Capítulo 34
Capítulo 34
Diego ajudou a descerem Giovanna do veículo e a colocarem no helicóptero. Teve que relutar algumas vezes para convencer o senhor Benedito a subir na aeronave. Eles decolaram e após trinta minutos pousaram em uma ilha em Angra dos Reis.
Quando pousaram a própria Lorena estava esperando por eles e pediu para os seguranças levarem Giovanna para dentro da mansão. Todos desceram inclusive senhor Benedito e Diego, mas antes de entrarem na casa Lorena os parou.
- Quem me ligou? - Ela disse um pouco ansiosa.
- Eu! - Se identificou Diego.
- Como você se chama e como sabia meu número e meu nome? - Ela estava com quatro seguranças a sua volta e perguntava um pouco temerosa.
- Meu nome é Diego Castro, sou amigo pessoal de Giovanna e ela me chamou para cuidar da segurança dela! Me deu seu número e disse seu nome, caso precisássemos de ajuda! - Ele olhou para o senhor Benedito e os seguranças e pediu. - Podemos nos falar a sós, senhora Lorena?
- Tudo bem, me acompanhe! - Ela aceitou, mas iria recebê-lo na sala, um local mais aberto e que era monitorado pelos seus seguranças. Qualquer ação dele seria impedida. Não poderia confiar em um desconhecido.
- Posso te pedir uma coisa? - Ele a fez parar por alguns momentos e se virar.
- Diga? - Ela disse um pouco contrariada pela ousadia do desconhecido.
- Esse senhor é inocente e não sabe de absolutamente nada. Seria mais seguro para ele continuar assim! E está sem almoçar. Por favor, o alimente e disponibilize um local para ele se sentar! - Ele falou sério.
- Tudo bem! Vou pedir para cuidarem dele! - Chamou seus seguranças e deu as instruções e senhor Benedito foi conduzido até uma casa, no fundo da mansão.
Entraram e sentaram na sala. Diego resumiu a história sobre Giovanna ter contratado ele para cuidar dela, os meses de monitoramento da casa de Giovanna, sobre o sequestro, que ainda não tinha todas as informações e sobre o resgate.
Lorena ouviu atentamente e concluiu que o homem se quisesse silenciar Giovanna, caso estivesse mentindo, já o teria feito. E não seria louco de se meter em uma ilha repleta de vigilância.
Lorena pediu para seus seguranças acomodarem Diego e o senhor Benedito na casa de hóspedes no fundo da mansão.
Depois ligou para seu médico particular e levou Giovanna em sua clínica onde esta recebeu tratamento, fez uma cirurgia por conta da facada e teve um braço imobilizado, que estava fraturado.
Lorena preferiu cuidar de Giovanna em sua casa, era o local mais seguro. Colocou-a em um quarto de hóspedes, no mesmo andar do seu quarto e a acomodou.
Depois de dois dias, Giovanna acordou e se viu em um quarto grande, não sabia onde estava e muito menos como chegou naquele local. Ainda zonza tentou se levantar, o que só conseguiu depois de duas tentativas e sentindo muitas dores. Sentia-se muito fraca. Andou com dificuldade até o banheiro e quando se olhou no espelho, se assustou com o que viu.
Ela estava com pontos no supercílio esquerdo e seu olho muito inchado e roxo quase não abria. Sua boca estava com uma ferida e muito inchada também. Suas olheiras eram enormes e escuras, tinha várias escoriações no rosto que estavam arroxeadas, seu cabelo havia sido raspado e tinha pontos em dois locais na cabeça. Ela se despiu com dificuldade, sentindo enorme dores na barriga e viu um curativo que envolvia o local. Seus braços tinham marcas roxas em vários lugares e um deles estava engessado, haviam também marcas escuras em suas pernas, peito e espalhadas em vários pontos em seu corpo.
Colocou a camiseta novamente, usou o banheiro. Ainda se sentia muito zonza, voltou para o quarto e se sentou na cama, se apoiando na cabeceira da mesma. Fechou os olhos e após um tempo ouviu a porta se abrindo. Viu Lorena entrando e fechou os olhos em sinal de alívio, pois sabia que estava segura.
- Mon Dieu! Que bom que acordou minha querida! - Lorena se aproximou e sentou na cama. Pousou a mão sobre a de Giovanna que tinha diversos dedos enfaixados, com a expressão feliz.
Giovanna tentou sorrir com um pouco de dificuldade, mas sentiu dores na face ao fazer isso, soltando um gemido.
- Giovanna, não tente fazer nenhum movimento, ainda estás muito machucada, minha querida. - Lorena falava baixo e com carinho.
Giovanna conseguiu dizer com dificuldade, pois a boca não abria muito.
- Diego!
- Diego está aqui também, quer vê-lo? - Lorena se sentiu mais calma, porque realmente Giovanna conhecia o homem. Chegando até a soltar um suspiro.
- Sim! - Ela disse com dificuldade.
Lorena levantou e pegou um telefone sobre uma escrivaninha no quarto. Conversou um pouco e voltou a se sentar na cama.
- Ele já está sendo chamado, em alguns minutos estará aqui!
Após alguns minutos ouviram batidas na porta e o mordomo abriu a mesma e deu passagem para Diego entrar. Quando Giovanna viu que ele estava bem, tentou sorrir novamente.
Ele se aproximou da cama com o olhar carinhoso disse. - Finalmente, bela adormecida! - E sorriu, tentando brincar com a amiga, mas sorrindo por ver que ela estava bem.
Lorena levantou e resolveu deixar os dois a sós. Estava muito curiosa para saber de Giovanna tudo que tinha acontecido. Mas ainda não conseguiria nada, ela mal falava.
- Vou deixar vocês a sós, qualquer coisa basta chamar.
Giovanna disse quando ouviu essas palavras. - Muito... obrigada! - As palavras saíam baixas e pausadas.
Lorena sorriu.
- Não tem que me agradecer! Recupere-se. Depois nos falamos mais, minha querida! - E saiu do quarto.
Assim que viu a porta fechada ela perguntou pausadamente.
- E a Carolina?
- Não tenho informações Pietra, desculpe! Não consegui contato com o continente. Eles não confiam ainda em mim. Estou ilhado aqui! - Diego dizia e sua expressão mudou. - Também estou muito preocupado com a Amélia, ela estava grávida de sete meses. Espero que esteja tudo bem! - Ele passou a mão nervosamente nos cabelos.
Ela levantou a mão e colocou sobre a dele, pois sabia que não teria como fazer nada por enquanto.
Ele saiu deixando-a descansar mais um pouco. Depois Lorena trouxe sopa e a alimentou com cuidado e a ajudou a tomar banho, fez curativos na cirurgia e nos pontos. Lorena não quis o auxílio de nenhuma empregada.
Após três dias Giovanna já estava mais recuperada e conseguia conversar melhor. Os cortes de dentro da boca estavam cicatrizando e os machucados desinchando. Ela pediu para chamar Diego e contou aos dois sobre a morte de todos os membros da equipe de investigação, a sua rendição e as torturas. Todos ficaram chateados, pois Roberto estava impune e não conseguiram dar o flagrante. Mais de um ano de investigações foram por água abaixo e muitos morreram. Ele permanecia na empresa e Lorena poderia ser incriminada caso o demitisse sem maiores razões, ele poderia jogar toda a culpa nela uma vez que não tinham provas contra ele e a empresa era dela.
Giovanna pediu para Lorena deixar Diego entrar em contato com a família.
Lorena então pediu para que seus homens levassem Diego ao continente, e ele fizesse a ligação lá, para não ser rastreado, caso estivessem grampeados os telefones pra onde ele ligaria.
- Alô?
- Amélia, não diga meu nome! - Diego disse rapidamente, pois sabia que a mulher reconheceria sua voz.
- Rodrigo? - Ela sabia o verdadeiro nome de Diego e disse com olhos cheios de lágrimas.
Ele começou a chorar no telefone. - Sim, sou eu! Meu amor.
Ela começou a chorar também. Após um tempo ela conseguiu dizer.
- Como você está? Onde está?
- Estou bem! Não posso dizer. Preciso que você saia da casa e me ligue de um lugar seguro! - Ele disse pausadamente enxugando as lágrimas.
- Qual número devo ligar? - Ela disse se controlando.
- Para este mesmo que está no identificador! Ligue agora, vou esperar sua ligação! - Ele disse sem poder transmitir muita intimidade, para não descobrirem.
- Tudo bem! Vou providenciar isso imediatamente! - Ela disse, entendendo que ele estava com medo de alguma coisa.
Ele sentou no banco próximo ao telefone público e impediu umas cinco pessoas de usá-lo, alegando que estava aguardando uma ligação. Recebeu olhares de raiva, mas pelo seu tamanho e força e dos três seguranças que estavam próximos, ninguém ousou discordar.
Amélia dispensou os seguranças e dirigiu sozinha, até próximo a um shopping na Barra da Tijuca. A enorme barriga a atrapalhava muito e a ansiedade era crescente. Diego precisava falar com ela e era importante para ter ligado e não querer se identificar nos seus telefones. Parou o veículo assim que achou um telefone público, mas estava quebrado. Foram três tentativas até localizar um aparelho que funcionasse. Comprou alguns cartões telefônicos e retornou para o número que ele havia ligado. Tocou duas vezes e logo foi atendida a chamada.
- Alô? - Ele disse nervosamente. Após correr para atender o telefone.
- Ai meu amor, o que aconteceu? Achei que estivesse morto! Fazem seis dias que você sumiu! Porque não entrou em contato antes? - Ela disse já começando a chorar novamente.
- Não pude ligar antes. Sei que estava sofrendo, meu amor! Mas agora preciso de você calma! Amélia preste atenção, fomos traídos! Temos um traidor em nossa equipe e na verdade nem tenho mais certeza se é apenas um! - Diego disse tentando manter a calma para não assustar Amélia.
- Quem é esse desgraçado? - Ela disse alterada.
- Vásques! Mas não sei se é somente ele! - Ele disse mais ameno.
- E o que vamos fazer Diego? - Ela já estava nervosa, mesmo ele dizendo para ela se acalmar.
- Preste atenção meu amor. Precisamos retirar as crianças da casa. Arrume discretamente malas com roupas para cada um dos meninos e para você, mas não confie nas empregadas e nas babás. Faça tudo sozinha e sem levantar suspeitas. Saia de casa sozinha e alugue outro carro e não o leve para nossa casa, deixe-o em algum estacionamento pago. Não se esqueça de pegar armas, explosivos, jóias e todo o dinheiro do cofre. Ligue amanhã neste mesmo número e na mesma hora, me dizendo se conseguiu fazer isso, pensarei em algo junto com a Pietra e lhe informaremos quais os passos seguintes! Você entendeu tudo Amélia? - Ele tentava dizer calmamente para não ter que repetir.
- Entendi sim! Vou fazer tudo como você me falou! - Ela estava com o coração disparado. Seus filhos corriam risco de vida.
- Tente não aparentar desespero e ansiedade. Eles podem perceber e te seguir. Não confie em nenhum dos seguranças. Não sabemos quais estão com Vásques ou não! - Ele estava temeroso.
- Tá bom amor, vou fazer tudo que você me disse! - Ela estava angustiada.
- Preciso ir, não posso ficar mais amor! - Ele disse voltando a ter lágrimas nos olhos.
- Diego e Pietra? - Se lembrou que Carolina também estaria sofrendo agora, achando que Giovanna estava morta.
- Ela está viva, muito machucada, mas viva. Não diga a ninguém isso! Nem mesmo a Carolina. Ela pode correr riscos se souber! E como Carolina está? - Ele perguntou querendo ter o que contar para Pietra.
- Muito mal! No dia da explosão ela saiu de nossa casa arrasada. Depois ela removeu as câmeras e as escutas do apartamento e da clínica. Deve estar péssima achando que Giovanna está morta! - Amélia conheceu pouco Carolina, mas tinha carinho por ela. Se afeiçoou a ela pelos meses de monitoramento e sabendo que ela estava fazendo bem à Giovanna, que ela adorava e Diego considerava uma irmã.
- Infelizmente para a segurança dela, não poderá saber da verdade por enquanto. - Ele disse um pouco triste. Fez uma pausa e continuou. - Eu te amo Amélia! Cuidado por favor! Cuidado com todos nossos filhos! Eu amo vocês! Preciso desligar agora!
- Eu também te amo! Vou cuidar de todos! Também te amamos! Volta pra mim, meu amor! - Ela disse chorando muito.
- Em breve estaremos juntos! Te amo! - E encerrou a chamada chorando também. Os seguranças de Lorena o levaram de volta à ilha.
Fim do capítulo
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