Capítulo 50
Capítulo 50
Carolina pediu para o piloto levá-la para um hotel. Ele pousou em um hotel cinco estrelas. Carolina desceu e fez o chek in e somente no momento de dar a gorjeta para o carregador de malas, foi que ela percebeu que só tinha notas de reais na carteira. Desculpou-se com o rapaz e prometeu a gorjeta assim que trocasse o dinheiro.
Ela desceu com Giulia e foi até as lojas do hotel, na loja de câmbio trocou reais por euros e sacou com seu cartão internacional mais dinheiro em espécie, sabia que precisaria se locomover na cidade; Comprou roupas, pois tinha trazido poucas peças para ela e para as filhas e um carrinho para poder transportar as duas juntas; solicitou o serviço de baby-sitter do hotel. Subiu, tomou banho, lavou, trocou e amamentou Giulia; quando a babá chegou, retirou leite deixando-o em uma mamadeira e fez as recomendações para a babá. Desceu, pegou um táxi e foi para o hospital.
Chegando à UTI viu Giovanna dormindo toda torta ao lado do berço que estava Giane. Giovanna estava com um braço em volta do berço e a cabeça apoiada no braço, a outra mão estava dentro do berço e Giane segurava um de seus dedos. A cena comoveu Carolina, Giovanna apesar do pouco tempo que conviveu com as filhas, parecia que já as amava. Carolina sabia que seria dura com Giovanna, mas precisava que ela tomasse uma decisão, a decisão de abandonar a vida de violência que a envolvia.
Carolina acariciou levemente a cabeça da filha e bem devagar retirou o dedo de Giovanna que Giane segurava. Imediatamente Giovanna acordou assustada.
- Amor, você já voltou? Que horas são? - Giovanna se espreguiçou e massageou o pescoço que dava sinais de dor pela posição incômoda em que adormeceu.
- Como você entrou aqui na UTI? - Carolina disse secamente.
- Eu subornei a enfermeira de plantão, elas ganham muito pouco, foi bem fácil! - Giovanna sorriu um pouco envergonhada da ação.
- Quer dizer que minha filha estava vulnerável neste hospital? Qualquer um pode subornar os funcionários e entrar onde quiser? Vou fazer uma denúncia na direção! - O rosto de Carolina era sério.
- Ei, calma aí, como assim qualquer um? Eu também sou a mãe dela, tenho o direito de estar aqui! - Giovanna estava indignada com o que Carolina falou.
- É mesmo Pietra, ou será que devo te chamar de Beatriz, ou seria melhor te chamar de Giovanna? Giulia e Giane estão registradas em meu nome, porque você não vai então buscar seus direitos na lei? Apesar, que se eu fosse você, não entraria em uma delegacia e muito menos em um tribunal, por que você corre o risco de não sair mais de lá! - Carolina era irônica e impiedosa, estava muito nervosa.
- Carolina, porque está me tratando assim? O que eu fiz para você? - Giovanna estava desconcertada.
- O que você fez Giovanna? Você sumiu por quase dois anos! Eu já estava me conformando com a sua morte e levava uma vida tranquila e segura! Aí você volta e em dois dias coloca a mim e a minhas filhas em risco, minha filha quase foi morta ontem! Ainda tive que sair fugida da minha casa e nem sei se poderei voltar! Tive que abandonar tudo que construí, todas as pessoas que me amam e que realmente ficaram ao meu lado quando precisei! Você envolveu a mim, minhas filhas, aquele casal e mais sete crianças em um mundo de violência! Não quero isso pra minha vida e nem para a vida das minhas filhas! Não quero você perto delas, você é um perigo para nós! - Carolina era séria e dura.
Giovanna ouviu a tudo calada com os olhos cheios de lágrimas, levantou da cadeira onde estava sentada e antes de sair do quarto se virou.
- Eu sumi porque você não me ouviu e tive que me entregar para você não morrer!
Carolina se assustou com a frase, não compreendeu o que isso queria dizer, mas quando ia perguntar algo Giovanna saiu rapidamente do quarto e caminhou apressadamente pelos corredores do hospital, seus olhos estavam turvos de lágrimas. Lá no fundo ela sempre soube que sua vida era errante e perigosa, ela não poderia ter uma família. Talvez seu destino fosse viver sozinha.
Ela saiu do hospital e caminhou algumas quadras até chegar ao mar, ali, sentou em uma parede de pedras que circundava um cais. Deixou as lágrimas caírem livremente, pensou em toda sua vida e todos os acontecimentos que a levou a ser como era.
Após uma hora tomou uma decisão, levantou, pegou o celular no bolso e discou. Entrou em um táxi e se dirigiu para uma pista de vôo. Após alguns minutos embarcou em seu jato.
Carolina ficou com Giane algumas horas, a pequena já estava melhor. Depois a doutora Calyope retirou os drenos, administrou remédios e Giane ficaria mais uma noite internada. Carolina voltou ao hotel, ficou um pouco com Giulia, cuidou da pequena com a babá, a amamentou e fez as recomendações. Voltou ao hospital e passou a noite com Giane, de manhã a menina teve alta e Carolina a levou para o hotel.
Diego e Amélia acordaram com o som do helicóptero. Estranharam o fato de Carolina não se despedir deles e acharam que tinha acontecido algo grave para ela sair tão cedo e sem comunicar nada. Ficaram apreensivos na ilha. Foram ao quarto de Carolina e perceberam que ela havia levado consigo Giulia e todas as suas coisas. O dia todo eles passaram aguardando notícias e preocupados, mas ela não havia retornado ou dado notícias. O celular de Giovanna avisava que estava desligado.
Após insistência de Amélia durante a noite, Diego resolveu ir para Athenas. No outro dia de manhã, ele ligou para o piloto do helicóptero e este veio buscá-lo e o levou para o hotel onde havia deixado Carolina no dia anterior.
Finalmente Carolina havia conseguido fazer as meninas dormirem. Giane chegou do hospital e ainda estava chorosa e Giulia elétrica, fazendo barulhinhos e balançando os bracinhos.
Após tomar banho, ela deitou e colocou a cabeça no travesseiro, assim que fechou os olhos o interfone tocou. Ela colocou o travesseiro sobre o rosto e contrariada resolveu atender. Era da recepção, eles a avisaram que tinha uma visita aguardando liberação para subir. Carolina imaginou que era Giovanna e liberou a entrada. Após alguns minutos a campainha do quarto tocou e quando ela foi atender, não era Giovanna.
- Diego? Achei que fosse Giovanna! - Ela não compreendia o que ele fazia ali.
- Como assim? Ela não está com você? - Diego não entendia o que se passava.
- Não! Nós discutimos ontem no hospital e eu não a vi mais! Achei que ela tinha voltado à ilha!
- Não! Ela não voltou à ilha e não consigo falar com ela. Me desculpe interferir nisso Carolina, mas vocês brigaram por que? - Diego não entendia nada, mas estava preocupado com o sumiço de Giovanna.
Carolina chamou Diego para entrar, fechou a porta, o fez se sentar em uma poltrona do quarto e depois resumiu para ele a discussão e como estava se sentindo. E por fim repetiu a frase que Giovanna disse no hospital e que ela não compreendeu.
- Carolina, Giovanna me contou em detalhes o dia em que foi capturada por Roberto. Ela tinha Roberto e seus homens sob a mira de sua arma, mas você saiu de casa aquela noite, contrariando o pedido dela. Roberto mandou dois homens em uma moto te seguir, eles estavam armados. Quando Giovanna soube disso, ligou para você e vocês discutiram, ela então se rendeu para os capangas de Roberto não atirarem em seu carro e em você. - Diego contava tudo calmamente.
Carolina recordou daquela noite, das duas ligações estranhas de Giovanna e a voz nervosa dela e a discussão que tiveram por telefone. Giovanna quase morreu nas mãos de Roberto, para salvá-la. Carolina neste momento sentiu remorso por ter brigado com Giovanna no hospital.
- Puxa Diego, eu não sabia disso, não! Acho que fui injusta com a Gio.
- Carolina, Giovanna te ama muito. A primeira coisa que ela fez quando a resgatei do navio naquela ocasião, foi saber como você estava. Ela sofreu em cada instante longe de você! Vem para a ilha comigo? Vocês têm ainda muito o que conversar! Vocês se amam, dê uma chance a ela! Te garanto Carolina, que ela não teve influência alguma nos momentos ruins que vocês passaram estes dias. - Diego tentava convencê-la, sabia que se Carolina regressasse ao Brasil, seria capturada e provavelmente morta por Roberto.
Carolina pensou um pouco.
- Diego, preciso de um tempo para analisar tudo isso!
- Claro Carolina, só me prometa que não vai voltar para o Brasil! - Diego falava de forma calma.
- Ta vendo Diego, é isso que me revolta! Eu nem posso voltar para a minha casa!
- Sim Carolina, eu entendo você, eu também não posso levar minha família para a casa que moramos e que eles estão acostumados. Mas não se esqueça que não é Giovanna que a ameaça, e sim seu ex-marido! Ela só quer proteger vocês! Assim como eu também quero proteger minha família!
Pela primeira vez Carolina viu os olhos daquele homem forte, cheios de lágrimas. E compreendeu que por amor a sua amiga, que era quase sua irmã, ele se envolveu em uma trama que também o fazia sofrer. Imaginou que Amélia se sentia tão preocupada com os filhos quanto ela própria e entendeu que estava sendo dura demais com Giovanna.
Por amor Giovanna sofreu torturas, quase morreu, teve que se manter distante e até chegou a pensar que a tinha perdido para Natália. Carolina então resolveu voltar à ilha e esperar junto com Amélia, que Giovanna e Diego resolvessem tudo no Brasil e elas pudessem retornar em segurança com seus filhos.
Carolina foi ao banheiro, trocou de roupas, arrumou suas malas com a ajuda de Diego, arrumou as crianças, fez check out e subiram para a cobertura do hotel, onde o helicóptero os aguardava.
Quando pousaram na ilha, Amélia os informou que Giovanna ainda não havia retornado e nem entrado em contato.
Diego ligou para os controladores do hangar, onde Giovanna deixava seu jato particular e descobriu que ela havia solicitado um vôo, mas não havia sido informado do destino.
Fim do capítulo
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