CapÃtulo 36
Capítulo 36
Carolina acordou e ainda estava escuro. Olhou o relógio sobre o criado mudo e uma lágrima involuntária desceu. Cinco e quinze, o horário que acostumou acordar para ver Giovanna correr e que até hoje às vezes acordava, mesmo tendo passado tanto tempo. Lembrou que naquele dia fazia dez meses que Giovanna havia morrido. Dez longos e tristes meses.
Seus amigos sempre estavam por perto a reconfortando. Eles estiveram presentes em todos os momentos mais difíceis. No dia da morte e nos dias seguintes, no enterro simbólico que Carolina fez. Nos dias que seria o aniversário delas de namoro, o aniversário de Giovanna, no dia que estava marcada a data do casamento, que nunca aconteceu. Nunca deixavam Carolina passar um final de semana sequer sozinha.
Mas aquele sábado ela queria ficar sozinha por um tempo. Levantou e pegou uma caixa que mantinha guardada no guarda-roupa. Olhou as fotos das festas. Desde a primeira foto que tiraram no churrasco de aniversário da Marta no sítio, onde ela pediu Giovanna em namoro, até a última no aniversário de Leandro, quando elas anunciaram o noivado para todos os amigos.
Pegou um pen drive, conectou ao notebook e assistiu novamente os vídeos, que tinham Giovanna falando e rindo, abraçando Carol, os amigos, acariciando as barrigas de Marta e Jaqueline, que ainda eram minúsculas no vídeo e brincando com as crianças. Ela não cansava de ver os vídeos, as fotos, de olhar as roupas de Giovanna que ficaram lá, o relógio de mergulho que Giovanna deu para ela, dizendo que na lua de mel, iriam fazer mergulho no mar Egeu em Santorini e a aliança que Giovanna havia dado à ela no dia que a pediu em casamento, relia o poema e chorava.
Ela levantou, se trocou e resolveu ir até o apartamento de Giovanna. Provavelmente o proprietário já havia alugado para outra pessoa. Ela se informou na portaria do prédio e um rapaz estava morando no local. Ela conseguiu convencer o rapaz a deixá-la subir, dizendo que amou muito uma pessoa que morou ali e tinha recordações maravilhosas do lugar. Ele a deixou subir, com visível interesse pela moça de cabelos castanhos longos, linda e um corpo escultural. Ela entrou ali, depois de dez meses que não entrava naquele local e lembrou-se do primeiro beijo, do jantar e da primeira dança que tiveram naquela sala. Seus olhos se encheram de lágrimas. Ficou cinco minutos. O rapaz tentou puxar assunto, mas ao ver o choro desistiu.
Ela saiu, ainda chorando e resolveu voltar à casa de Diego para conseguir mais informações. Amélia estava grávida na época da morte dos dois e provavelmente já teria dado a luz.
Ela entrou na mansão e foi recebida por Amélia, que tinha tido dois meninos e eles estavam com oito meses, ela ainda tinha mais cinco filhos, outros dois gêmeos e trigêmeos, todos meninos. E todos eram lindos, peles morenas pela mãe ser mulata e o pai branco, cabelos negros e castanhos enrolados e alguns com olhos cor de mel e os gêmeos do meio com olhos verdes. Elas conversaram e contaram as tristezas desses dez meses sem Giovanna e Diego. Amélia estava muito bem, estava completamente recuperada, dizia que não poderia fraquejar, pois tinha que criar sete crianças.
Amélia a informou que eles limparam o apartamento de Giovanna, mas mesmo assim todas as informações que tinham sobre Roberto, tinham sido roubadas. Na mesma noite das mortes, enquanto eles monitoravam o navio, os bandidos do grupo de Roberto acharam o cofre de Giovanna. Informou também que Roberto e os traficantes ainda estavam impunes e vivendo tranquilamente. Não existiam mais provas contra eles, Giovanna e todo o grupo de investigação haviam sido exterminados e as provas junto com eles.
Carolina sentia-se estranha naquela casa, como se estivesse sendo observada o tempo todo. Seu coração estava acelerado. Ela pensou que provavelmente seria a influência dos momentos ruins que passou ali.
Amélia pediu para Carolina esperar alguns minutos e retornou com uma caixa, que a entregou dizendo serem os objetos pessoais de Giovanna. Carolina agradeceu e foi diretamente para sua casa.
Assim que chegou em casa ela abriu a caixa e viu alguns livros, quadros, Cd's, uma estátua linda de um pássaro, outros objetos, como canetas e algumas peças de alguma coisa que Carolina não conseguiu identificar e muitas fotos de Carolina. Fotos tiradas na rua quando Carolina não sabia que estava sendo observada. E entre elas uma foto dobrada em quatro partes, bem gasta e com uma ponta chamuscada pelo fogo. Tinha um casal, o senhor loiro segurando uma menina de cabelos lisos e loiros que deveria ter uns dois anos, com olhos muito azuis e uma mulher de cabelos castanhos claros e longos abraçando os dois, todos com belos sorrisos. E atrás escrito apenas três letras S. T. e P., que agora Carolina sabia que significava Stuart, Tereza e Pietra.
Jéssica passou na casa de Carolina por volta das quatro da tarde para dar as últimas instruções sobre as pacientes que ela cuidaria durante o mês de férias de Jéssica. Era sempre assim, quando Jéssica saía de férias, Carolina assumia as duas funções na clínica. Por um lado seria bom, afinal há muito tempo vinha trabalhando mais do que o habitual, isso ajudava a evitar pensar em Giovanna. Se esgotava fisicamente no trabalho ao ponto de chegar em casa, tomar uma taça de vinho, um banho e dormir. Queria evitar a dor das lembranças diárias.
Virginia e Marta a chamaram para almoçar no domingo na casa delas e ver sua afilhada Luiza, que tinha quatro meses, mas ela disse que tinha um compromisso e recusou o convite. Precisava ficar só.
No domingo resolveu ir para a clínica e adiantar uma papelada de internação de algumas gestantes. Assim que passou pela recepção viu algumas fichas, que tinha pedido para a secretária colocar no arquivo na sexta e esta havia esquecido.
- Vou chamar a atenção da Claudia. Imagina deixar essas fichas confidenciais aqui! - Disse para si mesma e a contragosto resolveu levar as fichas para o arquivo. Algo que ela odiava, uma vez que a poeira lhe irritava profundamente e passava o resto do dia espirrando quando ia naquele local, o que nunca fazia.
Abriu a porta e começou a espirrar, depois abriu as gavetas que estavam em ordem alfabética, guardando as fichas, a última ficha para guardar era de uma paciente chamada Gabriele, colocou a pasta na gaveta, mas viu outra ficha, que lhe chamou a atenção. Paciente: Giovanna Masteranni.
Retirou o prontuário do arquivo e resolveu ler. Leu alguns exames, ela havia feito várias ultrassonografias e quando ia guardar a pasta, dois papéis caíram ao chão. Carolina se abaixou e quando virou os papeis, seu coração disparou, viu que eram fichas de autorização para guardar material genético. Achou estranho, afinal ela que era a responsável por essas fichas e retirada de material genético, mas lembrou que Jéssica também colhia quando ela não poderia ou não estava na clínica.
Leu atentamente e seu coração quase saiu pela garganta. Giovanna havia guardado congelados seis óvulos, por ter descoberto que estava com endometriose. E nem havia dito para Carolina que tinha endometriose. Quando leu o outro papel, com nome de Giovanna, desacreditou. Giovanna tinha outra coisa congelada também. Giovanna havia armazenado três amostras de esperma e na assinatura do doador um nome conhecido. Diego Castro. E Jéssica nunca havia dito isso a ela.
Carolina pegou a pasta e as autorizações e levou para sua sala. Ficou ainda alguns minutos incrédula com o que estava ali. -"Giovanna era muito misteriosa realmente e a Jéssica é insuportável com essa descrição dela, sou sócia dessa clínica e responsável pela área de reprodução assistida, tinha o direito de saber!" - Pensou em ligar para Jéssica e a xingar de todos os nomes possíveis. Quando retirou o celular da bolsa bruscamente, a foto de Giovanna criança com seus pais, que ela havia guardado na bolsa, caiu sobre o vidro da mesa.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 29/09/2019
Que verdadeira novidade Carol descobriu nos arquuvos
Agora o que será que ela vai fazer de posse deste tesouro......
Acho claro que ela vai usar e abusar
Mas logo do Diego......o cara já tem uma penca de filhos....... É casado......convive com ela .......
Tipo ele terá filhos com a esposa e com a amiga...... Como explicar isso no futuro para as crianças......que dizer tem explicação mas meia confusa.......e sua esposa como se sentirá......
Rhina
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Que verdadeira novidade Carol descobriu nos arquuvos
Agora o que será que ela vai fazer de posse deste tesouro......
Acho claro que ela vai usar e abusar
Mas logo do Diego......o cara já tem uma penca de filhos....... É casado......convive com ela .......
Tipo ele terá filhos com a esposa e com a amiga...... Como explicar isso no futuro para as crianças......que dizer tem explicação mas meia confusa.......e sua esposa como se sentirá......
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Em: 29/09/2019
Que verdadeira novidade Carol descobriu nos arquuvos
Agora o que será que ela vai fazer de posse deste tesouro......
Acho claro que ela vai usar e abusar
Mas logo do Diego......o cara já tem uma penca de filhos....... É casado......convive com ela .......
Tipo ele terá filhos com a esposa e com a amiga...... Como explicar isso no futuro para as crianças......que dizer tem explicação mas meia confusa.......e sua esposa como se sentirá......
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