do jeito que você desejar, senhorita Allen... – sua voz saiu rouca, fazendo com que uma pressão forte surgisse em meu baixo ventre. – Você não manda em mim... Nem agora... – ela puxou levemente meu lábio inferior com os dentes. O meu sex* latejou forte. – Nem nunca...

Luane me afastou, saindo do quarto logo em seguida.

      Fiquei olhando para a porta, sem acreditar que aquela garota teve mesmo a ousadia de me deixar daquele jeito. Passei a mão sobre meus cabelos, rindo em descrença ao perceber que eu estava quente e muito excitada sem nem ao menos ter sido tocada.

- Shit! – respirei fundo. – Ah, Luane... Você brincou com fogo.

O meu rosto ainda queimava pelo tapa.

      Joguei-me na cama, cobrindo o rosto com o meu braço. Esperei até que aquele fogo que ela deixou queimando diminuísse. Sim, Luane havia deixado de ser apenas um contrato e virou alvo de meu desejo. Aquilo estava longe de ser o que eu queria.

- Inferno...

      Não, eu não me deixaria sucumbir. Aquilo era apenas um desejo, que quando saciado logo deixaria de existir. Nada daquilo tiraria o meu sono. Seguiria com o plano e depois que Daniela pagasse por ter me humilhado, Luane seria descartada.

      Com muito custo, peguei no sono e quando o despertador tocou, não fiz corpo mole e levantei, tomando banho e me vestindo às pressas. Iria tomar café em meu escritório, pois não queria olhar para a loira tão cedo da manhã. Pedi para o motorista leva-las até suas casas e depois deixa-las na empresa.

- Eu quero uma café com leite, bem quente. Uma dúzia de pães de queijo, por favor.

- Em cinco minutos faremos a entrega senhorita Allen.

- Obrigada e bom dia...

      Encerrei a ligação, ficando de pé para poder olhar a vista. A cidade estava com um céu limpo, tão azul e ensolarado. O melhor daquele escritório era a visão que eu tinha de boa parte da cidade.

- Você chegou muito cedo. Parece que alguém andou tendo insônia... – Helena entrou em minha sala.

- Foi de fato uma noite ruim... – virei-me para olha-la. – Preparada para conhecer a sua assistente?

Helena sorriu.

- Você fala como se viesse por ai uma grande bomba. – ela abriu seu notebook. – Correndo o risco de piorar seu humor... Os acionistas pediram uma reunião. Tá marcada para as dez...

Bufei.

- Ótimo... Era tudo que meu dia precisava. – sentei em minha poltrona.

- Mais tarde eu quero saber o motivo dessa sua falta de paciência... – Helena me olhou rapidamente. – Que horas chegam as novas funcionárias?

- Acredito que em meia hora... – bateram na porta.

      O menino que fazia as entregas da padaria de frente a empresa trouxe o meu café da manhã. Comi tudo com calma, pois necessitaria para tudo o que viria. Eu sabia que aquela reunião seria uma tremenda dor de cabeça. Não esperava nada de bom.

      Depois de meia hora, Paola anunciou a chegada de Luane e Larissa. Fiquei de pé, indo até o outro lado da mesa. Helena estava digitando algo no computador e quando ouviu a porta ser aberta, levantou a cabeça. Ergui a sobrancelha, observando a sua reação ao ver Larissa. Minha amiga tirou os óculos de descanso, ficando de pé. Era visível o quanto ela havia ficado surpresa com a beleza da ruiva.

Sorri.

- Bom dia, Helena, Charlotte... – meu olhar caiu sobre Luane. A loira usava uma saia preta que ia dos joelhos até a fina cintura. Uma blusa social branca, saltos scarpin preto e os fios estavam presos em um coque elegante.

Por um momento, perdi o raciocínio.

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

heeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeelloooooooooo

boa tarde...

saiam da moite, meninas...


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Comentários para 6 - Capitulo 6 - Como cão e gato:
Andreia
Andreia

Em: 17/01/2021

É Charlotte achou uma a altura agora em que bate de frente e não tem medo nenhum de você por ser poderosa quero só ver VC se dobrar tirinha para a Lua e.

Sera que Há lhe na vai cair de amores pela Larissa.

Bjs

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Cacavit
Cacavit

Em: 03/11/2020

Tô me amarrando nesse conto.

Gratidão!!

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rhina
rhina

Em: 13/06/2020

 

E nesta dança quem estais a conduzir é a luane......o não esperado lado tido forte

Rhina

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Cma24
Cma24

Em: 14/02/2020

Muito boa a história :)

A personalidade firme das personagens tá apimentando o enredo! 

Ansiosa pela continuação.


Resposta do autor:

Seja bem vinda e fico grata pelo comentário...

Espero vê-la mais vezes... 

Lua e Charlotte são mulheres de pulso... 

Representantes das nossas mulheres...

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