Capítulo 14
Capítulo 14
Carol e Giovanna voltaram a conversar com Jéssica, Leandro e Rômulo e a brincar com as crianças. Marta e Virgínia se aproximaram e sentaram com eles. Natália também ficou perto, mas se sentia deslocada e em cada vez que dizia algo que não tinha nada a ver com o assunto, Giovanna e Virgínia a corrigiam se sobressaíam e riam. Assim depois de um tempo ela acabou se afastando vendo que Carolina não saía de perto de Giovanna e não lhe dava sua atenção.
Todos comeram churrasco, beberam cerveja e refrigerantes. Após uma hora chegaram mais quatro mulheres. E Virgínia vendo o carro se aproximar puxou Marta e correu arrastando a mulher para se encontrar com as amigas Gláucia, Jaqueline, Bianca e Simone. Eram as melhores amigas de Virgínia e Marta. Elas fizeram uma bagunça. Virgínia trouxe as amigas e apresentou aos convidados e as quatro ficaram perto do grupo de Carolina e Giovanna que estava na varanda.
Gláucia era casada com Jaqueline e Bianca namorava Simone. Os dois casais eram muito bonitos. Gláucia era uma negra muito bonita, com rosto forte, mas traços belos, dentes claros e cabelos curtos e com a voz atraente. Jaqueline era uma mulata maravilhosa, estilo passista de escola de samba, com o corpo bem torneado e cabelos longos e ondulados. Bianca era ruiva e com sardas, cabelos na altura dos ombros e muito bonita e Simone tinha cabelos muito negros, lisos e longos, a pele morena clara e com o rosto angelical. Eram dois casais lindos e muito apaixonados.
Carolina já havia encontrado com elas algumas vezes quando foi na casa de Marta e Virgínia ao longo desses meses e todas eram clientes de sua clínica e se consultavam com Jéssica.
Giovanna sentiu muita simpatia pelas novas conhecidas e o papo transcorreu animadamente.
Cantaram parabéns para Marta, cortaram o bolo e a festa transcorreu até o meio da noite, quando as outras convidadas da turma do "Oba-Oba" como dizia Marta, as amigas solteiras e bagunceiras dela e da Virgínia, que não haviam sido convidadas, para passarem a noite no sítio começaram a ir embora; inclusive Natália, que também aproveitou a deixa e se retirou, já que Carolina não saía de perto de Giovanna e não lhe deu nenhuma oportunidade de ataque.
Virgínia então propôs um mutirão para arrumar a bagunça que todos fizeram, sendo prontamente aceito por todos. Então como dizia Virgínia, os "Caras" ficaram com o quintal e as "Lady's" com o interior da casa. Ficaram então com a arrumação da parte externa, Virgínia, Bernardo, Rômulo, Giovanna, Gláucia e Bianca. E com a parte interna, Marta, Jéssica, Leandro, Carol, Jaqueline, Simone e as crianças "ajudando". No lado externo eles recolheram toda a bagunça e lixos, limparam toda a churrasqueira, piscina, varanda, quadra e gramado. Recolheram todas as latas de cerveja, garrafas de bebidas, copos e vidros quebrados e lavaram tudo, tinham medo das crianças se machucarem. Dentro da casa as "meninas" limparam a cozinha, sala, os quartos, os banheiros, arrumaram as camas e os colchões no chão, com os lençóis da casa e os que tinham trazido, deram banho nas crianças e também tomaram os seus banhos. Depois os "meninos" entraram e também tomaram seus banhos.
Virgínia, Gláucia e Rômulo acenderam novamente a churrasqueira e colocaram mais algumas carnes para assar. Bianca, Simone e Giovanna fizeram arroz e salada. Todos jantaram e os que não tinham feito o jantar limparam a bagunça e apagaram a churrasqueira.
Jéssica e Marta colocaram as crianças para dormir e todos os casais ficaram na sala sentados nos sofás, nas almofadas sobre os colchões que estavam no chão e abraçados com seus respectivos pares, tomando vinho e conversando; suco, no caso de Giovanna e Simone que não bebiam. Até que Virgínia, como sempre ela, resolveu apimentar a conversa.
- Pessoal, que tal se fizéssemos um jogo da verdade?
- Xi!!! Isso vai dar merd*! - Disse Gláucia que conhecia muito bem as brincadeiras da sua melhor amiga de anos.
- Ah para de ser viadinho! - Retrucou Virgínia.
- Ei! Pode parar de falar assim! - Disse Leandro revoltadinho com a frase.
- Aí, viu? Já começou a causar discussão! - Voltou a retrucar Gláucia.
- Ah gente, vamos vai! Juro que vou pegar leve com os bebezinhos aqui! - Disse Virgínia com expressão divertida.
- Tá bom! Vai logo sua pentelha! Começa! - Falou Gláucia fazendo careta.
- Aêêê... agora sim!!! Gente, então lá vai a primeira pergunta! Como temos casais homossexuais femininos, masculinos e um hétero, vou tentar generalizar. Quero saber, quem aqui já teve relação com pessoas do sex* oposto? Sei a resposta de quase todos.
Todos levantaram a mão, menos Giovanna e Leandro. Todos olharam com espanto para Giovanna e Leandro. E ele se defendeu.
- Gente, que foi? Sempre fui uma menina comportada e sabia que não gostava de bacalhau! - Fez uma expressão afetada com a mão inclinada para o peito.
Todos riram da frase.
- Mona, você até pode não gostar de bacalhau, mas daí a ser uma menina comportada, isso está longe de ser! - Disse Virgínia imitando a forma afetada do amigo, balançando a mão e gesticulando.
- E você Gio? - Foi a vez de Marta perguntar.
- Desde pequena nunca senti vontade de sair com homens. Sempre tive certeza do que queria. Nunca precisei provar para saber que não era disso que eu gostava.
- Noooosssaaaa!!! Que moça convicta, hein??? - Virgínia fazia expressão de sarro para Giovanna.
- Sou mesmo! Sempre sei o que quero!
- Hummm... adorei isso amor! - Foi a vez de Carolina entrar na brincadeira, virar e beijar Giovanna que a abraçava.
- Ta bom! Chega, chega! Se controlem ou vou jogar água fria, para desgrudar vocês! - Disse Virgínia, provocando as amigas e recebendo olhares bravos de Carolina e Giovanna.
- Vamos continuar? Minha vez de perguntar! - Disse Marta. - Quem aqui teve experiências sexuais com mais de uma pessoa ao mesmo tempo?
Dessa vez apenas Bernardo, Jaqueline, Rômulo e Giovanna levantaram as mãos. Os seus respectivos pares olharam indignados para eles.
- Jaqueline, você fez suruba? - Gláucia disse indignada.
- Ah amor, foi há muito tempo, tive um namorado que era meio tarado com isso. Então ele conseguiu convencer uma amiga e nós fizemos. Mas ele dançou, porque me despertou o lado lésbico, adorei experimentar uma mulher. Depois, o deixei e comecei a namorar essa amiga.
Todos riram da ironia do rapaz ter provocado a mudança de gosto da própria namorada.
- E você Bernardo, posso saber que história é essa que você nunca me contou? - Disse Jéssica com cara de brava e se soltando do abraço do marido.
- Ah amor, calma! Eu era adolescente. Eu e um amigo saímos e conhecemos duas amigas, aí fomos os quatro para a casa dele por que os pais dele estavam viajando, e nós dois trans*mos com as duas garotas juntos.
- Olha que safado! - Jéssica tentava se soltar dos braços do marido, que ria e a segurava, dando beijos em suas costas.
- E você Giovanna? - Disse Carol com ar de ciúmes.
- Eu? - Giovanna ria e brincava, tentando desconversar.
- É! Você levantou a mão. Então você já transou com mais de uma pessoa ao mesmo tempo!
Giovanna riu do ar de ciúmes de Carol.
- Já transei sim! Foi durante a faculdade, eu morava em Florianópolis. E saí algumas vezes com três amigas. Íamos para a casa de uma delas e ficávamos as quatro.
- Mas bah guria, com mais três? Olha que a coisa ferve lá no sul também, tchê! E como era ter mais três mulheres na cama, fale para nós reles mortais? - Perguntou Virgínia imitando o sotaque sulista e com cara de safada e muito curiosa.
Todos riram da brincadeira de Virgínia, menos Carol que estava visivelmente brava.
- Ah Virgínia, sem detalhes. Ninguém aqui deu detalhes. E não quero brigar com a minha namorada. - Giovanna abraçou Carol que estava com expressão brava e desviava dos beijos que ela tentava dar.
- Ih, to vendo que já está com medo da ferinha aí! - Disse Virgínia se divertindo da cara de brava de Carolina.
- Acho bom ter medo mesmo! E vamos mudar essa conversa! - Disse Carol brava.
- Ah, mas não vamos mesmo! Quero saber do senhor, seu Rômulo. Pode me contar agora esse babado que eu não sabia. E acho bom dizer a verdade, viu? - Disse Leandro bravo e dando tapinhas nos ombros do namorado.
- Para gatinho! Não foi nada demais. Eu era moleque e tinha mais dois garotos na rua. Aí íamos para o apartamento de um deles e ficávamos vendo filmes pornôs e tocando uma. Por que tinha um que morava só com o pai e ele tinha vários filmes legais. Aí uma vez a coisa esquentou, o dono do apartamento fez boquete para mim e para o outro e nós dois acabamos comendo ele. Depois sempre íamos para o apartamento dele e ficamos os três lá na putaria. Eu e um deles, depois de anos nos assumimos gay e o outro, que era o dono do apartamento, nem olha na nossa cara. É casado, virou religioso e é todo preconceituoso!
Todos gargalharam da história.
- E foi assim que você perdeu o cabaço? - Disse Virgínia enxugando as lágrimas que escorriam de tanto rir.
Rômulo fez uma careta safada.
- Eu não perdi nesse dia, não... porque os outros dois que perderam para mim! Ah e o religioso, levou dos dois várias vezes, não só nesse dia, mas sempre era o que mais dava e adorava!
Aí que todos caíram na gargalhada mesmo imaginando o cara hoje todo certinho e uma verdadeira florzinha no passado.
- Gente, mas isso acontece mesmo! Eu recebo lá no consultório da faculdade onde faço estágio várias pessoas que são preconceituosas e indignadas com gays e mulheres mais promíscuas, mas que depois de um tempo, acabam confessando que já foram assim, ou tinham vontade de ser e são reprimidos pela família, pela sociedade, pela religião e com medo de se assumirem e viverem suas experiências. - Disse Simone que estava se formando em Psicologia.
- Ah! Mas isso é fato! Pode ver esses caras que agridem outros gays e travestis nas ruas. Com certeza são gays enrustidos. - Disse Gláucia, indignada.
- Eu também acho! Eu sou heterossexual, mas tenho um primo que é gay. Nunca tive preconceito com ele, mas meu irmão nem olha na cara do meu primo e se ele entra por uma porta, meu irmão sai pela outra, mas quando éramos crianças eu sempre via meu irmão com brincadeiras de contato com os amigos dele. E era meio afeminado. Aí meu pai batia nele, para ele ser mais másculo. Acho que no fundo ele é gay e não tem coragem de se assumir. - Disse Bernardo.
Fim do capítulo
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