Saí da casa de Juliana e não demorei muito para chegar ao meu apartamento.

Como Eunice já fazia ideia do que havia acontecido entre mim e minha policial, ela me recebeu com um sorriso nada discreto.

—Então, ajudou bem a sua amiga?

 —Eunice, ajudei muito bem sim. Acho que depois dessa minha ajuda, ela está até se sentindo melhor. Cadê o meu filho?

 Procurei o Hugo com o olhar, mas não o encontrei.

 —Ainda está dormindo.

 —Bom, acho que já está na hora de acorda-lo.

 Falei ao olhar no relógio que estava em meu pulso.

 —Você quer que eu vá?

 —Não, Eunice, pode deixar que eu vou. 

 Comecei a andar em direção ao quarto de meu filho, quando cheguei lá me deparei com Hugo que parecia estar querendo tomar conta da cama toda.

 —Mais esse meu príncipe é espaçoso.

 Fui para o lado da cama e me sentei, começando a acariciar os cabelos dele. Não é porque Hugo é meu filho, mas ele é muito lindo. Tinha mais traços meus do que do pai, que graças a Deus sumiu de nossas vidas.

 Não tinha notícias do Cláudio e fazia questão de não ter. Sabia que Hugo se sentia triste por nunca ter tido contato com o pai, mas achava melhor assim, pois Cláudio era um galinha. Não querendo exagerar, mas ele havia me traído com quase todas as mulheres do antigo bairro que a gente morava. Quando descobri fiquei furiosa, mas agora percebo que foi melhor dessa forma, pois encontrei alguém que eu realmente gostava, a Juliana.

 —Mamãe?

 Eu estava acariciando os cabelos de meu filho quando ele acordou.

 —Oi, meu príncipe. Já não está na hora de acordar, não?

 Beijei a sua testa.

 —Estou com sono, mamãe!

 Afundou o seu rosto no travesseiro. Aquele meu garoto era muito dengoso.

 —Sabe que horas são?

 —Não!

 Ele me olhou com uma carinha de sono. Senti vontade de apertar o meu bebê naquela hora.

  —10:00 horas. Já está na hora de você acordar, pois iremos a um lugar hoje.

 —A um lugar?

 Hugo logo se sentou na cama. Quando se tratava de passear, ele logo se animava.

 —A casa de uma amiga da mamãe, filho.

 —Amiga?

 Ele me olhou desconfiado. Eu não era uma pessoa de ter amigas.

 —Você se lembra da Juliana?

 —Ah... Lembro sim, mamãe.

 Ele se empolgou muito, pois ele tinha gostado da Ju no dia em que se conheceram.

 —Pois então, vamos a casa dela. Ela se machucou ontem e vou cuidar dela.

 —Machucou como, mamãe?

 Hugo ficou preocupado.

 —Torceu o pé, meu filhote lindo.

 Apertei uma de suas bochechas e ele resmungou.

 —Mãe, não gosto quando você faz isso.

 Cruzou os seus braços, chateado.

 Comecei a rir com aquele gesto dele e depois e o abracei. Sabia muito bem como tirar aquela cara amarrada do meu filho. Todo aquele comportamento dele era somente para chamar a atenção.

 Quando se passou meia hora, Hugo já estava na mesa tomando café. Eu somente o observava, pois já tinha tomado na casa de Juliana.

 —Vou tirar esses dias de folga. Acho que só vou voltar para a loja semana que vem.

 Eunice e Hugo me olharam surpresos. Era difícil eu me afastar da loja.

 —Então vamos poder passear todos os dias, mãe?

 —Bom, filho, vou ajudar a Juliana, mas vou tentar sair com você todos os dias.

 —Nossa, isso é muito bom!

 Hugo ficou muito animado e Eunice ficou me encarando. Acho que ela estava achando que eu já estava exagerando com tudo aquilo.

 —Fabiana, você não acha que está indo rápido demais com essa policial?

 Meu filho havia ido para o quarto pegar alguns brinquedos para levar para a casa da Juliana.

 —Por que você acha isso, Eunice?

 —Você nunca deixou a loja para ficar com ninguém e agora você quer ficar grudada nessa mulher.

 —Isso é ciúmes?

 Quis brincar com Eunice e ela revirou os olhos.

 —Você sabe que não. O que você tem ai não me agrada nem um pouco.

 —Será mesmo?

 —Fabiana, pare com isso!

 Nós duas acabamos rindo.

 —Eu estou gostando muito dela. Quero ficar com ela, Eunice, sinto que é com ela que vou encontrar a estabilidade que procurei em tantos homens. Quero ter um relacionamento sério com ela.

 —Você acha que ela também quer um relacionamento sério com você?

 Fiquei pensativa, talvez eu já estivesse fazendo planos demais, mas a Juliana falou que estava apaixonada por mim. Isso já era um bom sinal.

 —Ela hoje disse que estava apaixonada por mim. Por mais que a gente ainda não tinha definido o que temos, mas pelas conversas que tivemos, ela é uma pessoa que gosta de relacionamento sério.

 —Isso é bom!

 —Mamãe, peguei tudo — Meu filho apareceu na sala com uma mochila nas costas.

 —Então vamos, filho... Pode tirar o resto do dia de folga, Eunice.

 —Obrigada, Fabiana!

 Antes de partir para a casa de Juliana, eu liguei para a Sheila avisando que não iria por esses dias lá na loja e que era para ela tomar conta de tudo na minha ausência. Ela estranhou isso, mas não me perguntou o porquê.

 Fui para a casa da Juliana com o meu filho que estava todo empolgado pois iria passar mais tempo comigo. Acho que deveria me afastar da loja mais vezes.

 Chegando lá, a primeira coisa que Hugo fez foi abraçar a Ju.

 —Filho, mais cuidado, você não viu que ela está machucada.

 Juliana tentou retribuir o abraço de meu filho e ficou rindo. Era bom saber que eles estavam se dando bem.

 —Te machuquei? 

 Hugo perguntou preocupado.

 —Não, meu querido.

 Ela olhou para mim e sorriu. Fiquei com muita vontade de beija-la. Queria tanto senti-la novamente, mas acho que eu já estava passando dos limites.

 A Ju me cumprimentou com um beijo no rosto e de uma forma discreta cheirei o seu pescoço.

 Depois disso, nos sentamos no sofá e ficamos conversando por um bom tempo. A Ju estava contando a respeito de sua profissão para o meu filho que a olhava todo encantado. Eles estavam se dando muito bem, até parecia que se conheciam a muito tempo.

 —Bom, a conversa está boa, mas vou preparar o almoço para nós.

 Me levantei, Juliana e Hugo me encararam.

 —Fabiana, não é melhor pedirmos algo pelo telefone?

 Juliana sugeriu.

 —Está com medo da minha comida, dona Juliana?

 Cruzei os meus braços.

 —A comida da mamãe é muito boa, mas faz tempo que comi a comida dela.

 Meu filho comentou e percebi o quanto eu era uma mãe ausente. Nem aos finais de semana tinha tempo para ele.

 —Bom, se o Hugo falou... Só posso acreditar então —Juliana abraçou o meu filho e ele riu.

 Comecei a andar em direção a cozinha e quando olhei para trás vi que Juliana me acompanhava com o olhar. Sorri satisfeita nesse momento.

 O almoço não demorou muito para ficar pronto e logo estávamos almoçando.

 —Hummm... A comida está muito boa, mamãe! 

 Hugo falou com a boca cheia, enquanto devorava a comida que estava em seu prato. Rimos do jeito dele.

 —Tenho que concordar com o Hugo, está muito boa — Juliana comentou ao me olhar — Você é uma mulher surpreendente, Fabiana.

 Ela falou e por incrível que pareça, eu fiquei um pouco sem jeito.

 

Fim do capítulo