Mel subiu ao palco e ao me ver, deu um belo sorriso para mim e acenou. Como não queria ser mal educada, eu fiz o mesmo, mas sabia que estava assinando a minha sentença de morte.

- Eu quero ir embora daqui – Charlotte comentou parecendo muito chateada, enquanto se levantava da cadeira em que estava sentada.

- Clama, não precisa disso tudo – Falei ao segurar a sua mão e ela olhou fixamente em meus olhos, parecia querer saber quais eram as minhas intenções - Eu não sinto mais nada por ela.

 

- Mas já sentiu – Voltou a se sentar e pareceu pensar- Droga, Margareth, você sabe que sinto ciúmes dela e fica trocando sorrisinhos.

Quando Charlotte falou isso, eu comecei a rir. Eu não conseguia entender como ela podia ser tão insegura. Sendo que ela era uma das mulheres mais bonitas daquele restaurante.

- Você ciumenta é muito linda – Falei e ela riu, demonstrando que estava começando a se acalmar.

- Tá vendo como você me descontrola? – disse ao começar a comer a sua sobremesa.

- E eu tenho certeza que você gosta muito disso – Comentei maliciosa e em resposta ela sorriu.

 

Por um momento, Charlotte se esqueceu que Mel estava ali cantado e eu agradeci aos deuses por isso. Sabia o quanto ela se sentia insegura, e eu a entendia. Havia agido muito errado quando começamos a nos envolver, pois não terminei com Mel antes disso tudo, mesmo sabendo que gostava de outra.

O show terminou e para minha surpresa, Mel foi até onde estávamos.

- Margareth, quanto tempo – Mel falou e me levantei para abraça-la mesmo Charlotte ficando muito séria depois dessa aproximação.

- Sim, você cantou muito bem – Comentei e ela sorriu.

- Eu sei... Eu reconheço que sou muito talentosa- Mel falou e notei que Charlotte revirou os seus olhos ao perceber que minha ex-namorada era muito convencida. Sorri internamente por isso, pois Charlotte parecia não gostar nem um pouco de Mel – Essa é a sua namorada? Aquela sua chefe?

Com essa pergunta de Mel, Charlotte prendeu o seu olhar em mim. Parecia que esperava a minha resposta e eu comecei a ficar nervosa, pois eu não sabia o que tínhamos ainda, já que não havia tido pedido.

- Sim, Mel. Essa é a Charlotte- Disse que sim, pois era algo que eu desejava muito, ter Charlotte como minha namorada. Depois disso,  vi a minha amada melhorando sua feição, demonstrando que havia gostado de minha resposta.

- Fico feliz por você- Mel demonstrava estar sendo sincera- Finalmente você está com quem você ama.

Com as palavras de Mel, engoli em seco. Eu estava em uma situação complicada, pois havia ficado com as duas ao mesmo tempo, mas Mel não demonstrava ter mais nenhum ressentimento.

- Eu fico muito feliz por vocês- Ela falou por fim.

- Estava insegura, mas vejo que estava agindo feito criança – Charlotte se levantou e foi até Mel – Tenho que me desculpar, pois de qualquer forma eu...

- Charlotte, não vamos ficar procurando culpados para o que aconteceu. Isso é passado, não guardo nenhuma mágoa e estou conhecendo uma pessoa – Mel a interrompeu.

Quando Mel falou que estava conhecendo uma pessoa, eu me lembrei de Priscila. Talvez as duas sempre fossem para ficar juntas e eu atrapalhei.

- Bom, agora tenho que ir. Já deu o meu horário- Mel comunicou e nos despedimos.

 

***

- No final, eu senti ciúmes para nada – Charlotte comentou enquanto me levava para casa.

- Não temos mais nada, eu disse isso a você- Foi aí que uma dúvida começou a surgir em minha cabeça – Você achava que eu ainda estava com ela? – perguntei sentida.

- Claro que não, Margareth, só sentia ciúmes dela ainda, pois de qualquer forma, você estava com ela e eu estava fazendo o papel da outra.

- Desculpa por isso.

 

- Não precisa se desculpar. Como a Mel disse, isso foi passado e vamos viver o agora – Ela estacionou o carro em frete ao portão de casa e se voltou para mim – Essa conversa com ela me fez pensar em algumas coisas – Disse com um tom sério.

- O quê? – Fiquei preocupada, pois Charlotte depois daquele dia poderia ter pensado que não poderíamos mais continuar com aquele relacionamento.

- Que as coisas não podem ficar como estão.

- O que você quer dizer com isso? – Meu nervosismo foi notado por Charlotte e isso fez ela rir.

- Acalme-se – Segurou uma de minhas mãos e me olhou nos olhos- Só quero que nossa relação se torne mais séria. Viu o quanto é difícil quando alguém pergunta se sou sua namorada?

- Mas eu respondi o que eu quero... quero você seja minha namorada – Respondi sincera, pois o que eu mais desejava era ter aquela mulher ao meu lado como minha namorada.

- Eu sei, meu amor, por isso que quero marcar logo o jantar com nossas famílias – Charlotte disse calma e fiquei nervosa. Sempre que tocava nesse assunto das famílias eu ficava assim, pois tinha medo dos pais de Charlotte não gostarem de mim.

- Tem certeza que vão gostar de mim?

- Quem? – Charlotte pareceu ficar confusa.

- Seus pais – Eu estava muito sem graça.

- De novo esse assunto? – Charlotte começou a rir alto – Tenho certeza que eles vão gostar de você. Não se preocupe com isso.

- Se você diz- Disse tentando acreditar no que ela havia dito, mas eu não conseguia. Iria conhecer os pais dela. Isso era um passo importante e ao mesmo tempo, era algo que me amedrontava, pois eles poderiam não gostar de mim.

 

- Margareth, meus pais vão gostar de vocês. Eles passaram muito tempo esperando por isso. Pelo o dia que iria apresentar alguém a eles. Só de eu estar com você, já demonstra que você é uma pessoa maravilhosa e que eu sinto algo muito forte, pois isso é muito difícil acontecer – Comecei a sentir um carinho em minha face e fechei os meus olhos, demonstrando que estava gostando – Eu sinto que estou te amando e que esse sentimento parece só estar crescendo dentro de mim – meus olhos então se abriram e me deparei com aquele lindo par de olhos me encarando.

 

Ouvir que Charlotte estava me amando era uma das melhores coisas que poderia me acontecer, pois quando comecei a sentir algo por ela no jornal, eu nunca achei que um dia seria correspondida.

- Você não sabe o quanto deixa o meu coração feliz com essas palavras- Confessei e ela sorriu.

- Não é de hoje que sinto algo por você. Só que só resolvi assumir isso para mim e para você quando tive medo de te perder. Eu nunca mais quero sentir a sensação de estar te perdendo.

 

- E nunca mais vai sentir – Disse sincera.

- É o que espero, meu amor.

Depois disso nos beijamos. Amava o beijo daquela mulher. Se eu pudesse, eu ficava lhe beijando até minha boca cansar, no entanto, precisávamos nos despedir, mesmo querendo ficar com a outra até o dia amanhecer.

Nos despedimos e ao chegar em meu quarto, eu deitei em minha cama e comecei a sorrir feito boba. É engraçado, gente apaixonada não pode pensar na pessoa amada que já fica assim, sorrindo e suspirando por tudo.

- No final de semana irei conhecer meus sogros – Disse temerosa e ao mesmo tempo feliz, pois Charlotte estava querendo que eu fizesse parte de sua vida.

 

 

Fim do capítulo