Pietra

Segui viagem logo cedo, de helicóptero para Juazeiro. Sai da fazenda como Pietro e voltaria como eu mesma! Enfim me apresentaria a minha esposa como Pietra Di Santis. Estava ansiosa para retornar para casa.

Olhei o céu azul e meu pensamento voltou a fazenda, para uma pessoa em especial: Bianca Montanari. Encostei o lado de minha testa no vidro e fechei os olhos pensativa...

 

- Como vai ser quando eu, Pietra, estiver frente a frente com a Italianinha? Será que vou conseguir conquistá-la? Torná-la minha mulher de fato? Quando ela souber toda a verdade... vai me rejeitar ou odiar?  

 

Senti um frio no estomago, só de imaginar a reação negativa de Bianca em relação a mim.

- Deveria ter pensado nisso antes de continuar mentindo para ela. – Resmunguei comigo mesma.

O toque do meu celular me fez voltar à realidade. Olhei no visor: Andréia.

- Diz carrapato! – cumprimento minha amiga.

- Carrapato é seu pai! – respondeu de chofre.

 - Bom, nesse ponto tenho que concordar contigo! está ligando por quê?  já está com saudade da minha pessoa, é?– Provoquei divertida.

- Meu bem, só faz quatro minutos que saiu daqui. Esqueci de perguntar se vai ficar na casa de sua família ou no hotel até amanhã de manhã quando volta. – Questionou curiosa.

 

- Nem em casa e nem no hotel. Vou ficar com a minha avó! Desde que Bianca veio pra cá que não vou visitá-la! Já estou quase chegando, depois a gente conversa melhor. Ah, vou passar num salão amanhã e dar um trato em mim, da cabeça aos pés! Quero impressionar minha esposa- rindo me despedi de Deia – Beijos!

 

- Vai lá, e volta mais gostosa pra pirar o cabeção de sua mulherzinha – sacaneou ela antes de desligar o celular - Se cuida!

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Saí do carro e corri ao encontro de minha vó que esperava sorridente na porta do casarão da chácara.

- Vozinha! – a abracei apertado – Que saudades.

- Oi minha netinha preferida! – brincou ela – és minha preferida!

- Claro que sou – a cutuquei no nariz entrando na brincadeira – Sou única, os outros são machos.

Abraçadas entramos conversando de tudo; após o almoço fui visitar o pomar e fizemos um piquenique.

Deitei no colo da minha vó  e fiquei curtindo o cafuné.

- Filha sua mãe está bem? – ela perguntou preocupada – Recuperou-se mesmo?

- Sim vovó, ela tá bem e o Pietro também melhorou, você sabe que será bisa, né? – informei carinhosa.

- Sei sim, deu palmadinhas em minhas mãos – rindo de minha troca de assunto – Fiquei feliz com a notícia, ficarei vibrando quando o seu também nascer...

- Nossa vó – falei pensando no bebê da Bianca – vai demorar um pouco...

- Qual nada! – bufou – Vocês jovens saem dando como chuchu na serra, daqui a pouco você embucha!

Ri do seu rompante e inadvertidamente coloquei a mão esquerda tapando-lhe a boca simulando impedir que saísse mais besteiras, neste momento tive minha mão segura na frente dos olhos.

-   Mas o que é isso? – indagou boquiaberta.

- Isso o quê? – tentei ganhar tempo enquanto febrilmente imagina uma desculpa plausível.

- Não me faça de boba dona Pietra! – ergueu minha mão tocando na aliança brilhante – Desde quando se casou e eu não fui informada ou convidada?

- Ai vozinha – protelei a resposta – é complicado!

Ela levantou-se pondo as mãos na cintura!

- Pois descomplique me explicando tudo – ralhou severa – E quero saber por que não me comunicou isso!!!

Suspirei encurralada.

- Sente-se dona Maria – falei colocando-a ao meu lado – Abra sua mente porque o que vou te dizer talvez te choque...

E aí passei a lhe falar tudo! Dos problemas que levaram minha mãe, sua filha, à depressão. Contei tudo até a saída achada por meu pai e que com o acidente do Pietro, eu tive que levar em frente...

- Assim – conclui – Sou uma mulher casada agora, só que pra minha esposa ela é casada com o seu neto.

- Que confusão, minha neta!! –  levando as mãos a boca – Mas... E como passou pelas núpcias? Você não tem a torneirinha...

Gargalhei da tirada da minha vó e contei meu “acidente.”

- E agora? – ela perguntou-me séria – Vai voltar como Pietra, e o teu irmão? A Bianca ficará pacientemente esperando o marido adiar continuamente a volta.

- Eu combinei com ele de fazer a viagem pra Argentina com a futura esposa pra ampliar nossos negócios por lá – falei – Ele ficará fora quatro meses e...

Parei a olhando medindo se contava a verdade ou não.

- Conclua! – ela insistiu – e?

- Usarei esses quatro meses para conquistar Bianca – falei de vez – Quero que ela se apaixone por mim como estou apaixonada por ela, vó!

- Você está apaixonada, por uma mulher? – abraçou-me – Oh meu bem, eu não entendo disso direito... Mas o que me importa é sua felicidade! Só que...

- O que vó – perguntei olhando-a – pode falar.

- Essa moça pode não gostar de se relacionar com outra mulher – disse de vez – E mesmo que isso acontecesse, vai chegar a hora que essa grande mentira de você passar-se por seu irmão terá que acabar e não sei se ela te perdoará fácil...

Eu olhei o horizonte arrasada com a verdade que minha avó acabara de falar.

- Ela vai me amar – falei convicta – e quando a verdade vier a tona, certamente me perdoará!

Senti os braços de minha avó circular minha cintura.

- Deus queira minha filha, que ela veja a mulher maravilhosa que você é e lhe perdoe! – falou confortando-me – Deus queira...

Andréia

Após desligar o celular, fui trabalhar. Deixei a Gabriela dormindo, sorri pensando o quanto ela me fazia feliz.

Descobria a cada dia uma nova faceta minha! Eu era romântica e não sabia... Acelerei pra voltar logo pra casa, pensei que não fosse demorar fora. Entretanto uma maquina quebrara e tive que resolver tudo o que me tomou toda manhã.

Olhei o relógio; 14h30min. Perdi o almoço com minha italianinha e ela mandara um zap avisando ter ido visitar a mãe e que almoçaria com Bianca só retornando às 16h.

Suspirei com saudades...

Após fazer um lanche, fui até a varanda me deitar na rede e ler um pouco, já que demoraria para Gabriela voltar.

Estava concentrada na minha leitura quando ouvi um grito:

- Aháaaaa, te peguei!!!! - 

O susto foi tão grande que oscilei na rede e caí com tudo no chão, ouvindo a gargalhada de Gabi.

- Tá doida mulher?! Tô aqui com minha bunda doendo e você fica dando risada! – falei fingindo raiva.

Ela esticou a mão me ajudando a levantar.

- Ô tadinha, genteee! – falou prendendo o sorriso -Tá doendo bebê?

- Pouquinho – Respondi -  Beija minha bunda que passa - disse sapeca.

- Toma vergonha! – Gabi me dando tapas nos ombros - E me diz logo o que você lia de tão bom que nem ouviu eu te chamar!

- Affff! – reclamei - fica fora a tarde quase toda e ainda volta de mau humor!

- Estou esperando – ela batendo o pezinho impaciente – fala!

- Tá bom! – concordei rindo da cara de brava dela - Senta aqui comigo na rede que falo.

Ela sentou desconfiada.

- Bom, estou lendo em um portal de literatura lésbica – contei - Tem muitas histórias massa! Gosto de ler para desestressar.

- Qual é o portal? – indagou.

- Lettera! – falei puxando-a para deitar-se comigo.

- Vou dar uma olhada depois! – ela pousou a cabeça em meu peito se ajeitando.

- Olha mesmo – incentivei - Tem algumas leitoras que costumo acompanhar as histórias.

- Quais são? – indagou interessada - quero dicas para quando eu começar a ler!

- Bom... – pausei explicando - Tem as que mantenho contato.

- Ahhhh....- ergueu a cabeça me fuzilado - Mantem contato é? Vou ficar de olho.

- Não é o que você tá pensando! – revirei os olhos - Elas são pessoas legais e atenciosas. É tudo na base da amizade. Ciumenta!

- Tá bom! – rolou ficando sobre meu corpo e deu-me um selinho - Quem são as autoras amigas?

-  Flawer, ela tem mania de aprontar com os personagens! É a presepeira do grupo. Mohine Yamir, a escrita dela é mística, romântica e tem uns momentos que é puro hot. A Van, ela também escreve muito bem! Fez um blog: escritosdavanrodrigues.blogspot.com. Tem história que ela posta no blog e só, posteriormente, posta no Lettera. Vale a pena conferir. A Merida, essa merece uns cascudos, pois está demorando de atualizar, me deixando ansiosa! Gosto das histórias de todas! Cada uma com seu estilo.

 

Tem também a Geh Padilha, CameliaA, Thaa, Preguicella, Cristiane Swchinden,... São tantas escritoras talentosas! Olhe o Lettera e vai lendo, não só essas que citei, mas outras que têm talento e não tive ainda a oportunidade de ler suas histórias.

 

- Sim senhora! Farei isso, com certeza! – falou beijando-me mais longamente - Infelizmente não temos muitos livros voltados para o público LGBT. Sei que isso já está mudando, mas é lento e gradual. Mudando de assunto, Bianca está ansiosa, por causa da chegada de Pietra.

 

- É? – falei atenta – Como assim, ansiosa?

- Está eufórica! – riu esfregando o corpo no meu me acendendo – Está arrumando a casa de cima a baixo! Não para de pensar em todos os detalhes que possa agradar a cunhada! Fiquei até com ciúmes.

- Oxeeee, por quê? – a olhei interessada – Me conta...

- Ela fez um doce que amo! – explicou contrariada e cheia de ciúmes – Fez duas travessas, fui pegar um pouquinho e a bandida deu tapas em minhas mãos e disse que era de Pietra! Vê se pode? Negando doce pra mim que sou amiga de uma vida... Fui preterida por alguém que ela nem conhece pessoalmente, que fala por telefone e há pouco tempo!

- Que ciumenta! – falei rindo feliz por minha amiga – É bom que ela se dê bem com a Pietra, afinal morará debaixo do mesmo teto que ela, não acha?

- Acho que ela deve dar o doce pra mim que sou sua irmã – reclamou minha italiana – E não paparicar essa cunhada que pode ser uma chata!

- Vem aqui bicuda! – brinquei puxando-a mais pra mim – Tenho cá umas ideias que podem te fazer esquecer esse doce...

- É? – sorriu sacana – pois mostre pra mim...

- Vai ser com emoção – falei rindo enquanto lhe tirava a blusa – Vamos nos equilibrar pra não cair de bunda no chão... Topa?

- Topa? – perguntou curiosa – que significa?

- Aceita? – traduzi – Topa fazer estripulias na rede?

- Não sei o que é fazer estripulias – riu arrancando minha camiseta e jogando-a no chão – Mas gosto do que parece ser...

Gabi passou os braços em volta do meu pescoço e me puxou colando os nossos lábios. Arfei ao sentir suas unhas passar por minhas costas, arranhando de leve. Minhas mãos se afundaram nas mechas do seu cabelo. Nos separamos para tirar apressadamente toda as nossas roupas. Voltei a beijá-la...um beijo intenso, cheio de desejo. Desci meus beijos pelo seu pescoço, mordi levemente seu queixo. Segurei em suas coxas e impulsionei para cima. Ela passou suas pernas pela minha cintura, caminhei em direção ao sofá e a deitei sem parar de beijá-la. A Italiana, avida, me puxou forte, fazendo com que eu caísse em cima dela. Entrelaçou nossas pernas. Deslizei uma mão pelo seus seios, enquanto a outra estava em sua cintura. Mirei seus olhos cheio de desejo e me inclinei capturando uns dos seios, envolvi a língua em seu mamilo deixando-o enrijecido, mordi devagar.  Dei o mesmo tratamento ao outro seio. Gabi deu um gemido manhoso.

Fui descendo os beijos, passando pela barriga, pelas coxas   e virilha. Ela deu um gemido sôfrego, me olhando com expectativa. Desci mais um pouco abocanhando seu clit*ris, passando a língua lentamente.

- Andreia, por favor...- gem*u.  

Sem aviso nenhum introduzi dois dedos em sua intimidade, fazendo com que erguesse um pouco seu corpo, cravando as unhas nas minhas costas.

- Mais rápido, mais rápido – implorou minha italiana.

Aumentei os movimentos das estocadas, senti as paredes da vagin* dela se fecharem em meus dedos, sabia que seu orgasmo não demoraria. Continuei intensificando as estocadas, ela começou gem*r mais alto, mordendo meu ombro, foi aí que não consegui me controlar e goz*mos juntas.

 

 Bianca

A manhã do dia marcado para chegada da minha cunhada estava ensolarado.

Eu acordei e tomei um banho relaxante, meus pensamentos buscaram o Pietro.

Tenho que ligar para ele assim que me vestir – murmurei culpada – Ele ligou ontem duas vezes e eu falei rapidamente com ele, pois estava as voltas aprontando com a ajuda da Antônia um doce que o Pietro gostava e falou que sua gêmea amava.

Escolhi um vestido que me deixava muito bela, toquei em meu ventre arredondado.

- Filho – brinquei conversando com o bebê – sua tia está vindo!!!

Desci pra dar os últimos toques nas coisas. Olhei pra piscina e vi três funcionários preparando carnes para colocar na churrasqueira.

- Anete? – chamei uma funcionária – Coloque todas as bebidas no freezer aqui da varanda. E as flores que pedi, colocaram no quarto da sua patroa?

Vou colocar as flores depois das bebidas, patroinha!– respondeu a moça saindo – Vou logo.

Fui ao telefone e ao terceiro toque o meu marido atendeu.

- Oi querida – disse ele feliz – que saudades!

- Saudades também! – falei rindo – Está tudo bem contigo?

- Está sim – falou – Liguei ontem à noite, mas você já tinha adormecido. Querida, vou precisar viajar ainda hoje para Argentina.

- Mas por quê? – perguntei inquieta – Voltará quando para casa agora?

- É que as coisas complicaram e terei que ir a argentina tratar pessoalmente com três daqueles parceiros que exigem tratar pessoalmente comigo! – falou preocupado – Mas, devo estar voltando em dois meses!

- Dois meses – falei desanimada – ficarei sozinha aqui este tempo todo!

- Não amor – ele falou rápido – Pietra te fará companhia, você nem vai notar a demora, volto rápido. Agora me conte de nosso filho? Como ele está?

- Eiii – falei rindo – pode ser menina, viu?

- Sinto que é um menino! - Afirmou todo orgulhoso – levarei ele para aprender andar a cavalo.

- Bobo – ri de sua empolgação – e se for uma dama? Não a ensinará a montar?!

- Claro que sim – afirmou – Minha princesa será uma eximia amazona.

Ficamos conversando por uns 30 minutos e ele despediu-se dizendo que pegaria o voo.

Encerrei a ligação e fiquei sentada um pouco pensando. Gostava do meu marido, mas não o amava... Isso teria que mudar se eu queria que esse casamento desse certo.

Tirei isso da mente e fui para cozinha ver como estavam os preparativos para noite quando toda família estaria na casa para um jantar comemorativo pela volta e recuperação da Pietra.

Às 9 horas da manhã ouvi o barulho de helicóptero. Minhas mãos ficaram suadas... Corri para receber a dona da casa e minha cunhada.

Botei às mãos nos olhos para suportar o sol forte que na direção do helicóptero ofuscava minha visão. O aparelho pousou... Uma poeira subiu! Quando voltei a enxergar de novo fiquei boquiaberta com a mulher que descia da aeronave...

Pietra virou-se acenando e sorria...

Enquanto ela caminhava em minha direção eu observava tudo nela. Ajeitei meu vestido me sentindo um patinho feio diante de tamanha beldade... Ela levava o cabelo curto e naturalmente bagunçado. Avaliei sua postura de andar: exalava segurança.

Ela deslizava como uma pantera...sem dúvida é uma mulher atraente! Vestia calças jeans azuis e uma camiseta colada no corpo de cor vermelha! Tinha uma jaqueta sem mangas que mostravam os braços, nos pés uma bota feminina de salto baixo. Ela chegou de perto e notei grande  semelhança entre ela e o meu marido, sua boca num batom rosinha abriu-se num sorriso largo e  satisfeito.

Pietra parou em minha frente e ficou me olhando enquanto sorria me avaliando certamente. Fiquei deveras envergonhada com meu vestido que anteriormente achei que estava bom e calçada com chinelos rasteiros.

- Bianca? – perguntou com voz doce um e pouco rouca.

Ela largou a mala que trazia nas mãos e abriu os braços – Não ganho um abraço de minha cunhada?

Aquele jeito espontâneo quebrou o gelo e minha timidez cedeu... dei um passo; Pietra deu outro abrindo mais os braços e eu sem receios me lancei neles!

Foi um abraço apertado! Meu rosto estava em seu pescoço e o perfume dela invadiu minhas narinas. O calor do SEU corpo misturou-se ao meu e, estranhamente, eu me senti... EM CASA!

 

Fim do capítulo