POV Luna

 

Minha noite estava sendo péssima, não conseguia dormir direito e ao menor barulho despertava. Acordei pela milésima vez ao ouvir o sinal de e-mail no meu celular. Completamente irritada decidi levantar, peguei o telefone e fui para o escritório. Abri meu e-mail e o que li acabou de roubar o parco sono que existia em mim. Li e reli o e-mail umas 50 vezes a fim de verificar que não estava sendo enganada pelos meus olhos cansados.

_ Era só o que faltava para fechar minha noite com chave de ouro. Falei comigo mesma enquanto me jogava no sofá.

Ensaiei algumas respostas, mas alguma força misteriosa me impedia de apertar o botão de enviar. Resolvi jogar o celular num canto qualquer do escritório e pegar um livro que me ajudasse a recuperar o sono. Tudo em vão, o sono não vinha e minha cabeça fervilhava com tudo que poderia acontecer a partir daquele e-mail.

_ Tá passando mal amor? Ouvi a voz sonolenta da Helô adentrar o escritório.

_ Não, só perdi o sono.

_ Vem comigo. Ela segurou minhas mãos e novamente me encaminhou para o quarto. Fez um chá bem quentinho e me colocou em seu colo. Entre cafunés e carinho nas costas dormi.

POV Carina

 

Eu: “Meninas criei esse grupo para facilitar nossa comunicação.”

Amor: “Operação Vacacídio é sacanagem Carina, kkk.”

Eu: “Não gostou da analogia amor, homicídio da Vaca, kkk..”

Amor: “Péssimo amor.”

Helô: “Que porr* de grupo é esse Carina?”

Eu: “Morena, assim fica mais fácil nos comunicarmos. Quero ver a Mônica se safar de nós agora. Pensei em usarmos codinomes, o que acham? Eu poderia ser a águia, a Helô poderia ser o condor e você amor, poderia ser o Beija Flor.”

Helô: “Você fumou maconha Carina?”

Amor: “kkkk, você não existe minha linda.”  

Eu: “Existo e sou toda sua”

Helô: “Sério mesmo que usaremos o grupo para isso Carina? Sendo assim melhor adicionarmos a Luna, porque não estou nenhum pouco a fim de segurar vela virtual”.

Eu: “Gente como ela está séria. Não esqueça que ainda me deve uma explicação Dra. Heloísa, desligou o celular na minha cara ontem e nem me contou o tal babado.”

Helô: “Minha ex namorada resolveu aparecer. Dei de cara com a maluca ontem no shopping e pra piorar minha situação ela enfiou na cabeça que quer me reconquistar.”

Amor: “A Roberta voltou? Diz pra mim que você contou pra Luna!”

Helô: “Então...”

Amor: “Helô, pelo amor de Deus.”

Helô: “Eu vou contar, mas antes preciso me entender com a Mônica, até porque a Roberta é passado e essa talzinha está querendo se tornar futuro na vida da Luna. Meninas depois conversamos, preciso levantar, a Luna já levou a Carol no colégio e eu ainda estou jogada na cama. Beijos.”

A muito custo levantei da cama, mandei uma mensagem no privado para minha loira dizendo que precisávamos resolver esse lance de morarmos em casas separadas, não aguentava mais acordar sem ela.

Olhei no relógio e vi que ainda faltavam 2h para meu plantão iniciar, sendo assim comecei a fazer as coisas com mais calma que de costume. Tomei um banho demorado, troquei de bolsa, respondi alguns e-mails enquanto tomava um chá preto e comia umas torradas dormidas que resistiram no armário. Eu precisava passar no mercado e não dava mais para enrolar.

Vendo a hora avançar acelerei meu passou, daria uma carona pra minha loira e se enrolasse mais um minuto ficaria atrasada. Por sorte o trânsito estava completamente livre e chegamos 20 minutos mais cedo que o habitual.

_ Amor o que acha de uma rapidinha no carro?

_ Sério Carina? Olhei para ela assustada. _ O estacionamento está super movimentado.

_ Mas o carro tem Insulfime, ninguém nos verá.

Antes que ela retrucasse comecei a investir contra o pescoço dela com beijos e sussurros maliciosos. Ela começou a entrar no clima, enfiou a mão por baixo da minha blusa e sorriu ao perceber que eu estava sem soutien.

_ O celular tá tocando Carina.

_ Deixa tocar amor, depois você retorna.

_ Pode ser importante amor, me deixa pelo menos ver quem é. Eu bufei frustrada mas passei a bolsa para ela. _ É a Luna amor, pode ser importante. Peguei o celular da mão dela, atendi a ligação, coloquei no viva voz e voltei a encaminhar as mãos dela pra debaixo da minha blusa enquanto eu voltava a beijá-la no pescoço.

_ Oi Lu. Ela falou com certa sofreguidão e eu ri.

_ Alex a Roberta está aqui na escola da Carol. Ela falava com a voz embargada, demostrando toda a força que fazia para não chorar. _ Vem pra cá Alex antes que eu dê um treco. Rapidamente nos recompomos e partimos rumo ao colégio da Carol.

 

POV Luna

_ Tiaaaaaa.... falava uma Carol eufórica em direção a uma pessoa que certamente só poderia ser assombração.

_ Carol que saudades. Minha filha largou minha mão e correu para os braços da Roberta. Retirei meus óculos escuros para me certificar que não estava vendo nenhuma imagem projetada pela lente embasada. _ Você cresceu meu amor. Ela alisou o cabelo da Carol e entregou a ela um presente e uma lancheira, que aparentemente estava repleta de coisas. _ Pra relembrar os velhos tempos. Suco de uva, pão com requeijão, frango desfiado e uma banana.

_ Você não esqueceu tia. Minha filha sorria como se tivesse encontrado alguém muito querido.

Minha cabeça fervilhava, como assim a Roberta estava em Porto Alegre e eu não estava sabendo. Automaticamente fui arremetida para a Helô dizendo que já estava resolvendo tudo. Então a Roberta era o tudo a que ela se referia? Mas desde quando ela estava aqui? Ela teria vindo para ficar? Como ela sabia onde a Carol estudava? Eram tantas interrogações que eu não estava dando conta.

_ Bom dia Roberta, não sabia que estava na cidade. Prazer em revê-la.

_ Estava morrendo de saudades da minha filha, precisava vê-la.

_ Filha? Olhei pra ela escandalizada, não era possível que ela estava se referindo a minha filha como sendo dela. Ela deu um sorrisinho debochado, deu mais um beijo na Carol, que após se despedir de mim entrou correndo na escola. _ Até onde eu saiba minha filha só tem duas mães e você não é uma delas.  

_ Fica tranquila Luna que não quero roubar seu lugar, pelo menos não no coração da Carol. Mas você não pode negar que durante os últimos dois anos fui mais mãe dela que você.

Meu sangue ferveu, uma vontade de pular no pescoço dela se apoderou de mim e precisei me segurar para não fazer uma besteira.

_ Posso saber como descobriu a escola que a Carol estuda?

_ Não precisei descobrir nada, apenas perguntei para a Helô.

_ Como assim? Meu coração voltava a acelerar. A Helô não faria uma coisa dessa, permitir que nossa filha tivesse contato com a ex sem me comunicar.

_ Exatamente isso que você escutou. Eu voltei para reconquistar a Helô, retomar o lugar que me é de direito. Como ela sabe o carinho que eu e a Carol desenvolvemos uma pela outra me passou o endereço para eu pudesse vê-la. Eu só não sabia que seria você a trazê-la.

Nessa altura o celular dela começou a tocar e ao pegar fez questão de me mostrar que a Helô era a autora da ligação. Era ela, a minha mulher, a Helô estava mantendo contato com ela e eu estava pagando de babaca, perguntando o que estava acontecendo. Por isso ela estava tão séria, tão estranha. Aproveitei a distância que Roberta tomou para falar com a Helô e liguei para a Alex, eu precisava ser arrancada dali, porque minhas pernas simplesmente não respondiam aos meus comandos.

Minutos depois escutei o ranger de alguns pneus e mesmo sem olhar sabia que a Alex havia chegado.

_ Luna. Ela olhou para a Roberta que se mantinha altiva a nossa frente.

_ Deixa que eu a levo para o carro amor. Somente nesse momento percebi que a Carina estava presente. Ela me colocou no carro e voltou para pegar a Alex que sussurrava alguma coisa com a ruiva metida a besta.

_ Não pense que acabamos por aqui Dra. Luna Fagundes, eu vim buscar o que é meu e não vou embora sem ela. 

Rompemos com o carro e só então permiti que meu choro viesse à tona. _ A Helô está se encontrando com essa mulher de novo.

_ Não tire conclusões precipitadas Luna. É óbvio que o objetivo dela era te irritar, não caia nesse joguinho.

_ Ela não tinha como saber onde a Carol estuda, a Helô não podia ter feito isso comigo. Ela me expos na frente da nossa filha.

_ Fica calma Luna, com certeza existe uma explicação lógica para tudo que aconteceu aqui. Só não se precipite, a Helô merece o direito de resposta.

_ Me deixem em casa, por favor. Não tenho a menor condição de trabalhar agora. Preciso me recompor.

_ Quer que a gente ligue para a Helô.

_ Não, eu preciso pensar primeiro.

 

POV Carina

Deixamos uma Luna completamente destruída em casa. Mal ela desceu do carro, peguei meu celular e liguei para a Helô, mas o mesmo estava dando fora de área. Como estávamos mega atrasadas corremos para o hospital. Antes de assumirmos o plantão resolvemos passar na cantina a fim de comprar um café bem amargo e para nossa surpresa a Helô estava sentada em uma mesa com a Mônica.

_ Devemos intervir? A Alex me perguntou já evidenciando a preocupação na voz.

_ Melhor não amor. Pega seu café e assume seu plantão, eu vou marcar um tempo aqui só pra me certificar que está tudo bem.

Ela me deu um beijo e saiu. Eu sentei um uma mesa relativamente próxima e entre uma bolacha e outra vi a Helô levantar para atender uma ligação. Quando estava prestes a levantar vi a Mônica colocar alguma coisa na bebida dela. Antes mesmo que conseguisse intervir a morena voltou e terminou de matar o suco que estava no copo.

Eu: “Amor a Mônica colocou alguma coisa na bebida da Heloísa, vou ficar de olho pra ver o que ela pretende fazer.”

Amor: “Como assim Carina, isso é muito sério.”

Eu: “Eu sei, mas não posso deixar a Helô sozinha agora, não faço ideia do que essa louca fará com ela.”

Vi a Helô se levantar e ir embora, menos de 3 minutos depois a Mônica levantou e começou a seguir a Heloísa, eu por minha vez coloquei o celular no bolso e saí no encalço das duas. Vimos quando a Helô começou a bocejar e a aparentar uma sonolência fora de contexto. Sabiamente a morena foi para a sala dos médicos e pouco tempo depois a Mônica também foi para lá.

Elas ficaram lá dentro uns 10 minutos e eu pacientemente esperava alguma coisa que justificasse minha invasão. De repente a Mônica saiu como se nada tivesse acontecido, pensei em segui-la, mas a Heloísa era mais importante.

_ Dra. Carina a Dra. Alexandra está a sua procura. Me assustei com a voz de uma das internas vinda de trás.

_ Obrigada meu bem, vou entrar em contato com ela. Nem bem respondi e senti meu celular vibrar, enrolada acabei o deixando cair no chão, desmontando o coitado todo. Uma vez remontado, mandei uma mensagem para Alex indicando o que tinha acontecido e pedi para que ela ficasse de olho na vaca enquanto eu iria ver a Heloísa.

Ao entrar na sala dos médicos encontrei a cena mais bizarra que já vi na vida e olha que poucas coisas me assustam. A coitada da Helô desmaiada somente de calcinha e soutien enquanto a tal ruivinha de mais cedo tentava se encaixar no corpo largado da morena somente de calça e soutien.

A filha da mãe tomou um susto quando me viu entrar e tentou agir como se elas tivessem acabado de trans*r. _ Eu juro que achei que a Heloísa tivesse trancado a porta. Que vergonha meu Deus. Morena acorda, me ajuda a sair dessa enrascada.

_ Ela não vai acordar ruivinha, porque a sua comparsa dopou a coitada.

_ Você está louca, de quem você está falando? Helô acorda, por favor. Uma amiga maluca da Luna está achando que eu dopei você.

_ Eu vou contar até três e se a Helô não acordar você vai sair dessa sala a base de porr*da. 1...

_ Você está maluca.

_ 2...

_ Se você encostar um dedo em mim eu processo você.

_ 3...

Eu avisei, juro que avisei. Peguei a vadia pelos cabelos e saí arrastando pelo meio do corredor. _ Me solta sua louca.

_ Isso é pra você aprender a nunca mais dopar uma pessoa. Sua covarde.

Rapidamente uma pequena aglomeração se formava ao nosso redor, inclusive a Alex que vendo o que acontecia se enfiou no meio de nós e a muito custo liberou a vaca das minhas mãos.

Passado o desespero colocamos a Helô no soro e demos a ela um remédio que cortaria o efeito da droga. Mas, infelizmente não conseguimos esperar que ela acordasse, um acidente potencialmente grande aconteceu e o hospital todo foi acionado.

Quando voltamos a Helô já tinha ido embora. _ Puta merd* amor, se aquelas duas se encontrarem vai dar merd*. A Luna está virada no samurai. Pegamos os telefones e começamos a ligar para elas, a Alex corria atrás da loira enquanto eu ligava para a Helô, mas nenhuma de nós tivemos sucesso.

“Helô preciso falar com você” Mandei na esperança que ela visse e me retornasse.

_ Amor avisa a Lu que a Roberta armou para a Helô. Ela virou o celular pra mim, mostrando que a mensagem já tinha sido enviada. _ Agora é rezar que elas vejam as mensagens antes de se encontrarem.

 

POV Roberta  

_ MERDAAAAA, gritei comigo mesma assim que entrei no carro. Nunca fui tão humilhada na minha vida. “Estou te esperando no estacionamento.”

Cinco minutos depois a sonsa da Mônica entrava no meu carro esbaforida. _ E aí deu certo? Olhei pra ela irritada. _ O que deu errado?

_ O que deu errado Mônica? Primeiro que você deixou a mulher da Dra. Alexandra ver você colocando o remédio no suco da Helô, depois você sequer vigiou a porta, ela invadiu o quarto e me pegou no meio do nosso plano.

_ Impossível ela ter visto, você não disse que elas estavam com a Luna?

_ Estavam, elas saíram da escola da Carol com a Luna.

_ Então. Não dava pra ela ter chegado aqui tão rápido. Elas não iam largar a Luna sozinha.

_ Então ela é médium, porque ela disse com todas as letras que viu a minha comparsa dopando a Helô.

_ Calma, vamos pensar! O Hospital está um caos, aconteceu um acidente e todos foram acionados. Se tivermos sorte o caldo entorna antes delas conseguirem se comunicar. Como foi seu encontro com a Luna?

_ Melhor impossível. Tenho que admitir que a sua ideia de colocar a foto e o nome da Helô no seu contato foi ótima, a Luna ficou sem cor quando viu. Agora me fala, como você soube que a Luna levaria a Carol para a escola?

_ Desde que cheguei venho acompanhando a rotina delas, todas as quartas e sextas a Lu leva a Carol para a escola.

_ Você é mais maquiavélica que eu imaginava, kkkk...

_ No amor e na guerra vale tudo minha cara. Agora deixa eu correr e ver onde a Helô está. Preciso impedir que ela encontre a Carina e a Alex e ainda colocar uma pressão para que ela vá pra casa. Assim ela encontra com a Luna, que deve estar espumando de raiva e o resto é só esperar.

_ Mais e depois? Assim que a tal Carina contar o que viu elas se acertam e nosso plano vai para os ares.

_ Eu conheço a Luna minha linda, confiança é uma coisa muito séria pra ela. Por mais que a Carina diga que me viu dopando a Helô e que te viu tentando se aproveitar da situação, sempre ficará uma pulga atrás da orelha em relação à Carol. Isso vai começar a corroer ela por dentro e ela não vai aguentar.

 

POV Luna

Cheguei em casa arrasada, ver aquela mulher chamando minha Carol de filha me feriu demais. A Helô não pode ter feito isso comigo, era a única coisa que meu subconsciente gritava, mas a razão esfregava na minha cara o quanto fui idiota.

Cansada arranquei a roupa e decidi me afogar na banheira, lá eu poderia dar vazão a toda mágoa que estava me corroendo. Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali, a única coisa que sei é que a realidade me gritava do andar de baixo e eu não sabia como me portaria diante dela.

_ Cheguei amor! O grito foi diminuindo até se transformar em um sussurro no meu ouvido. Virei em direção a ela e foi impossível conter algumas lágrimas. _ Oh minha linda, o que aconteceu? Porque você está chorando?

_ Eu tô sentindo você tão estranha Helô, o que está acontecendo?

_ Não está acontecendo nada amor. Mas pelo visto a recíproca não é verdadeira, porque você está chorando? Ela disse segurando meu queixo e me dando um beijinho na ponta do nariz.

_ Porque eu acabei de descobrir que a minha mulher está mentindo pra mim. Ela me olhou assustada. _ Porque você não me contou sobre a Roberta?

_ Eu ia te contar amor, só não queria te chatear com isso.

_ Me chatear Heloísa, sério? Me chateou muito mais ver o que eu significo pra você?

_ Não leva pra esse lado Luna, pelo amor de Deus.

_ E pra que lado você quer que eu leve?

_ Ciúme dela é um pouco demais amor. A Roberta não representa nada na minha vida, eu sou louca por você.

_ Você me expôs na frente da nossa filha Heloísa. Isso é inadmissível.

_ O que?

_ Imagina minha cara quando vi aquela mulher na frente da escola da Carol, chamando ela de filha. Porque você fez isso comigo?

_ Eu não fiz nada. Como assim na escola da Carol?

_ É isso mesmo que você ouviu e não se faça de desentendida, porque ela disse que foi você quem a autorizou.

    _ E você vai preferir acreditar nela? Eu sou sua mulher Luna. Juro que não autorizei nada, eu só vi essa louca uma vez.

_ Eu vi você ligando para ela hoje cedo Helô, não minta pra mim. Ela esfregou na minha cara a sua ligação.

POV Heloísa

 

_ Eu tô no meu inferno astral, só pode ser! Eu não ligo pra ela desde que terminamos, não sei como ela descobriu onde a Carol estuda e muito menos autorizei ela a nada. A Luna chorava encolhida em um canto enquanto eu basicamente furava o chão de tanto andar de um lado para o outro. Por mais que eu olhasse para ela, não dava pra entender essa desconfiança, eu sempre fui sincera, sempre joguei com a verdade, isso deveria ser levado em consideração. _ Meu amor, você não vê que é isso que ela quer? Quanto mais a gente briga mais ela sai vitoriosa. Acredita em mim, por favor, eu nunca permitiria que ela tivesse qualquer contato com nossa filha sem consultar você primeiro.

 _ Acho melhor repensarmos nosso relacionamento Helô.

Meu coração errou o compasso. _ Diz pra mim que você não está falando isso?

_ Como posso confiar em uma pessoa que me esconde as coisas? Você diz que ela voltou basicamente ontem e que só falou com ela uma vez, mas já tem um tempo que te sinto estranha.

_ Não misture as coisas Luna, não tem nada a ver com a Roberta.

_ E como eu posso saber, você não se abre mais comigo. Não é esse tipo de relacionamento que eu quero Helô.

_ Meu problema era com a Mônica.

_ Era só o que faltava, você trazer a Mônica pra essa discussão.

_ Você não quer a verdade, a Madame Berta falou que um amor do passado voltaria e que você ficaria tentada a aceitar, no mesmo dia a Mônica apareceu e eu entrei em desespero. Aquela história da Camila me cantar foi uma isca para ver o comportamento dela e como suspeitava ela correu pra te contar. Aposto que deve ter falado muita coisa à meu respeito. Nessa altura eu chorava na mesma proporção que ela, enquanto a Luna me olhava assustada.

_ Você realmente acha que o que sinto por você é tão frágil a ponto de te trocar por uma paixonite de adolescência? Bela imagem você tem a meu respeito.

_ O que você queria que eu pensasse? Vocês ficaram endeusando essa cartomante, que aplaquei qualquer sinal de racionalidade existente em mim e me permiti surtar. Aí quando a Roberta apareceu eu simplesmente joguei ela pra escanteio porque a Mônica me parecia um mal maior a ser combatido.

_ E nas duas situações resolveu ignorar a possibilidade de conversar comigo?

_ Não venha com falso moralismo Luna, você também me enlouqueceu por causa dessa cartomante.

_ Nós não estávamos juntas Heloísa, eu não te devia lealdade, fidelidade, na verdade eu não te devia nada. Estava jogando pro tudo ou nada. E a Madame Berta tem razão, esse amor apareceu e eu estou realmente tentada a aceitar.

_ Que???

Fim do capítulo