POV Carina

_ Amor eu estava pensando nesse lance da Helô, ela tem certeza que foi exatamente isso que a Madame Berta falou? Dificilmente ela é direta, sempre rola uma mensagem subliminar. Meu medo é ela pegar pesado com essa garota e depois descobrir que não era bem isso ou simplesmente não era ela.

_ Sinceramente não sei, ela foi sozinha linda, mas a Helô é bem safa pra entender qualquer mensagem subliminar. Sem contar que é muita coincidência essa garota aparecer, justamente agora e nesse contexto. No lugar da Heloísa eu também estaria bem bolada.

_ Se certifiquem, pelo menos que é a garota certa.

_ Pode deixar, hoje mesmo eu converso com a Heloísa. Já pensei num jeito de descobrir as reais intenções da Mônica. Agora deixa eu ir que fiquei de encontrar com ela no Shopping. Bom plantão minha loira. Te amo.

Corri para trocar de roupa. Passei na ortopedia e fui informada que a Helô já tinha saído. Mandei uma mensagem pra ela me certificando do seu paradeiro e em poucos minutos nos encontrávamos no estacionamento do hospital. O trajeto foi feito de forma amena, muito embora tivesse uma certa tensão estampada no rosto da morena. Inicialmente o objetivo do passeio era comprar brinquedinhos que apimentassem a relação, mas com o turbilhão de acontecimentos optamos por nos deliciarmos com algumas taças de vinho e um bom rodízio de massas.

_ Helô eu tive pensando uma coisa. Ela tirou o foco da taça de vinho e reteve sua atenção em mim. _ Não podemos correr o risco de pegarmos pesado com a pessoa errada. Ela me olhou incrédula e quase engasgou com o pedaço de pizza que estava na boca. _ Não me olha assim! Eu mesma quase enlouqueci uma pobre coitada.

_ Eu não sou você Carina.

_ Ha-Ha-Ha... Muito engraçadinha você. Tô falando sério morena.

_ Eu também. Essa vaca está a fim da minha mulher, ela só não sabe com quem está lidando, mas vai descobrir rapidinho.

_ Beleza, então precisamos pegar ela no pulo do gato e a primeira coisa a descobrirmos são as reais intenções dela. Pensei de armarmos uma armadilha, o que acha? Novamente o espanto voltava para o rosto da Helô, mas dessa vez vinha acompanhado de um sorrisinho diabólico que nunca tinha reparado, nem mesmo quando eu era o alvo. _ Precisamos pensar em uma garota pra dar em cima de você na frente da diaba, depois é só esperarmos e vermos no que dá.

_ Como assim, não acompanhei seu raciocínio.

_ Simples minha cara Dra. Heloísa, se ela estiver a fim da Lu não hesitará em tentar jogá-la contra você.

_ Mas ela pode justificar a fofoca na amizade, afinal de contas se vocês vissem alguém dando em cima da Luna também me contariam.

_ Mas é exatamente aí que mora o pulo do gato, não será uma cantada explícita, será alguma fala dúbia, que deixe margem para interpretações diversas. Quando e se a Luna vier falar com você, pela postura dela saberemos com qual intenção a Mônica falou com ela. Até porque minha linda, se ela tiver realmente a fim da loira, pode ter certeza que ela vai focar na sua conduta e não na da nossa ilustre ajudante. Novamente o sorrisinho diabólico voltava para o rosto da morena.

_ Inclusive já sei quem poderá ser nossa ajudante.

_ Quem?

_ Camila Gomes. Ela é tão apaixonada quanto eu pela ortopedia, logo, qualquer fala dúbia pode ser facilmente encaixada na especialização.

Pagamos a conta e saímos do Shopping extremamente animadas com nosso pequeno plano, agora era somente mover as peças e esperar o movimento da nossa oponente, que se fizesse o que esperávamos, entregaria completamente suas intenções.

POV Heloísa

Passei a noite inteira imaginando como seria o dia seguinte. Internamente vibrava ao imaginar a cara da vagabunda ao ser desmascarada na frente da Luna. Já estava tudo certo, a Camila seria nossa menina fatal enquanto a Alex e a Carina seriam as incentivadoras e eu seria aquela que trabalha de forma ambígua, sem incentivar, porém sem cortar as falsas investidas.

_ Está tudo bem meu amor? Falou uma Luna com a cara toda inchada pelo sono. _ Está com insônia? 

_ Estou pensando na cirurgia que farei amanhã. Uma grávida foi brutamente espancada pelo marido, fraturou vários ossos. Seu estado de saúde está bem delicado. Hoje ela passou por alguns procedimentos com a Maria e com a Clarisse, amanhã serei eu a entrar em cena.

_ Vai dar tudo certo meu amor, você é ótima no que faz. No mais estará assessorada pela Alex e pela Carina, qualquer intercorrência elas te ajudam.

_ Eu sei. Só estava pensando na capacidade do ser humano em machucar o outro. Me estarrece ver que existem pessoas que apoiam atos violentos e justificam os mesmos com argumentos ainda mais absurdos.

_ Vem cá minha linda, deixa eu te relaxar.

_ Opa gostei dessa ideia. Olhei pra ela de forma bem sensual, enquanto ajoelhava na cama e permitia que a camisola escorresse pelo meu corpo.

_ Você não existe Helô. São 3h da madrugada, nosso plantão começa às 6h da manhã e você pensando em sex*. Sossega mulher. Fiz um biquinho manhoso e ganhei uma rapidinha bem gostosa. Isso nunca falhava, kkkk... Relaxada e concentrada na missão do dia seguinte, literalmente desmanhei.

POV Mônica

Meu dia seria bem intenso, a Carina me encheu de pós operatórios, além da cirurgia que ela acompanharia na parte da tarde. Passei a manhã numa verdadeira correria e com pouco tempo até mesmo para respirar. Já eram quase 14h e eu não tinha comido nada, corri na cantina e comprei um lanche bem leve.

_ Lu senta aqui comigo. Falei assim que a vi entrar, tão apresada quanto eu.

_ Tô mais enrolada que carretel Mônica. Falou literalmente se jogando na cadeira ao meu lado.

_ Nem fala, daqui a 30 minutos entro em cirurgia com a Carina.

_ A Helô comentou sobre essa cirurgia. Ela estava bem nervosa ontem à noite.

_ Aposto que você usou sua técnica de relaxamento, kkkk... Saudades dela.

_Oi?

_ Brincadeira mulher, o casamento fez você perder o senso de humor?

_ Toma juízo Mônica e não me traga problemas desnecessários, pelo amor de Deus. A Helô gostou de você e eu pretendo que ela continue assim.

_ Gente ela é tão ciumenta assim que não pode rolar nem uma brincadeira entre velhas amigas?

_ Além de ciumenta ela é muito correta em relação a isso.

_ Entendido Dra. Fagundes, sem brincadeiras de duplo sentido. Pelo menos na frente da sua mulher, kkkk...

_ Você não vale nada Mônica.

_ Eu nunca te disse o contrário e sinceramente, nem quero, kkkk. Falei basicamente gritando, uma vez que precisei atender a um chamado da minha superior.

POV Carina

A manhã passou extremamente rápida, que quando vimos estava em cima da hora da cirurgia. Mandei uma mensagem pra Helô perguntando se ela tinha conversado com a Camila e a resposta afirmativa veio em menos de 5 minutos. Tomei uma vitamina de banana com aveia só pra dizer que não estava de estomago vazio e voei para o centro cirúrgico.

_ Preparadas?

_ Sempre gata.

_ Por isso que eu sou louca por você Heloísa, kkk... Você é das minhas! Lancei um beijo para ela no ar enquanto lavávamos nossas mãos. _ E você Camila? 

_ Tentando entrar no personagem.

_ Para de show que você já me cantou uma vez, lembra? Ela disparou sem a menor cerimônia, deixando a coitada da Camila completamente vermelha.

_ Oi????

_ Eu não cantei, só insinuei.

_ É só fazer a mesma coisa. Pensa nisso como um treinamento, vai que um dia você precise.

_ Heloísa eu sou hétero e comprometida.

_ Um dia eu também já fui gata, kkkk...

_ Não pensem que vão escapar, depois quero saber dessa história direitinho. Agora vamos entrar, porque a Mônica está nos comendo com os olhos.

POV Mônica

Era impossível ficar ao lado da Dra. Heloísa e não admirá-la, ela exercia em certo magnetismo sobre as pessoas e era completamente compreensível a Luna ser louca por ela. Enquanto ela, a Carina e uma residente qualquer estavam se higienizando eu foquei nas atitudes da latina, suas expressões corporais e a sensualidade que ela exalava num simples ajeitar de cabelo. “A Luna nunca me decepciona, aquela safada sabe escolher mulher!” Sorri com esse pensamento.

_ Feliz Mônica?

_ Nada para além do normal Dra. Alexandra, só pensei em uma coisa engraçada.

Ela sorriu para mim e em poucos minutos a cirurgia começou. A Carina e a Dra. Alexandra ficaram a postos enquanto a Dra. Heloísa e a interna assumiam o controle do espetáculo.

_ Suas mãos são tão firmes Dra. Heloísa. Adoro vê-las trabalhando. Olhei para a Heloísa e ela estava levemente vermelha. A Carina e a esposa soltaram um risinho discreto, que mesmo debaixo das máscaras foi percebido por mim.

_ Obrigada. As mãos de um cirurgião precisam ser sempre firmes.

_ Eu adoro trabalhar com você, sua postura no centro cirúrgico me deixa completamente excitada. Sério, ela disse excitada? Mentira que ela está dando em cima da Heloísa, assim na cara dura? Meus pensamentos estavam a mil por hora que acabou sendo impossível não pensar na Luna falando que a esposa era “toda certinha com isso”. Automaticamente olhei para a Heloísa na expectativa da reação dela.

_ Fica tranquila minha linda, eu sei como é ficar excitada com a postura de um profissional. Até hoje me sinto assim em relação à algumas pessoas.

_ Eu que o diga, fico molhadinha só em ver a Alex segurando um bisturi, kkkk...

_ Amor!!!!!

_ Você é muito maldosa Dra. Di Blasio, não é esse tipo de excitação que eu estou falando.

_ Longe de mim imaginar o tipo de excitação que você tem ao olhar para a Helô. Mas uma coisa eu posso dizer, eu também me excitaria fácil com essas mãos.  

_ Ninguém te merece Carina. Segura sua mulher Alex, kkkk...

POV Heloísa

Estava pra lá de engraçado ver as caras e bocas que a Mônica estava fazendo. Ela oscilava o olhar entre mim e a Camila e vez ou outra se surpreendia com os comentários pra lá de maldosos da Carina.

Finalizamos a cirurgia, que graças a Deus correu tudo bem, sem nenhuma intercorrência. A Mônica rapidamente saiu do centro cirúrgico e se tudo corresse como planejado, logo-logo a Luna entraria em contato.

Aos risos fomos para a sala dos médicos e como previsto, pouco mais de 30 minutos depois meu celular deu sinal de vida. Apresada a Carina o pegou e entre gargalhadas nos mostrou que era uma ligação da Luna.

Esperei que minha respiração voltasse ao normal e a vontade de rir se aplacasse um pouco antes de atender.

POV Luna

Eu estava no almoxarifado pegando alguns remédios quando fui surpreendida pela entrada afoita da Mônica. Meu sexto sentido gritava que ela me meteria em alguma confusão com a Helô. Essas brincadeirinhas de duplo sentido me trariam problemas e eu não estava nem um pouco a fim de me desentender com a minha morena.

Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa ela fechou a porta e começou a dizer que uma interna estava dando em cima da Helô.

_ Mônica eu estou muito enrolada hoje, mas pode ficar tranquila que eu confio 100% na minha mulher, até porque se eu for ficar emburrada a cada vez que ela ganha uma cantada vamos viver em guerra. Aquela latina exala sensualidade e o povo cai matando, independente de ser homem ou mulher.

Ao tentar sair tive a saída bloqueada. Ela segurou meu braço e começou a contar as coisas que tinham rolado no centro cirúrgico e o fato da Helô não ter cortado as insinuações da tal interna me incomodaram. Até mesmo porque, segundo a Mônica a Carina e a Alex, não só perceberam as cantadas, como ainda zoaram a Helô e ainda sim ela não se posicionou.

Imaginar a Helô aceitando as investidas de outras mulheres me machucou mais que devia. Querendo ou não nossa relação ainda estava frágil, em reconstrução pra falar a verdade e saber da passividade dela me levou há tempos que eu estava tentando esquecer. O medo tomou conta de mim, mas a raiva conseguiu ser ainda maior. Peguei meu celular e liguei para ela, eu precisava tirar essa história a limpo, saber quem era essa interna e principalmente porque ela não cortou logo de cara as tais insinuações.

POV Heloísa  

_ Oi amor, tudo bem? Falei colocando a ligação no viva voz. As meninas rapidamente se aglomeraram em torno da mesa e no mais absoluto silêncio ouviram a voz, completamente irritada da minha mulher.

_ Onde você está Helô?

_ Na sala dos médicos, porque? Aconteceu alguma coisa?

_ Eu espero que não, mas só você poderá me dizer.

_ Você está me assustando Luna, o que está acontecendo? Onde você está?

_ Indo para a sala dos médicos. Antes mesmo que eu pudesse dizer alguma coisa o celular foi desligado e minutos depois ela entrou na sala com a cara de poucos amigos.  _ Boa tarde meninas, vocês poderiam me dar licença um minuto, que eu preciso falar com a Helô.

_ Sério Lu, ficamos 4 horas em pé naquela cirurgia, estamos cansadas. É tão sério assim que não possamos ouvir?

_ Já estou até imaginando o que seja! Ela me olhou furiosa.

_ Então é verdade?

_ Depende.

_ Helô não brinque comigo, quem era a garota que estava dando em cima de você? E porque você não cortou?

As meninas caíram na gargalhada e por mais que eu tivesse tentando conter o sorriso, estava sendo impossível. Quanto mais elas riam, mais a Luna ia ficando vermelha de raiva.

_ Meu amor. Olhei para ela com carinho enquanto segurava suas mãos e a colocava sentada ao meu lado. _ Ninguém deu em cima de mim. A Camila apenas comentou que minhas mãos eram firmes e que ficava excitada com minha postura profissional. Mas você conhece o desespero da Camila pela ortopedia e principalmente pelo Caio. A Mônica interpretou errado. Sua expressão se suavizou e aos poucos ela foi entrando nas brincadeiras da Carina em relação as minhas mãos.

_ Desculpa, atrapalho alguma coisa? Ouvimos a voz da Mônica, que com certeza quis se certificar do estrago que imaginou ter conseguido fazer.

_ Nenhum pouco Mônica, estamos apenas rindo da sua imaginação pra lá de fértil ao imaginar que a Camila estava dando em cima de mim. Ela é noiva e completamente apaixonada pelo braço direito da Luna. Aquela figura é apaixonada por tudo que envolva ortopedia, por isso o exagero e a ênfase nas palavras.  

  Foi impagável ver a Mônica completamente desnorteada, sem saber onde enfiav* a cara. Pra fechar com chave de ouro minha loira me agarrou e me deu um beijo maravilhoso, se tivesse partido de mim não ficaria tão perfeito! A Carina pra ajudar começou a fazer barulho de beijos jogados no ar, sussurros e gemidos, sendo agarrada pela Alex logo em seguida.

_ Sério que vocês acham que vou ficar segurando vela? É ruim hem! O Caio me falou que me esperaria na cantina, deixa eu agarrar meu noivo, porque essa pegação toda me deixou animada. Já finalizou a frase fechando a porta. _ Ah, quase esqueci, Luna não me leve a mal, mas as mãos da sua mulher me enlouquecem, kkkk...

_ A mim também Camila, kkkk... A Luna entrou na brincadeira assim que parou de me beijar.

Foi impossível não rir com a saída triunfal da Camila, bem como com a saída a Francesa da Vaca da Mônica. “Eu sabia que você não valia nada”. Pensei comigo mesma.

_ Satisfeita Alex? Mais confirmação que essa impossível! A Carina questionou a namorada mais alto que devia, atraindo a atenção a Luna.

_ O que está confirmado?

_ Relaxa minha linda que eu estou cuidando de tudo. Antes que ela pudesse começar a nos questionar, a puxei pela mão indicando o caminho da saída. Nosso plantão estava no final e eu precisava curtir a minha primeira grande vitória, bem como me preparar para a guerra. _ Você ficou muito tensa com essa história de cantada, vem que eu vou relaxar você. Ela sorriu da forma mais cafajeste possível fazendo minha imaginação voar e minha calcinha encharcar.  

Fim do capítulo