CapÃtulo 16
Capítulo 16
- Puxa pessoal, eu como uma quase psicóloga, acho muito interessante ouvir as histórias das pessoas que se assumiram como homossexuais, mas o que sempre me deixa triste é saber como sofremos por sermos nós mesmos. Em pleno século vinte e um as pessoas ainda têm a mente pequena e enxergam a homossexu*l*idade como algo nojento, como falta de vergonha na cara de quem é assim; uma doença ou como muitos homens ignorantes dizem: - as mulheres só são lésbicas, por que não acharam um homem que faça sex* bom com elas. Acho que isso é a coisa mais idiota que existe, porque ninguém é homossexu*l* por um momento apenas. A prova disso é o número cada vez maior de mulheres e homens que já tiveram experiências com o sex* oposto e estão com pessoas do mesmo sex* hoje.
Todos ouviram o comentário de Simone e apenas balançaram a cabeça, sabendo que não era só com aquele grupo que aconteceram coisas ruins, mas com milhões de homossexuais em todo o mundo.
- Verdade, mas aos poucos estamos conseguindo ter um espaço na sociedade que até meio século atrás era quase impossível. - Foi a vez de Gláucia que como historiadora conhecia muito bem as histórias de perseguições e preconceitos que durante milênios os homossexuais sofreram e que a história da humanidade relata.
- É Glau, mas ainda somos muito marginalizados! - Disse Leandro.
- Mas Lê, não são só os homossexuais que ainda são marginalizados. Os negros, por exemplo, durante séculos sofreram fisicamente e psicologicamente, e ainda hoje sofrem com piadas, perseguições, exclusão. Sei muito bem do que estou falando, sou homossexu*l* e negra. Sofri pelos dois motivos! - Gláucia disse indignada. - O mundo ainda precisa mudar muito e a cada dia mais o preconceito fica visível, como mostra a mídia!
- Eu concordo Glau e se os homossexuais, negros, índios, e outros grupos, se calarem e aceitarem a imposição do preconceito, aquele que começa dentro da sua própria casa e não lutarem para mostrar que a pele e o sex* que fazemos, não muda o nosso caráter e como somos como ser humano, cada dia mais voltaremos a ser agredidos e perseguidos. - Respondeu Rômulo - E outra, nós sempre temos que provar que somos melhores que os outros, porque, se somos iguais aos outros, não temos espaço no mercado de trabalho ou entre nossos familiares, por exemplo.
- Verdade! Já ouvi tanta barbaridade. Outro dia estava esperando um ônibus e ouvi uma frase que me deixou indignada. Acho que a mulher me falou achando que por eu ser branca partilharia da mesma opinião preconceituosa dela. Um homem negro passou dirigindo um carro novo e importado e a mulher falou: - Esse aí deve ter assaltado alguma loja para estar dirigindo um carro assim! - Eu juro que não acreditei! Virei para ela e disse: - Isso é inveja, por que ele teve a capacidade de conseguir e você não? - E ela disse: - Se deixarmos, os negros tiram tudo que deveria ser nosso! - Eu fiquei mais indignada ainda. Como assim nosso? Desde quando temos direito de ter algo só por que nascemos com a pele clara e os negros não? Respondi irritada: - Olha moça, acho que você precisa estudar e trabalhar mais, aí o que é SEU, virá para você e para de olhar as conquistas dos outros! - Virei e fui para o outro ponto. Não queria mais ouvir a voz dela. - Bianca disse revoltada com o que lembrava.
- Aff... que idiota! - Disse Leandro.
- É mesmo! - Respondeu Jaqueline. - Não tem capacidade de conquistar as coisas e fala isso de quem tem!
- Gente! Mudando de assunto, tem uma coisa que eu estava pensando agora! - Disse Virgínia.
- Xiii... é merd*, pode crer!!! - Disse Gláucia.
- Pow! Tu me ama, né viadinho? Me mira e me erra! - Retrucou Virgínia.
- Amo mesmo! Mas não espalha para as nossas mulheres! - Disse Gláucia e passou a língua nos lábios e deu uma piscadinha para Virgínia. - Mas você vai ter que ser a passiva!
- Nem a pau! To fora! - Disse Virgínia. - Se quiser, você é que vai ter que rebol*r!
Todos riram da brincadeira delas.
- Diz aí a besteira logo Virgínia! - Disse Carolina.
- Ei, mais respeito viu! Nossa estou com uma fama horrível aqui! - Disse Virgínia fazendo beiço e cruzando os braços, fingindo estar magoada.
- Ai amor, também você só fala besteira, por isso ninguém te leva a sério, né? - Marta beijava o beicinho de Virgínia e mordia suas bochechas.
- Ih para de frescura viadinho e fala logo! - Gláucia ordenou.
- Aff... nem se pode fazer um pouco de charme para a minha mulher. Que saco, hein? Ta com inveja é? - Disse Virgínia brava.
- Ah, de boa. Não fala mais nada não, que já cansou esse papo. Ninguém mais quer saber! E tenho certeza que nem vale a pena mesmo! - Retrucou Gláucia rindo, sabendo como provocar a amiga, para ela dizer as coisas.
- Agora é que eu vou falar mesmo! Meninas vocês já pararam para pensar que tem uma pessoa aqui entre nós, que já viu quase todas as pererecas que estão nessa sala, e por ironia do destino, nem gosta disso? - Disse Virgínia rindo.
- Como assim? - Disse Leandro.
- Simples. A Jéssica é a ginecologista de quase todas nós aqui. Só da Giovanna que ainda não é. E ela nem curte perereca.
- Ai Deus! Não disse que era merd*? - Disse Gláucia tampando o rosto com as mãos e balançando negativamente a cabeça.
- Ai gente ainda bem, né? Já pensou se eu fosse lésbica? Fico vendo o dia todo pererecas, como diz a Vi, cada perereca que nem conto. Umas pequenas, umas grandes, umas toda estragada. Aí chegaria em casa com mais uma me esperando. Ai! Eu não iria nem ter vontade de usar. Imaginem um pizzaiolo, que faz centenas de pizzas. O cara nem sente mais vontade de comer pizza, de tanta que vê! - Disse Jéssica indignada.
Todos gargalharam da dedução dela.
- Ai Jé, nada a ver, eu também sou gineco e adoro a da Gio. - Disse Carol com cara de safada e vermelha.
Giovanna balançou a cabeça negativamente e escondeu o rosto atrás dos cabelos de Carol.
- Ai amiga é diferente, você hoje é mais obstetra, nem atende mais como ginecologista. Só quando eu estou de férias.
- Pior ainda, vejo as pererecas no pior momento delas! Todas abertas! - Carolina riu e foi acompanhada por todos os presentes.
- Bom gente, então para não fazer desfeita a minha nova amiga, eu prometo ser sua mais nova paciente. Marcarei uma consulta essa semana mesmo! - Disse Giovanna rindo.
- Ah amor, você vai com ela? Puxa! Achei que eu teria essa honra. - Disse Carolina.
- Ah não! Se eu tirar a roupa e você ficar vendo no meio das minhas pernas, tenho certeza que não vai ter consulta nenhuma!
- Aff!!! Parem com essa pornografia explícita aqui! - Disse Virgínia.
- Ué! Você que começou amiga, agora aguenta! - Retrucou Carol.
- Não pensei que minha amiga iria se tornar uma lésbica, tão lésbica assim, em tão pouco tempo! - Disse Virgínia, com expressão de indignação.
Todos riram e conversaram por mais um tempo.
Foram dormir por volta da uma da manhã, queriam descansar para acordarem mais cedo, já que na segunda seria feriado e eles teriam o dia todo, mas retornariam para o Rio a noite, porque todos tinham suas obrigações na terça-feira.
Virgínia e Marta foram dormir em seu quarto. Jéssica e Bernardo com os filhos. Carol e Giovanna no outro quarto com Rômulo e Leandro, Gláucia e Jaqueline com Bianca e Simone, na sala.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]