Capítulo 41
Capítulo 41
Durante os meses de gravidez Carolina sentia mais a ausência de Giovanna. Natália tentou se aproximar dela depois do encontro no supermercado, mas quando soube da gravidez de Carolina, desapareceu. O que Carolina não achou ruim, uma vez que agora, não queria se envolver com ninguém. Queria dedicar-se aos filhos por um tempo e não sentia nada por Natália além de amizade.
Carolina sentiu os primeiros movimentos dos bebês com quatro meses e foram Virginia e Marta as primeiras a tocarem neles se mexendo na barriga.
Ela e Jéssica tentaram fazer quatro ultrassonografias para saber os sex*s das crianças, mas não conseguiram, as posições não ajudavam. Somente com seis meses de gestação, que elas descobriram que ela esperava duas meninas.
Mais uma vez a festa foi grande para comemorar a nova descoberta. Todos seus amigos sempre presentes, e todos ajudaram a pintar e decorar o quarto das nenéns, a arrumar as roupinhas, os itens, as bolsas para o dia do parto, todos participavam.
Carolina entrou na trigésima sexta semana de gestação, então Leandro e Rômulo decidiram ficar perto dela. Ela disponibilizou um quarto de hóspedes para eles. O outro quarto era das filhas. Carolina sentia muitas dores nas costas, as meninas estavam grandes e pesava muito sua barriga. Ela deitava de lado e às vezes tinha que sentar para conseguir respirar e dormia encostada, quase sentada. Lembrou-se que Giovanna e Diego eram grandes e as filhas puxaram os dois.
Fazia mais de um ano e meio que Giovanna havia morrido, mas Carolina não conseguia esquecê-la. Sonhava com ela quase todas as noites. E naquela noite não foi diferente. Carolina sonhou que Giovanna estava amarrada, tentava se soltar e não conseguia, nesse momento o navio explodiu. Ela acordou assustada. Todas as vezes que sonhava com a explosão, acordava assustada e respirando com dificuldade.
Tentou sentar na cama para respirar melhor e sentiu uma pontada forte na barriga. Colocou os pés para fora da cama, tentando ir ao banheiro, quando ficou em pé, sentiu algo descendo pelas pernas. Sua bolsa havia rompido. Caminhou vagarosamente, até chegar ao quarto onde estavam Rômulo e Leandro. Bateu na porta e não obteve resposta. Resolveu abrir a porta. A abriu e viu os dois dormindo abraçados. Então ela acendeu as luzes e ambos viraram assustados.
- Está na hora! A bolsa estourou! - Ela disse, sentindo uma contração forte e colocando a mão na parte baixa da barriga.
Leandro pulou da cama em desespero.
- Meu deus! O que faremos? O que temos que fazer?
Ela suspirou e tentou aparentar calma, apesar da dor.
- Lê, pega as bolsas no quarto das bebês! E troquem de roupa!
Leandro correu e pegou as bolsas, enquanto Rômulo ajudava Carolina a caminhar até a cozinha e sentar em uma cadeira.
Eles se trocaram rapidamente e ela permaneceu com a camisola que vestia. Desceram ajudando ela a caminhar e cada um dos dois levava uma bolsa. Rômulo a ajudou a sentar no banco do carona, puxando o banco mais para trás. Leandro sentou atrás e Rômulo dirigiu. No caminho Leandro acordou todos os amigos. Ligou para cada um deles.
Chegaram ao hospital e depois de minutos, vários estavam ali juntos. Virginia, Gláucia e Jéssica vieram sozinhas, Marta ficou cuidando de Luiza, Jaqueline de Vanessa e Bernardo dos quatro filhos. Bianca chegou em seguida com Simone. Agora elas moravam juntas.
Carolina foi levada para a sala de análise e depois de dez minutos, Jéssica entrou para ajudar no parto que seria uma cesariana, as bebês eram muito grandes para gêmeas e tinham receio de demorar muito e ambas ficarem sem respirar. Após checarem sua pressão, tempo entre as contrações e dilatação, a prepararam para a cirurgia. Ela foi levada para o centro cirúrgico e recebeu a anestesia. Carolina chorava e segurava na mão de Virginia que entrou com ela para ajudar, conversando com ela para se acalmar.
Após alguns minutos a primeira menina nasceu. Ela foi colocada perto do rosto de Carolina que chorava e beijava a bebezinha, que chorava muito alto e tremia de frio. Ela foi levada para fazer os exames e saiu da sala com a enfermeira. Depois de alguns instantes, ouviram-se outro choro forte. Carolina chorava e beijava a segunda filha. Que também tremia e foi levada para fazer os exames. Virginia e até mesmo Jéssica, estavam com lágrimas nos olhos também.
Ela foi anestesiada por completo e dormiu. As bebês foram para as incubadoras, eram prematuras de poucas semanas, estavam bem.
Todos os amigos ficaram atrás do vidro vendo as pequenas dormindo nas incubadoras. Todos felizes pelas três estarem bem.
De manhã Carolina acordou e as filhas ainda não tinham vindo para o quarto com ela. Olhou a sua volta e viu Bianca dormindo em uma poltrona. Os amigos revezaram a noite para cuidarem de Carolina.
Ela deixou uma lágrima descer. Sentiu a ausência de Giovanna. Queria que Giovanna estivesse ali, vendo suas filhas nascerem. Segurando sua mão. Pegando as meninas no colo. Sem conseguir se segurar, soltou um soluço alto de choro, que foi percebido por Bianca.
- Oh Carol, não chora, as meninas estão bem! Logo elas estão aqui com você! - Bianca acariciava os cabelos da amiga.
- Não é isso Bia! Eu queria que a Gio estivesse aqui comigo! Sinto tanta falta dela! Queria que ela pudesse ver as filhas dela!- Carolina disse e depois fechou os olhos se arrependendo da última frase.
- Eu sei que você a amava, mas as meninas não são filhas dela, Carol! São suas filhas! - Bianca tentava ser amena, achou que Carolina estava confusa, sentia medo da amiga entrar em depressão ou algo do gênero.
- Ai Bia, não aguento mais esconder isso! Preciso falar para alguém, está me consumindo mentir para vocês por todo esse tempo! - Carolina decidiu que revelaria tudo. Mesmo que recebesse a reprovação pelo que fez, dos amigos.
- Falar o que Carol? - Bianca não entendia nada.
- As bebês são filhas da Gio, sim! - Carolina disse séria, mas ainda descendo algumas lágrimas.
- Isso é impossível Carolina. Fazia pelo menos dez meses que ela tinha morrido quando você engravidou! Eu me lembro muito bem! E mesmo que ela estivesse viva, como poderiam ser filhas dela? - Disse Bianca séria, se preocupando com a amiga. Achando que ela estava transtornada.
- Bia, a Gio tinha óvulos congelados lá na clínica. Eu descobri, fecundei os óvulos dela com um espermatozóide e inseminei em mim! - Carolina começou a chorar mais, sentindo um pouco de dor nos pontos da barriga.
- O que? Você está brincando né, Carol? - Bianca não acreditava no que ouvia.
- É verdade! - Carolina não entendia. Será que Bianca pensava que ela estava ficando louca.
- Carol eu... eu vou chamar o médico! Você está muito nervosa! Precisa se acalmar! Pode romper algum ponto da cesárea. - Bianca achou que a amiga estava tendo alucinações.
Carolina continuou chorando, a olhou triste, virou o rosto para o outro lado e não respondeu nada.
Depois de alguns minutos, Jéssica entrou no quarto.
- Carol? - Jéssica se aproximou e acariciou os cabelos da amiga. Viu Carolina chorando. - Carol o que aconteceu? As meninas estão bem! A Bianca me encontrou e disse que você estava um pouco transtornada!
- Eu transtornada? Eu mato a Bianca, isso sim! Eu conto uma coisa séria para ela e ela distorce tudo! - Carolina enxugou as lágrimas e ficou mais séria.
- Acalme-se! Você sabe que precisa repousar. O que você falou para ela, afinal? - Jéssica não compreendia nada.
- Eu disse para ela, que as meninas são filhas de Giovanna! - Carolina olhava diretamente nos olhos de Jéssica.
- Como? - Jéssica não compreendeu.
- Jéssica, eu descobri os óvulos congelados da Giovanna. Fecundei com o doador que ela escolheu e inseminei em mim. - Carolina ficou séria e viu Jéssica ficando pálida.
- Você descobriu? - Jéssica disse num fio de voz, com as mãos geladas.
- Sim! Quando você pretendia me contar, Jéssica? Pelo jeito, nunca! - Carolina disse um pouco irritada.
- Carolina, eu tinha medo de você fazer uma besteira, como essa que você acabou fazendo! - Jéssica retribuiu o olhar bravo.
- Besteira? Eu quis ter um filho da mulher que eu amo e você me diz que é besteira? - Carolina estava alterada e falava alto.
- É besteira sim! Você acabou de ser uma barriga de aluguel, Carolina! Essas crianças não são suas biologicamente! - Jéssica fez uma expressão de raiva e balançou a cabeça negativamente.
- Barriga de aluguel? O que você sabe sobre o amor entre lésbicas, Jéssica? Você não sabe nada sobre a demonstração de amor de uma mulher pela outra! No fundo, você é uma preconceituosa dissimulada! - Carolina gritava.
- Eu não vou ficar aqui ouvindo besteiras. Trate de se acalmar! Você não está em condições de ficar discutindo com ninguém! - Jéssica se virou brava. E saiu do quarto, antes que Carolina pudesse falar mais alguma coisa para ela.
Carolina foi sedada, pois estava chorando muito e alterada. À noite quando ela acordou, as filhas foram para o quarto ficar com ela e serem amamentadas. E Marta passou a noite com ela também. Todos souberam sobre a inseminação, mas não comentaram nada.
Depois de uma semana as bebês foram liberadas para irem para casa. Carolina contratou um babá, para ajudá-la e as amigas revezavam ajudando nas folgas da babá. Menos Jéssica, que Carolina por enquanto, não queria aproximação.
Depois de dois meses, em uma noite era folga da babá e Marta não pode ir, pois Luiza estava doente. Carolina resolveu não ligar para os outros, deviam estar cansados, todos trabalharam aquele dia. Cuidou das filhas e as colocou para dormir. De madrugada ouviu um choro e levantou, mas quando chegou no quarto das filhas, sentiu tudo rodando e desmaiou.
Fim do capítulo
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