POV Mônica

_ Quem tá vivo sempre aparece. Pensei que tivesse esquecido dos pobres, kkk.

_ Para de drama Bruna, não faz nem 1 mês que a gente viu.

_ Não posso mais sentir saudades da minha irmãzinha caçula? Minha irmã e seus dramas desnecessários. _ Mas fala gata, conseguiu encontrar a Luna?

_ Claro, até parece que não me conhece, kkk...  

_ Presunçosa, kkk... Mas fala, como foi! Eu daria tudo para ver a cara dela ao esbarrar com você dentro do hospital.

_ Foi melhor que isso, nos encontramos casualmente em um shopping. Ficamos cerca de 40 minutos conversando. Você precisa ver como ela está linda. Os anos deixaram ela ainda mais deliciosa.

_ Segura a baba Mônica. Mas e aí, como ela reagiu a sua presença?

_ Normal né Bruna, terminamos super de boa, como acha que ela reagiria?

_ Super de boa é ótimo, kkkk... Você ficou na merd* por meses e até hoje não superou essa paixonite.

_ Mas ela não sabe disso, pelo contrário, passei uma imagem bem segura. Mas temos um problema. Parei de falar para verificar a mensagem que apitava no celular.

_ Para de suspense mulher, fala logo que problema é esse?

_ Calma estava conferindo uma mensagem. Ela está casada e a mulher dela é linda. Na verdade ela reatou o casamento, pelo que averiguei elas ficaram cerca de 2 anos separadas.

_ Mentira... Então deu ruim nos seus planos de conquistá-la.

_ Jamais meu amor, a sorte está do meu lado. Vou mandar uma foto para o seu celular, confere e me diz o que você vê. Loguei meu whatsapp no computador e mandei uma foto para ela, conforme combinado.

_ O que tem essa foto, não entendi. O que a sua ex peguete tem a ver com essa história toda?

_ Como disse minha cara irmã, a sorte está do meu lado, essa bela ruiva é ninguém menos que a ex namorada da esposa da Luna. Senti o pulo que ela deu, mesmo estando a quilômetros de distância.

_ Como você sabe disso? Que mundo pequeno Jesus.

_ Descobri por acaso. Estava no facebook e apareceu no meu feed uma lembrança da Roberta de um ano atrás. E para minha completa surpresa ela se derretia pela esposa da minha querida Luna. Não pensei duas vezes e liguei para ela, que confirmou, não só o namoro como também a frustação em ter perdido a Helô.

_ Estou completamente chocada, mas confesso que ainda não entendi no que essa informação te ajuda. Acredito que não seja segredo para Luna que a Helô namorou alguma pessoa enquanto estava separada dela.

  _ 20 minutos de conversa foram mais que suficientes para trazer a Roberta para meu lado. Ela está disposta a me ajudar a separar aquelas duas. Inclusive já temos um plano devidamente traçado.

_ Cuidado Mônica, nada garante que a Luna ficará com você caso volte a se separar. Vocês já namoraram e não deu certo, o que te faz ter tanta certeza que dessa vez será diferente?

_ Maturidade minha linda, nada além disso. Nós éramos muito jovens quando namoramos, não tínhamos maturidade para levarmos um relacionamento a sério. A Luna amadureceu na marra, teve um casamento turbulento e recheado de lembranças ruins, a filha, pelo que a Roberta falou foi afastada dela por quase 2 anos e isso tudo está latente dentro dela, é só mexer as peças certas e quando tudo eclodir estarei aqui pronta para consolá-la e amá-la como a Helô nunca teve condições.

_ Só te peço cautela minha irmã. Vá com calma, você não conhece essa tal Helô, não seja leviana com ela, existe uma criança envolvida e ela precisa ser preservada.

_ Não seja chata Bruna. No amor e na guerra valem tudo. No mais, depois eu ajudo a Luna a colar os pedacinhos que foram quebrados com essa transição. Quanto a menina ela ganhará duas madrastas hiper presentes e amigas.  

Meu celular apitou indicando uma chamada em espera da Roberta, me despedi da minha irmã e rapidamente atendi. Conforme combinado ela tirou alguns dias de férias e em algumas horas estaria em Porto Alegre com a gente. Combinamos os últimos detalhes e ansiosas desligamos.

Faltava fazer a minha parte para que nosso plano desse certo. E não seria por falta de empenho que não daria. Corri na farmácia e comprei as coisas que precisaria, indo em seguida para o hospital. Precisava me aproximar da Luna, ainda mais agora que cometi uma gafe desnecessária. Minha sorte é que ela não percebeu minhas reais intenções, creditou o acontecimento ao fato de sermos amigas de longa data.

E assim foi feito, durante esses dois dias estive mais presente na vida da Luna que os próprios pacientes dela. Mesmo com a Carina querendo sugar meu espírito eu consegui me fazer bem presente.

_ Vai fazer o que essa noite Lu, pensei em fazer uma noite de jogos, o que acha?

_ Hoje não rola gata, tô presa aqui até amanhã. Vê com a Helô, ela está de folga, apesar que ouvi ela comentar com a Maria que iria ao shopping comprar uma roupa social para a Carol.

_ Maria?

_ Uma amiga nossa, depois apresento vocês.

_ Ouviu dizer?

_ Eu estava correndo, pra variar, kkk... Não tive tempo de conversar com ela hoje, acordei atrasada. Mas temos um casamento para irmos semana que vem, por isso a roupa social. Só não sei a hora que ela vai ou se ela vai com a Maria.

_ Não tenho tanta intimidade com ela assim, prefiro esperar um dia que você esteja de folga também.

Ela sorriu e saiu correndo, uma interna passou voando por ela dizendo que uma ambulância repleta de jovens estava chegando.

“Roberta a Helô está de folga hoje, sei que ela irá ao shopping, só não consegui saber o horário. Acampa no shopping.” Menos de 5 minutos depois veio a resposta.

“Combinado.”

“Qualquer novidade me avise, por favor.” Me despedi dela e voltei aos meus afazeres.

POV Heloísa

A Carina estava marcando em cima da Mônica, tentando sufocar ela de todas as formas possíveis e imagináveis, mas a vaca sempre conseguia um jeito de ficar próxima a Luna. Em casa eu estava sufocando minha loira de atenção, carinho, chamego e sex*.

Diuturnamente as palavras da Madame Berta ecoavam na minha mente e a simples possibilidade da Luna aceitar me deixar fazia meu mundo ruir. Por mais que minha racionalidade gritasse que ela nunca trocaria nosso casamento por uma paixonite de adolescência, meu coração estava apertado. Ficar sozinha em casa não me ajudaria nenhum pouco, por isso aproveitaria minha folga para comprar algumas coisas no shopping.

Combinei com a Maria e depois do almoço nos encontramos. Broncas a parte, compramos roupas para as crianças e para não perder o costume demos um pulo no salão. Era tão raro esses momentos que quando tínhamos aproveitávamos cada minuto.

_ Helô eu não quero te assustar, mas, ou estou vendo uma miragem ou vi a Roberta entrar naquele restaurante.

_ Que? Olhei para trás na vã tentativa vê-la.

Aceleramos as coisas no salão e sem pestanejar fomos em direção ao tal restaurante rezando internamente para que a Maria tivesse visto uma miragem. Eu pelo menos estava rezando fervorosamente que ela tivesse errada.

_ Helô! Ouvir aquela voz fez doer minha espinha. _ Que coincidência te encontrar por aqui.

Eu virei basicamente em câmera lenta, já vendo o caos se formar em minha vida. A Luna não ia ficar nenhum pouco feliz em saber que ela estava de volta e pra ajudar ainda tenho uma incauta qualquer querendo tomar minha mulher. Ô sorte!!! _ Surpresa digo eu, o que você faz em Porto Alegre?

_ Eu vim conversar com você.

_ Comigo? Não consigo imaginar o que seria tão sério que não pudéssemos conversar por telefone. A Maria nos olhava incrédula.

_ Estive pensando em tudo que aconteceu na nossa vida e vi o quão imatura fomos, eu vim disposta a te reconquistar. Nós tínhamos química, éramos amigas e só não demos certo porque fomos imaturas.

Eu estava tão perplexa que não consegui esboçar nenhuma reação. Vendo minha inércia a Maria me deu um cutucão que me fez dar dois passos para frente. _ Roberta eu juro que fico lisonjeada com sua atitude, mas infelizmente não existe a menor possibilidade de nós voltarmos. Nosso tempo já passou eu deixei isso bem claro quando terminamos.

_ Eu sei que você falou aquilo movida pela mágoa, eu não dava a atenção que você precisava e ainda tinha a saudade que a Carol sentia da Luna. Estou disposta a voltar pra cá, por você eu mudo meus planos. Assim fica mais fácil, a Carol fica ao lado de ambas as mães e nós podemos reconstruir nossa vida.

_ Roberta me escuta, pelo amor de Deus. Não existe a menor possibilidade de voltarmos porque eu não te amo mais, na verdade eu nunca amei e você sabe disso. Eu amo a Luna e nós nos reconciliamos.

_ Você está com a Luna de novo? Vi suas feições mudarem e o controle que ela fez para não deixar transparecer sua frustação.

_ Não tem problemas, eu confio no meu sentimento por você e conheço seu temperamento. Vai ser uma luta interessante, a Luna que se prepare, pois vim disposta a te ganhar.

_ Eu devo ter atirado pedra na cruz, só pode. Maria situa essa lunática que disputar com a Luna é perda de tempo, pois sempre fui completamente louca por ela. Ao menor movimento da Maria ela se antecipou.

_ Sempre foi louca por ela e ficou 2 anos comigo, então ela não é tão boa assim. Eu continuo acreditando em mim. Ela passou a mão nos meus cabelos, jogou uma nota de 50 reais na mesa e saiu como se nada tivesse acontecendo. Enquanto eu continuei ainda mais perplexa que antes.

_ Era só o que me faltava Maria. Não bastasse a Mônica querendo fuder a minha vida, agora vem a Roberta pra completar o time.

_ Fica de boa Helô, a Roberta é uma lunática, a Luna não vai se deixar intimidar. Em relação a Mônica a surtada é você, continuo não acreditando nessa maluquice de Cartomante. Sendo assim se concentra no que você tem de palpável.

Saí do shopping ainda mais desnorteada, liguei pra Carina explicando o que aconteceu. Meu coração estava apertado e eu precisava desabafar com alguém que acreditasse em mim e me ajudasse a raciocinar.

_ Amor cheguei. Olhei no relógio e vi que não eram nem 21h da noite. Desliguei o celular na cara da Carina, enxuguei algumas lágrimas insistentes e fui ao encontro dela na sala.

_ Aconteceu alguma coisa amor? Até onde eu lembre seu plantão era de 24h.

_ Me senti meio tonta, com náuseas e febril. Liguei pro Caio e pedi para ele me cobrir no resto do plantão. Melhor que correr o risco de piorar e colocar algum paciente em risco. Ela me falou ainda de costas.

_ Está certa amor. Deixa que eu cuido de você. Fui em direção a ela e lhe roubei um selinho.

_ Você estava chorando Helô? O que aconteceu?

_ Nada, estava lendo um romance e me emocionei.

Puxei ela pela mão e a direcionei para o banheiro. Enquanto ela tomava banho preparei uma comida leve e um suco repleto de vitamina C. Jantamos entre conversas amenas, muito embora eu pouco tivesse concentrada, minha cabeça oscilava entre a Roberta, a Mônica e a Madame Berta. Tudo estava virando um grande redemoinho e por mais que eu tentasse raciocinar estava impossível.

_ Você está estranha Helô, me conta o que está pegando.

_ Não é nada amor.

_ Você acha que eu nasci ontem Heloísa, há uns dias atrás você disse que era pra eu relaxar que você estava cuidando de tudo. Que tudo é esse?

_ Modo de falar Lu, não tem nada pegando, só estou cansada.

_ Pensei que fossemos amigas e que contássemos tudo uma pra outra, mas pelo visto isso foi perdido no divórcio.

_ Não viaja Luna.

_ Tá certo Dra. Heloísa. Se você me dá licença eu vou deitar, o enjoo está voltando e eu não estou nem um pouco disposta a começar uma DR com você. Boa noite.

_ Amor...

_ Boa noite Heloísa.

E assim meu dia, que tinha tudo para ser tranquilo e agradável chegou ao fim. Uma merd*, só falando assim!

Fim do capítulo