Dois dias se passaram e só havia falado com Juliana por ligação. Aquilo já estava me incomodando. Eu estava ficando louca por aquela mulher. Todos os dias eu acordava molhada. Passei a sonhar com os seus beijos e suas mãos firmes tocando minha pele.

Após me levantar da cama, fui direito para o banheiro me banhar. O meu corpo estava queimando de tanto desejo, na noite anterior havia tentado provocar Juliana de todas as formas e ouvi-la falar com aquela voz rouca dela, fez o meu desejo por ela aumentar ainda mais.

Me toquei durante o banho pensando nela, mas parecia que não era a mesma coisa, precisava sentir de verdade. Eu queria a Juliana. Queria seus beijos... Queria que ser tocada por ela... Tinha que achar um jeito de fazer com que todos os meus desejos se concretizassem.

—Não aguento mais!

Falei com Eunice enquanto tomávamos o nosso café. Hugo ainda não havia acordado.

—Sabia que você não iria aguentar ficar só provocando ela.

—Ah... Eunice, passo o tempo todo pensando nessa mulher.

—Liga pra ela e fala que tá com vontade, oras.

—Poderia fazer isso, mas ela parece não tomar nenhuma atitude. É tão calma... Calmaria me irrita. Odeio quando estou louca para ela me fazer sua e ela fica falando comigo de uma forma calma. Por que tem gente que adora nos deixar loucas?

Eunice riu.

—Nem todo mundo é apressada como você.

—Mas se ela sente desejo da mesma forma que sinto, por que ela não me liga pedindo pra gente se encontrar?

—Por que você não faz isso?

—Porque já me ofereço demais. Era pra ela ficar louca por mim e não o contrário.

Eunice riu novamente.

—Preciso amenizar todo esse tesão que tô sentindo.

Encarei Eunice.

—Nem venha olhar para mim com essa cara.

—Eunice, fique tranquila não vou abusar de você não.

Comecei a rir.

—Hoje à noite vou ligar para ela já falando tudo que tô querendo.

—Não era você que disse que não iria se oferecer mais?

Me perguntou em meio a risos.

—Esqueça o que falei... Preciso dessa mulher e hoje a terei.

Me levantei da mesa e Eunice me acompanhou com o olhar.

—Boa sorte então.

—Obrigada!

Após se passar uma hora, eu cheguei a loja. Naquele dia, eu teria que me encontrar com a representante de um de meus principais fornecedores.

Quando ela enfim atravessou a porta da minha sala, meu queixo quase caiu. A mulher era muito... Melhor dizendo, os atributos da mulher me chamaram a atenção. A representante era morena, aparentava ter a minha idade e tinha um belo corpo. A forma como ela andava era tão sensual, que acabou mexendo muito comigo.

—Bom dia! Sou Agatha Siqueira, representante da Estilos Monteiro—Disse ao me dar um aperto de mão. Ela sorriu gentilmente para mim.

—Bom dia! —Apertei a sua mão de volta — Fabiana Novais— Sorri de volta.

Depois de um tempo, ela se sentou cruzando as pernas naturalmente e assim começamos a nossa reunião. Ela me mostrou várias peças novas. Gostei de tudo e não consegui deixar de notar o seu olhar intenso sobre mim.

Mesmo achando ela uma mulher muito bonita, não consegui ter a cara de pau de canta-la naquele momento, notei que ela demonstrava interesse por mim, mas eu realmente estava gostando de Juliana, mesmo ela me deixando quase subindo pelas paredes todas as noites.

Terminamos a nossa reunião e quando ela foi embora, relaxei o meu corpo sobre minha cadeira.

Meu mundo havia virado de cabeça para baixo depois da aparição de Juliana. Era a primeira vez que eu desejava tanto uma pessoa. Pensava que depois daquele nosso momento na balada, ela iria correr atrás de mim, mas isso não estava acontecendo. Juliana estava até calma demais. Será que ela tinha alguém? Ela havia dito que não, então era melhor acreditar. Poderia achar que ela não gostava de mulher, mas naquela noite na balada notei que ela sabia e muito bem pegar uma. A forma como ela pediu para eu goz*r não saía da minha cabeça.

Precisava sentir aquilo tudo novamente. Eu não estava mais aguentando ficar só naquelas provocações por telefone.

Os trabalhos daquele dia foram concluídos cedo e voltei para casa a tempo de jantar com meu filhote.

Quando cheguei a mesa, ele já estava sentadinho ao lado de Eunice.

—Mamãe, veio jantar comigo?

Seus olhinhos brilharam naquele momento.

—Sim, meu amor — Fui até ele e beijei o topo de sua cabeça — Como foi seu dia hoje? —Perguntei ao me sentar.

Ele se empolgou ao ouvir aquela pergunta.

—Foi muito legal, mamãe, a Eunice me levou para passear.

—Foram aonde, filho?— Olhei para Eunice que até então estava calada.

—Ao parque, mamãe.

—Achei que seria bom sair um pouco com ele. O Hugo fica trancado demais dentro de casa. — Ela tentou se justificar.

—Não precisa se justificar, Eunice, meu filho precisa sair mesmo... Fico feliz quando o vejo feliz.

Eunice pareceu relaxar o seu corpo sobre a cadeira.

A partir daí fizemos a nossa refeição com um clima agradável. Troquei algumas palavras com meu filho. E avisei ao mesmo que logo, logo ele voltaria para a escolinha.

Ele ficou muito contente com a novidade.

Uma hora e meia após o jantar, Hugo adormeceu, mas sem antes falar que me amava muito. Aquele pedacinho de gente conseguia me surpreender a cada dia.

Após sair do quarto do meu filho, fui para o meu e a primeira coisa que fiz naquele momento foi pegar o meu celular. Iria ligar para Juliana, precisava dizer a ela tudo que eu estava sentindo, sem provocações.

Tentei ligar para ela uma... duas vezes e só na terceira tentativa que ela me atendeu.

— Oi, Juliana, eu não estou mais conseguindo ficar sem você. Todas as noite eu sonho com os seus beijos e seus toques. Por favor, eu preciso muito me encontrar com você... Estou quase ficando louca de tanto tesão—Falei em um folego só.

—Senhora ou senhorita aqui quem fala não é a Juliana — Um homem com uma voz muito grossa falou.

Não sou muito de sentir vergonha, mas naquele momento, senti vontade de esconder a minha cabeça em um buraco.

—Então quem é? —Perguntei desconfiada e depois olhei para ver se tinha ligado para a pessoa certa.

—Salomão... Delegado da delegacia em que a Juliana presta serviço— O homem falou calmamente.

Fiquei confusa naquele momento. O que aquele homem estava fazendo com o celular da minha Juliana?

—Posso falar com ela?

—Pode sim... Só que em uma das ocorrências ela torceu o pé e agora está no pronto socorro.

Ao ouvir aquilo me sentei na cama e passei a ficar muito preocupada.

—Como assim torceu o pé?

Perguntei aflita.

—Se acalme. Ela está bem. Só pisou em falso quando estava descendo da viatura mesmo.

O homem falou com uma calmaria irritante.

—Pode me passar o endereço de onde ela está?

—Acho melhor você ir para a casa dela. Ela já está recebendo alta. 

Pensei por alguns instantes.

—Pode me passar o endereço?

—Claro, mas você é o que dela? —me indagou desconfiado.

Tinha que responder a pergunta dele.

—Namorada!

—Namorada? —Ele estava surpreso —Namorada e não sabe o endereço dela?

—Você sabe como as coisas andam modernas ultimamente.

Falei um tanto nervosa.

—Entendo... Vou perguntar a ela se posso te passar o endereço dela. Como é o seu nome mesmo?

—Fabiana.

E agora, ele iria descobrir que eu não era namorada da Juliana. 

Fiquei na espera do tal Salomão por um tempo até que ouvi uma voz rouca, que balançou totalmente com minhas estruturas.

—Então quer dizer que você é minha namorada? —Ela perguntou em meio a risos e eu fiquei um pouco sem graça, mas depois voltei a normal.

—Se você quiser, eu posso ser sim —Provoquei e ouvi sua gargalhada gostosa.

—Certo...

—Como você tá? —Perguntei preocupada.

—Bem, só que vou ficar afastada do trabalho por alguns dias.

—Hum... Quer que eu vá cuidar de você em sua casa? —Perguntei já com segundas... terceiras e quartas intenções.

—Não sei, Fabiana.

—Deixa vai... Vou cuidar de você direitinho... Você não vai se arrepender.

—Tenho certeza que você iria cuidar muito bem de mim, mas você tem sua loja e seu filho também.

—Não estou tendo muito trabalho na loja— Menti —E meu filho dá para mim levar para sua casa. Posso?

—Ah... Claro, eu gosto do Hugo...É um garoto esperto.

Fiquei feliz em ouvir aquilo.

—Me passa seu endereço, vou na sua casa te ver.

—Está um pouco tarde, não?

—Tá me dispensando? —Perguntei parecendo estar chateada.

—Claro que não...É que andar por essas ruas a noite sozinha é perigoso.

—Não se preocupe com isso. Sei me cuidar.

—Está bem!

Ela me passou o seu endereço e eu o anotei em um papel.

—Então até a sua casa —Falei.

—Até...Beijos!

—Beijos, minha namorada!

Eu falei e ela riu do outro lado da linha.

Depois que coloquei o celular sobre a cama, eu fui até o meu guarda-roupa e peguei uma das camisolas mais lindas que tinha. Iria dormir na casa da Juliana de qualquer jeito. Peguei algumas outras coisas e coloquei dentro da bolsa também.

Quando estava tudo pronto fui até o quarto de Eunice.

—Eunice, eu vou dormir na casa da Juliana!

Eunice ainda estava muito sonolenta, parecia que estava dormindo de olhos abertos.

—Vai fazer o que lá? —Bocejou.

—Dormir com ela, oras.

—Como?

Ela estava sem entender nada.

—Ah... Eunice, amanhã de manhã eu te explico tudo. Se o Hugo perguntar por mim, fale que eu fui ajudar uma amiga.

Falei já saindo do quarto dela. Queria ir o mais rápido possível para a casa da Juliana. Ainda mais, porque eu iria poder ficar bem grudadinha nela.

Fim do capítulo