Capitulo 4

 

 

 

 

Camila

 

 

 

Ver Clarinha com aquela mulher, me fez ficar fervendo de raiva. O que aquela mulher estava fazendo com minha irmã?

 

-Eita! Que cara é esta? Perguntou Minha amiga.

 

-O que minha irmã está fazendo com aquela mulher? Eu estava com tanta raiva que nem fiz questão de esconder. Elas vieram em nossa direção e tive que me calar diante de uma Karina assustada com a minha anormal indignação, porque eu não era uma pessoa de esbravejar, eu era calma.

 

-Esta é minha irmã Camila e esta é a Karina, amiga dela. Ah, aquele ali é meu pirralho favorito... meu sobrinho Pedro. Apontou pra meu filho que estava brincando num animalzinho. E esta é Marilia. Quando minha irmã disse o nome dela, minha amiga entendeu o motivo da minha raiva. Eu contei pra ela tudo o que aconteceu comigo e com a ruiva; inclusive a forma como a irmã dela pediu pra que eu não mantivesse contato com a ruiva.

 

-Muito prazer Marilia! Minha amiga a cumprimentou com três beijinhos e toda sorridente.

 

-Clara, você demorou. Fiquei preocupada. Não cumprimentei a ruiva, Karina e Clara perceberam, mas não falaram nada, até que a própria Marilia falasse comigo.

 

-Prazer Camila. Ela falou o meu nome de um jeito tão abusado, que eu tive vontade de mandar ela embora naquele momento, mas para o meu desespero, Clarinha a chama para almoçar com a gente. Cara, tive vontade de bater na minha irmã, parecia que ela estava fazendo até de propósito, mas ela não tinha como saber.

 

-Almoça com a gente, sua mãe não vai chegar agora mesmo.

 

-Não seria incomodo? Ela disse olhando no meu rosto. Eu fechei a cara pra ela entender que eu queria que ela fosse embora, mas como desgraça pouca é bobagem... Karina diz pra ela que não teria problema.

 

Ela sentou e começou a conversar. Minha irmã e ela pareciam que se conheciam há muito tempo. Eu já estava passando do estágio de irritação, resolvi ir ao banheiro e Karina me acompanhou.

 

-Camila, que mulher gata! Muito mais bonita pessoalmente.

 

-...

 

-Você não vai falar nada? Insistiu minha amiga.

 

-O que você quer que eu diga? Essa praga tá me seguindo. Para o meu desespero, ela apareceu atrás de mim, enquanto eu esbravejava.

 

-Posso falar com você? Ela perguntou olhando no meu rosto pelo reflexo do espelho.

 

-Vou pra mesa. Disse Karina e me deixou sozinha com ela. Como banheiro de shopping e grande e tem várias cabines, eu estava próxima à última e por serem muitas, eu e ela estávamos quase que sozinhas.

 

-O que você quer conversar comigo? Eu falei com grosseria.

 

-Nossa, não precisa ser tão grossa? Só queria o seu contato.

 

-Que bom que você queria e não quer mais. Estava irritada.

 

-Eu quero! Ela falou me encarando.

 

-Será que não te avisaram que eu não faço programas com mulheres? Ela deu um sorriso debochado. Por que você está rindo? Falei alguma piada?

 

-Olha, você disse que não faz programas com mulheres... tudo bem! Quero sair com você. Ela estava me chamando pra sair? Era isso mesmo?

 

-Não curto mulheres! É difícil você entender isso? Perguntei mais irritada ainda.

 

-Bem, seu corpo falou o contrário...

 

 -Você não sabe que eu sou profissional? Fingir é fichinha pra mim. Disse de forma debochada pra ela saber que eu realmente não estava afim. Não gostava de mulheres.

 

-Ok. Então seja profissional. Transa comigo. Juro que eu não esperava que ela falasse aquilo, não daquele jeito, mas eu a irritei e mereci isso.

 

-Você é surda? Nã... ela não me deixou terminar de falar.

 

-Eu pago o dobro... o triplo se você quiser! Decidida.

 

-Sabe quanto é? Perguntei a desafiando.

 

-Não me interessa, eu pago.

 

-Mil e quinhentos reais... uma hora.

 

-Dinheiro, cartão, cheque? Ela disse e abriu a bolsa.

 

-Tá disposta a pagar mil e quinhentos reais só por uma hora? Perguntei sem acreditar.

 

-Dinheiro ou cartão? É pelo jeito ela queria.

 

-Ok! Estou livre na quarta-feira à noite.

 

-Está ótimo! Me dá seu telefone.

 

-Não, te dou o endereço do site, lá tem os contatos que você poderá usar pra falar comigo.

 

-Tá, mas pega meu telefone também.

 

-Ok. Peguei o numero do celular dela, ela saiu do banheiro e foi embora. Acho que me livrei dela. Eu peguei o contato dela, mas não iria ligar... não estava afim. Ela me deixava estressada e eu nem sabia o motivo.

 

-Uau! Se pegaram lá? Perguntou Karina com cara de safada.

 

-Não!

 

-Mas vão se pegar, né?

 

-Não. Não vou ficar com ela. Não sou lésbica e não estou com vontade de ter que aturar aquela irmãzinha dela me enchendo a paciência. Falei me lembrando da conversa que tive com a Daniela.

 

 

Semanas atrás

 

 

Bem, no dia que nós viemos do sitio, peguei carona com a Dani. Eles me pagaram e quando desci do carro pra pegar minhas coisas no porta malas:

 

 

 

 

 

-Pensei que você não gostasse de mulher. Eu tomei um susto, não imaginei que ela fosse falar aquilo assim... tão de repente.

 

-Não curto, apenas fiz meu trabalho.

 

-Não parecia só trabalho... a começar pela pegação de vocês no quarto; lá vocês não precisariam fingir. Ela disse me encarando.

 

-Acho que cumpri com minha obrigação que era: não fazer tua irmã pensar na ex... acho que consegui. Também a encarei.

  

-Verdade, você foi contratada pra fingir ser namorada da minha irmã e você cumpriu. Ela falou bem devagarzinho, como se quisesse me lembrar quem eu era. Eu até a entendia... ela estava tentando proteger a irmã dela.

 

-Não se preocupe, eu sei a minha posição. Peguei minhas coisas e sai. Eu entendia o lado dela, eu tinha irmãos e jamais deixaria que se envolvessem com pessoas que não prestassem. Eu tenho três irmãos: a Clarinha, a Beatriz e o Mauro. Não quero falar da minha família agora. Mas eu não deixaria que fizessem besteiras, na verdade eu ralava pra que eles não caíssem na mesma merd* que eu. 

 

 

Dias atuais

 

 

-Não quero falar dessa mulher. Vamos mudar de assunto porque a Clarinha está chegando. Ficamos mais um pouco lá e depois fomos embora.

 

 

Entrei no carro e meu telefone tocou, olhei para ver quem era e pra minha surpresa era o meu melhor cliente.

 

-Oi.

 

-Ei, princesa. Estou aqui em Vitória, quero te ver.

 

-Hum... Estou com a agenda cheia.

 

-Posso te ver amanhã de dia? Eu não podia recusar um programa com ele, ele era o melhor cliente... era carinhoso, romântico e o melhor: eu conseguia ter prazer com ele.

 

-Tudo bem, te ligo amanhã cedo. Beijos.

 

-Beijos, linda. Minha irmã estava entretida com o Pedro, meu filho. A Karina estava conversando no WhatsApp e eu achei que ela nem tinha percebido, mas daquela ali era difícil esconder as coisas.

 

-Era o bonitão?

 

-Sim, era. Abri um sorriso. Eu gostava dele. Talvez porque ele me tratava como mulher, diferente dos meus outros clientes.

 

-Não vai se apaixonar, isso é loucura. Sabe que falo por experiencia própria.

 

-Eu sei. Fiquei pensando no que ela falou... impossível não lembrar o que ela passou. Como eu, ela também era acompanhante. Ela foi enganada por um cara casado que a deixou em pedaços. Ela apanhou da esposa desse cara... foi terrível. Ela sofreu muito.

 

Quando estava em frente a casa da Karina, parei o carro pra ela descer, ela desceu, fez a volta no carro, parou na janela e perguntou:

 

-Você não vai mesmo ligar para a ruiva?

 

-Não. Tchau. Fechei o vidro e dei partida, ela iria ficar me enchendo a paciência por causa da Marilia e eu não estava com saco pra aquilo.

 

Chegamos em casa, Clarinha e o Pedro entraram na frente. Estacionei o carro e entrei.

 

-Camila, preciso desses livros. Bia me entregou uma lista com livros que eu teria que comprar pra ela. olhei na internet e me espantei:

 

-Por que esses livros são tão caros? Perguntei assustada.

 

-O que você acha? Faço medicina, não um cursinho qualquer.

 

-Mas é caro! Reclamei

 

-Sim, mas eu preciso. Ta bom, se não tem dinheiro, vou arrumar um jeito de poder comprar.

 

 

-Ok! Vou comprar, mas pode esperar até sexta-feira? Perguntei, já que eu não tinha aquele dinheiro, tive que comprar os remédios do meu pai, não tinha dinheiro. Teria que me virar pra arrumar... os livros davam uns mil e duzentos reais.

 

-Não dá, tenho que entregar um trabalho na quinta e as matérias estão nesses livros.

 

-Beleza. Vou conseguir os livros. Eu sustentava a casa... minha mãe não podia trabalhar, ela cuidava do meu pai. A Clarinha tinha quinze anos, a Bia tinha dezenove, o Mauro era casado e não morava lá em casa e tinha o meu filho, três aninhos. Minha família era tudo pra mim. Eu comecei a fazer faculdade de contabilidade, era boa com números, porcentagem e adorava matemática, mas tive que parar a faculdade assim que meu pai adoeceu. Não tinha ninguém que nos ajudasse. Quem sustentava a casa era meu pai e o Mauro, mas eles não estavam dando conta. Depois que meu pai adoeceu, o Mauro não conseguia sustentar a casa sozinho. Então fui arrumar um serviço e acabei caindo na prostituição e parando a faculdade.

 

Na terça de manhã me encontrei com o boy, foi uma experiencia horrível. Já transou com alguém e a imagem de outra pessoa vem a mente? E pra piorar minha situação... eu só consegui chegar ao orgasmo pensando nela. Não, aquela mulher não podia povoar meus pensamentos. Eu não era lésbica! Nunca me senti atraída por qualquer mulher que fosse.

 

Tinha cliente que colocava pornô lésbico na hora do programa, mas aquilo nunca chamou minha atenção. Saco! De tão perturbada que eu estava, acabei contando pra Karina.

 

-Se eu fosse você, eu trans*ria com ela. disse minha amiga

 

-Ah, não! Não vou trans*r com ela!

 

-Qual é? Ela é gata, vai te pagar o dobro por um programa de uma hora e você ta fazendo show? Dá pra ela e mata logo a sua curiosidade. Isso não vai fazer de você uma lésbica.

 

-Não, não vou ligar!

 

 

 

Mari

 

 

Não estava acreditando que eu fui tapeada... sério? A Camila não me ligou e nem respondeu a nenhum e-mail que eu enviei pra ela. Eu olhava na caixa de e-mail a cada notificação que vinha, pensando que era ela, mas não era. Estava putaça com ela, quando às dezoito horas de quarta-feira, recebo uma mensagem de um numero desconhecido: com nome do motel, endereço e numero do quarto. Fiquei com as pernas tremulas de nervoso, e nem pude “curtir” meu nervosismo, porque ela mandou o horário e só faltavam uma hora pra eu poder estar lá.

 

 

Não tive tempo de ir em casa tomar um banho, teria que tomar um banho lá no motel, já que naquele horário tinha trânsito. Eu não tinha certeza que era ela, mas quem mais poderia me mandar aquele tipo de mensagem? Eu também não queria nem pensar o contrário, só fui.

 

Chegando lá, dei meu nome na recepção e me direcionaram para um outro quarto, não era o numero do quarto que ela mandou. Bati na porta, mesmo tendo a chave. Ouço alguém se aproximando da porta e lá estava ela... vestida com um vestido azul clarinho, grudado no corpo dela. Cabelos soltos jogados de lado, maquiagem forte, scarpin... linda!!! Ela estava com uma taça de vinho na mão.

 

-Entra! Ela pegou na minha mão e me puxou pra dentro do quarto; também, eu estava igual aqueles adolescentes cheios de hormônio vendo pornô. Ela me encostou na parede e me beijou, um beijo forte e ardente. Sinto ainda com os lábios dela no meu, ela desabotoar minha blusa e tentar abrir o fecho da minha saia social.

 

-Espera! Eu preciso tomar um banho. Falei, afastando meu corpo com muita dificuldade do dela.

 

-Tá! Ela se afastou e eu fui ao banheiro tomar banho. Não queria demorar, mas precisava tirar o suor do corpo. Quando saí do banheiro, a visão que tenho me deixa meio abobalhada: ela só de lingerie preta, deitada com a cabeça encostada na cabeceira da cama e de pernas abertas com os joelhos flexionados. Eu estava com o roupão e sem nada por baixo dele.

 

-Nossa! Foi o que eu consegui dizer.

 

-Tira o roupão e vem pra cama. Fui em sua direção, mas não tirei o roupão. Ela, pra perturbar ainda mais minha mente, estica uma das pernas e me permite vislumbrar aquelas pernas lindas.

 

-Quando você começa a contar o programa? Falei encarando seus olhos, com meu corpo todo em cima do dela, só me apoiando para não deixar meu peso em cima dela.

 

-Quando você parar de interromper. disse e num movimento rápido ela se colocou sentada, sobre meu sex*, como se estivesse montada em posição de quem monta em um animal. Ela começou a rebol*r, a palavra certa é cavalgar. Ela estava cavalgando lindamente sobre mim.

 

-Tem noção do quanto você é gostosa? Perguntei gem*ndo e com as mãos nas coxas dela.

 

-Tenho. Ela deu um sorriso lindo e safado. Ver ela daquele jeito, só me deixava mais excitada. Meu sex* estava doendo de tanta vontade de se libertar. Ela puxou a corda do meu roupão e o abriu, sempre olhando nos meus olhos. Colocou as mãos nos meus seios e apertou. Eu gemi e ela mordeu a lábio inferior ao ouvir meu gemido, na ânsia de prender o gemido dela. Ela podia falar pra qualquer um que não gostava de mulher, que não curtia, mas se ela estava atuando... ela era boa atriz, muito boa por sinal. O corpo dela mostrava que não era atuação... ela estava curtindo sim.

 

 

Ela inclinou o corpo e tomou meus lábios num beijo avassalador, possessivo. Estava abrindo o fecho do sutiã dela, quando o celular dela toca. Ela olhou pra minha cara e disse:

 

-Preciso atender, é lá de casa. Eu fiz sinal com a cabeça de que estava tudo bem e ela saiu de cima de mim e foi atender a ligação.

 

 

-O que?!

 

-...

 

-O que aconteceu com ele? Ela perguntou com voz de preocupação. Eu me sentei e comecei a prestar atenção no que ela falava.

 

-Tá mãe, estou indo aí. Tchau. Ela desligou o telefone muito nervosa, indo para o banheiro.

 

-Está tudo bem? Fui atrás dela e perguntei.

 

-Não! Me respondeu com a voz embargada.

 

Fim do capítulo