Capitulo 27
Alguns dias depois...
A situação ainda continuava a mesma, Sófia ainda não havia falado com Raquel, mas isso não queria dizer que não tivesse notícias. Norma sempre ligava relatando como estava sendo a rotina da morena e como ela estava.
A amiga de Raquel andava bem preocupada, Raquel vivia no apartamento. Estava evitando sair de casa e Norma tinha certeza que não estava se alimentando bem.
Saber disso, mexeu demais com Sófia, mas ela não podia fazer muita coisa. Norma havia aconselhado dar um tempo, pois Raquel aparentava estar muito chateada ainda ou tentava fingir estar se sentindo dessa forma para não ir atrás de Sófia.
A loira por não saber como se aproximar de Raquel e sentir muita saudade. Ela resolveu seguir uma nova rotina em sua vida.
Resolveu fazer algo todos os dias para se sentir mais próxima de sua amada.
Como a sala de Raquel não estava trancada, Sófia todos os dias ficava um tempo lá.
Sentava na cadeira de sua amada e inspirava aquele cheiro gostoso que estava no ar daquele lugar.
Sófia fazia isso todos os dias, em momentos que não havia quase ninguém na construtora.
Raquel ainda não havia voltado para a empresa, então, Sófia entrava ali tranquilamente sem se preocupar em encontrar alguém. Ela queria muito que Raquel frequentasse a empresa, isso possibilitaria que elas ficassem mais próximas, mas isso também poderia atrapalhar ainda mais a reconciliação das duas, pois Ricardo também estaria ali.
Lembrar de Ricardo fazia Sófia ficar impaciente. Como pensado, o seu ex queria mesmo controlar os seus passos.
Ricardo não fazia nada sem lhe chamar. Isso estava deixando a loira muito decepcionada, pois o ex estava sendo o oposto que demonstrava ser quando namoravam.
Era uma segunda-feira, como sempre, Sófia havia aproveitado o pouco movimento na empresa para ir a sala de Raquel. Estava vazia como de costume.
Notando isso, Sófia entrou e ficou um tempo sentada na cadeira da morena.
Ela já havia estado ali tantas vezes e por tanto tempo que já sabia exatamente onde cada objeto ficava.
Estar ali lhe trazia a paz que havia perdido após a volta de Ricardo.
De repente, ela fechou os seus olhos e se aconchegou naquela cadeira.
Uma lágrima solitária começou a escorrer pelo seu rosto.
Era saudade...
A saudade estava fazendo doer demais o seu peito esquerdo.
Respirou profundamente, já estava na hora de voltar para o trabalho.
Como sempre, arrumou o que ela havia desorganizado e deu uma última olhada na fotografia da família de Raquel, pois sabia que os motivos que levavam Raquel a se manter distante estavam ali.
Enquanto estava toda concentrada se despedindo daquele ambiente, Sófia foi surpreendida com algo.
A maçaneta da porta foi girada.
Neste momento, os batimentos de Sófia se aceleraram. Não pensava na possibilidade de ser Raquel, pois Norma já havia dito que a morena ainda se sentia indisposta. Então, pensou na possibilidade de ser Ricardo, e se caso fosse, ela não teria nem como inventar uma justificativa para estar lá.
A porta se abriu sob os olhares atentos de Sófia, era Eleonora.
— Sófia, o que está fazendo aqui? — A senhora surpreendeu-se com a presença da moça ali e ao mesmo tempo, passou a temer que as suas suspeitas eram verídicas.
— Eu vim trazer uns documentos — Sentiu-se aliviada por ser aquela mulher, contudo, sabia que Eleonora era muito esperta. Não acreditaria em qualquer desculpa.
- Documentos? – Eleonora começou a olhar minuciosamente o ambiente a sua volta. Tentava achar os documentos que Sófia havia falado, contudo, não achou nada.
- Era uns que estavam faltando, pois havia esquecido – Sabia que a mentira não estava sendo convincente. Ao tentar passar pela porta para sair daquele local, Sofia sentiu uma mão macia em um de seus braços. O olhar de Sófia passou a ser assustado.
Eleonora ao receber a atenção da jovem, recolheu a sua mão e olhou diretamente nos olhos da loira.
- Eu não quero ver a Raquel sofrendo novamente, por favor, não faça ela ter que passar por tudo novamente.
***
Já se passava das 17:00 horas quando Raquel resolveu sair de casa com Nino. Não, ela não estava se sentindo bem. Só estava indo porque seu cachorro andava estressado. Na verdade, ele quem havia chamado.
Nino, às exatas 5 horas, colocou sua guia em frente a cama de Raquel e começou a latir.
A engenheira estava deitada na cama com o seu olhar direcionado para o teto.
Teria que voltar no outro dia para a construtora.
Seus pais não paravam de lhe ligar para saber o motivo de seu sumiço. Sempre dizia que estava indisposta por conta do calor da cidade, no entanto, sabia que esta desculpa não era nada convincente.
Com certeza seus pais já estavam achando que ela não se sentia bem na presença do irmão, pois desde sua volta é que ela havia sumido.
- se eles soubessem – Pensou em Sófia. Iria se encontrar com a loira frequentemente se caso voltasse para a construtora. Será que estava preparada? – O que você quer dessa vez, Nino? – Disse sem muito ânimo ao direcionar o seu olhar para o cachorro.
Nino em resposta latiu novamente e começou a correr em direção a porta do apartamento. Estava cansado de ficar em casa. Sentia vontade de andar no parque. Talvez estivesse com saudade de Nina.
Raquel pensou nessa possibilidade e se sentou na cama. Não poderiam mais deixar o seu filhote daquela forma.
- Vamos passear – Gritou e o cachorro apareceu todo entusiasmado. Se sentou em frente a sua dona. Seus olhinhos brilhavam e o rabo parecia não quer parar quieto.
Raquel sorriu, um sorriso de felicidade. Nino sempre lhe fazia muito bem.
- Gostou, né? – Nino latiu algumas vezes e Raquel se levantou da cama. Ao fazer esse movimento, ela sentiu um pouco de tontura. Não se alimentar não estava lhe fazendo bem, mas ela não parecia se importar muito com isso.
Ao passar o mal estar, ela se trocou. Enquanto fazia isso, a imagem de Sófia lhe veio a mente e consequentemente os momentos que havia passado no parque com a loira.
- ela não vai estar lá- Pensou já que Sófia só costumava passear com Nina no período da manhã. Se sentia aliviada por isso, mas ao mesmo tempo, triste, pois não poderia mais repetir tudo que já havia vivido com sua amada. Sim, amada, porque Raquel tinha certeza que não deixaria de amar aquela mulher.
O caminho até onde costumava andar com Nino foi feito em total silêncio. Raquel preferiu não ligar o som de seu carro, sabia que havia muitos vestígios do tempo que se sentia amada por Sófia. As músicas lhe lembravam ela... tudo lhe lembrava ela. Parecia que estava ali sentada ao seu lado com aquele mesmo sorriso encantador de sempre.
Respirou fundo e estacionou em uma das vagas presentes.
Quando Nino percebeu que estava naquele lugar, ele começou a ficar muito entusiasmando. Talvez estivesse na esperança de encontrar Nina.
Começaram a andar, Raquel não parecia muito animada, já Nino, ficava a todo momento forçando a guia.
— Calma! — Raquel tentava detê-lo, pois temia que ele escapasse como no primeiro dia que havia conhecido Sófia — Você que foi responsável por tudo que me aconteceu, garotão.
Após a fala de Raquel, Nino passou de caminhar e encarou a sua dona. Parecia que ele queria dizer que ele podia até feito as duas se conhecerem, mas que ele não havia obrigado as duas a ficarem juntas.
— Tá, Nino, eu sei... eu não resisti aos encantos dela — Falou e o cachorro ficou satisfeito, pois voltou a seguir o seu caminho.
Raquel então sorriu, pois parecia que seu cachorro lhe entendia mais do que muita gente.
Continuaram a caminhar... Não era bom estar naquele lugar, pois tudo parecia lembrar Sófia e isso doía demais nela.
Como era difícil ter que conviver com as lembranças. Ainda mais, quando elas eram maravilhosas.
Raquel voltou a ficar triste, pois não sabia mais o que fazer. Estava há alguns dias sem ver Sófia e sentia falta.
— O que posso fazer? — Se perguntou, pois mesmo querendo ela não podia. Tinha o seu irmão e Sófia havia mentido para ela.
De repente, a dor sentida em seu coração e a falta de cuidados com seu corpo começou a te afetar. Voltou a se sentir a tontura, parecia que não tinha mais forças para continuar a caminhada.
Se sentou em um banco e Nino, notando o seu estado, ficou perto de seus pés.
—É, Nino, não vai dar para continuar — Pegou o seu celular e começou a ligar para a única pessoa que poderia te ajudar, naquele momento. Enquanto fazia isso, ela notava as suas mãos trêmulas. Sabia que não tinha condições para voltar para casa — Norma, eu não estou me sentindo bem!
— Raquel, o que você fez? — Norma passou a achar que sua amiga havia feito uma besteira.
— Não fiz nada, eu estou no parque e me sinto bem!
— Sabia que isso iria acontecer, Raquel, quantas vezes pedi para você se cuidar? — Alterou-se do outro lado da linha, pois se preocupava demais com a engenheira.
— Eu sei... — Olhou para Nino que estava com uma cara de preocupado também — Vem me buscar, acho que não consigo dirigir!
— Sim, e vou te levar para o hospital... nem adianta reclamar, eu sei muito bem que não anda comendo direito.
— Está bem! — Sabia que não adiantava discutir com a ruiva, ela sempre venceria.
Após terminar a ligação, Sófia apoiou suas costas no encosto do banco e passou a ficar à espera de sua amiga.
Nino, neste momento, começou a ficar inquieto. Raquel até temeu que ele saísse de onde estava, mas mesmo ficando de pé, ele ficou ali perto dela.
— O que aconteceu, garoto? — Perguntou ao notar o seu cachorro olhando para todos os lados, parecia estar procurando algo.
Raquel pensou em se levantar para tentar ver o que era, mas não se sentia bem para isso.
De repente, um labrador branco surgiu pelas suas costas... era Nina e parecia que alguém vinha correndo atrás.
O coração de Raquel começou a bater mais forte ao pensar na possibilidade de ser Sófia, no entanto, não era.
— Nina, você quer me matar de tanto correr? — Um senhor perguntou ao ver a cachorra de sua filha pulando toda animada com Nino.
Geraldo, ao notar que Nina havia parado de correr, apoiou as suas mãos sobre os seus joelhos. Estava muito cansado.
— Eles não podem se ver que ficam assim! — Reconheceu o pai de Sófia e ficou sem jeito, mas não tentou demonstrar — Já passei por isso!
— Eles já se viram antes? — Geraldo fixou o seu olhar em Raquel e a reconheceu da casa dos pais de Ricardo — Ahhh... Essa é a moça que minha filha gosta — Pensou.
- Ahhh... Algumas vezes – Raquel tocou o seu cabelo demonstrando estar um pouco sem jeito com a aparição de Geraldo.
- Posso me sentar? – perguntou todo simpático enquanto apontava para o lugar vago ao lado de Raquel. Ele queria muito uma aproximação com aquela moça, já que era a moça que sua filha gostava e se sentia em dívida com Sófia.
- Claro- Se remexeu no banco e desejou que Norma chegasse logo. Temia que aquele homem começasse a falar do noivado de Sófia com Ricardo.
- Você é a irmã de Ricardo, né? – não sabia uma outra forma de começar aquela conversa.
- Sim! – fixou o seu olhar nos cachorros que pareciam bem tranquilos juntos. Se lambiam e apoiavam suas cabeças sobre o outro.
- Ela me falou de você – Ao dizer essas palavras, Geraldo recebeu toda a atenção de Raquel para si – falou de vocês duas.
- Tudo mentira! - Exaltou-se.
Geraldo respirou fundo. Sabia que a moça reagiria dessa forma.
- Ela gosta de você, Raquel!
Neste momento, os dois cachorros pareceram prestar a atenção na conversa.
Raquel respirou fundo. Como Sófia tivera coragem de dizer ao pai sobre elas? Dessa forma todos logo saberiam e tudo voltaria a se repetir... a rejeição. Raquel pareceu começar a sentir aquele sentimento sobre si.
- Mas eu não gosto dela – A pior mentira já dita por ela. Não saiu convincente. Isso a fez abaixar a cabeça.
- Mas não é isso que vejo – Geraldo pensou. Não quis dizer, pois havia notado a moça já alterada.
- Raquel, como você está? – Norma chegou toda preocupada e nem reparou no homem ao lado de sua amiga.
- Estou bem – o desconforto por estar ao lado daquele homem era grande demais.
- O que você tem? – Geraldo perguntou.
- Nada! – disse com um tom duro e tentou se levantar do banco, mas novamente não se sentiu bem. Norma teve que a segurar.
- Sabia que isso iria acontecer, Raquel, você não se cuida. Quer ficar doente? – Norma perguntou nervosa.
- Quer ajuda? – Geraldo também se preocupou ao vê-la naquele estado.
- Não, eu quero ir para a minha casa – demonstrou todo o seu abalo emocional.
- Vai para casa nada. Vou te levar para o hospital agora – Norma disse séria.
- E o Nino? Não podemos levá-lo – Olhou para seu cachorro que parecia muito bem ao lado de Nina.
- Eu fico com ele. Depois, eu levo em sua casa – Geraldo falou e Raquel não achou isso uma boa ideia.
O senhor não fazia ideia de onde ficava a casa de Raquel, mas tinha a intenção de pedir para outra pessoa fazer isso por ele, Sófia.
- Quem é o senhor mesmo? – Norma direcionou o seu olhar para o senhor que parecia ser muito gentil.
- Sou Geraldo, o pai da Sófia- quando o senhor disse isso, Raquel desviou o seu olhar para o chão e Norma pareceu compreender o que havia acontecido, pois notou a presença de Nina ali também.
Fim do capítulo
Olá,
O que acharam do capítulo?
Espero que tenham gostado!
Beijinhos!
Van^^
Comentar este capítulo:
Vanderly
Em: 09/02/2020
Olá autora!
Capítulo curtinho,mas que bom que surgiu aí uma esperança, uma luz no final do túnel.
Bom a Sofia não tem culpa do quê aconteceu no passado,mas devia ter falado logo que tinha namorado.
No entanto não o fez, agora é correr atrás do prejuízo. Devia tentar arrumar um novo emprego e sair de cena por algum tempo,mas deixando uma porta aberta pra Raquel quando esta resolver ir atrás.
Acho que Ricardo está meio desequilibrado,ou é doente e ninguém percebeu; quando a gente ama uma pessoa deixa ela seguir seu caminho. " Deixe ir se você é uma pedra e não a direção." Simples assim,mas nem todos compreendem, quê amar uma pessoa não é o suficiente para ela ficar ao nosso lado.
Volte logo!
Até o próximo capítulo!
Beijos!
Resposta do autor:
Olá,
Realmente a Sófia não teve culpa do que houve. Ela não esperava conhecer alguém antes de terminar com Ricardo.
Acho que ela procurar um novo emprego, é uma boa ideia. rsrs Vou pensar nisso. hehehe
Agora sobre o Ricardo, eu não sei muito bem o que ele tem... Como sempre brinco com as pessoas: os personagens me falam e eu escrevo. Até eu me surpreendo com as reviravoltas. rsrs Bom... mas acho que ele não anda muito bem mesmo não e acredito que ele esteja querendo forçar a Sófia pra ficar com ele.
Muito obrigada pelo seu comentário!
Beijinhos!
Van^^
LUCIMAR
Em: 08/02/2020
Olá! Boa noite Van! Estou adorando a história, mas é difícil ficar esperando novos capítulos... Desejando o reencontro dessas duas...rs
Boa noite, bom final de semana e que vc escreva muito...
Resposta do autor:
Olá,
Fico feliz por você estar gostando da história.
Eu sei que deve ser difícil esperar novos capítulo. Estou tentando postar com mais frequência. Ultimamente, eu ando mais animada para escrever.
Acho que elas duas não demoram muito para ficar juntas.
Muito obrigada pelo seu comentário!
Beijinhos!
Van^^
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