CapÃtulo 42
Capítulo 42
Giovanna e Diego descobriram que Roberto visitava uma mulher com quem tinha começado a sair e acharam ser o momento ideal para conseguir capturá-lo. Porém, teriam que apresentar as provas contra os gerentes e funcionários da empresa ao mesmo tempo, pois se eles soubessem da morte de Roberto, fugiriam e Lorena poderia ser presa e responder por tudo sozinha. Então Giovanna teria que buscar as provas escondidas.
Fazia onze meses que Giovanna não via Carolina, desde o dia que a viu no supermercado com Natália. E agora ela e Diego observaram a guarita do prédio dela por quase três horas. Era inverno e a praia estava vazia, eram quase duas da manhã. O apartamento de Carolina estava com quase todas as luzes apagadas. Quando o porteiro saiu da guarita eles pararam ao lado da grade. Diego prendeu uma mão à outra, cruzando os dedos e ela apoiou o pé na mão dele e foi impulsionada para chegar ao topo da grade.
Ela segurou na tubulação que descia do telhado e se prendia na parede lateral do prédio e conseguiu atingir a sacada do apartamento do primeiro andar. Chegando à sacada, usou os tijolos e a tubulação para atingir a sacada do segundo andar. E fez o mesmo procedimento para chegar à sacada do terceiro andar. No apartamento ao lado de Carolina. Ela chegou até a ponta da sacada do outro lado e conseguiu alcançar a sacada do apartamento de Carolina.
Assim que chegou a sacada dela, abriu vagarosamente a porta de vidro, que dava acesso à sala. Viu a luz do corredor acesa. Caminhou lentamente, pisando pé ante pé para não fazer ruído algum. Seu coração estava disparado e as mãos geladas. Ela chegou ao quarto de Carolina. Ela dormia sozinha sob o edredom, de lado e abraçando um travesseiro. Giovanna se aproximou lentamente e ficou alguns segundos a observando. Lágrimas involuntárias começaram a descer em sua face. Ela apertou os lábios e enxugou as lágrimas com as mãos. Caminhou até o guarda-roupa e abriu a última porta onde ficava o cofre de Carolina, torcendo para ela não ter mudado a combinação. Abriu a porta o mais cuidadosamente possível para não fazer barulho. Pegou uma pequena lanterna e colocou na boca, depois acendeu. Girou o botão de combinação nas numerações que havia decorado, pois sabia que precisaria daquilo que estava ali. A porta do cofre foi destravada, ela se aproximou mais e o viu no fundo. Levou a mão cuidadosamente, para não derrubar uma caixa com jóias que tinha ali dentro e o retirou. Colocou rapidamente no bolso. Arrumou a caixa no lugar e fechou a porta do cofre girando o pino e travando o mesmo. Apagou a lanterna e colocou no outro bolso.
Aproximou-se novamente da cama de Carolina. Ela precisava ver Carolina pela última vez, sentir sua pele, seu cheiro. Aproximou e se abaixou lentamente. Aspirou seu cheiro, que parecia mais adocicado do que Giovanna lembrava. Suspendeu a mão que tremia e tocou nos cabelos dela que estavam soltos. Lágrimas começaram a descer novamente. Ela olhou a mão que Carolina repousava no travesseiro e seu coração disparou mais ainda. Ela ainda usava a sua aliança na mão direita. Ousou tocar de leve a mão dela e sentiu ela se mexendo na cama. Ficou tensa e não conseguia sair de onde estava. Depois dela se virar para o outro lado, Giovanna resolveu que seria a hora de ir embora, senão Carolina poderia acordar.
Levantou e caminhou, na porta do quarto ainda parou por alguns segundos a observando de longe e disse baixinho. - Eu te amo! E sempre vou te amar! Nunca se esqueça disso! - Levou a mão aos lábios e mandou um beijo no ar para a mulher que era o grande amor da sua vida.
Deu mais alguns passos e na hora que estava quase chegando ao fim do corredor ouviu um choro de criança. Parou imediatamente, sentiu um arrepio gelado na coluna. Caminhou lentamente e abriu a porta de um dos quartos que estava apenas encostada. Um abajur em formato de ursinho estava aceso sobre uma cômoda branca e iluminava parcialmente o cômodo. O quarto era todo rosa, com bichinhos de papel nas paredes e tinha dois berços um ao lado do outro, no centro do quarto.
Giovanna caminhou lentamente e viu duas crianças. Uma dormia de lado e a outra chorava baixinho e fazia biquinho. O coração de Giovanna batia descompassado. As meninas eram branquinhas e com cabelos ralinhos e loirinhos. Quase carequinhas.
Giovanna levou a mão vagarosamente e tocou a menina que chorava, fazendo baixinho um som, tipo de chiado, para ela se acalmar, com a mão na barriguinha dela. Foi a mesma coisa que ter gritado, pois a criança começou a chorar mais alto e Giovanna ouviu um barulho e não teve tempo de se esconder.
Carolina estava dormindo e sonhou que Giovanna estava perto dela, parecia até que sentia o cheiro dela e a ouvia dizendo que a amava. No fundo do seu sonho, começou a ouvir um choro de criança e então despertou. Cansada, levantou ainda cambaleante e lentamente, buscando seus chinelos ao lado da cama e quase se arrastando chegou ao quarto das bebês. Quando abriu a porta, se assustou com o que viu e desmaiou.
Giovanna que acariciava a barriguinha da criança, só teve tempo de olhar para a porta e ver Carolina caindo. Tentou correr para segurá-la, mas não conseguiu. A pegou no colo e a colocou na cama e sentou ao seu lado. Passou a mão nervosamente nos cabelos e não sabia o que fazer. Deixava Carolina desmaiada ali e fugia, ou ficava e se revelava. A criança chorava muito e agora era seguida pela outra. Acariciou o rosto de Carolina que começou a despertar. Agora ela não teria mais tempo de fugir. Suspirou profundamente e viu Carolina abrindo os olhos lentamente.
Carolina abriu os olhos e viu Giovanna a olhando. Seu coração estava disparado e seu corpo todo tremia. Ouviu ela dizer.
- Oi amor! - Giovanna esboçou um meio sorriso, um pouco sem graça.
Carolina levantou a mão e tocou a mão de Giovanna que estava em seu rosto, ainda incrédula, que ela era mesmo real. Quando a viu no quarto das filhas achou que era um fantasma e se assustou ao ponto de desmaiar.
Ela foi se sentando lentamente, ainda não acreditava que ela estava ali. Falou ainda sem conseguir entender direito. - Gio?
- Sim, amor! Sou eu! - Giovanna tinha lágrimas nos olhos.
- Você está viva? - Carolina começou a chorar também. E tocou o rosto de Giovanna que fechou os olhos.
- Sim! Estou sim! - Giovanna respondia baixinho e deu um sorriso, pois Carolina estava com ar de perplexidade e provavelmente ainda não acreditava que ela era real.
- Onde você estava Giovanna? - Carolina falou um pouco mais alto.
- Eu tive que me afastar. Você corria perigo de vida! Não era segur... - Giovanna tentava se explicar. Nesse segundo sentiu Carolina dar um tapa em seu rosto, começou a empurrar, esmurrar seus braços e a se debater gritando e chorando.
- Você estava viva e me deixou sofrer? Sua desgraçada! Porque fez isso comigo? Porque Giovanna? Eu te amava e você me fez sofrer daquele jeito! Eu te odeio! Sai da minha casa! Sai daqui! - Carolina chorava, soluçava e gritava, começando a dar socos no peito e nos braços de Giovanna, que tentava segurar suas mãos.
- Calma amor! Calma! Eu não queria que você se machucasse! Eu tinha que te proteger! Calma! - Giovanna tentava segurar ela. E com os gritos, as crianças choravam mais.
- Me proteger? Você acabou comigo Giovanna! Acabou comigo! Faz idéia do quanto eu sofri? - Carolina chorava, soluçava e tremia. Vencida e sem forças. Se deixou abraçar por Giovanna.
- Calma meu amor! Calma! - Giovanna falava baixinho abraçando e acariciando seus cabelos. Fazia vinte e um meses que não a abraçava, não a sentia em seus braços. Lágrimas desciam e seu coração dava pulos em seu peito.
Carolina se deixou ficar por alguns segundos, sentindo o cheiro e o calor do corpo de Giovanna. Até tomar consciência que as crianças choravam muito alto. Ela se afastou do corpo de Giovanna, limpando o rosto das lágrimas e disse mais baixo. - Preciso cuidar delas!
Giovanna se levantou e Carolina também. Elas se olharam profundamente. E Carolina desviou o olhar, foi para o quarto das bebês e pegou uma menina, mas a outra também chorava muito.
Giovanna foi atrás, mas não sabia o que fazer, não sabia se Carolina deixaria ela segurar as filhas dela. Perguntou meio receosa. - Posso pegar sua filha?
Carolina a olhou e deu um meio sorriso e achou irônica a pergunta. Eram filhas dela também. E disse mais amena. - Vem, me ajuda!
Giovanna pegou meio sem jeito a menina que estava no colo de Carolina, e a pequena parou de chorar e ficou resmungando. Abriu os olhinhos e Giovanna viu que ela tinha olhos muito azuis. Sorriu pela coincidência por serem idênticos aos seus. Aquela menina era linda.
Carolina sentou em uma poltrona e começou a amamentar a outra menina.
Giovanna se aproximou e ficou a admirando, mesmo naquele momento tão maternal, Carolina conseguia ser absolutamente linda e sensual. Olhou a outra menina que era idêntica a que tinha nos braços.
- Elas são idênticas?
- Não! Elas têm pequenas diferenças, bem sutis! - Carolina sorria e seu coração estava descompassado ao ver Giovanna com a expressão maravilhada, com a filha que estava em seu colo e olhando para ela.
Giovanna olhava encantada para a pequena em seu colo e só então percebeu que as crianças deveriam ter um pai. Sentiu ciúmes e seu rosto ficou sério, perguntou com medo de ouvir a resposta.
- Cadê o pai delas?
Carolina viu a expressão séria de Giovanna e a voz um pouco enciumada. Não seria fácil explicar a ela.
- Elas não têm pai!
- Como assim Carol? Todo mundo tem um pai! Tem que sair de algum lugar! - Giovanna disse um pouco mais aliviada pela resposta de Carolina.
- Fiz uma inseminação! - Carolina tentava ganhar tempo, para depois explicar à Giovanna com calma.
- Quantos meses elas tem e quais são os nomes delas? - Giovanna perguntou, olhando encantada para a pequena, que começava a fechar os olhinhos.
Carolina riu, sabia que Giovanna iria entender o que ela tinha feito.
- Elas têm dois meses. Essa que está no seu colo é a Giane e essa gulosinha aqui é a Giulia!
Giovanna mudou a expressão facial. Ficou pálida. Carolina havia colocado os nomes das filhas dela, parecido com seu nome. Ela estava completamente sem palavras e sem ação.
- Porque fez isso? Porque nomes parecidos com o meu?
Fim do capítulo
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