Capitulo 6

 

 

 

 

-Como você entrou aqui? Eu estava muito surpresa... não esperava encontrar ela ali.

 

-Acredita que ainda tenho as chaves?... fez cara de sapeca.

 

-Mas... o que você... quer aqui?  Ela se aproximou e eu senti como se minhas pernas tremessem.

 

-Bateu saudade... Katia se aproximou lentamente. Enquanto ela se aproximava, eu pensava no quanto eu amei aquela mulher.

 

-Sua noiva, onde está?

 

-Em casa... Não quero falar dela. Katia colocou as mãos na minha cintura e me beijou. Não vou negar que estava com saudade daqueles lábios.

 

-Não se incomoda em traí-la? Me ocorreu de fazer essa pergunta.

 

-Ela não vai saber. E me beijou. Eu estava com saudade dela, mas não queria ficar com ela. Me lembrei da Camila, mas a Katia conhecia meu corpo, era até injusto.

 

-Katia, não faz assim... ela mordiscava minha orelha e sussurrava no ouvido.

 

Ela tirou minha blusa e me empurrou para o sofá... eu queria lutar, mas ela conhecia meus pontos fracos e me desarmava completamente e, parecia que ela sabia disso, na verdade não parecia... ela sabia!

 

-Bom dia! Abri os olhos e achei que era um sonho o que aconteceu ali. Estava no meu quarto, deitada em minha cama e a Katia tinha acabado de sair do banheiro, ela havia tomado banho.

 

-Bom dia. Respondi com um pouco de frustração.

 

-Está tudo bem? Ela se aproximou da cama e sentou na beirada.

 

-A gente não podia ter feito isso.

 

-Se for por causa da sua namorada... não se preocupe... seu corpo estava comigo, mas sua cabeça estava nela. Respondeu com rancor.

 

-É... eu...

 

-Não precisa falar nada, você não me deve explicações. Ela foi ríspida.

 

-Tudo bem. Vou fazer café. Me levantei, lavei o rosto e parti pra cozinha. Enquanto eu fazia o café, Katia me observava.

 

-Quem é Camila? Me assustei com uma pergunta tão repentina.

 

-Camila?... como assim? Ela riu.

 

-Você sabe que te conheço, né? Assenti com a cabeça e ela continuou... Você chamou o nome dela umas três vezes só que eu contei.

 

-É... não percebi. Enrolei. Eu não tinha certeza do que eu realmente sentia pela Camila, eu sabia que a desejava, mas não sabia que estava àquele ponto de trans*r com alguém... imaginando ser com ela. Era novo pra mim, e além do mais... ela era garota de programa! Meus pais me matariam, Dani me esfolaria. Resumindo: eu seria morta. Enquanto eu pensava sobre tudo aquilo, que era novo pra mim... ouço ela chamando minha atenção.

 

-Sua campainha. Me olhou de um jeito divertido. Fui abrir a porta e me arrependi de não ter deixado de atender.

 

-Pensei que você já tivesse ido pra empresa! Dani entrou feito um relâmpago e se direcionou à cozinha.

 

-Bom dia, Dani. Daniela ficou pasma com a cena que viu... Katia estava de roupão e pantufas nos pés e pra piorar: os cabelos estavam molhados.

 

-Bom dia. Minha irmã me encarou.

 

-Vou me trocar, preciso ir. Katia se levantou e foi em direção ao meu quarto.

 

-Que porr* é essa? Dani falou entredentes.

 

-Calma, não significou nada. Tentei convencer minha irmã. Ela sentou, pegou uma xícara com café e enquanto bebia, me encarava...

 

-Tchau meninas. Katia deu um beijo no rosto da minha irmã e veio dar um beijo em mim. Daniela observava a cena sem piscar.

 

-Tchau. Não permiti ela me beijar na boca... virei o rosto; o beijo pegou na bochecha.

 

-Me explica que caralh* é esse! Minha irmã me perguntou assim que a Katia saiu.

 

-Não é nada!

 

-Não é nada? Não é nada? Você dorme com a sua ex que: é noiva, te largou supostamente sem motivos; sabe quem é ela? a mulher que te deixou deprimida por três anos!!!

 

-Dani... eu sei de tudo isso. Falei com bastante calma, na verdade eu estava muito calma.

 

-PARECE QUE NÃO SABE! Minha irmã gritou.

 

-Ok! Posso te contar o que aconteceu?

 

-Vai virar amante dela agora? Perguntou com sarcasmo.

 

-Não.

 

-Tinha que ter dormido com ela depois de três anos? Qual a necessidade?

 

-Eu não senti nada... o meu corpo reagiu aos toques dela... não posso negar! Mas eu não senti o que eu sentia quando a gente trans*va. Foi como me masturbar... tesão, vontade...

 

-Não sentiu o coração bater mais forte? Perguntou ainda duvidando do que eu estava falando.

 

-Não. Foi só sex* mesmo. E eu estou feliz por isso! Dei um sorriso pra minha irmã. Eu estava feliz por saber que não sentia nada pela Katia.

 

-Fico feliz por você, mas por favor, não seja segunda opção.

 

-Não vou ser, pode deixar!

 

-Você está diferente... um brilho no olhar. Isso se deve a quem? Perguntou me examinando.

 

-Ninguém. Sorri sem graça. Volto a dizer que eu não sabia quais eram meus sentimentos em relação a Camila, mas só em lembrar daquele olhar sensual, meus lábios já se abriam, esboçando um sorriso.

 

-Te conheço Mari! Te conheço. Riu e me abraçou.

 

Os dias foram passando e nenhuma ligação da Camila. Estava conversando com a Dani e o Fred, na casa dos meus pais. Estávamos na piscina... fomos curtir os velhos, quando meu celular toca... era uma mensagem no WhatsApp:

 

 

-“Ei, ruiva!”

 

-“Olá, quem é?”

 

-“Sou eu, Clarinha.”

 

-“Ei, querida. Aconteceu alguma coisa?” Pensei que tivesse acontecido alguma coisa.

 

-“Não, não aconteceu nada. Eu queria te convidar pro meu aniversário.”

 

-“Ah, que bom! Que dia? “

 

-“Sábado, à tarde.  Será que estará disponível?”

 

-“Arrumo lugar na agenda pra você.” Brinquei de forma galante.

 

-“Opan! Gostei, pena que vou fazer só quinze anos, mas a Camila tem idade, você pode investir nela.” Eu gargalhei e como Dani não era besta, já logo me inquiriu pra saber com quem eu estava falando.

 

 -Com quem você está falando?

 

-Deixa de ser curiosa Daniela. Disse Fred.

 

-Até parece que você não viu a cara dela, né?

 

-Qual o problema se ela está com esses olhinhos brilhando? Não quer dizer que está apaixonada. Riu.

 

-Quem está apaixonada? Marilia? Claro que não!!! Bem irônico meu pai, que resolveu entrar na brincadeira.

 

-Vocês não têm o que fazer? Perguntei

 

Respondi que iria sim ao aniversário dela. Estava ansiosa desde aquele momento. Eu veria a Camila de novo e aquilo me fez sentir um frio na barriga, uma fraqueza nas pernas. Enquanto eu viajava em pensamentos, meu pai e meus irmãos zombavam da minha cara.

 

-Bem, bebê, quero conhecer esta mulher que te faz viajar assim. Disse minha mãe, caindo na pilha deles.

 

-É... não estou viajando, estava pensando num presente pra dar pra uma garota de quinze anos.

 

-Minha filha! UMA MENINA DE QUINZE ANOS?! Minha mãe entrou em desespero.

 

-Mãe, não é nada disso que você está pensando, tá? É uma amiga... tá? Ela tem quinze anos. Quinze anos!!!

 

-Tá, mas quero conhecer esta mulher por quem você está apaixonada, e preciso dizer: ela tem bom gosto. Meu pai deu um sorriso pra mim. Eu adorava aquele homem, ele sempre foi um pai incrível, um esposo fantástico. ficava encantada, pois mesmo depois de anos de casados, eles se davam tão bem. Tá certo que minha mãe era uma perua e meu pai deixava ela fazer o que quisesse, mas não havia conflitos, pareciam que se amavam ainda. Quando estavam em casa, eles até se beijavam!!! Desculpa falar com tanta estranheza sobre o fato deles se beijarem, mas é que depois de anos de casamento, parece que as pessoas esquecem da importância do beijo, da conexão que há na troca de olhar, do carinho... parece que quando se é casado por muito tempo, essas coisas perdem o valor.

 

-Não tem mulher nenhuma! Falei pra tirar o foco deles de mim.

 

 

 

 

A semana passou rápido, era sexta-feira já. Liguei pro meu irmão.

 

-Oi, preciso da sua ajuda. Estava meio desesperada, precisava comprar algo pra Clarinha e não tinha tido tempo de comprar... foi uma correria na empresa aquela semana.

 

-Sabia! Pra ligar pra mim, só se estiver precisando mesmo. Fez charme.

 

-Para de graça, tá? Foi uma loucura aqui na empresa esta semana. Por isso não tive tempo pra nada, nem fui na academia esta semana.

 

-Tá, me diz o que quer?

 

-Vamos ao shopping? Preciso comprar um presente pra Clarinha.

 

-Quem é Clarinha? Perguntou desconfiado.

 

-Uma amiga.

 

-Amiga... sei!

 

-Para tá? Vai ou não?

 

-Você sabe que eu vou. Que horas?

 

-Já estou saindo da empresa.

 

-Sério?! Por que você não me ligou mais cedo?

 

-Deixa de ser chato, vamos logo!

 

Cheguei no shopping e esperei o Fred. Instantes depois ele chegou. Comprei um presente pra ela e fiquei bem satisfeita. Sabia que ela iria gostar também. Comprei um tênis da Nike SB Check solar. Preto e branco... eu tinha certeza que ela iria gostar.

 

-O que tá rolando com você? Quem é a garota? Não é essa tal de Clarinha, né?

 

-Não.

 

-Eu conheço?

 

-É importante pra você? Perguntei olhando dentro dos olhos dele.

 

-Sim, mas eu imagino o motivo de tanta enrolação.

 

-Sério? Ele assentiu.

 

-É a Viviane, né?

 

-O nome dela é Camila... e sim, é ela. Contei pra ele que o aniversario que eu iria era da irmã dela, que era uma fofa. Contei sobre o episódio do hospital... acabei me abrindo pra ele.

 

-Caraca! Você tá gostando dela.

 

-Não sei... acho que é só sex*, só desejo.

 

-Maninha, não é não. Você fala dela com os olhos brilhando. Não é só sex*.

 

-Só vou descobrir quando ficar com ela. falei pensativa.  

 

-Vocês ainda não...

 

-Não.

 

-Maninha, trans*r com ela não vai te provar nada... você está apaixonada por ela, fato.

 

Comemos, conversamos... o Fred falou que a Dani iria pirar quando soubesse que eu tinha contato com a Camila. Obvio que pedi a ele pra não falar nada com ela; eu sabia que ela iria pirar... ela não podia nem sonhar com aquilo. Fui pra casa e não consegui dormir direito pensando em como seria meu dia.

 

 

 

 

Camila estava entretida com o filho brincando sozinho, que nem percebeu a hora que a convidada da irmã chegou. Ouviu a muvuca e prestou atenção na festa que, não só a irmã estava fazendo, mas os pais também com a chegada da ruiva.

 

-Pensei que você não teria tempo de vir. Disse Clarinha.

 

-Não iria perder seu aniversário. A ruiva abraçou a garota.

 

-Que bom que veio! Disse Claudia, mãe da Camila, a abraçando também.

 

-Obrigada! Respondeu com sinceridade.

 

Enquanto eles se cumprimentavam, a morena foi se aproximando. Ela tinha prometido pra si mesma, que não veria mais a ruiva. Até excluiu o telefone dela da agenda do celular. Mas lá estava Marilia. Linda! Ela estava com um vestido floral... muito gata. Com ar de menina/mulher. Camila teve que controlar o coração pra não fazer feio, mas pra alguém que a conhecia muito bem e a observava, seria impossível esconder. Karina que estava na sala com o restante do pessoal, viu quando a ruiva chegou e também viu o momento em que a amiga percebeu a presença da ruiva e viu que ela estava fazendo um esforço pra não demonstrar sentimentos.

 

-Ei, Camila. Marilia a cumprimentou.

 

-Oi.  O que faz aqui? Camila foi grossa.

 

-Eu a convidei. Clarinha entrou no meio da conversa e não deixou que a ruiva respondesse. Clarinha sabia que a irmã iria chiar quando visse a Marilia, mas não queria perder a oportunidade de ter a ruiva em sua casa de novo e também de ver as duas juntas. A Mari era uma pessoa incrível também.

 

-Ótimo! Se afastou um pouco e percebeu a ruiva se enturmar no meio da sua família. Não tinha muita gente ali, era só família e os mais próximos ainda. Era um almoço, bolinho pequeno.

 

-Que mulher bonita e cativante, hein? Falou Karina ao se aproximar da amiga.

 

-Não começa!

 

-Qual é? Só estou falando... parece que ela ganhou sua família também.

 

-Também por quê?

 

-Nossa! Você fica muito estressada perto dela, será que tem motivos?

 

-Ela me deixa estressada.

 

-Estressada ou excitada?

 

-Não vou te responder isso. Ela não queria falar, mas os momentos em que se pegou com Marilia, não saiam de sua mente. Já fez programas com certos homens, pensando nela... e para o seu desespero: chegou ao ápice do prazer bem rápido. E enquanto estava pensando naquilo, sentiu seu corpo reagir a instintivamente, começou a “secar” a ruiva.

 

-Não, não vale Lukas! Lukas era sobrinho de Camila, filho do Mauro. Ele estava fazendo algo que não deveria fazer no jogo que estavam jogando e Clarinha brigou com ele.

 

-Calma Clarinha! Interviu Marilia.

 

Camila percebeu a interação da ruiva com toda a sua família, até o Mauro era amigável com ela. a princípio, ele se mostrou fechado, mas já estava até brincando com a ruiva.

 

-Mari perdeu! Mari perdeu! O coro que se ouvia da bagunça, era grande.

 

-É ruiva, tá bagunçando aí, né? Falou Júlio.

 

-Não sou culpada! Sou inocente! Dizia de forma divertida. Inconscientemente a ruiva seduzia a morena com cada gesto.

 

Marilia se levantou para ir ao banheiro e Camila não perdeu a oportunidade; foi atrás da mulher.

 

-O que pensa que está fazendo? perguntou assim que a ruiva saiu do banheiro.

 

-Nossa, tomei um susto! Falou com a mão no peito.

 

-O que você quer aqui? Camila estava brava. Por muitos motivos... o principal era por se sentir atraída pela ruiva e não conseguir controlar.

 

-Calma! Vim porque sua irmã me convidou... não sabia que você não iria gostar?

 

-Deveria ter negado. Sabe como me sinto com você aqui dentro de casa?

 

-Me desculpe! Vou embora. Tentou se desviar da morena pra ir embora, mas a morena segurou seu braço a impedindo de prosseguir. O clima mudou... as duas se encaravam e o sinal, que já tinha virado regra para o beijo acontecer, foi dado pela morena. Ela mirou os lábios da ruiva; Mari que entendia a mulher a sua frente, não esperou... já foi tomando os lábios dela num beijo de saudade, desejo, paixão. De tão envolvidas que estavam no beijo, não perceberam que olhos atentos as observavam.

 

-Vem! Camila puxa a ruiva para o quarto.

 

Ao entrar no quarto, Camila fechou a porta com o corpo de Mari. Os lábios não queriam se desgrudar. As mãos passeavam no corpo uma da outra. Camila puxou a ruiva e a jogou em cima da cama. Tirou a blusa e foi pra cima dela. O desejo era grande; estavam se amassando à tempo... imagina como elas não estavam se desejando... Marilia se preocupa.

 

-Não tem perigo de alguém entrar aqui? Olhou pra morena que só conseguia prestar atenção naquela linda mulher que estava em cima de si.

 

-Ninguém vai entrar aqui... relaxa. Camila levantou um pouco o vestido da ruiva e pode contemplar aquelas coxas lindas. Mordeu o lábio pra não gem*r diante daquela visão...

 

-Camila. Elas ouvem Clarinha batendo na porta e a chamando.

Fim do capítulo