Capítulo 19
Capítulo 19
Todos seguiram juntos. Já no Rio, alguns foram se dissipando, quando tinham que pegar o caminho de suas casas, mas não antes de fazerem uma bagunça com as buzinas e os braços para fora do carro. O último carro a se afastar foi o de Virginia que morava em Botafogo com Marta.
Giovanna estacionou o carro na vaga de Carol no prédio, subiu carregando as roupas de cama e a sua mochila e Carol ajudou carregando alguns objetos e a sua mochila.
Assim que arrumaram tudo, Giovanna abraçou Carolina por trás beijando seu ombro.
- Anjo, vou indo!
Carolina virou espantada.
- Vai? Porque amor? Achei que você ia dormir aqui!
- Preciso ir, aqui não tenho roupas e tenho que trabalhar amanhã. E preciso pegar minha pasta e alguns papéis para levar na empresa, inclusive o atestado desses dias que fiquei afastada! - Giovanna disse, puxando a cintura de Carol para ela se aconchegar mais ao seu corpo.
- Tá bom! Vou sentir sua falta! - Carol pousou as mãos no peito de Giovanna e começou a beijá-la delicadamente.
- Nossa! Essa minha namorada está um grude, hein? - Giovanna disse rindo e viu Carolina ficar com a expressão meio chateada. Resolveu corrigir a frase. - Mas olha, eu prefiro assim que muito distante!
Carolina sorriu. Colocou os braços em volta de seus ombros e a puxou para mais beijos quentes que quase se estenderam para outras ações, se não fosse a enorme força de vontade de Giovanna.
Elas se despediram e Giovanna pegou sua moto. Acelerou a moto o mais que poderia, estava atrasada, tinha marcado de estar no alto do prédio às vinte e duas horas e faltavam somente quinze minutos. Atravessou os túneis que ligavam Ipanema à São Conrado e estacionou a moto em frente ao prédio onde no passado funcionou o Hotel Nacional. Uma construção belíssima redonda, que fora palco de shows e espetáculos durante décadas, mas hoje estava abandonado.
Giovanna entregou uma quantia de dinheiro ao vigia noturno que já era seu conhecido, pelas outras vezes que precisou usar o local. Ele acionou o gerador que ficava desligado e ela entrou no elevador, meio temerosa, pois sabia que ele era muito antigo e sem manutenções à quase duas décadas. Quando chegou ao trigésimo quarto andar acendeu uma lanterna que retirou da bolsa e subiu para o terraço da cobertura por uma escada de ferro.
Observou o local e após alguns segundos viu o helicóptero se aproximando. Ela acendeu e apagou a lanterna algumas vezes em direção ao helicóptero, que respondeu com o mesmo gesto com as suas luzes. Ela ficou em um local seguro para que o helicóptero pudesse pousar com segurança na laje superior. Caminhou abaixada, pois o aparelho ainda estava ligado e a porta lateral foi aberta. Acomodou-se no banco, fechou a porta e prendeu o cinto, cumprimentando o piloto e os outros dois homens que estavam dentro da aeronave.
Eles decolaram e após trinta minutos pousaram em uma ilha particular em Angra dos Reis, litoral sul do estado do Rio de Janeiro. Ela desceu e foi recebida por dois guarda-costas que a revistaram e inspecionaram sua mochila. Assim que foi liberada a conduziram até uma sala gigantesca dentro da mansão.
Após alguns segundos ouviu o mordomo pedindo para o acompanhar até a biblioteca, pois estava sendo aguardada.
Ela entrou e avistou as duas mulheres calmas, sentadas nas poltronas no canto da sala. Aproximou-se e as cumprimentou.
- Giovanna Masteranni! Que prazer em revê-la! Vejo que a cada dia está mais bela, minha querida. - Disse a ruiva magnífica de olhos verdes e lábios finos, com o sotaque francês carregado. Levantou de sua poltrona e estendeu a mão para Giovanna.
- Lorena Antoinette! Digo o mesmo, está belíssima! - Giovanna beijou o dorso da mão da mulher. Que sorriu com o gesto.
- Sempre elegante! Sente-se, por favor! - Indicou o lugar.
- Boa noite Giovanna! - Cumprimentou uma mulata de cabelos negros longos e ondulados, olhos negros, com o corpo esbelto e que usava óculos retangulares. Uma bela mulata.
- Boa noite Denise! Fico feliz que esteja bem! - Giovanna beijou duas vezes em sua face.
Todas sentaram e o mordomo trouxe taças com vinho. Giovanna recusou, causando estranheza à sua anfitriã.
- Sei que aprecias um bom vinho, este é uma safra única das montanhas de Toulouse. - Disse a senhora, um pouco decepcionada pela recusa.
- Desculpe minha querida, mas acho que temos que esclarecer alguns fatos começando por este. Lorena, estou sendo envenenada e tive uma parada cardíaca na terça-feira passada em decorrência disso. - Giovanna disse diretamente.
- O que? Quem está fazendo isso? Como pode ser? - A mulher se assustou com a frase.
- Bom, temos provas que levam a crer que desconfiam das investigações e estão querendo nos silenciar! - Giovanna olhava para as duas e via a expressão de medo no olhar de Denise.
- Explique como estão te envenenando Giovanna? - Pediu Denise quase em desespero.
- Eu tenho um problema cardíaco, e algumas pessoas na empresa sabem disso e estão de alguma forma me dando drogas, que levam a acelerar essa doença. Fazendo assim que eu morra de um problema do coração e ninguém desconfie. - Giovanna olhava diretamente nos olhos delas, para passar segurança naquilo que falava.
- Você terá que se afastar então. Vamos parar as investigações, até que seja mais seguro. - Concluiu Lorena.
- De forma alguma! Estamos muito perto de conseguir as provas finais e desconfiamos de um carregamento chegando nos próximos meses. Será a ocasião perfeita para revelar tudo e darmos o flagrante neles. - Ela disse seriamente.
- Mas como vai continuar se estão te envenenando? Poderá morrer antes que chegue a data deste carregamento! - Questionou Denise.
- Eu desconfio de quem esteja fazendo isso. É uma pessoa próxima a mim. Vou saber evitar o que ela está fazendo. - Giovanna estava decidida.
- E quem é essa pessoa? Quero fora da minha empresa imediatamente! - Lorena levantou e foi imperativa.
- Não Lorena, se a retirarmos da noite para o dia eles saberão que foi descoberta e fugirão! Ela precisa continuar achando que não sabemos de nada para que tenhamos mais provas! Vamos ser racionais agora minha querida. - Giovanna levantou e induziu Lorena a se sentar.
- Sempre confiei em você e vou aceitar sua recomendação. Nunca me decepcionou! - Lorena mantinha a expressão séria e dura.
- Obrigada! Espero continuar tendo a sua confiança! - Giovanna sorriu amigavelmente e continuou. - Mas temos mais um assunto e mais importante que este; informações que Denise conseguiu infiltrada. Diga por favor, Denise.
- Bem, vocês sabem que estou infiltrada há um ano. E agora eles já não desconfiam mais e não se escondem mais. Na segunda-feira passada consegui ter acesso a três notas fiscais. Chequei os dados e são notas frias. Depois, através das escutas descobrimos que o que a Giovanna disse é verdade. Um grande lote estará chegando, camuflado entre as caixas de medicações em no máximo oito meses.
- E com isso e as escutas já não temos provas suficientes para denunciá-los à polícia federal? - Lorena estava se irritando com tanta demora. - E deixaremos a polícia fazer o flagrante.
- Lorena compreenda, eles têm informantes na polícia. Já lhe disse isso quando propus a equipe de investigação. Não temos como confiar neles. - Giovanna detestava a impaciência de Lorena.
- Mon Dieu! Será que isso nunca vai acabar? Não aguento mais esperar. Por mim, teria mandado embora todos eles da minha empresa, no dia que soube. - A ruiva suspirava cansada.
- E eles fugiriam impunes e ainda você seria incriminada, uma vez que é através da sua empresa que todos estes atos escusos estão acontecendo. Sabe que estamos falando de profissionais organizados, não de marginais de rua. - Giovanna a fez tomar consciência da dimensão dos fatos.
- Bom, então o que vamos fazer? - Disse Lorena.
- Vamos continuar com as investigações. Fingindo que não sabemos de nada e colhendo o maior número de provas possíveis para incriminá-los de uma vez por todas. - Giovanna concluiu, exausta.
- Certo! Então você continua no comando. - Lorena apontou para Giovanna. - E você, tome mais cuidado estando junto a eles. - Apontou para Denise. Que estava com a expressão de medo.
- Tomaremos cuidado e quero que tente ficar calma Lorena. Temos que pegá-los e não afugentá-los. - Giovanna levantou. - Preciso ir! Está tarde!
- Achei que dormiria aqui! - Lorena disse com a expressão sensual, desejando que Giovanna aceitasse um dia ficar.
Giovanna compreendeu os olhares dela, porém não queria magoar a mulher e nem mesmo se envolver com ela.
- Desculpe lhe decepcionar minha querida, mas preciso mesmo ir. Tenho que estar cedo na empresa e estou exausta.
- Eu também preciso ir Lorena. Vou com a Giovanna. - Concluiu Denise, deixando a mulher um pouco enciumada.
- Tudo bem, mas, por favor, venham passar um final de semana comigo aqui! Adoraria recebê-las decentemente. - Lorena era gentil nas palavras, mas olhava apenas para Giovanna. Fazendo com que Denise compreendesse e se calasse.
- Obrigada! Assim que passar tudo isso teremos tempo para aproveitarmos todas juntas esse paraíso onde você tem o privilégio de morar! - Giovanna foi caminhando até a porta, sendo seguida pelas mulheres. Abriu a porta para que todas saíssem da biblioteca. As duas passaram, ela saiu e caminharam até a sala. Despediu-se de Lorena com um beijo no rosto e começou a se afastar.
Mas a ruiva a puxou para mais perto e disse sussurrando em seu ouvido.
- Adoraria que ficasse aqui comigo!
Giovanna respondeu ainda sussurrando.
- Um dia minha querida, lhe prometo vir um dia para passar um tempo com você! - Sabia que Lorena a adorava a não queria decepcionar aquela mulher linda.
Denise se despediu formalmente de Lorena e seguiu com Giovanna para o helicóptero que as aguardava. Voaram para o Rio de Janeiro. Denise pegou um táxi e Giovanna sua moto.
Chegou a seu apartamento, tomou um banho, leu seus e-mails com novas informações. Imprimiu, depois salvou no pen drive e no micro chip, guardou tudo nos lugares escondidos e deitou. Sabia que teria daqui para frente que estar atenta a tudo dentro da empresa.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]