Coincidências por Rafa e
Capitulo 29
Passava das três horas da manhã, em casa, Lívia estava sentada ao lado de Helena e Isadora, enquanto Melissa andava de um lado a outro. Mariana segurava o celular à espera de um sinal do noivo, e Júnior... Bem, ele olhava fixo para a surfista.
-- Eu trouxe um café que acabei de passar. – Bá anunciou servindo todos.
-- Obrigada Bá, mas não desce nada. – Lívia avisou.
-- Minha filha, você só comeu o café da manhã, não pode fazer isso.
-- Eu não consigo Bá. – lamentou. Helena trocou um olhar compreensivo com Bá que se afastou. – Júnior, você quer olhar para outro lugar?
-- Não posso. Prometi a Haidê que ficaria de olho em você. – Isadora sorriu e pediu ajuda a Melissa.
-- Mel... – a morena parou e a olhou, Isadora lhe fez um sinal, ela não compreendeu. A jornalista revirou os olhos e se levantou, depois foi até o amigo.
-- Ju vai dormir. Agora nós estamos aqui, ficaremos de olho por você, qualquer coisa gritamos.
-- Sério mesmo? – viu a morena em um canto, pensativa. – Mel não vai brigar depois? – Isadora passou a mão na cabeça do menino e beijou.
-- Ela não vai. – sorriu. – Vá descansar. – ele retribuiu o sorriso e se despediu de todas. – Amor, por favor, senta antes que você fure o chão da sala.
-- Isa, Haidê e Ulisses me ajudaram quando mais precisei... – Isadora a abraçou interrompendo seu raciocínio.
-- Amor, eu conheço essa história. – a beijou com delicadeza. – Ficar assim não vai ajudar em nada. Agora vem sentar que eu vou preparar um sanduiche para você.
-- Não Isa, eu não vou conseguir.
-- Vai conseguir sim. – disse séria, em um tom sem margens para protestos. Melissa bufou e não disse mais nada, foi sentar de frente para Lívia.
-- Acha que eles já deveriam ter dado alguma notícia? – Lívia perguntou para Melissa.
-- Sei que estamos preocupadas, mas invadir um esconderijo cheio de homens armados não é fácil. – Melissa procurou responder com sinceridade, mas sem assustar a loirinha. – Acho que estão no prazo ainda.
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-- Bá, você deveria dormir um pouco.
-- E Lívia? Estou muito preocupada com ela, só comeu no café. – Isadora pegou na mão da senhora e lhe explicou em um tom carinhoso.
-- Eu vou preparar uns sanduiches para todas e prometo que a farei comer.
-- Então deixe lhe ajudar...
-- Não Bá, eu quero que vá descansar. Daqui a pouco amanhece e precisamos, pelo menos, de uma pessoa bem descansada.
-- Tem certeza?
-- Absoluta. – sorriu. – Júnior já subiu e agora farei dona Helena descansar também.
-- Qualquer novidade, por favor, só me chamar.
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-- Olha só quem temos aqui... – Ulisses sorriu quando viu a irmã correndo acompanhada de Walter e Jacques, foi só o tempo de se jogarem no chão, a uma determinada distância e ouvirem a explosão. – Se Jeanine ainda estava lá dentro: catapum! – brincou com o homem que estava algemado. Walter o ergueu, deixando-lhe de frente para Ulisses. – Sabe sua mamis poderosa? – ironizou. - Ela está agora mesmo na Federal entregando todos os seus podres. – Jacques o olhou surpreso. – Isso mesmo, dona Franciele está entregando o idolatrado filhinho para polícia.
-- Ela nunca faria isso.
-- Não faria se Lívia ainda acreditasse nesta história de mãe e filha, só que a cunhadinha ouviu uma história sobre dona Francisca. – Jacques abriu ainda mais os olhos em surpresa. – E agora sabe que não tem nada a perder, ou seja, você pode nos ajudar antes que ela o faça.
-- Eu já ajudei, pode perguntar a Haidê. – a morena o olhou com ódio.
-- Realmente ajudou, colocando uma recompensa atrás da minha esposa. – olhou para o irmão. – Não faça acordos com este verme, ele não vai honra-los.
-- Viu só? Nem mesmo a mulher que você diz amar confia nas suas palavras.
-- Haidê...
-- Por favor, Ulisses, recolhe logo isso. – empurrou o homem com desprezo.
-- Certo. – fez sinal para Walter coloca-lo no carro e leva-lo para Federal. O agente seguiu suas orientações, mas parou ao ouvir o aviso de Ulisses. – Jacques, eu descobri que você tem dois homicídios na América do Norte, um deles na Flórida. Engraçado que lá tem pena de morte para este tipo de crime. Imagina o que o júri vai fazer quando souber que o assassinato foi contra um policial, já pensou nisso? – ele parou, virou-se para Ulisses e sorriu.
-- Eu nasci na França, sou naturalizado aqui no Brasil. – foi à vez de Ulisses olhar para a irmã e ela sorri.
-- Francês? E aquela certidão de nascimento e passaporte que encontrei no escritório de Antony? – Haidê declarou com satisfação. – Antony Parker. Será que você poderia responder Ray Parker? – piscou e sorriu com a mesma ironia anterior.
-- São falsas. – sorriu.
-- Acho que foi esse nome que você utilizou por lá e quem vai acreditar?
-- Pena de morte... – Ulisses cantou. – Você decide. – Walter o levou para o carro e deixou aos cuidados de Iris. – Mana, está tudo bem?
-- Estou preocupada. – respondeu enquanto ajeitava o cabelo.
-- Mesmo preso, ainda não sabemos quem vai acatar com a história da recompensa.
-- Não é só isso... – Ulisses a olhou e ela desabafou. – É complicado. – ele colocou a mão sobre seu ombro e a olhou firme.
-- Lívia não vai fugir com Jeanine. Não se deixe envenenar pelos delírios daquele cara.
-- Eu tenho medo. – ele a puxou para um abraço.
-- Vai embora, daqui a pouco a Federal chega com a Interpol e não podem lhe ver aqui. Fabre fez muito por isso e foi claro quanto a esta questão. – afastou-se. – Fica com o ruivo e repassa tudo o que fizemos, precisamos pega-la e acabar de vez com este maldito cartel. – ela acenou com a cabeça e pegou sua moto, saindo em seguida. Um tumulto começou e Ulisses ouviu um disparo, ele olhou e viu Iris apontando a arma para Jacques, correu em direção a agente. – O que aconteceu?
-- Ele se soltou da algema e tentou pegar minha arma. – Ulisses a olhou sem entender muito bem o que acontecia.
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Haidê chegou ao centro de operações e subiu direto até o ruivo.
-- Olá McNamara! – estava quieta e pensativa.
-- Quando vocês me chamam assim eu tenho até medo. – brincou e Haidê forçou um sorriso, sentou com a cabeça baixa. – Por que não liga para ela? Tenho certeza que está preocupada.
-- Para dizer que deixei Jeanine escapar?
-- Para dizer que está bem e que a ama. – eles trocaram um sorriso cúmplice.
-- Eu a amo tanto... – confessou. - Quer saber? Eu era uma pessoa que vivia para a Interpol, mesmo depois de grávida, trabalhava na inteligência, só abri mão quando meu filho nasceu. Estava disposta a isso por Roberto, mas sentia um vazio imenso, minha vida era essa aqui. – abriu os braços mostrando tudo ao redor. – E hoje, quando penso em voltar, uma coisa me aterroriza: magoar Lívia. Eu sei que ela nunca aceitaria, então nem cogito. Ela me preenche de um jeito que a única necessidade que tenho é tê-la comigo. – disse pensativa e olhou para o ruivo. – Quando volto para uma única missão, eu deixo Jeanine escapar. – ele a ouviu e bateu em seu ombro.
-- Fez o seu melhor, acabou com a base deles e deixou o recado de que irão encerrar com tudo. – puxou um fone. – Agora fala com ela, estou fazendo a ligação. – antes que Haidê abrisse a boca ele completou. – Não será rastreada.
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Lívia estava deitada com a cabeça no encosto do sofá. Ela ouviu seu telefone tocar e pulou, viu o número, mas apareciam apenas asteriscos.
-- Um monte de asteriscos no número.
-- Atende, pode ser ela. – Melissa instruiu e Isadora se aproximou com Mariana.
-- Alô...
-- Anjo? – Lívia começou a chorar. – Não chore meu anjinho.
-- Como você está? – perguntou aflita.
-- Estou bem. Prendemos Jacques e Franciele, como você me pediu.
-- Obrigada... – olhou para Mariana e viu a preocupação em sua expressão. – Ulisses?
-- Ele está bem. Ficou para resolver as questões da prisão de Jacques.
-- Ele está bem. – disse para Mariana que soltou a respiração.
-- Infelizmente Jeanine desapareceu.
-- Como assim desapareceu? – neste momento Melissa se aproximou preocupada.
-- Eu não sei anjo, ainda não entendi.
-- Quando você vem para casa?
-- Vou esperar Ulisses, precisamos conversar.
-- Não demora. – pediu falando baixinho.
-- Amor, as coisas na polícia podem demorar. Temos dois agentes traidores que serão levados pela CIA, ainda tem a prisão do Jacques. Preciso conversar com ele antes, eu fiz algo que não poderia, participei de uma ação como agente... – explicou-se e foi interrompida com o apelo da loirinha.
-- Só não demora muito.
-- Farei o impossível.
-- Eu amo você. – Haidê deixou as lágrimas rolarem com essa confissão.
-- Você é a minha vida. – desligou e percebeu a expressão do ruivo. – Aconteceu alguma coisa?
-- Na verdade duas. – ele foi direto e apontou para tela. – Iris estava com a câmera acoplada ao ponto e a luz, assim como vocês. Como me pediu, isolei o ponto de cada um.
-- E?
-- Ela não sabia. Na verdade, só vocês sabiam dessas câmeras.
-- Eu sei. – afirmou. - Fala o que deu então.
-- Primeiro ela respondeu a Ulisses que os explosivos foram colocados no último andar. – olhou para morena. - Por que não colocou no telhado como combinado?
-- Não tinha como passar?
-- Ela esteve lá, olhe... – mostrou a tela. – E veja isso, a quantidade de homens cercando alguém.
-- Jeanine?
-- Não tenho como afirmar, mas é uma mulher que entra aqui na torre da caixa d´água e Iris vê tudo isso. – explica. – Ela sabia quem era, consegue até olhar ao redor como se fizesse uma cobertura. Nós conseguimos assistir claramente no mesmo campo de visão que ela tinha.
-- Jeanine desceu pela torre e ainda pode estar lá. – disse pensativa e pegou o rádio para falar com o irmão.
-- Haidê tem mais.
-- Mais? – perguntou ainda segurando o rádio.
-- Sim. Quando Jacques é levado para o carro algemado, ela solta as mãos dele e manda pegar a arma que está no chão do carro.
-- Oi?
-- Veja isso. – passa as imagens. – Viu? Depois ela atira. Preste atenção ao que ela fala para Ulisses quando ele se aproxima. – Haidê assistia a tudo surpresa.
-- Eu não acredito! – passou a mão pelo rosto, estava muito cansada.
-- Eu ou você? – o ruivo perguntou.
-- O que?
-- Quem vai avisar para Ulisses? – Haidê ainda olhava para tela com o vídeo congelado. – Haidê... – chamou atenção da morena.
-- Eu vou. – olhou para o amigo. – Só estava... Precisava digerir isso para falar com ele. Isso é muito louco!
-- Eu sei, mas precisa avisar antes que ela apronte mais.
-- Tem razão. – pegou o rádio e chamou o irmão. – Aqueu... Aqueu, está na escuta?
-- Fala Aqueu dois. – cortou um pouco a seriedade do momento.
-- Pode falar? Está seguro? – Ulisses olhou em volta e se afastou um pouco, não percebeu que Iris o observava.
-- Sim.
-- Ulisses... – fez alguns segundos de silêncio. – Olha, o ruivo me mostrou um vídeo interessante e nele mostra como Jeanine evaporou, sumiu do nada.
-- E?
-- Iris deu cobertura para uma passagem pela torre da caixa d´água, talvez consigam arromba-la e achar algo por lá.
-- Metade dela foi para o ar com a explosão.
-- Deve haver alguma passagem no térreo Ulisses, explore.
-- Está bem. – ele olhou discretamente para ex-namorada. Ela ainda o observava e sabia que estava acontecendo algo.
-- Tem mais...
-- Sim?
-- Ela soltou as mãos de Jacques e mandou que pegasse a arma, depois o matou. Queima de arquivo.
-- Ok. – ele virou-se, chamou três agentes e conversaram algo. Iris percebeu e foi se afastando, quando os quatro se viraram e ficaram de frente para ela, a mesma correu. – Peguem essa agente. – gritou apontando para ela que foi mais rápida, pegou um dos carros parados ali e saiu em disparada.
-- Mas que diabos está acontecendo agente Aqueu? Enlouqueceu? Já não basta agir por conta própria nesta operação?
-- Senhor...
-- O que está acontecendo Travel?
-- O agente Aqueu passou de todos os limites dessa vez. – respondeu irritado.
-- Deixe que ele se explique. – olhou para Ulisses. - Quanto à ação, eu mesmo autorizei.
-- Solicitei autorização antes de iniciar a operação.
-- Mas por que isso se eu sou o seu imediato? – Travel estava muito irritado.
-- Bem, isso eu posso explicar após ele terminar de falar, de preferência, sem interrupções. – olhou bem para Travel que apenas concordou.
-- Tenho imagens da agente Iris facilitando a fuga da Rosária Provence e logo depois soltando o prisioneiro Jacques, para em seguida mata-lo.
-- Queima de arquivo? – Fabre se pronunciou.
-- É o que parece, senhor. – Ulisses completou. – Por isso mandei que pegassem.
-- Isso é um absurdo! – Travel esbravejou.
-- Não é. – Fabre afirmou e logo em seguida John e mais três homens se aproximaram apontando armas para Travel. – O agente Peterson da CIA me mostrou as investigações contra Rosária Provence por associação a grupos terroristas e fiquei surpreso ao perceber que seu nome estava entre os investigados e na folha de pagamento dela.
-- O que? – perguntou assustado.
-- Nem eu esperava. – Ulisses ironizou com um sorriso de canto. Meses antes havia conversado com seu amigo John Peterson sobre suas suspeitas. O seu chefe imediato na Interpol, Leoni Travel era dono de um vasto patrimônio e ostentava uma vida bem superior ao seu salário, não sabia como o mesmo havia adquirido tantos bens. Herança? Sua família era muito humilde, se não tivesse conseguido uma bolsa de estudos universitários, não teria conseguido se formar. Aquelas informações acenderam o sinal de alerta do veterano agente da Agência Central de Inteligência, e se um condecorado agente especial da Interpol estava envolvido em alguma jogada inescrupulosa, isso poderia colocar em risco a segurança do seu País. Suas investigações levaram até Rosária Provence, uma grande chefe do cartel internacional de drogas, armas e que estava envolvida não só com tráfico de influência, mas mantinha vários agentes da Interpol, FBI e até mesmo da CIA em sua folha de pagamento, além de outros serviços em países realmente ricos. Ela fomentava grupos extremistas e terroristas, em troca conseguia favores especiais e privilégios para ajuda-la na conquista de territórios e alcançar seus objetivos.
-- Isso é vergonhoso! – Fabre declarou irritado e mandou que os agentes o levassem em custódia. – Aqueu, eu preciso que você faça esse relatório imediatamente para encaminharmos esses criminosos para suas respectivas agências. – Ulisses acenou em concordância. – Prepare-se, quero que me acompanhe até a França, teremos que depor.
-- Sim senhor. – retirou-se para cumprir a parte burocrática da ação.
-- Aqueu... – ele se virou. – Precisamos pensar em uma equipe especial para ir atrás da agente Iris, quero que fique claro: agora ela é uma foragida da justiça.
-- Perfeito senhor.
-- Peterson...
-- Antoine Fabre... – apertaram as mãos. – Tem uma encomenda para a CIA?
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-- Haidê... – o ruivo percebeu que ela estava dormindo em um pequeno sofá na sala ao lado da sua. – É minha amiga, tem que descansar, pelo que o chefe me contou, ainda tem muita gente a ser presa. – afastou-se deixando descansar.
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-- Lívia... – passou a mão pelo cabelo da surfista. - São quase cinco horas da manhã. – Isadora se aproximou e chamou a loirinha para descansar um pouco.
-- Haidê disse que voltaria depois que falasse com Ulisses.
-- Isso demora. – foi à vez de Mariana falar. – Vem descansar, agora está tudo bem, a maior ameaça já foi abatida.
-- Melhor todas nós descansarmos, foi um dia e noite com muitas emoções e preocupações. – Cristina interrompeu as três após entrar na sala. - Acalmei um pouco dona Helena, agora ela está tranquila. Avisei que Haidê já havia entrado em contato, agora nós todas precisamos descansar. – disse olhando para loirinha. – Isso inclui os cuidados que minha amiga nos orientou a ter com você.
-- Cristina veja se ela está se alimentando e dormindo bem. – Mariana a imitou, todas sorriram.
-- Ah, vocês não podem tirar sarro da preocupação da minha esposa.
-- Por isso estamos levando à senhora Aqueu para dormir e garantir que esteja cem por cento quando a senhora Aqueu chegar. – Isadora explicou enquanto a empurrava pelas escadas.
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Passava das oito horas quando Haidê se acordou. O local estava escuro, apenas uma luz de emergência indicando a saída permanecia acesa. Ela se levantou, se espreguiçou, foi até a sala de operação e não encontrou o ruivo, voltou, pegou as armas, colocou em seu coldre. Depois foi até a pequena cozinha e encontrou o ruivo sentado.
-- Bom dia! Descansou? – ele perguntou após largar o celular. Ela olhou para cafeteira, pegou uma caneca, enchendo-a de café.
-- Apenas aliviei um pouco o cansaço, descansar mesmo só depois de pegar Jeanine e Iris.
-- E se isso demorar? – deu de ombros.
-- Descanso nos braços de Lívia. – piscou o olho e bebeu um pouco do café.
-- Aí dou valor! – disse sorrindo. – Ulisses vai até a França.
-- Eu imaginei. Ele terá de depor na situação do Travel. – olhou o relógio. – Ele não disse que horas chegaria?
-- A última vez que nos falamos estava fazendo o relatório, foi rápido. Eu liguei o circuito de segurança, apaguei tudo e fui descansar um pouco.
-- Fez bem meu amigo. – apertou o braço do ruivo. – Eu queria muito conversar com ele, mas, diante da situação, acredito que vá direto para casa pegar a mala e viajar.
-- Se quiser ir, eu lhe informo o paradeiro dele depois.
-- Só quero pegar a cópia de tudo que você conseguiu na ação, com a imagem de cada agente. Preciso analisa-las uma por uma, acredito que encontrarei alguma pista. – ele consentiu e terminaram o café conversando sobre lugares para viajar.
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Lívia acordou com o celular tocando, ela olhou o número e viu que era seu padrinho.
-- Bom dia Nando!
-- Estava dormindo? Desculpe.
-- Não precisa se desculpar, já descansei o suficiente.
-- Querida, Olavinho passou a noite com febre alta... – Lívia sentou na cama.
-- Algo que possa ajudar? – perguntou preocupada.
-- Estou no hospital, aliás, nós estamos. Preciso de ajuda na reunião com KPS Company.
-- Essa reunião não era na próxima semana?
-- Sim, eles anteciparam para hoje... – ele franziu o cenho. – Lívia, eu lhe passei um e-mail informando a mudança.
-- Desculpa Nando, eu realmente não vi meu e-mail ontem.
-- Algum problema por aí?
-- Sim, mas já está tudo resolvido. – lembrou-se da prisão de Franciele. – Preciso lhe falar algo antes que saiba pela mídia e se preocupe.
-- O que aconteceu? Onde está Haidê.
-- Padrinho está tudo bem agora. – bufou. – Não é nada sobre mim ou Haidê, mas... Nando, a Franciele foi presa.
-- O que? Como?
-- Ela foi investigada a fundo, Ulisses revirou a vida dela. – quis poupar a esposa de alguma repreensão informando que ela havia feito essa investigação. Não sabia até onde poderiam saber que ela utilizava de favores de agentes e policiais. – Enfim, foi presa.
-- Quais acusações?
-- Não parece que gostou. – repreendeu. – Ela está onde deveria faz tempo.
-- Gostei sim, só estou... Lívia, eu estou muito surpreso. – confessou emocionado. – Essa mulher acabou com meus amigos e isso inclui sua mãe, ela era uma pessoa maravilhosa.
-- Fernando, o médico está nos chamando.
-- Lívia, Lis está aqui, o médico quer conversar conosco. Será que você consegue ir à reunião?
-- Claro, pode contar comigo, isso inclui tudo que envolve família e não só trabalho.
-- Eu sei minha querida. Agora preciso ir e não esqueça, a reunião está marcada para as dez e trinta.
-- Pontualidade é tudo no mundo dos negócios. – revirou os olhos e sorriu ao lembrar os conselhos do tio. Lívia viu que eram quase nove horas, pulou da cama e tomou um banho rápido. Vestiu um terno azul com uma camisa branca de alças. – Azul é a minha cor da sorte. – constatou sorrindo ao se olhar no espelho e lembrar os olhos azuis da morena. Calçou um sapato de salto e desceu, quando chegou à sala, Bá estranhou vê-la tão arrumada.
-- Haidê chegou?
-- Não.
-- E para onde vai tão linda assim?
-- Acha que só me arrumo assim para Haidê? – sorriu com malícia.
-- Não acredito que esteja com cabeça para trabalho. – Lívia se jogou na cadeira e tomou um pouco de suco.
-- Também não, mas Olavinho está com uma febre alta, Lis e Nando o levaram até o hospital. – revirou os olhos.
-- E?
-- E tem essa reunião com uma empresa grande que quer levar nossos produtos para o exterior.
-- Não poderia marcar para outro dia?
-- Não assim de última hora, lembra-se do que meu tio dizia?
-- Lembro, mas não acho um bom momento para sair. Por que não fala com Haidê?
-- Bá, ela está resolvendo as coisas com Ulisses e ainda tem a prisão de Franciele, ela vai fazer de tudo para deixa-la atrás das grades.
-- Bem, eu não estou com bom pressentimento. – reclamou e Lívia lhe fez cócegas.
-- Se você pudesse me manteria aqui, protegida de baixo das suas asas. – a velha sorriu e concordou.
-- Deixaria mesmo, assim não se meteria em tanta confusão.
-- Por falar nisso, onde estão as visitas dessa casa?
-- A velha bruxa acordou e está lá fora, naquela pedra, fazendo aquelas coisa de louca... – revirou os olhos. – Disse que iria meditar. Júnior está lá, vou chamar para ir com você. – Lívia sorriu com a implicância da mulher com a avó de sua esposa, mas desfez o sorriso e pediu para não avisar ao rapaz.
-- Por favor, ele só vai me atrapalhar na reunião.
-- Minha filha, Haidê confia nele. É um bom rapaz, não entendo essa implicância.
-- Não é implicância, apenas não acho necessário ele se tenho dois seguranças ao meu lado.
-- Lívia... – ela sorriu para Bá.
-- Preciso ir, estou no horário. – engoliu o pedaço pequeno de bolo e concluiu. – Qualquer coisa ligue para mim.
-- Cuidado!
-- Estarei com os seguranças que Cristina trouxe. – piscou e saiu.
Lívia cumprimentou os seguranças e entrou no carro quando um deles abriu a porta.
-- Para onde senhora?
-- Minha empresa. – ele assentiu e tirou o carro, quando chegaram até a rua, foi impedido de passar. – O que aconteceu?
-- Uma mulher está na frente do carro. – Lívia se esticou no banco de trás, mas não reconheceu a mulher de preto que desceu da moto. O segurança pegou a arma, mas ela mostrou o distintivo.
-- Sou agente Iris da Interpol. – Lívia desceu do carro ao escuta-la.
-- Iris? Não a reconheci. – os dois seguranças desceram para acompanhar Lívia e mais quatro que estavam dentro da casa saíram.
-- Meu cabelo está amarrado e estou uma noite inteira sem dormir. – explicou sorrindo e abraçou Lívia. – Eu vim lhe acompanhar, não conseguiram pegar Jeanine e Haidê ficou preocupada, pediu que ficasse ao seu lado.
-- Por que ela ainda não veio?
-- Ela e Aqueu estão cuidando da prisão de alguns traidores e da sua mãe.
-- Franciele não é minha mãe. – respondeu ríspida e logo depois se arrependeu. – Desculpa... Você veio para me ajudar e eu com grosserias.
-- Imagina... – sorriu. - Eu sei como está sua cabeça com tudo isso. – olhou os outros seguranças e resolveu ser breve. – Eu vou com você aqui atrás, os outros podem permanecer na frente.
-- Então vamos que já estou atrasada. – todos entraram no carro e seguiram. Próximo a um trecho deserto, sem casas ou carros passando, Iris sacou a arma e atirou na cabeça do segurança que estava a sua frente, quando o que dirigia fez menção em puxar a arma, ela se adiantou e apontou para cabeça de Lívia. – Nem pense nisso ou ela e você morrem. – ele baixou a mão. – Abra a porta bem devagar e jogue sua arma. – ele fez o que ela mandou. – Agora se afaste com as mãos na cabeça. – ele andou em direção à arma. – Para o outro lado. – ele mudou a direção. – Agora nós duas... – puxou Lívia e ela desceu, quando viu um carro se aproximar, tentou acertar a policial se aproveitando de um momento de distração, mas Iris foi mais rápida e lhe acertou. – Vadia! Não sei o que Haidê viu em você. – Lívia colocou a mão no rosto e sentiu gosto de sangue, viu que havia feito um pequeno corte em sua boca. O segurança tentou se aproximar e ela atirou nele, matando-o.
-- Você o matou a sangue frio. – gritou. – Sua covarde!
-- Sua esposa faz coisa pior. – foi irônica. – Aquela gostosa só é boazinha na sua frente.
-- Sempre pensei que você era afim de Ulisses, mas era de Haidê. – afirmou irritada.
-- Idiota! Eu sou afim do dinheiro. – riu com sarcasmo. – Mas lhe respondendo: fiquei um tempo com Ulisses, mas amaria trans*r com Haidê e ela sabe disso. – Lívia estava muito irritada, tentou se aproximar, mas ela esticou a mão. – Mais um passo e você vai facilitar minha vida com sua viúva. – a surfista se segurou. O carro se aproximou e desceram dois homens. – Onde estão os outros?
-- Vigiando a estrada.
-- Ótimo! Você... – apontou para o outro homem. – Tire este corpo do carro e depois fique na direção.
-- A senhora não vai conosco? Nosso carro está bem ali.
-- Vamos à empresa dela, um carro estranho chamaria atenção na entrada, o dela terá passe livre. – o homem fez tudo que ela mandou. Iris depois empurrou Lívia que entrou no banco de trás.
-- Onde é a empresa?
-- Siga em frente. – orientou. – E coloque uma música, precisamos nos alegrar. – disse sorrindo e o motorista ligou o som do carro. – Haidê tem um excelente gosto... – disse com malícia e olhou para Lívia. – Para música. – deu uma gargalhada. Lívia a olhou e sentiu falta da sua morena, essa era uma das músicas preferidas dela.
“...I don't know where I'm going/ Only God knows where I've been/ I'm a devil on the road/ A six gun lover/ A candle in the win… Lord I never drew first/ But I drew first blood/ I'm the devil's son/ Call me young gun…”[1]
Realmente, essa música era muito parecida com a sua morena e como se sentia em relação a tudo. Precisava manter a calma e sobriedade, Haidê iria salva-la a tempo, como sempre fez. “Amor, eu sei que você vai chegar...” – pensou tentando segurar a ansiedade.
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-- Eu ainda não acredito que Iris é uma X9. – pensou um pouco. – É assim que vocês chamam aqui?
-- Sei lá ruivo. – respondeu com enfado. – Para mim é uma tremenda falta de caráter mesmo.
-- Eu cheguei a pensar que ela gostava de você.
-- O que é isso? Ela namorou Ulisses.
-- Eu sei, e dava cada olhada para você... – afirmou sorrindo. Haidê revirou os olhos. – Está tudo aqui neste pendrive. – entregou o material para morena que iria revisar as imagens. O ruivo colocou uma música para tocar.
-- Vou analisar cada coisinha em casa, não podemos deixar nada passar. – Haidê ouviu e olhou para o amigo. – Hum... Música especial?
-- Trilha de vingança estilo Aqueu.
“Please allow me to introduce myself/ I'm a man of wealth and taste/ I've been around for a long, long year/ Stole many a man's soul and faith … Pleased to meet you/ Hope you guess my name/ But what's puzzling you/ Is the nature of my game…”[2]
-- A vingança Aqueu só estará completa quando pegar aquela assassina sem escrúpulos.
-- Será uma questão de tempo.
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Bá estava na cozinha quando ouviu vozes na sala e verificar do que se tratava. Encontrou os seguranças conversando enquanto um deles estava no celular.
-- Dona Dirce, a senhora tem o telefone da doutora Haidê?
-- Aconteceu alguma coisa?
-- A agente Iris foi enviada por ela e saiu acompanhando a dona Lívia, só que perdemos o contato com eles.
-- Como assim? – Isadora perguntou enquanto descia as escadas com Melissa. O segurança engoliu seco quando viu os olhos azuis da morena.
-- A agente Iris foi ao lado dela com mais dois seguranças, mas perdemos o contato, agora queremos falar com a doutora Haidê e tentar contato com a agente.
-- Mel liga para Haidê. – Melissa ligou e quando a morena atendeu perdeu as forças das pernas. – Haidê... Irei direto ao ponto, precisamos falar com Iris, ela saiu com Lívia e agora perdemos o contato com os seguranças.
-- Faz muito tempo? – o ruivo percebeu a expressão de pânico da amiga.
-- Uns vinte minutos.
-- Cris... Cristina, Iris é uma traidora. – revelou preocupada.
-- Meu Deus! O que faremos?
-- Qual o carro que ela saiu? – Haidê perguntou e um dos seguranças respondeu.
-- Cristina, tenham cuidado. – orientou - Agora eu vou atrás de Lívia. – desligou. Júnior apareceu ao lado de Helena.
-- Onde você estava? – Melissa perguntou irritada.
-- Eu? Eu... Eu tava com vovó.
-- Sabia que era para ficar ao lado de Lívia? Agora a sequestraram. – gritou irritada.
-- Mel, calma amor. – Isadora a segurou.
-- Calma? Haidê me pediu ajuda e acontece isso?
-- Não foi nossa culpa, essa agente apareceu e todas confiaram nela.
-- Ninguém teve culpa, foi uma fatalidade. Agora vamos nos acalmar e esperar Haidê entrar em contato. – Helena acalmou os ânimos de todos.
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Haidê voltou a colocar o colete e depois as armas.
-- O que foi morena?
-- Preciso que localize o GPS do meu carro e me diga onde ele está.
-- O que aconteceu? – ela parou e olhou para o ruivo.
-- Iris levou Lívia. – respondeu e pegou o comunicador. – Vou levar isso para você me orientar.
-- Tudo bem. – correu até o computador.
-- Estou indo.
-- Haidê... – a morena parou e olhou para o amigo. – Boa sorte.
-- Quem precisará de sorte será Iris. – pegou o capacete. – Mesmo assim obrigada. – acenou e saiu.
[1] Bon Jovi - Blaze Of Glory
[2] Guns N' Roses - Sympathy For The Devil
Fim do capítulo
Meninas, o capítulo de amanhã já está pronto, mas não sei se conseguirei postar.
Um antecipado FELIZ 2020! Que os nossos desejos se concretizem e que os grandes estudiosos inventem uma vacina anti-corrupção, assim só votaremos mediante as carteirinhas com comprovação da vacinação, ou, pelo menos, uma formula de óleo desintegrador para os cara-de-pau da vida. Vamos tentar incentivar o otimismo, porque as coisas estão de ladeira a baixo.
Beijos a todas e boa leitura!
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Mille
Em: 31/12/2019
Oi Rafa
Iris foi mexer com a mulher errada, pegar a Lívia vai desapertar a fúria na Haide e antes dela entregar a loirinha a falecida ex namorada vai ao encontro do Jacques no inferno.
Bjus e até o próximo capítulo
Um feliz ano Novo para você e sua família. Que 2020 venha cheio de coisas boas e muita inspiração.
Resposta do autor:
Iris dançou e descobriu isso da pior forma possível.
Feliz ano novo para você também. Que este ano alcance todos os seus sonhos.
Bjs
Rafa
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Baiana
Em: 30/12/2019
Tenho até pena dessa Íris quando Haidê a encontrar. Seria massa se a Mel também fosse para o combate para salvar a loira.
Feliz 2020
Resposta do autor:
A encontrou e mandou para terra dos pés juntos. Quem sabe se Mel não se mete ainda no rolo?
Bjs
Rafa
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Endless
Em: 30/12/2019
Uma boa passagem de ano e muitas prosperidades mil!! Faça a alegria de uma leitora assídua e poste mais tarde este capítulo que está pronto... Para dar sorteno ano que vem! Boa sorte sempre!
Resposta do autor:
Obrigada Endless! Desejo um excelente e abençoado ano.
O capítulo estava pronto, mas eu estava com dores por causa da cirurgia. Ai está e espero que goste. Bjs
Rafa
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