Capítulo 31
Capítulo 31
Diego levantou o rosto em sinal de desespero e soltou um suspiro. Mas ao fazer esse ato, ele viu as tubulações de ferro que passavam acima da cabeça deles. Retirou o colete, o capacete e tudo que poderia cair dos bolsos. Reuniu rapidamente os homens que buscaram cordas e subiu nas tubulações, com mais dois homens, que também retiraram tudo de seus bolsos. O tempo passava rapidamente. Eles tinham que deslizar com cuidado, pois as tubulações eram do sistema de refrigeração e estavam muito molhadas pela calefação. Ele se amarrou à corda e a prendeu em um tubo mais resistente. Desceu vagarosamente até conseguir encaixar os pés com cuidado ao lado do corpo de Giovanna. As placas de ferro estavam quase na volta toda dela. Deixando um espaço apenas para as pernas dela. E foi justamente ali que ele usou.
Ele ergueu o rosto dela, que abriu lentamente o olho, que não estava inchado, pedindo para ela ficar quieta. Ele não poderia desamarrar ainda os braços e o corpo de Giovanna, por que se ela caísse de lado, cairia sobre uma das placas, que estavam a menos de quinze centímetros das suas laterais. Ele cortou com cuidado a corda que prendia o corpo de Giovanna e com mais cuidado ainda, passou a sua corda no corpo dela e nas pernas, para poder suspendê-la. Assim que ela estava travada ele lentamente cortou as cordas que prendiam os pulsos e os braços que estavam suspensos. Ajudou os dois homens que estavam em cima a suspender o corpo dela, fazendo-a ficar no ar. Ela não tinha forças para manter seu corpo, assim que foi suspensa sua cabeça, pernas e braços penderam para trás, ficando com o abdômen para cima.
Os dois homens suspenderam Giovanna até ela estar sobre as tubulações. Diego escalou a tubulação com o auxilio da corda. Apoiando-se nos encaixes dos parafusos dos tubos e chegou sobre as tubulações de cima. Ele suspendeu Giovanna sobre seus ombros, fazendo ela cair com os braços e a cabeça pendurados em suas costas. Os três caminharam lentamente e quando ultrapassaram as placas, suspiraram aliviados. Desceram Giovanna que foi colocada no chão e retiraram as cordas que a envolviam.
Um dos homens que estava monitorando o relógio da bomba gritou - Temos três minutos!
Nesse momento Diego ordenou - Deixem tudo e corram para fora do navio!
- Mas e ela? - Perguntou Vásques.
- Eu vou levá-la. Saiam agora! - Gritou Diego.
Carolina e Amélia viam tudo o que acontecia no navio, pelas câmeras dos capacetes dos homens. Diego havia retirado seu capacete para subir nas tubulações e entregou à Vásques. Foi com angústia que Carolina viu Giovanna sendo resgatada e o corpo dela inerte, sendo levantado pelas cordas. O medo dela cair e acionar os explosivos era enorme. Quando viram Giovanna ser retirada do meio das bombas e todos longe do perigo ambas se abraçaram novamente, e novamente ficaram paralisadas ao ouvirem o que os homens diziam e as ordens que foram dadas por Diego, para evacuarem o navio.
Os homens começaram a correr. Diego levantou Giovanna e a colocou nos ombros e começou a sair. Todos mantiveram uma distância grande dele, que ficou para trás. Por estar com Giovanna, ele tinha que ter mais cautela ao correr e o peso era muito, para ter o mesmo ritmo dos homens.
Ele conseguiu com dificuldade subir a escada de marinheiro da escotilha, chegando ao alojamento do terceiro nível, percebeu que todos já tomavam uma grande distância dele e de Giovanna, olhou para a porta e analisou que teria que subir mais dois níveis pelas escadas e correr pelo convés até a prancha de saída e não teria tempo suficiente. Olhou para a escotilha de vidro da janela do outro lado. Abriu-a e viu que era alto o nível que estava até a água, mas ainda assim teria que arriscar.
Retirou seu cinto e passou no tórax de Giovanna por baixo dos braços. Quando estava terminando de prender, sentiu ela levantando o rosto, abrindo o olho que estava bom e dizendo com dificuldade e um fio de voz. - Vás....ques! - Ela olhou nos olhos de Diego e completou - Tra... idor!
Ele olhou para ela e entendeu imediatamente. A ergueu e passou as pernas dela pela escotilha, depois o tronco, os braços e a cabeça. Ele segurava o cinto e mantinha todo o corpo dela pendurado para fora do navio. Sentia muita dor na mão direita que segurava o cinto, mas ainda assim resistiu o máximo que pode, sustentando o peso de Giovanna. Passou os braços para fora e a cabeça, mas sentiu dificuldade para passar os ombros e as costas que ficaram apertadas na escotilha. Ele ficou preso, começou a mexer o corpo, os segundos passavam rapidamente e ele em desespero não conseguia se soltar.
Quase todos os homens que já haviam evacuado o navio estavam no cais. Só Diego, Giovanna e mais dois ainda não tinham saído. Eles corriam ainda se afastando do navio, nesse momento a explosão ocorreu, fazendo com que vários homens que estavam no cais fossem arremessados longe.
No centro de comando, elas viam os homens correndo e as câmeras sem foco pela velocidade que passavam as imagens. Não sabiam o que acontecia. Só ouviam homens gritando ao mesmo tempo e suas respirações alteradas pela corrida, quando, após alguns segundos ouviram uma explosão e viram chamas nas telas, vindo das câmeras de alguns homens que estavam no cais e corriam ainda.
Durante alguns minutos tudo que viam era apenas fogo e fumaça, na escuridão. Ouviram então a constatação do que elas temiam.
Respirando com dificuldade, Vásques conseguiu falar e sua voz invadiu a sala de comando. - Centro de comando. Sinto informar que perdemos três homens e o alvo! Câmbio.
Amélia pegou apressadamente o seu rádio e disse alterada. - Repita a informação! Câmbio.
- Perdemos três homens e o alvo! Câmbio. - Vásques repetiu.
- Quero nomes Vásques! Nomes! - Amélia estava em desespero.
Vásques falou pausadamente. - Lima, Souza, Diego e Giovanna.
Amélia sentou na cadeira em prantos e disse em meio ao choro. - Vasculhem rapidamente o que puderem. - Fez uma pausa e respirou profundamente - Daqui a pouco as autoridades chegarão e vocês serão presos se continuarem aí. Levem os homens para a Marina da Glória, peguem lanchas e vasculhem o mar próximo à área.
Carolina assim que ouviu o nome de Giovanna sendo confirmado, colocou seus braços em volta do próprio corpo e caiu de joelhos chorando copiosamente. Um choro alto, desesperado, de dor profunda. Às vezes perdia o ar e mantinha a boca aberta um tempo com os olhos fechados. Então o soluço a fazia puxar o ar fortemente e com sofreguidão e chorar mais e mais; seu corpo tremia. Sentia que seu peito iria estourar de dor.
Amélia também estava inconsolável, chorava e soluçava muito. Os outros três homens que estavam no local ajudaram-nas a subir para a residência, assumiram as operações e passariam informações imediatas caso tivessem. Quando entraram na residência, Amélia e Carolina sentaram no sofá e se abraçaram por longos minutos.
Aos poucos os choros foram reduzindo, mas não cessaram. Amélia pediu a empregada para pegar água e entregou um calmante para Carolina, pois ela não poderia tomar, estava grávida.
Depois de uma hora se acalmaram um pouco, desceram novamente e ficaram a noite toda acompanhando as buscas nas águas. As horas foram passando e o desespero das duas era visível. Amélia já gritava ordens e Carolina chorava constantemente, não conseguia parar.
Quando o dia começou a nascer, os homens precisaram se retirar, senão seriam avistados e as buscas foram encerradas. Sem localizar nenhum corpo e nenhuma pista que levasse a crer que qualquer um dos quatro teria escapado de dentro do navio.
Carolina foi levada para seu apartamento , logo que entrou em casa pegou o telefone e ligou para Virginia.
Amélia reuniu as equipes e ordenou a invasão à mansão de Roberto, tão logo eles pisassem em terra.
Foram vários minutos de tiroteio com os seguranças da casa até que conseguiram invadir, mas ele havia fugido.
Fim do capítulo
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