CapÃtulo 49
Capítulo 49
Logo que chegou à casa, Carolina subiu rapidamente para o quarto, precisava dar um banho quente em Giane e colocar roupas secas nela. Amélia a viu, mas não pode acompanhar, seus filhos estavam brincando no jardim e com os penhascos próximos da casa, ela não poderia deixá-los sozinhos, e ela ainda cuidava de Giulia que dormia.
Após alguns minutos Amélia viu Diego sem camisa subindo e Giovanna com ele, os dois caminhavam cabisbaixos. - O que houve amor? - Amélia perguntou a Diego.
Giovanna se aproximou e retirou a blusa molhada, ficando apenas de top e calça. Depois entrou na casa e voltou após um minuto arrastando Hermes e Niko pelas golas das blusas, com Pepa chorando seguindo os dois e os expulsou da casa.
Voltou-se para Amélia e disse baixinho. - Obrigada Amélia! Deixa que eu levo a Giulia para o quarto. - Dizendo isso, Amélia colocou a bebê que estava dormindo calmamente, nos braços de Giovanna, que a segurou um pouco desengonçada, mas firmemente.
Assim que Giovanna se afastou, Diego colocou Amélia a par de tudo o que ocorreu.
Giovanna chegou ao quarto e foi diretamente para o banheiro, que estava com a janela fechada e viu Carolina nua no chuveiro, segurando Giane apoiada em seus ombros, deixando a água cair nas costas da pequena, o vapor da água embaçava o vidro. Giovanna voltou ao quarto e colocou com cuidado Giulia na cama, retornou ao banheiro e retirou as suas roupas molhadas e entrou no boxe com Carolina. A abraçou por trás e beijou seu ombro e a cabeça de Giane, as lágrimas ainda desciam em ambas.
Carolina sentiu o corpo gelado de Giovanna encostando em suas costas, os braços dela a envolvendo, acariciando sua barriga, seus braços e seus lábios em seu ombro. Fechou os olhos, sentia-se perdida e frágil. Precisava imensamente daquele abraço que estava recebendo. Apoiou a cabeça no peito de Giovanna, tudo que tinha ocorrido até ali foi ruim, foi intenso, mas quase perder sua filha a deixou fraca, sem forças. Ficou acariciando as costinhas de Giane, que chorava muito e ainda engasgava e tossia.
Carolina sentiu que Giane já estava aquecida, saiu do boxe e pegou uma toalha e enrolou a bebê, depois se dirigiu ao quarto, e ainda nua e molhada colocou a pequena na cama e começou a trocá-la. Giovanna se lavou rapidamente e pegou uma toalha e colocou nas costas de Carolina que estava inclinada na cama cuidando de Giane. Carolina estava tão concentrada que se assustou com o tecido, mas o manteve no local. Giovanna pegou outra toalha, se secou e colocou um short e uma blusa. O clima estava tenso, Giovanna não sabia o que dizer. Assim que Carolina terminou de trocar Giane, Giovanna se ofereceu para segurá-la, enquanto Carolina se secava e colocava um vestido.
Carolina terminou de se vestir, pegou a menina do colo de Giovanna e a colocou na cama, pegou sua valise e retirou o estetoscópio e encostou o aparelho no tórax e costas de Giane.
- Ela ainda tem água nos pulmões! - Carolina ouvia um som abafado e chiado da respiração e do choro da menina.
Giovanna não sabia o que fazer.
- Vou chamar um helicóptero, vamos levá-la para Athenas, no hospital.
- Chame sim, vamos levá-la o quanto antes. - Carolina sabia que Giane precisaria de cuidados especiais que ela ali, naquela ilha, não poderia dar.
Giovanna levantou e pegou o telefone na mesa, discou e disse algumas coisas que Carolina não compreendeu, provavelmente era em grego. Quando terminou, Giovanna informou Carolina que em uma hora o helicóptero chegaria.
Giovanna trocou de roupas, colocando uma calça e uma blusa. Carolina foi instruindo-a para pegar algumas roupas, fraldas e objetos para a menina e colocar em uma bolsa. Acalmou um pouco Giane, tentou amamentá-la, mas esta não quis. Depois que conseguiu fazer a pequena dormir, a entregou para Giovanna, trocou de roupas também e acordou Giulia para amamentá-la. Após Giulia estar satisfeita, a colocou para dormir também. Pediu para Giovanna pegar uma espécie de bomba que utilizou para retirar leite e colocar em duas mamadeiras. Pediu para Giovanna chamar Amélia e pediu para Amélia ficar com Giulia, mostrou os objetos e roupas das crianças, os frascos com leite e as latas de leite em pó especial para recém-nascidos, para uso, caso elas demorassem muito. Amélia prontamente aceitou e ficou cuidando de Giulia.
O helicóptero chegou e em trinta minutos elas estavam pousando no Iaso General Hospital em Athenas. Foram atendidas pela pediatra de plantão, doutora Calyope Pavanievo. A médica soube do rapto, da queda no mar, do tempo que a criança demorou para retornar a respirar e a examinou. Constatou realmente que ainda tinham muitos líquidos nos pulmões da bebê, fez exames, anestesiou a pequena e realizou um procedimento colocando drenos para a remoção dos líquidos. Recomendou a internação da criança na UTI, para ficar em observação.
Giovanna aguardava no lado de fora do consultório, só Carolina entrou e por ser médica obstetra foi autorizada a ficar em todos os procedimentos. Comunicava-se com a médica em inglês, uma vez que não falava grego.
Após duas horas Carolina saiu do consultório e Giovanna viu os enfermeiros e a médica levando Giane para o elevador do andar. Giovanna foi atrás, mas foi impedida pela médica, Carolina a informou que estavam indo para a UTI.
Carolina entrou no elevador com a maca que carregava a menina e os enfermeiros e foi para a UTI com Giane.
Giovanna na recepção do hospital já estava fazendo um buraco no chão, de tanto andar de um lado para o outro.
Após uma hora Carolina desceu e viu Giovanna na janela com os braços cruzados e triste. Aproximou-se e a abraçou por trás. Giovanna rapidamente se virou e abraçou fortemente Carolina.
- Amor, como ela está? - Giovanna não queria soltar Carolina.
- Ela está estável. Foi anestesiada porque está com os drenos. Ai amor, como é ruim ver a nossa filha cheia de cateteres na boca, no nariz e no tórax e com agulhas nos bracinhos.
Giovanna a beijou no pescoço. Não tinha o que dizer. As horas de espera por notícias foram angustiantes, mas saber que sua filha estava sendo furada e entubada era doloroso.
- Ela vai ficar bem amor, ela é mais forte que imaginávamos, não é qualquer um que sobrevive ao que ela passou hoje!
Giovanna se afastou um pouco e viu o rosto exausto de Carolina. Só neste momento se lembrou que ela praticamente não dormia a mais de trinta horas. Soube que ela havia cuidado dela toda a viagem até a Grécia e nas horas que estava desacordada. Carolina estava com olheiras e a expressão cansada.
- Amor, você precisa descansar um pouco. Giane precisa de você bem! - Carolina encostou a cabeça no peito de Giovanna, apertou mais o abraço e lágrimas desceram.
- Não quero dormir! Quero ficar com a minha menina.
Giovanna compreendeu, mas insistiu.
- Você precisa descansar Carol, nossas filhas precisam de você! Vai para casa que eu fico aqui. Qualquer coisa eu ligo e você volta. Vou pedir para o piloto deixar o helicóptero na ilha, assim você poderá voltar a qualquer momento que quiser!
Carolina resolveu aceitar o pedido de Giovanna, realmente se sentia exausta, mas ainda tinha Giulia que não poderia abandonar neste momento.
Elas subiram no elevador e se dirigiram para o heliporto, o piloto foi instruído a ficar na ilha e usar um dos quartos de hóspedes para descansar. Ele partiu levando Carolina que sentia a aeronave subindo e via Giovanna parada no terraço do hospital, seu coração estava despedaçado.
Em menos de dois dias ela tinha passado por tantas coisas, tantos sentimentos intensos e contraditórios de felicidade e medo. Sabia que não era culpa de Giovanna tudo que tinha ocorrido, mas não conseguia deixar de pensar que o retorno dela para a sua vida, a fazia se sentir vulnerável e colocava em risco a ela e suas filhas. A amava muito, não saberia mensurar o quanto, mas o amor que tinha por suas filhas era imenso. Giovanna teria que dar fim a toda essa violência que a cercava ou então, por mais que doesse em Carolina, ela se afastaria dela.
Foi pensando em tudo e as lágrimas lavavam seu rosto. Pousaram na ilha, ela e o piloto se dirigiram para a mansão. Ela entrou e viu Giulia acordada no colo de Diego, balançando os bracinhos, brincando com um bichinho de borracha, colocando-o na boca e depois sorrindo, mostrando a gengiva. Carolina sorriu triste vendo Giulia, ela nem fazia ideia de tudo que a cercava, sua inocência era linda.
Carolina recebeu sua filha e agradeceu a Amélia e a Diego por tudo, ainda ficou alguns minutos com eles, contou para os dois o que tinha se passado no hospital, como Giane estava, se despediu e se dirigiu para seu quarto com Giulia, que estava elétrica sorrindo e mexendo os bracinhos. Carolina colocou a pequena na cama e ficou a observando e brincando com ela um tempo. Vendo Giulia, Carolina deixou lágrimas descerem, pensando em Giane no hospital. Não poderia perder nenhuma das duas. Amamentou Giulia e depois a fez dormir na cama de casal mesmo, queria ficar o mais perto possível dela. Depois deitou ao seu lado e em poucos segundos adormeceu, com a mão sobre a pequena.
Carolina acordou após algumas horas com Giulia chorando, a limpou, trocou e amamentou, depois de fazer a menina voltar a dormir, sentiu uma dor no estômago. Há horas não comia nada, sentia-se um pouco fraca e sabia que precisava se alimentar para ter leite para as filhas. Começou a descer as escadas e viu dois vultos na parte debaixo da escada. Subiu rapidamente e bateu na porta do quarto de Diego. Amélia e Diego abriram a porta ainda sonolentos e após Carolina informar sobre os vultos, Diego desceu carregando uma arma. Carolina foi até seu quarto com Amélia e pegou Giulia e voltou para o quarto de Amélia, trancaram a porta e ficaram com as crianças que dormiam.
Diego desceu silenciosamente as escadas, com o revólver em punho, acendeu a luz subitamente da sala e viu Hermes e Niko, os dois tinham sacos de panos nas costas e estes estavam cheios de objetos valiosos da casa. Ao verem as luzes sendo acesas, os dois tentaram correr, mas os disparos da arma os fizeram parar, largar os sacos e se virarem com as mãos na cabeça.
- O que está acontecendo aqui? - Perguntou Diego mirando a arma para Niko.
- Viemos receber nossos anos de trabalho. Dona Beatriz não tinha o direito de matar minha filha e ainda nos expulsar daqui sem pagar nossos serviços. - Disse Niko um pouco irônico.
- Vocês só podem ser loucos! Não conhecem suficientemente Beatriz para saber que ela mataria a todos vocês se soubesse que invadiram a casa para roubá-la? - Diego balançava a cabeça negativamente, não acreditando em como os dois tinham sorte por Pietra estar em Athenas e não ali.
- Não sabíamos que Dona Beatriz era assim não! Ela sempre deixou a gente fazer o que quisesse na casa e na fábrica de azeite. - Disse Hermes inocentemente e recebeu o olhar de reprovação do pai que estava ao seu lado.
- Entendo, isso quer dizer que vocês vinham roubando a propriedade à anos, e ainda assim quiseram sair levando mais algumas coisas. Vocês não sabem com quem estão lidando. - Diego não acreditava no que acontecia ali. E teria que tomar uma decisão, sabia que se contasse a Pietra que os homens tinham invadido a casa e a roubava, ela os mataria sumariamente. - Bom senhores, vamos! - Diego apontou a saída da casa com o revólver.
Assim que cruzaram a porta, Hermes e Niko começaram a correr e Diego começou a disparar tiros para eles correrem mais, não acertou nenhum tiro neles, se quisesse o faria, era especialista em armas e tinha uma mira fantástica, mas preferiu afugentá-los. Esperava assim que eles nunca mais retornassem a casa.
Após tirar os dois da casa, Diego trancou as portas e as janelas e subiu para o seu quarto, viu Carolina abraçando Giulia e Amélia segurando um dos meninos menores, que tinha acordado com os estampidos dos tiros e estava assustado. Diego informou o que havia ocorrido e que tinha colocado os dois para correr.
Carolina levantou brava, indignada. Não suportava mais passar por situações como estas dos últimos dias. Foi para seu quarto, levando Giulia, arrumou as malas, desceu e se alimentou e assim que o sol nasceu, acordou o piloto e pediu para ele a levar para Athenas.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]